O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

Índice | Página inicial | Continuar

Vitória — Familiares diversos


13


“Todas as dificuldades chegam e passam”

Mário Sérgio Barbosa Bitencourt


1 Minha querida Josiene, peço a Deus que nos fortaleça.

2 As lágrimas não são apenas suas, são minhas também pelo inesperado de nossa provação — provação essa que se abateu sobre nós três, à feição de tempestade que acabou por me subtrair ao seu convívio.

3 Compreendi, quase que de imediato, que o coração se me fizera um motor com defeitos irreparáveis e não me enganei quando despertei longe de sua presença.

4 Surpreendido, assombrado mesmo, perguntei por você e por nosso querido Segundinho, quando meu entendimento tornou a mim próprio.

5 Uma senhora de gestos benignos velava por mim e explicou-me, sem alarme, que eu fora transferido para uma vida nova, porque o coração não me assegurava recursos de permanência em nossa casa.

6 Minha cabeça fervia de perguntas. Maria das Graças era o nome da benfeitora que me protegia. Lembrei-me dos avós de nossas recordações.

7 Se era assim — raciocinei — a verdade é que atravessara a sombra da morte do corpo, como quem fora embalado pelo carinho daquela protetora, cuja brandura me fazia lembrar a mamãe e você própria.

8 Procurei fazer-me forte para não criar problemas e ser considerado digno de voltar a vê-la em nosso lar querido.

9 A outra avó — Maria da Paz — se me apresentou e opinou por minha visita à nossa terra de Santo Antônio. Encontrei você abraçada ao nosso filhinho, desejando morrer.

10 Assustei-me. Era preciso esquecer-me e buscar os recursos necessários para escorar-lhe os pensamentos.

11 Chorei com o seu pranto, que se ampliava à medida que você, intuitivamente, me percebia a presença espiritual.

12 Pedi a você viver, o que confirmo neste momento. Recorde que o nosso querido Segundinho precisa de sua paz e de sua assistência.

13 Compreendo as suas noções de independência, que lhe impedem o convívio com os nossos pais, seus e meus, entretanto, peço-lhe recordar que o nosso trabalho no desenho não deve parar.

14 Você estará comigo e eu com você. Trabalharemos unidos e seremos dois a pensar na melhor maneira de imprimir a justa evolução em nossos serviços.

15 Se você optar por uma cidade grande, esteja certa de que a minha aprovação é um dever, pois observo que ambos vivemos para o nosso filho, a nossa herança de amor perante Deus.

16 Não permita que a tristeza e o pessimismo lhe deformem o modo de ser, e abra uma porta no coração para o otimismo.

17 Por amor a Deus e por amor ao nosso filhinho, não mais deseje sair da existência pela armadilha da desencarnação voluntária. Espere com paciência; a felicidade é nossa.

18 Você, muitas vezes, me ensinou serenidade e confiança na vida, e creio que chegou o momento em que me cabe fazer o mesmo perante você.

19 Querida Jose, todas as dificuldades chegam e passam. Certifique-se de que você não está sozinha, ainda que a minha companhia se mostre revestida de valores escassos. Temos nós dois, com o nosso filho querido, a fé em Deus.

20 Estou quase bem, não fosse a carência do lar e as saudades de você e do nosso filhinho, dos nossos familiares e amigos, saudades que ainda me ensombram os sentimentos, mas tenho a certeza de que o meu renascimento interior para a confiança na Providência Divina, me fará o homem que fui e preciso ser de novo, de modo a lhe ser útil.

21 Ajude-me e abençoe-me com a sua coragem. Tudo melhora no lado externo da vida, quando nos melhoramos por dentro.

22 Estarei com você, a minha alavanca de estímulo e criatividade, e ao trabalho novamente funcionando…

23 Querida, ame os nossos pais, sem distanciar-se deles. O nosso querido Segundinho precisa deles, e eu necessito da sua bondade e de sua compreensão, a fim de observar a tranquilidade com todos.

24 Quisera escrever muito, mas não posso abusar da cota de tempo que me concederam.

25 Beije o nosso filhinho por mim e distribua minhas lembranças com os nossos familiares.

26 E guarde, mas guarde com toda a certeza de meu amor imenso, o coração do seu esposo e companheiro, amigo e irmão de todas as horas, com as saudades e os agradecimentos do seu, sempre seu,


Mário


Entrevistamos a Srª Josiene das Mercês Bitencourt, esposa do comunicante, em companhia de seu filho Segundinho — Mário Sérgio Barbosa Bitencourt Júnior —, graças à gentileza do amigo Sr. Belmiro Chagas Neto, em nosso consultório, na tarde de 1º de fevereiro de 1983.

Desse encontro, colhemos os seguintes dados esclarecedores sobre a mensagem sob nosso enfoque, recebida pelo médium Xavier, na noite de 21 de janeiro de 1983:


1 — D. Josiene, que veio a Uberaba pela segunda vez, sendo a primeira, a 20 de agosto de 1982, reside em Santo Antônio de Jesus, Estado da Bahia, à Rua Luís Viana, n.º 85, CEP 44570, fone: 075-731-1561; deixava extravasar alegria imensa, uma vez que recebera, através da carta mediúnica, todos os esclarecimentos de que necessitava, reconhecendo no Autor espiritual o seu próprio marido, redivivo.


2 — Esteve casada por apenas três anos com Mário Sérgio Barbosa Bitencourt, que era portador de grave cardiopatia reumática, “de há muito desenganado pelos médicos”.


3 — Nasceu Mário em Santo Antônio de Jesus, BA, a 2 de março de 1956, e desencarnou em Salvador, BA, a 20 de abril de 1982, com 26 anos completos. Era aposentado da COELBA — Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia —, mas trabalhava, em casa, com desenho arquitetônico.


4 — Com efeito, D. Josiene, que nasceu a 18 de dezembro de 1961, logo após a desencarnação do esposo, pensou, seriamente, em seu autoextermínio, sem que jamais exteriorizasse para qualquer pessoa este seu pensamento.

“Em tudo por tudo” — conclui a entrevistada — “esta mensagem consoladora é a prova maior de autenticidade que eu já tive neste mundo.”


Elias Barbosa


Abrir