O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Sementeira de paz — Mensagens familiares do Prof. Arthur Joviano (Neio Lúcio) e outros


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A solidão é útil à prece

08/09/1948


1 Meu caro Rômulo, Deus o abençoe, concedendo ao seu coração muita paz e bom-ânimo.

2 Acompanho suas horas de solidão temporária. Como você observa, o silêncio no lar está repleto de vozes. A princípio, são indistintas, mas com o decurso das horas se fazem imperiosas, quase tirânicas. A solidão é útil à prece e ao suprimento das energias espirituais, entretanto, não vivemos para consagrá-la. Não ajuda ao homem. Não soluciona as questões da alma. Respiramos a vida divina para transmitir-lhe os recursos sublimes, suscetíveis de ser armazenados por nós aos nossos semelhantes. É imprescindível dar ou transpor horizontes. E para dar precisamos sempre de muitos companheiros que nos absorvam as possibilidades. Peço a Jesus para que as nossas queridas ausentes regressem fortes e tranquilas.

3 Muito fruto valioso advirá de sua viagem ao norte mineiro. Em todo o trabalho digno, a palavra funciona por bendita semente de renovação. Deus abençoe os seus esforços.


4 Ouço-lhe as observações com referência aos passes e sinto sincera satisfação diante de seu interesse no assunto. Eu também estou ali aprendendo, tanto quanto acontece a você, e espero que com o tempo venhamos a enriquecer a mente de expressões cada vez mais valiosas nesse setor de serviço assistencial. Não posso ver toda a estruturação espiritual da câmara protetora do serviço, porque se me é possível identificar os necessitados de ambos os planos que nos visitam não disponho de suficiente visão para perceber o manancial de recursos “de Cima”. 5 Apenas posso declarar a você que um tanto ao alto se forma um núcleo irradiante de grande poder vibratório, constituído por material luminoso, aí depositado pelos companheiros de mais experiência e poder, que nos presidem as atividades. Essa fonte de luz, móvel e brilhante, casa-se às forças que emitimos por nossa vez, nós e outros Espíritos de nossa condição que se acham ali interessados em auxiliar o próximo, e a tarefa recomeça, sempre nova em cada sessão. Os quadros que se põem a caminho, a fim de encontrarem o nosso, quanto aos encarnados que nos procuram, são os mais extravagantes e dolorosos que você possa calcular. 6 Crimes hediondos, perseguições violentas e paisagens mentais sinceramente deploráveis se esboçam ao nosso olhar. Esta, a meu ver, a mais importante função de um socorro magnético, qual o que começamos a medicina espiritual preventiva, eliminando probabilidades sinistras de consumação do ódio, da perversidade e da violência. Ali, para meu modo de pensar, não interessa o que sofre dores no corpo de carne, não obstante os doentes desse teor nos merecerem o respeito mais amplo, e sim os enfermos da mente, que se contam por milhares em todas as direções. 7 Você não pode imaginar as formas inquietantes e lastimáveis que o pensamento transviado produz. Pensamento é energia plástica muito mais importante que possamos supor quando no corpo de carne. Há pessoas que chegam aos passes detendo nos órgãos certas formas de armas contundentes! Rara é a noite em que não tenhamos de extrair um “corpo mental cortante” [obs. essa foi a única vez que tal expressão foi usada no testamento xavieriano, a mais utilizada para designar criações mentais é “forma-pensamento”] do perispírito de numerosos pacientes. 8 De outras vezes, determinadas “formas indescritíveis” são retiradas por nós no trabalho assistencial, nascidas e fixadas dos desejos mórbidos de encarnados e desencarnados, quando não provenham de golpes de força física. Um homem que esbofeteia um outro fere pouco a máscara de carne em comparação com os resíduos de ódio que lança e incorpora no organismo perispiritual do contendor. Sozinhos ali não poderiam atender a um doente sequer. 9 Temos várias entidades de africanos simpáticos e de índios estudiosos que colaboram conosco no serviço junto à matéria mais densa. Há Espíritos que sabem ensinar com maestria os caminhos evangélicos, mas, por vezes, não atendem aos imperativos de nossa missão, pois seria um absurdo convidar uma professora delicada e culta, depois de uma preleção valiosa no magistério, para extrair um tumor nas mãos de um demente. Cada máquina deve possuir o seu operário. 10 E um operário que movimente muitas máquinas ao mesmo tempo não é comum, permanecendo em qualquer oficina por determinações extraprogramadas, tornando-se indispensável, para o nosso ponto de vista, no trabalho jogar em proveito de todos, com os elementos rotineiros em mão. Compreende, pois, a importância de especializarmos o maior número possível de servidores para a tarefa sempre mais exigente? Doenças de perispírito, entidades acidentadas, casos dolorosos, complicações sem conta por efeito de imantações são em grande cópia na sua tarefa. Há um conceito muito vulgarizado que se adapta às nossas necessidades de definição: é o da “limpeza psíquica”. 11 Você não pode, por enquanto, fazer ideia do valor de uma conversação espiritualizante com o necessitado. Muitas vezes, funciona como calmante benéfico, de outras, por intervenção oportuna. Nesses momentos, porém, não obstante o culto que rendemos à verdade, a paciência infinita, a delicadeza indiscriminada, a cordialidade sem fim não devem ser esquecidas. A modificação do tom vibratório para o bem, por parte de cada mente que nos procura, é muito importante e isso não conseguiremos repetindo a verdade que na maioria das situações é amplamente conhecida do próprio enfermo. 12 O estímulo é a única moeda capaz de soerguer o espírito caído no crime ou nas paixões. Estimaria dar a você notícias dos fenômenos luminosos que se produzem na tarefa, mas, francamente, resumem uma particularidade técnica sem maior importância e para cuja definição temos, por enquanto, absoluta escassez de vocabulário. Importa de nossa parte conduzir um espírito sereno e compreensivo, fervoroso e fraterno, com a decisão de servir em nome de Jesus. O resto virá.

