O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Vida nossa vida — Familiares diversos


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Sidney Catardo

O casal não tivera filhos, sonho que Sidney e D. Luzia Aparecida Mello Catardo acalentaram durante a breve convivência de quatro anos, interrompida pelo falecimento do marido, depois de ingente luta contra um processo canceroso de laringe que durara quase dois anos.

Contudo, hoje, D. Luzia é mãe “SOS” nas Aldeias Infantis de Poá, SP, cuidando de nove filhos, adotados pelo coração, com o acompanhamento espiritual do marido.

A beleza de tal realidade, devemo-la à sublimação da dor pelo trabalho, empreendida por D. Luzia, desde que a precoce viuvez a visitara.

Calmo, temperamento afável, resignado ante a adversidade. Sidney Catardo, filho de José e Clementina Catardo, nasceu e desencarnou na capital paulista, respectivamente a 16 de maio de 1949 e a 09 de junho de 1979, com 30 anos de idade.

Ótimo filho, excelente marido, bom colega de trabalho, tímido, carinhoso, segundo a genitora, D. Clementina Catardo, Sidney aos 3 de idade preconizara o próprio falecimento aos 30…

As suas mensagens simples, muito carinhosas, especialmente endereçadas à esposa e à mãezinha, dão-nos a dimensão de um Espírito nobre e evidenciam-nos a magna tarefa a que a esposa se dedicou, com a ajuda de D. Clementina, de adotar nove crianças, reconstruindo o lar, enriquecido com os filhos que não pudera ter, engrandecendo-se, assim, aos olhos da comunidade poaense, pela dedicação e carinho de uma jovem mãe que trocou a estamenha de dor pelo trabalho em benefício dos entezinhos frágeis que a orfandade e o abandono colocaram em seu caminho.

A primeira mensagem do Sidney, pelas mãos de Chico Xavier, chegou dois meses e vinte e dois dias, depois de seu retorno à Vida Maior.


PRIMEIRA MENSAGEM DE SIDNEY CATARDO


1 Mãezinha Clementina, peço-lhe a bênção.

2 Quero fazer desta carta-bilhete uma notícia calma que diminua as nossas saudades e nos amplie as esperanças.

3 Abraço-a com a nossa Luzia em meu carinho imenso e comunico-lhes que estou bem.

4 Compreendo a carência afetiva, à distância, das duas, no entanto, lembro-me de que a Lei de Deus foi cumprida em meu doloroso problema e estou conformado.

5 Graças a Deus, vencemos. Vencemos as perguntas ansiosas, as sugestões de dor, as horas de aflição, as expectativas repletas de sofrimento, em torno de remédios que não faziam efeito, o medo que nos fazia tremer, ocultando a nossa inquietação uns dos outros e, afinal, vencemos a doença e a morte.

6 Para quem passou por aqueles dias e noites, todos eles englobados em sombra, estas palavras de hoje são de consolo e de alegria. Graças a Jesus tudo passou.

7 A vovó Clementina n e a vovó Júlia foram e ainda são aqui em meu favor, duas novas mães que me reconfortam.

8 E quero dizer à nossa querida Luzia, que, depois de Julho, a Dona Lydia n se reuniu a nós e vamos formando aqui uma ala da família que pede a Deus abençoá-los a todos em nossos recantos de harmonia familiar. Incluo o nosso Valdir n e a querida equipe doméstica que ele formou, reunindo-os conosco nestas lembranças.

9 Mãezinha Clementina e minha querida Luzia, muito obrigado por todo o amor que me deram, pela dedicação com que velaram por mim, pelas provações que atravessaram em minha companhia.

10 Jesus Reina! Um dia novo nasceu para mim e desejo comunicar-lhes a minha profunda alegria, embora esse júbilo apareça retalhado pelas lágrimas de minha saudade.

11 Deus as recompense por todas as renúncias e sacrifícios com que me carregaram, qual se eu lhes fosse uma bagagem de feridas que as duas guardavam de encontro ao peito, qual se fosse eu ainda o homem são que não poderia recuperar-se.

12 Deus as mantenha felizes. Tão felizes quanto me fizeram, suscitando em mim a certeza de que o amor existe e de que Deus jamais nos abandona.

13 Reúno meu pai e o querido irmão nas vibrações de amor com que as reencontro e peço à querida mamãe Clementina que se fez meu anjo da guarda e rogo à esposa querida que se transformou para mim em segunda mãe, receberem muitos beijos de carinho e gratidão do filho e companheiro sempre agradecido.


Sidney

31 de agosto de 1979.    


SEGUNDA MENSAGEM DE SIDNEY CATARDO


1 Querida mãezinha Clementina e querida Luzia, venho trazer-lhes a minha alegria emoldurada nas saudades de sempre.

2 Agora se esvaíram de todo as recordações do corpo ferido e doente. Daquelas pequenas chagas todas que suportamos, louvando a Deus e crendo na Providência Divina, como que me desabrocham, por dentro do próprio ser, flores invisíveis de paz e de alegria.

3 Não estou exibindo superioridade que não tenho. Preciso destacar a Bondade de Deus que nos enriqueceu de trabalho e de bênçãos.

4 Mãezinha Clementina, a vovó Júlia aqui me diz para transmitir-lhe a certeza de que não apenas o nosso Valdir conseguiu uma família, porque a nossa Lu n e eu temos agora nove filhos, os pequenos felizes que Deus nos enviou, através da Aldeia Infantil de Poá.

