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EADE — Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita — Religião à luz do Espiritismo

TOMO I — CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
Módulo II — O Cristianismo

Roteiro 8


Os discípulos de Jesus


Objetivos: Identificar as características dos verdadeiros discípulos de Jesus. — Destacar os pontos mais importantes da missão dos Setenta Discípulos e dos Quinhentos da Galileia.



IDEIAS PRINCIPAIS

  • Deus […] só confia missões importantes aos que ele sabe capazes de as cumprir, porquanto as grandes missões são fardos pesados que esmagariam o homem carente de forças para carregá-los. Em todas as coisas, o mestre há de sempre saber mais do que o discípulo; para fazer que a Humanidade avance moralmente e intelectualmente, são precisos homens superiores em inteligência e em moralidade. Allan Kardec: O Evangelho segundo o Espiritismo, Capítulo 21, item 9.

  • O […] discípulo da Boa Nova tem de servir a Deus, servindo à sua obra neste mundo. Ele sabe que se acha a laborar com muito esforço num grande campo, propriedade de seu Pai, que observa com carinho e atenta com amor nos seus trabalhos. […] Humberto de Campos: Boa Nova, Capítulo 6.

  • Designou o Senhor ainda outros setenta, e mandou-os adiante da sua face, de dois em dois, a todas as cidades e lugares aonde ele havia de ir. Lucas, 10.1.

  • Foi […] confiado aos quinhentos da Galileia o serviço glorioso da evangelização das coletividades terrestres, sob a inspiração de Jesus-Cristo. Humberto de Campos: Boa Nova, Capítulo 29.



 

SUBSÍDIOS


1. Os discípulos do Cristo


O termo discípulo, significando literalmente “aluno”, aparece no Novo Testamento somente nos Evangelhos e em Atos dos Apóstolos. De emprego, em particular, para identificar os doze apóstolos, designa, em geral, a ampla variedade dos seguidores de Jesus. Entretanto, nem todos os seguidores do Cristo se constituíram em seus legítimos discípulos, aceitando a mensagem cristã e colocando-se a serviço de Jesus. Grande parte da população seguia o Mestre em busca de alívio dos problemas que lhes afligiam a existência.


Em virtude dos seus postulados sublimes de fraternidade, a lição do Cristo representava o asilo de todos os desesperados e de todos os tristes. As multidões dos aflitos pareciam ouvir aquela misericordiosa exortação: — “Vinde a mim, vós que sofreis e tendes fome de justiça e eu vos aliviarei.” — e da cruz chegava-lhes, ainda, o alento de uma esperança desconhecida. A recordação dos exemplos do Mestre não se restringia aos povos da Judeia, que lhe ouviram diretamente os ensinos imorredouros. Numerosos centuriões e cidadãos romanos conheceram pessoalmente os fatos culminantes das pregações do Salvador. Em toda a Ásia Menor, na Grécia, na África, e mesmo nas Gálias, como em Roma, falava-se d’Ele, da sua filosofia nova que abraçava todos os infelizes, cheia das claridades sacrossantas do reino de Deus e da sua justiça. Sua doutrina de perdão e de amor trazia nova luz aos corações e os seus seguidores destacavam-se do ambiente corrupto do tempo, pela pureza de costumes e por conduta retilínea e exemplar. (6)


Ao lado das criaturas que seguiam o Mestre em busca de alívio para os seus males, havia os servidores fiéis, que abraçaram de corpo e alma a causa do Cristo, conforme rezam as escrituras e a tradição. Em todas as épocas renasceram no Planeta discípulos sinceros de Jesus, almas valorosas que, em razão do trabalho por elas desenvolvido, se constituíram em guardiões e disseminadores da mensagem cristã, estimulando o progresso da humanidade, ao longo dos séculos.