13 Quanto à vidência, tenho esperança de que as suas faculdades se desenvolvam, nesse sentido, em tempo próprio. Não ficaria satisfeito, de meu lado, em escutar alguém que lhe descreva o ambiente. Sentir-me-ei feliz no dia em que sua própria capacidade visual estiver funcionando e isso pode verificar-se mais breve do que pensa. Bastará retirar a mente, um tanto cada dia, dos problemas absorventes de trabalho terrestre a que ainda é você obrigado a dispensar maior atenção e focalizá-la na direção do nosso plano. Pode crer que as suas observações serão valiosas e renovadoras, acentuando-lhe maior riqueza de possibilidades no socorro aos que necessitam. A princípio, o contato será nebuloso, impreciso. Entretanto, creio que em pouco tempo você experimentará dificuldade em transmitir a outrem o que lhe for permitido verificar, não somente por deficiência de palavras, mas também pelo cuidado que a responsabilidade da visão psíquica nos infunde ao espírito. O campo está aberto.

14 Continuemos trabalhando com as esperanças centralizadas no Cristo e aguardemos o futuro, produzindo todo o bem que se faça possível ao nosso esforço. Sua saúde física vai bem melhor, mas insisto na sua permanência, por alguns dias, na praia. O ar marinho beneficiar-lhe-á o “clima circulatório”. Temos necessidade desse recurso da natureza. A medicação homeopática e a assistência magnética estão funcionando otimamente, todavia, há problemas do protoplasma que, de quando em quando, aconselham a volta do corpo físico aos ares de sua “matriz”, o mar acolhedor e renovador. Espero que tudo nos corra bem.

15 Com os meus votos de saúde e paz a todos vocês, abraça-o muito afetuosamente o papai muito amigo,


A. Joviano


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