5 Tenho encontrado o meu paraíso dividindo com a nossa querida Lu todas as atividades de nosso abençoado lar. O José Paulo é o nosso caçula. Maísa, Wanderlei, e todos os demais formam a nossa constelação de nove estrelas.

6 Querida Lu, eu sabia que Deus não nos deixaria na orfandade, em relação às crianças com as quais sempre sonhamos. Temos um céu em casa e estou feliz ao vê-la ajustada às obrigações da maternidade espiritual. Deus abençoe os nossos garotos que vieram de outros pais e que o Céu aninhou em nossos corações.

7 A nossa irmã Lydia vem trabalhando conosco e não tenho qualquer provação por relatar. 8 A doença nos uniu mais profundamente em Jesus e a liberação do corpo me facultou o contentamento de me integrar com você no mesmo ideal de nos consagrarmos às crianças que a Divina Providência nos pudesse confiar. E até a querida mamãe Clementina se sente mais avó ao beijar os nossos filhinhos do coração.

9 Estas letras breves se destinam unicamente a repetirmos juntos: Jesus Reina! Jesus Vence! Louvado Seja Jesus!

10 Com muitas lembranças ao querido irmão e a meu pai, dividam as duas, mamãe Clementina e você, querida Lu, os beijos do seu, sempre seu,


Sidney

17 de julho de 1982.    


TERCEIRA MENSAGEM DE SIDNEY CATARDO


1 Querida mamãe Clementina e querida Luzia, a saudade repercute, ao modo de campainha da alma, chamando-nos ao reencontro onde quer que estejamos e compareço com alegria no nosso diálogo de esperança.

2 O tempo não nos transformou as aspirações que hoje se complementam no abençoado Lar de nossa Aldeia Infantil e, junto à querida Lu, estou operando e cooperando na condução e manutenção dos nossos nove pequeninos que recebemos por filhos do coração.

3 Mãezinha Clementina, agradeço-lhe o apoio, com o apoio de meu pai e do nosso Valdir ao nosso esforço, ao lado das crianças.

4 Em muitas ocasiões, partilhando com a nossa querida Lu da contemplação de nossos pequenos e grandes filhinhos adotivos, eu tenho a impressão de que estou novamente materializado no corpo terrestre.

5 Querida Lu, muito reconhecido, peço a Jesus lhe amplie as forças e lhe conceda a calma indispensável para a missão árdua que esposou em minha companhia.

6 De fato, a nossa união esponsalícia na Terra foi um momento ligeiro, mas o nosso matrimônio de alma para alma permanece com os júbilos do primeiro dia que, do ponto de vista de tempo, ainda agora é o dia brilhante em que a felicidade parou, a fim de ser mais nossa.

7 Nunca esperei, enquanto aí no mundo, pudesse haver um enlace permanente e lindo, quanto o nosso, no qual um cônjuge reside na Espiritualidade, à espera do instante de receber o outro que ainda mora entre os homens.

8 Louvo a bondade de Deus que nos permitiu descobrir a beleza da vida, sem que a morte nos obscurecesse a visão. 9 E compensando-nos por todas as dores experimentadas no adeus temporário, o Supremo Pai nos concedeu um lar que não preparamos e nove pequeninos que não nasceram de nós e, sim, dos desígnios divinos que os trouxeram para acentuar a nossa ventura.

10 A mãezinha Clementina percebe pelo coração quão ditoso me sinto e renovo a ela o meu reconhecimento profundo pela compreensão e concurso de sempre com que nos dilata as alegrias.

11 Querida Lu, são estas as minhas respostas aos seus recados de saudade e bênção que varam distâncias, a fim de que eu me reconheça sempre mais forte e mais feliz do que sou. Vencemos a separação com o serviço em nossos braços e esse mesmo serviço se fez o clima de paz e luz em que passamos a viver.

12 Peço-lhe abençoar os pequeninos trechos difíceis de nossa caminhada entre as paredes do nosso novo lar e guarde a certeza de que, com o amor e com a humildade a nos orientarem os passos, estaremos tranquilos e surpreendendo, sem dificuldades, as melhores soluções para os problemas naturais da instituição de que somos os felizes servidores.

13 Não devo alongar-me, porque falei de saudade como quem se refere à própria vida e comentei a união como se a morte não existisse, nem mesmo na condição de sombra em que costuma atemorizar-nos.

14 Querida mãezinha Clementina, a todos os familiares as minhas lembranças ao mesmo tempo em que rogo à nossa querida Lu conservar sempre consigo o amor inalterável e o constante reconhecimento do seu


Sidney

16 de julho de 1983.    


ESCLARECIMENTOS


1 — Clementina, bisavó materna, desde o início do século, na Pátria Espiritual. Júlia Ferreira, avó materna, falecida em 1965.


2 — Dona Lydia: Lydia de Paula Barbosa, avó paterna de D. Luzia, desencarnada em 1979.


3 — Valdir Catardo, irmão do Sidney. Este, na mensagem, fala em “querida equipe doméstica, que ele formou”, pelo fato de poucos meses antes desta carta mediúnica, haver nascido mais uma filha do Valdir.


4 — Lu: Apelido carinhoso com que chamava a esposa.


Caio Ramacciotti


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