Deus […] só confia missões importantes aos que ele sabe capazes de as cumprir, porquanto as grandes missões são fardos pesados que esmagariam o homem carente de forças para carregá-los. Em todas as coisas, o mestre há de sempre saber mais do que o discípulo; para fazer que a Humanidade avance moralmente e intelectualmente, são precisos homens superiores em inteligência e em moralidade. Por isso, para essas missões são sempre escolhidos Espíritos já adiantados, que fizeram suas provas noutras existências, visto que, se não fossem superiores ao meio em que têm da atuar, nula lhes resultaria a ação. (1)


Neste sentido, o verdadeiro missionário, justifica-se “[…] pela sua superioridade, pelas suas virtudes, pela grandeza, pelo resultado e pela influência moralizadora de suas obras, a missão de que se diz portador.” (1) E como poderemos nos transformar em legítimos discípulos do Cristo? O que é necessário fazer? É o próprio Jesus que nos ensina:


Ama a Deus, Nosso Pai […], com toda a tua alma, com todo o teu coração e com todo o teu entendimento. Ama o próximo como a ti mesmo. Perdoa ao companheiro — quantas vezes se fizerem necessárias. Empresta sem aguardar retribuição. Ora pelos que te perseguem e caluniam. Ajuda os adversários. Não condenes para que não sejas condenado. A quem te pedir a capa cede igualmente a túnica. Se alguém te solicita a jornada de mil passos, segue com ele dois mil. Não procures o primeiro lugar nas assembleias, para que a vaidade te não tente o coração. Quem se humilha será exaltado. Ao que te bater numa face, oferece também a outra. Bendize aquele que te amaldiçoa. Liberta e serás libertado. Dá e receberás. Sé misericordioso. Faze o bem ao que te odeia. Qualquer que perder a sua vida, por amor ao apostolado da redenção, ganhá-la-á mais perfeita, na glória da eternidade. Resplandeça a tua luz. Tem bom ânimo. Deixa aos mortos o cuidado de enterrar os seus mortos. Se pretendes encontrar-me na luz da ressurreição, negar a ti mesmo, alegra-te sob o peso da cruz dos próprios deveres e segue-me os passos no calvário de suor e sacrifício que precede os júbilos da aurora divina! (16)


Percebemos, assim, que a existência de cada servidor fiel se resume na adoção de um determinado tipo de conduta que o caracteriza como homem de bem.


A […] vida de cada criatura consciente é um conjunto de deveres para consigo mesma, para com a família de corações que se agrupam em torno dos seus sentimentos e para com a Humanidade inteira. E não é tão fácil desempenhar todas essas obrigações com aprovação plena das diretrizes evangélicas. Imprescindível se faz eliminar as arestas do próprio temperamento, garantindo o equilíbrio que nos é particular, contribuir com eficiência em favor de quantos nos cercam o caminho, dando a cada um o que lhe pertence, e servir à comunidade, de cujo quadro fazemos parte. Sem que nos retifiquemos, não corrigiremos o roteiro em que marchamos. […] Se buscamos a sublimação com o Cristo, ouçamos os ensinamentos divinos. Para sermos discípulos dele é necessário nos disponhamos com firmeza a conduzir a cruz de nossos testemunhos de assimilação do bem, acompanhando-lhe os passos. (15)


2. Os discípulos e sua missão


2.1 A MISSÃO DOS SETENTA DISCÍPULOS DA GALILEIA


Lucas nos relata que, após a transfiguração no Tabor e a cura de um epilético obsidiado, Jesus designou setenta discípulos (alguns códices, como a Bíblia de Jerusalém, mencionam setenta e dois), que deveriam anunciar os ensinamentos de Jesus, fornecendo-lhes instruções precisas de como deveriam agir.

  • Primeiramente “mandou-os adiante da sua face, de dois em dois, a todas as cidades e lugares aonde ele havia de ir.” (Lc 10.1)

  • Asseverou que os enviava “como cordeiros ao meio de lobos.” (Lc 10.3)

  • Orientou-lhes: “Não leveis bolsa, nem alforje, nem sandálias; e a ninguém saudeis pelo caminho.” (Lc 10.4)

  • Instruiu-os a como proceder ao chegar a uma residência: “onde entrardes, dizei primeiro: Paz seja nesta casa. E, se ali houver algum filho de paz, repousará sobre ele a vossa paz; e, se não, voltará para vós. E ficai na mesma casa, comendo e bebendo do que eles tiverem, pois digno é o obreiro de seu salário. Não andeis de casa em casa.” (Lc 10.5-7)

