O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

Índice | Página inicial | Continuar

Renascimento espiritual — Familiares diversos


7


Adelmo Franco Thomé

NASCIMENTO: 15 de janeiro de 1962.
DESENCARNAÇÃO: 02 de fevereiro de 1989.

Adelmo Franco Thomé, jovem engenheiro civil, formado pela Universidade de Santa Cecília, na cidade de Santos — São Paulo, quando retornava com sua noiva Mary da cidade de Campos de Jordão, onde foi visitar uma obra civil de sua responsabilidade, viajando pela autoestrada Quiririm, Via sem grande movimentação, inesperadamente, percebeu que seu automóvel se desgovernou provocado por uma derrapagem. Adelmo tentou em vão controlar o veículo. Mary, percebendo o que estava acontecendo gritou quando, renteando o acostamento, o veículo lançou-se ribanceira abaixo, em várias capotagens.

Sem maiores explicações, ela sustentou-se no interior do veículo saindo ilesa do acidente.

Adelmo, lançado fora, teve ferimentos que lhe provocaram fortes hemorragias.

Socorrido pela Guarda Rodoviária e com o auxílio de Mary, foi levado às pressas ao Hospital das Clínicas de Taubaté, vindo a desencarnar, segundos após sua entrada a esse Pronto Socorro. Fato que este jovem engenheiro explica muito bem à família em sua mensagem esclarecedora.




MENSAGEM


E com a proteção dos amigos que me assistem, venho dizer-lhes que estou quase bem e estarei bem quando as saudades não me oprimirem o íntimo com tanta força.

1 Querido papai Adelmo e querida mãezinha Ivete, Deus nos proteja e abençoe.

2 Aqui estamos nós para alguma notícia. Uma consoladora surpresa, vê-los com a nossa Adilene e com as lembranças mais queridas. Entendo que os nossos sofrimentos foram quase iguais. Digo “quase”, porque perdi mais entes queridos, em número.

3 Como foi? Impossível descrever o momento em que o grito de Mary me feriu os ouvidos. Depois foi a queda do carro. Lutei para controlar o volante, mas todo o meu esforço foi infrutífero. A ribanceira estava renteando com os pneus. 4 E naquele desabamento do veículo, notei que, por dentro de mim, as dificuldades se ampliavam. O desejo de socorrer a companheira era muito grande, entretanto, notava que o meu corpo parecia um instrumento, cujas cordas se arrebentavam. 5 Pensei na oração, mas concluí que o meu tempo estava esgotado. Procurei minhas forças; sem encontrá-las. Lembro-me dos primeiros socorros. Ouvia vozes, mas não conseguia entendê-las.

6 Os meus conflitos continuavam. A cabeça estava anulada porque não sentia a noção de rumo. Não sei se me demorei naquele pobre corpo contundido e estragado por muitas horas. 7 Mantinha somente a vaga ideia de que estava sendo assistido. Minha canseira era grande e a lembrança dos pais queridos, da irmã e da Mary me dominava.

8 Chegou o momento em que a ansiedade mais profunda me tocou o coração. Os olhos se cobriram de uma névoa espessa e lobriguei o vulto de uma senhora que me abraçava e me convidava a segui-la. 9 Digo que lobriguei o vulto porque não dispunha de recursos para vê-la, de todo. O meu estado de angústia era grande demais para vacilar ante qualquer medida de auxílio. 10 A senhora me enlaçou, qual se eu fosse uma criança e dormi. Julgo que o meu esforço fora muito grande, embora os meus minutos fossem tão curtos e caí num torpor que não compreendi.

11 Mais tarde soube que eu estava sob a assistência de uma bisavó querida. 12 Não me retornei tão depressa, como se poderá pensar. Prossegui inconsciente e depois de muitas horas pude acordar. A derrapagem estava em meu cérebro e Mary a partilhar-me daquela aflição se faziam vivas em meu pensamento. 13 Acordei, na certeza de que estava deixando um pesadelo para trás, no entanto, conquanto as minhas cordas vocais estivessem adormecidas impedindo-me qualquer diálogo, escutei um enfermeiro que veio em meu socorro esclarecer-me que eu perdera o corpo físico.

14 Encontrava-me num aposento arejado e amplo e conservava a convicção de que me achava num instituto de tratamento para acidentados.

15 Ansiava saber de Mary, entretanto, o amigo me falava, sem aspereza e sem exigência, para logo me convencer de que toda a minha vida se transformara…

16 Chorei muito, à feição de um menino contrariado, mas o companheiro inesperado me advertiu que as minhas melhoras teriam o tamanho de minha conformação. Comecei a esforçar-me por aceitar o acontecimento e, com poucos dias, pude retornar a falar e conversar. 17 Penso que a ocorrência da morte do corpo está muito longe da compreensão dos que ficam na retaguarda. Agora estou encontrando o refazimento preciso. E com a proteção dos amigos que me assistem, venho dizer-lhes que estou quase bem e estarei bem quando as saudades não me oprimirem o íntimo com tanta força.

18 Agradeço os auxílios que me enviam através das preces e espero que continuem a prestar-me esse auxílio. Peço a mesma proteção à Mary e mantenho a certeza de que meu equilíbrio total virá breve.

19 Pais queridos e querida irmã, não posso e nem devo chorar. Por isso, termino esta carta tão difícil de ser obtida num correio incerto qual o que conheço por aqui.

20 Rogo desculpas à Mary pela inexperiência com que procurei orientar o volante no momento em que prevalecia a minha desatenção e, reunindo a querida irmã e os queridos pais no meu carinho, ainda marcado de preocupações, afirmo-lhes que a minha família prossegue inalterável. Um abração do filho saudoso e agradecido.


Adelmo

Adelmo Franco Thomé




ESCLARECIMENTOS


Pais: Adelmo Thomé
Ivete Franco Thomé.

Endereço: Rua Porto Carrero, 741 - B. Campestre - CEP 09070-240 - Santo André - SP.

Irmã: Adilene Franco Thomé.

Noiva: Mary Sanches Conte.


Rubens S. Germinhasi


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

Abrir