O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Vida nossa vida — Familiares diversos


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Fernanda Luíza Batista dos Santos

A jovem, quase adolescente, Fernanda Luíza Batista dos Santos nasceu em Franca, SP, a 3 de junho de 1967, aí desencarnando com 13 anos, no anoitecer de 29 de outubro de 1980 para amargura de seus pais, Mauro Baptista dos Santos e Maria Aparecida Gatez Santos e dos irmãos, Walter João, Anita e Aparecida Helena, da madrinha Glória que reside com a família e, por que não dizer, de toda Franca que pranteou a partida de sua estrela meiga e bela.

Como testemunho de sua beleza e da eternidade da vida, numa homenagem póstuma à Franca que tanto a amou, de sua sepultura, segundo as palavras maternas, “mina uma água qual se fosse de fonte e muita gente diz alcançar graças com ela…”

A respeito da carta mediúnica da filha, recebida seis meses após a partida, a mãezinha, D. Maria Aparecida assim se expressou:


DEPOIMENTO


“A mensagem de minha filha ajudou-me a ter a certeza de que um dia nos encontraremos novamente e este é o meu maior desejo. Vivo cada dia à espera de uma segunda mensagem, se o bom Deus permitir. Nosso amado Chico Xavier conseguiu reanimar toda a nossa família.”


MENSAGEM


1 Querida mamãe Aparecida, abençoe a sua filha, perdoando-me o desequilíbrio a que me entreguei, sem pensar na dor que lançava em meu próprio caminho.

2 Sou trazida até aqui pela vovó Maria Honorata n porque, por mim própria, não conseguiria vir.

3 Sei que alterei a família toda com a resolução infeliz.

4 Querida mãezinha, você e o papai Mauro me perdoarão se procurei aquela arma propositadamente. Aproveitei o ruído daquele mesmo aparelho de som que a sua bondade me deu com sacrifício para liquidar comigo!

5 Ninguém conseguirá imaginar o sofrimento da infeliz menina que fui por minha própria conta! Nada sabia da vida, nem guardava experiência alguma, entretanto, a ideia de me ausentar do mundo me obcecava…

6 Não pensei no sofrimento dos meus e nem avaliei quanto me queriam todos em casa. Um pequenino desgosto de criança rebelde e compliquei tanta gente…

7 Pobre Sam! n Um amigo que nem podia tomar conhecimento de minha presença e eu a dramatizar o inexistente!

8 Querida mãezinha, reconheço que aos pais não é preciso rogar desculpas, no entanto, sinto-me de joelhos a lhes pedir para que me auxiliem, esquecendo-me o gesto alucinado…

9 Não sei de todo o que se passou… Lia com interesse a tudo quanto se referisse aos casos de amor e paixão e, antes de me formar na fé, acreditei-me pessoa adulta quando não passava da menina que se afundou voluntariamente num poço de lágrimas.

10 Tenho recebido o socorro de vários parentes, dentre os quais me sinto mais ligada à vovó Honorata, porque ainda não saí da posição de doente grave. Tenho o coração doendo e a cabeça ainda bastante desorientada. A senhora, meu pai, o Walter João e as irmãs compreenderão que não pode ser de outra maneira.

11 Não tenho palavras para descrever o meu arrependimento, no entanto, deixaram-me escrever-lhes estas notícias para que me alivie, desinibindo os meus sentimentos sufocados.

12 Rogo à Anita, à Aparecida Helena e à Glória para me perdoarem. Quando me lembrem, por favor, não me recordem como sendo o retrato de uma criança enlouquecida de arma na mão. Recordem-me nos momentos em que, despreocupada, não me intoxicara, ainda, com ideias de autodestruição.

13 Preciso refazer a minha própria imagem. A vó Luíza e a irmã Ana n que veio até a minha pobre presença, a pedido de nosso Carlos, muito me amparam.

14 Envergonho-me, porém, de receber tantas bênçãos, quando errei calculadamente, conquanto sem conhecimento antecipado do que fazia. Agradeço as nossas amizades que, até hoje, me reconfortam com orações.

15 A nossa benfeitora Maria Conceição de Barros, n a quem o seu carinho rogou por mim, estendeu-me as mãos e um médico de nome Doutor Ulysses, também de Franca, se compadeceu de mim por intercessão dela.

16 Como vê, não estou desvalida, porque a Infinita Bondade de Deus não nos abandona. Apenas ignoro como conseguirei rearticular o meu organismo agora dilapidado. A vovó Honorata me consola e busca reanimar-me.

17 Querida mamãe Cida, perdoe-me e aceite-me por sua filha outra vez… Creia, mamãe, só a cabeça perturbada e doente me faria agir contra mim própria e contra a felicidade dos que mais amo.

18 Não posso continuar, porque o pranto não escreve e as lágrimas me asfixiam os pensamentos com que eu desejava formar as palavras de súplica à família toda para que me recebam novamente no coração, tal qual fui antes de minha resolução infeliz. Deus nos proteja e me auxilie a retomar a tranquilidade que ainda não tenho.

19 O papai e todos os meus me perdoarão com o seu apoio de mãe e eu lhe rogo, querida mamãe, para que o seu sorriso brilhe de novo para mim, a fim de que eu possa recomeçar a minha caminhada de esperança.

20 Perdoe-me e receba em seu colo a sua filha que é hoje a sua criança doente.

21 Ensina-me outra vez a pronunciar o nome de Deus com a fé que o seu carinho me transmitiu; cante outra vez para que tanta dor me permita dormir e receba muitos beijos de sua filha ainda errada e sofrida, mas sempre sua filha do coração por ser agora a mais necessitada de todas.

22 Sempre a sua,


Fernanda

25 de abril de 1981.    


ESCLARECIMENTOS


1 — Maria Honorata, bisavó paterna, desencarnada em Franca, SP, nos idos de 1942.


2 — Sam: Samuel, amigo de Fernanda. Ao retornar de Uberaba, logo após a recepção desta maravilhosa carta, Aparecida Helena, irmã de Fernanda, procurou Samuel, para saber de que modo a irmã o chamava. E Samuel lhe disse que Fernanda somente o chamava por Sam. A família e muito menos Chico Xavier tinham notícia disso. Aliás, Chico jamais ouvira falar de Samuel, como dos outros nomes citados na mensagem.


3 — Ana e Luíza: Fernanda refere-se a dois familiares de José Carlos, marido de sua irmã Aparecida Helena; trata-se de Ana Maria Araújo Arantes e José Carlos de Castro, a bisavó e o genitor de José Carlos, falecidos respectivamente em 1970 e 1960. — Luíza Croff Krempel, desencarnada em 1962, é a avó de Glória, madrinha de Fernanda que reside com a família.


4 — Maria Conceição de Barros, muito querida em Franca, foi morta, grávida, há quase meio século e seu túmulo fica pertinho do de Fernanda. — Dr. Ulysses Paiva, conceituado médico da cidade, desencarnado em 1919.


Caio Ramacciotti


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