  • Esclareceu-lhes agir como hóspedes educados: “E, em qualquer cidade em que entrardes e vos receberem, comei do que vos puserem diante.” (Lc10.8)

  • Pediu-lhes: “E curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: É chegado a vós o Reino de Deus. Mas, em qualquer cidade em que entrardes e vos não receberem, saindo por suas ruas, dizei: Até o pó que da vossa cidade se nos pegou sacudimos sobre vós. Sabei, contudo, isto: já o Reino de Deus é chegado a vós.” (Lc10.9-11)

  • Informou-lhe, ainda: “Quem vos ouve a vós a mim me ouve; e quem vos rejeita a vós a mim me rejeita; e quem a mim me rejeita, rejeita aquele que me enviou.” (Lc10.16)


Lucas nos esclarece também que o empreendimento dos setenta discípulos foi coroado de êxito, que retornaram felizes, dizendo: “Senhor, pelo teu nome, até os demônios se nos sujeitam. E disse-lhes: Eu via Satanás, como raio, cair do céu. Eis que vos dou poder para pisar serpentes, e escorpiões, e toda a força do Inimigo, e nada vos fará dano algum.” (Lc 10.17-19) Jesus, porém, os alertou: “Mas não vos alegreis porque se vos sujeitem os Espíritos; alegrai-vos, antes, por estar o vosso nome escrito nos céus.” (Lc 10.20)

Percebe-se nesse texto do Evangelho que a despeito de ser Jesus o Governador Espiritual do Planeta, não dispensa a cooperação de servidores que, à semelhança de “batedores”, seguem à frente anunciando as Boas Novas.


Jesus […] não prescinde da participação de outros Espíritos de condição espiritual inferior a dele para o desenvolvimento de sua tarefa. […] Em tarefa de redenção espiritual de elevado porte, faz-se acompanhar de uma falange invisível e de um punhado de homens e mulheres carregando consigo conquistas e débitos espirituais. Atua em conjunto, investindo no potencial do grupo, ainda que reconhecesse suas fragilidades. Dá o apoio, mas deixa que cada um cumpra a cota de serviço necessária ao processo de crescimento individual e coletivo. (3)


Outro ponto relevante, evidenciado nessa passagem evangélica, diz respeito às instruções que Jesus transmitiu aos seus discípulos. O Mestre não se limita a dizer-lhes “o que fazer” mas, também, “o como fazer”, tendo em vista as diferentes situações que surgiriam na execução do trabalho. O êxito da missão foi, assim, garantido tanto pelas sábias orientações prestadas pelo Senhor quanto pelo esforço dos discípulos em cumpri-las.


Os […] os grandes operários da Espiritualidade; cheios de coragem e de austeridade, sulcaram as estradas de vila em vila, de aldeia em aldeia, sem se preocuparem com haveres, com roupas, com bolsas, com alforjes nem com sandálias, no cumprimento das ordens que receberam, já curando enfermos e levando a paz ás multidões sufocadas pelas tribulações, já anunciando à viva voz e sem desejar outros valores, a chegada do Reino de Deus, que, deveria dominar os corações. (4)


É, pois, necessário o desenvolvimento de valores morais para sermos considerados discípulos de Jesus: “desinteresse, abnegação, sacrifício, mansidão, coragem, dignidade, humildade, amor […]” (4)

A lição evangélica nos faz refletir também sobre a carência de liderança positiva no mundo atual. As pessoas, em geral, estão muito envolvidas com aquisição de bens transitórios.


A ausência de objetivos superiores é um dos grandes males humanos. Estacionados na rotina, os homens tendem a preocupar-se com ninharias, emprestando demasiada importância a acontecimentos banais, a fenômenos naturais de desgaste orgânico e ao procedimento alheio, transformando-se em eternos inquietos, em doentes crônicos e amigos da maledicência. Quando resolvem mudar, não cogitam de olhar para o Alto. Preferem descer ao rés-do-chão, resvalando para a inconsequência e o vício. (5)


Em razão da nossa acanhada evolução, moral e intelectual, ainda nos empenhamos em servir a Jesus por meio de práticas exteriores, adiando para o grande amanhã a verdadeira transformação íntima.


