O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Vivendo sempre — Familiares diversos


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Oswaldo Gomes

MENSAGEM


1 Querida Ilceia, peço a Deus nos proteja e nos abençoe.

2 Dois meses de ausência. Não sei como expressar a estranheza que me vai no coração.

3 O homem providencia tudo com referência ao conforto e a estabilidade que lhe dizem respeito. Pensamos em trabalho e remuneração, família e felicidade, no entanto, nem sempre recordamos as situações inevitáveis a que todos somos destinados.

4 Foi assim que a morte do corpo físico me surpreendeu. Desprevenido. Às vezes, refletia nas possibilidades de um acidente e me precavia cuidadoso, mal sabendo que enquanto se está no corpo terrestre, um pequeno lapso de circulação, o peso diminuto de um trombo, podem desalojar-nos da vida de que nos asseguramos com tanta certeza imaginária.

5 Com estas reflexões é que venho falar a você de minhas saudades, para rogar-lhe paciência e coragem. Naquelas horas últimas, revi todos os nossos planos de futuro que não seria futuro para Terra…

6 Nossas conversações estavam na lembrança e a oração era em meu pensamento uma espécie de luz substituindo os nossos entendimentos. Somente ali, querida companheira, pude avaliar que Deus permanece entre nós e todos aqueles que mais amamos.

7 Não queria deixá-la no mundo com os nossos pequeninos, entretanto, era preciso inclinar-me a um Poder Maior que me dobrava a vontade.

8 E eu, querida Ilceia, que transportei tantos medicamentos e lhes apregoava as virtudes, me via MORRER aos poucos, sem qualquer agente químico que me pudesse restituir a vida normal. 9 Digo MORRER para significar os momentos difíceis que atravessamos, no entanto, posso hoje dizer a você que a morte é apenas um despojamento de tudo quanto nos apossamos ao nascer no mundo, sem qualquer diminuição de nossa personalidade.

10 Estou aqui, tão íntegro, como dantes, com você, com nosso André Luís, com a nossa Lisandra e todos os nossos familiares queridos no coração. 11 Um muro vibratório nos separa, e tão fortemente estruturado, que somente à custa de muito esforço poderá a ciência dos homens derrubá-lo, um dia, para que os nossos diálogos se façam mais positivos.

12 Perdoe-me, se me ausentei de sua companhia quando menos esperava. Até a primeira quinzena de novembro passado, estudava feliz os nossos projetos do fim de ano, algum pequeno passeio em que a visse feliz ou mais feliz com as nossas crianças, no entanto… será sempre a imaginação humana faceando a realidade que pertence a Deus.

13 Rogo a você não me lembrar com tantas lágrimas. Pense que seu marido está numa viagem, representando um grande laboratório — o laboratório da fé renovada que nos ilumina os corações. Estaremos juntos na criação dos meninos. Você, como sempre, será a mão abençoada que constrói, enquanto que a mim caberá a inspiração.

14 Quando você conversar comigo, através dos retratos, guarde a certeza de que, por um fio misterioso do coração, continuo ouvindo…

15 Quero vê-la reanimada, confiante nos corações amigos que Deus nos concedeu. Saiba que somos sensibilizados aqui, de modo intenso, pelo pensamento daqueles a quem nos sentimos ligados pelo amor. Por isso, rogo a você refazer energias e conservar intacta a nossa fé.

16 Não me recorde prostrado num leito de hospital, na perspectiva do fim que se me fez inevitável para o corpo. Reconstitua-me na lembrança, em nossos momentos mais alegres da vida. Não diga que a nossa felicidade foi curta porque a nossa união não terminou.

17 Aqui encontrei, logo ao despertar, num outro clima de experiência, a vovó Maria e a vovó Amabile, com o Irmão Silva, seu tio na Vida Espiritual e com a beneficência do Padre Euclides, de quem ouvíramos tantas referências…

18 Não me sinto positivamente feliz de todo, porque um esposo e pai nas minhas condições, por enquanto, onde me vejo, se reconhece lesado nos melhores sentimentos. Essa lesão é conhecida de todos do meu novo mundo. 19 É a saudade, aquele estado de fome espiritual, que aparece na gente quando nos reconhecemos distantes das pessoas amadas.

20 Peço, no entanto, a você, me auxilie com as suas preces de serenidade e coragem. A oração é uma luz que se inflama por aqui em qualquer caminho, indicando-nos o rumo certo para a consolação e para a tranquilidade de que nos vejamos necessitados. E esteja valorosa como sempre.

21 Viuvez não existe para as uniões espirituais quanto a nossa, em que me sinto cada vez mais complementado por sua presença em mim.

22 Estou escrevendo ao seu coração carinhoso e belo, com o auxílio do Padre Euclides que me fez um servidor agradecido e reconfortado, nestes sítios em que me vou reencontrando muito pouco a pouco.

23 Perdoe-me se não posso escrever mais extensamente. Pedi para que me fossem facultados os meios de escrever a você um bilhete, mas o coração no lápis tem uma força que não conhecia até agora e o resultado, na essência, é a carta longa em que tomo o tempo de tantos amigos para resumir tudo o que de mais importante tenho a dizer a você…

24 É a frase de todos os dias, quando junto de nossos filhinhos poderia de viva voz repetir a você sempre: “Ilceia querida, amo a você cada vez mais”. Estas palavras nossas são a música de Deus em que pude viver sempre feliz e na qual construirei as nossas alegrias porvindouras.

25 Beije André Luís e Lisandra por mim e fale a eles que o papai continua esperando as melhores notas de comportamento na escola.

26 Um abraço aos nossos familiares queridos e para você, querida Ilceia, esposa e companheira, felicidade e esperança de minha vida, todo o coração reconhecido e confiante do esposo e companheiro sempre seu,


Oswaldo n


COMENTÁRIOS


Ao refletir na ausência da família, Osvaldo Gomes demonstra a compreensão da vida conjugal perfeita que cultivou e que lhe serviu de alto reconforto, além da morte.

Um trombo lhe desfez a segurança física, mas não lhe diminuiu a nobreza espiritual.

Esta mensagem traz o carinho, a elevada significação do lar e da família nas experiências do mundo, oferecendo belos ensinamentos e oportunas consolações.


PESSOAS E FATOS


Oswaldo Gomes Coimbra Filho.

Nascimento: 15.8.1940. Desencarnação: 28.11.1977.

Esposa: Ilceia da Silva Coimbra. Rua Laguna, 317. Ribeirão Preto — SP

Filhos: André Luís Silva Coimbra, Lisandra Silva Coimbra.

Bisavó: Maria Falcin Basso, materna.

Vovó: Amabile, materna de Ilceia.

Tio: Silva, irmão do pai de Ilceia.

Padre Euclides, Euclides Gomes Carneiro, fundador do Asilo Padre Euclides para velhinhos, desencarnado.


Rubens S. Germinhasi


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