Também nós, sensibilizados com os propósitos de elevação, permanecemos vinculados aos dispositivos da Boa Nova. No entanto, aguarda o Mestre que as atitudes exteriores de seus seguidores possam, um dia, acionarem-se objetivamente, desprendendo seus corações das imantações milenares, mediante decisiva disposição de se elevarem espiritualmente. (2)


2.2 A MISSÃO DOS QUINHENTOS DA GALILEIA


Depois do Calvário, verificadas as primeiras manifestações de Jesus no cenáculo singelo de Jerusalém, apossara-se de todos os amigos sinceros do Messias uma saudade imensa de sua palavra e de seu convívio. A maioria deles se apegava aos discípulos, como que querendo reter as últimas expressões de sua mensagem carinhosa e imortal. […] Foi quando Simão Pedro e alguns outros salientaram a necessidade de regresso a Cafarnaum, para os labores indispensáveis da vida. Em breves dias, as velhas redes mergulhavam de novo no Tiberíades, por entre as cantigas rústicas dos pescadores. […]. Mas, ao pé do monte onde o Cristo se fizera ouvir algumas vezes, exalçando as belezas do Reino de Deus e da sua justiça, reuniam-se invariavelmente todos os antigos seguidores mais fiéis, que se haviam habituado ao doce alimento de sua palavra inesquecível. […] Numa tarde de azul profundo, a reduzida comunidade de amigos do Messias, ao lado da pequena multidão, reuniu-se em preces, no sítio solitário. João havia comentado as promessas do Evangelho, enquanto na encosta se amontoava a assembleia dos fiéis seguidores do Mestre. Viam-se, ali, algumas centenas de rostos embevecidos e ansiosos. Eram romanos de mistura com judeus desconhecidos, mulheres humildes conduzindo os filhos pobres e descalços, velhos respeitáveis, cujos cabelos alvejavam da neve dos repetidos invernos da vida. (10)


As tradições cristãs nos relatam que, naquele dia, Jesus apareceu a aproximadamente quinhentas pessoas — denominadas, mais tarde, de Os Quinhentos da Galileia — , prestando-lhes os seguintes esclarecimentos:


Amados […], eis que retorno a vida em meu Pai para regressar à luz do meu Reino!… Enviei meus discípulos como ovelhas ao meio de lobos e vos recomendo que lhes sigais os passos no escabroso caminho. Depois deles, é a vós que confio a tarefa sublime da redenção pelas verdades do Evangelho. Eles serão os semeadores, vós sereis o fermento divino. Instituo-vos os primeiros trabalhadores, os herdeiros iniciais dos bens divinos. Para entrardes na posse do tesouro celestial, muita vez experimentareis o martírio da cruz e o fel da ingratidão… Em conflito permanente no mundo, estareis na Terra, fora de suas leis implacáveis e egoísticas, até que as bases do meu Reino de concórdia e justiça se estabeleça no espírito das criaturas. Negai-vos a vós mesmos, como neguei a minha própria vontade na execução dos desígnios de Deus, e tomai a vossa cruz para seguir-me. (11)


Assinalando na mente e no coração os seus ensinamentos imorredouros, e voltando o olhar para o futuro o Mestre lhes alerta:


Séculos de luta vos esperam na estrada universal. É preciso imunizar o coração contra todos os enganos da vida transitória, para a soberana grandeza da vida imortal. Vossas sendas estarão repletas de fantasmas do aniquilamento e de visões da morte. O mundo inteiro se levantará contra vós, em obediência espontânea às forças tenebrosas do mal, que ainda lhes dominam as fronteiras. Sereis escarnecidos e aparentemente desamparados; a dor vos assolará as esperanças mais caras; andareis esquecidos na Terra, em supremo abandono do coração. Não participareis do venenoso banquete das posses materiais, sofrereis a perseguição e o terror, tereis o coração coberto de cicatrizes e de ultrajes. A chaga é o vosso sinal, a coroa de espinhos o vosso símbolo, a cruz o recurso ditoso da redenção. Vossa voz será a do deserto, provocando, muitas vezes, o escárnio e a negação da parte dos que dominam na carne perecível. Mas, no desenrolar das batalhas incruentas do coração, quando todos os horizontes estiverem abafados pelas sombras da crueldade, dar-vos-ei da minha paz, que representa a água viva. Na existência ou na morte do corpo, estareis unidos ao meu Reino. (12)


Prosseguindo nas suas orientações, Jesus enfatiza:


Amados, eis que também vos envio como ovelhas aos caminhos obscuros e ásperos. Entretanto, nada temais! Sede fiéis ao meu coração, como vos sou fiel, e o bom ânimo representará a vossa estrela! Ide ao mundo, onde teremos que vencer o mal! Aperfeiçoemos a nossa escola milenária, para que aí seja interpretada e posta em prática a lei de amor do Nosso Pai, em obediência feliz à sua vontade augusta! (13)


Esclarece-nos o Espírito Humberto de Campos que, a partir daquela “[…] noite de imperecível recordação, foi confiado aos quinhentos da Galileia o serviço glorioso da evangelização das coletividades terrestres, sob a inspiração de Jesus-Cristo”. (14)


Mal sabiam eles, na sua mísera condição humana, que a palavra do Mestre alcançaria os séculos do porvir. E foi assim que, representando o fermento renovador do mundo, eles reencarnaram em todos os tempos, nos mais diversos climas religiosos e políticos do planeta, ensinando a verdade e abrindo novos caminhos de luz, através dos bastidores eternos do Tempo. Foram eles os primeiros a transmitir a sagrada vibração de coragem e confiança aos que tombaram nos campos do martírio, semeando a fé no coração pervertido das criaturas. Nos circos da vaidade humana, nas fogueiras e nos suplícios, ensinaram a lição de Jesus, com resignado heroísmo. Nas artes e nas ciências, plantaram concepções novas de desprendimento do mundo e de belezas do céu e, no seio das mais variadas religiões da Terra, continuam revelando o desejo do Cristo, que é de união e amor, de fraternidade e concórdia. Na qualidade de discípulos sinceros e bem-amados, desceram aos abismos mais tenebrosos, redimindo o mal com os seus sacrifícios purificadores, convertendo, com as luzes do Evangelho, à corrente da redenção, os Espíritos empedernidos. Abandonados e desprotegidos na Terra, eles passam, edificando no silêncio as magnificências do Reino de Deus, nos países dos corações e, multiplicando as notas de seu cântico de glória por entre os que se constituem instrumentos sinceros do bem com Jesus-Cristo, formam a caravana sublime que nunca se dissolverá. (14)


Cedo ou tarde a Humanidade terá que optar por Jesus, mantendo-se fiel ao seu Evangelho.


Na […] causa de Deus, a fidelidade deve ser uma das primeiras virtudes. Onde o filho e o pai que não desejam estabelecer, como ideal de união, a confiança integral e recíproca? Nós não podemos duvidar da fidelidade do Nosso Pai para conosco. Sua dedicação nos cerca os espíritos, desde o primeiro dia. Ainda não o conhecíamos e já ele nos amava. E, acaso, poderemos desdenhar a possibilidade da retribuição? (7)


A respeito deste assunto, relata ainda o Espírito Humberto de Campos que, em diálogo com Jesus, Judas Tadeu inquiriu do Mestre: “[…] de que modo se há de viver como homem e como apóstolo de reino de Deus na face deste mundo?” (8)

A resposta de Jesus, luminosa e firme, como não poderia deixar de ser, foi:


Em verdade, […] ninguém pode servir, simultaneamente, a dois senhores. Fora absurdo viver ao mesmo tempo para os prazeres condenáveis da Terra e, para as virtudes sublimes do céu. O discípulo da Boa Nova tem de servir a Deus, servindo à sua obra neste mundo. Ele sabe que se acha a laborar com muito esforço num grande campo, propriedade de seu Pai, que o observa com carinho e atenta com amor nos seus trabalhos. […] É certo que as forças destruidoras reclamarão a indiferença e a submissão do filho de Deus; mas, o filho de coração fiel a seu Pai se lança ao trabalho com perseverança e boa vontade. Entrará em luta silenciosa com o meio, sofrer-lhe-á os tormentos com heroísmo espiritual, por amor do reino que traz no coração plantará uma flor onde haja um espinho; abrirá uma senda, embora estreita, onde estejam em confusão os parasitos da Terra; cavará pacientemente, buscando as entranhas do solo, para que surja uma gota d’água onde queime um deserto. Do íntimo desse trabalhador brotará sempre um cântico de alegria, porque Deus o ama e segue com atenção. (8)


Esses edificantes esclarecimentos nos conduzem a outro diálogo de Jesus com um dos apóstolos, no caso, com André. Este apóstolo perguntou a Jesus: “como poderei ser fiel a Deus, estando enfermo?” Obteve do Senhor a seguinte resposta à sua indagação:


Nos dias de calma é fácil provar se fidelidade e confiança. Não se prova, porém, dedicação, verdadeiramente, senão nas horas tormentosas, em que tudo parece contrariar e perecer. […] André, se algum dia teus olhos se fecharem para a luz do Terra, serve a Deus com a tua palavra e com os teus ouvidos; se ficares mudo, toma, assim mesmo, a charrua, valendo-te das tuas mãos. Ainda que ficasses privado dos olhos e da palavra, das mãos e dos pés, poderias servir a Deus com paciência e coragem, porque a virtude é o verbo dessa fidelidade que nos conduzirá ao amor dos amores! (9)



ORIENTAÇÃO AO MONITOR: Solicitar aos participantes que se organizem em grupos, cabendo-lhes a tarefa de elaborar um mural, de forma que os grupos apresentem as principais características: a) dos verdadeiros discípulos de Jesus; b) da missão dos Setenta Discípulos; c) da missão dos Quinhentos Discípulos da Galileia.



Referências:

1. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 125. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo 21, item 9, p. 366-367.

2. GRUPO ESPÍRITA EMMANUEL. Luz Imperecível. Estudo interpretativo do evangelho à luz da doutrina espírita. Coordenação de Honório Onofre de Abreu. Edição comemorativa aos 40 anos do Grupo Espírita Emmanuel, Belo Horizonte: Grupo Espírita Emmanuel, 1997. Capítulo 171 (Trabalho e redenção), p. 469.

3. PEREIRA, Sandra B. Refletindo sobre Jesus e os recursos humanos. http://www.fern.org.br/ [Obs. A página referida já foi removida do site]

4. SCHUTEL, Cairbar. O espírito do Cristianismo. 8. ed. Matão: O Clarim, 2001, Capítulo 15 ( A missão dos setenta), p. 106.

5. SIMONETTI, Richard. Para vivera grande mensagem. 7. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1998. Item: Para abrir alas…, p. 103.

6. XAVIER, Francisco Cândido. A Caminho da Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 32 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo 14 (A edificação cristã), item: Os primeiros cristãos, p. 121-122.

7. Idem - Boa Nova. Pelo Espírito Humberto de Campos (Irmão X). 33. ed. Rio de Janeiro, 2005. Capítulo 6 (Fidelidade a Deus), p. 44.

8. Idem, ibidem - p. 47.

9.  Idem, ibidem - p. 48.

10. Idem - Capítulo 29 (Os Quinhentos da Galileia), p. 190-191.

11. Idem, ibidem - p. 192-193.

12. Idem, ibidem - p. 193.

13.  Idem, ibidem - p. 194.

14.  Idem, ibidem - p. 195.

15. Idem - Fonte Viva. Pelo Espírito Emmanuel. 34. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo 58 (Discípulos), p. 145-146.

16. Idem - Roteiro. Pelo Espírito Emmanuel. 11. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Capítulo 13 (A mensagem cristã), p. 60-61.


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