O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Palavras sublimes — Autores diversos


Introdução


A trajetória de Chico Xavier pelas páginas de Reformador

O Reformador, órgão de divulgação da Federação Espírita Brasileira, é o mais antigo periódico espírita ainda em circulação no Brasil. Lançado em 21 de janeiro de 1883, não foi o primeiro divulgador do Espiritismo. Antes, surgiram os pioneiros O Écho D’Além-túmulo, a Revista Espírita, a Revista da Sociedade Acadêmica Deus, Christo e Caridade, O Renovador, entre outros.


Naquela época, o Espiritismo dava ainda os seus primeiros passos no Brasil. Somente em 1875 é que chegaram ao Brasil as primeiras obras de Allan Kardec traduzidas para a língua portuguesa. Aqueles primeiros anos da Doutrina Espírita no Brasil haviam sido marcados pela criação dos primeiros grupos espíritas, pela realização do primeiro congresso e da primeira exposição para a divulgação da Doutrina Espírita, mas também pela perseguição ao Espiritismo e o fechamento das suas instituições.


Foi nesse cenário que surgiram as primeiras páginas de Reformador no início de 1883, tendo a própria Federação Espírita Brasileira sido criada no final daquele mesmo ano, a 27 de dezembro.


Resgatamos, a seguir, um texto de nossa primeira obra espírita, que conta um pouco sobre o lançamento de Reformadorn

“O mais antigo órgão de divulgação do Espiritismo no Brasil, ainda em circulação, é o Reformador, órgão oficial da Federação Espírita Brasileira.


O Reformador iniciou os seus trabalhos em 21 de janeiro de 1883, com a denominação de Reformador - Órgão Evolucionista. Somente um ano depois, com a fundação da Federação Espírita Brasileira, é que o Reformador passou a ser o órgão oficial da FEB.


O responsável pelo lançamento do Reformador foi o fotógrafo português Augusto Elias da Silva, que havia sido membro da Comissão Confraternizadora da Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade e fundador do Grupo Espírita Menezes.


Com recursos tirados de seu próprio bolso, Augusto Elias da Silva criou a oficina do Reformador no seu próprio ateliê fotográfico, à Rua São Francisco de Assis 120, sobrado (hoje Rua da Carioca), onde residia com a sua família.


O Reformador surgiu em forma de jornal quinzenal, com quatro páginas e um reduzido número de assinantes. Boa parte dos jornais eram distribuídos gratuitamente. Mesmo assim, Augusto Elias da Silva sustentou o seu objetivo de fundar e conservar um órgão de propaganda espírita na Corte do Brasil. Para assumir a Direção Intelectual do Reformador, Augusto Elias da Silva chamou o Major Francisco Raimundo Ewerton Quadros. A tarefa não foi das mais fáceis, já que o Espiritismo era combatido com furor e ridicularizado por aqueles que sequer se interessavam em conhecer o seu conteúdo. Alguns escritores analisaram esse período com muita propriedade:


“Naquela hora as forças católicas estavam em marcha. Dos púlpitos fluminenses despejavam-se insultos e insinuações. Sendo impossível ao católico, como disse Carlos de Laet, distinguir o Demônio invisível do seu evocador visível, o “ódio por dever de consciência” era contra o espírita. Não se pensava em salvar o “endemoninhado”. Segundo a lei de Moisés, citada na Pastoral, cumpria exterminá-lo.” (Bezerra de Menezes, Canuto Abreu)


“Fundar e conservar um órgão de propaganda espírita, na Corte do Brasil, era, naquela época, de forma a entibiar o ânimo dos espíritas mais resolutos. Todas as baterias do Catolicismo estavam assestadas contra o Espiritismo. Dos púlpitos brasileiros, principalmente dos da Capital, choviam anátemas sobre os espíritas, os novos hereges que cumpria abater.” (Grandes Espíritas do Brasil, Zëus Wantuil)


A situação da Imprensa Espírita também não era das melhores, conforme nos conta o autor Zêus Wantuil:


“A imprensa espiritista, para poder sobreviver, pedia uma orientação mais firme e perseverante, em que a renúncia e a abnegação constituíam fatores decisivos para alimentar uma tiragem irrisória, que não cobria as despesas de confecção, em vista de perfazerem os assinantes um número reduzido, de cem a duzentos, sendo o excedente de exemplares, geralmente o dobro, distribuído gratuitamente.”

Em todos os momentos da história, Reformador — esse jornal que se transformou em revista — se posicionou em defesa da vida, defendeu de forma veemente a abolição da escravatura e valorizou a importância da mulher na vida cotidiana, numa época em que elas eram relegadas a segundo plano, vivendo numa sociedade essencialmente machista.


A partir da década de trinta, do século passado, a história de Chico Xavier começou a ser contada pelas páginas de Reformador. Algumas mensagens de Parnaso de além-túmulo, primeira obra do médium mineiro, foram publicadas nele antes do livro. As inesquecíveis crônicas de Humberto de Campos tomaram o mesmo rumo. E em tempos remotos as mensagens de Bittencourt Sampaio, Emmanuel, André Luiz e outros vultos do Espiritismo demoravam não mais do que um mês para chegar aos seus leitores, com seus ensinamentos e advertências de luz e sabedoria.


O material que resgatamos é composto de mensagens de Chico Xavier que localizamos em Reformador em suas edições de 1933 a 1950. As psicografias foram extraídas dos artigos e por isso mesmo ganharam novos títulos por uma questão de direito autoral. As pesquisas para localizar todo o material deste livro se estenderam por longo período e foram realizadas na Biblioteca Nacional, na Casa de Chico Xavier, em Pedro Leopoldo, e na internet. Inicialmente, folheamos cada uma das páginas de Reformador entre 1930 e o final de 1950 para localizar as mensagens. Posteriormente, iniciou-se uma etapa ainda mais trabalhosa, quando tentamos verificar se cada mensagem localizada tinha sido publicada nas suas mais de 400 obras publicadas em vida, número que rapidamente se aproxima das 500 obras, com as publicações ocorridas após a sua desencarnação. Essa pesquisa foi realizada em cerca de 410 obras digitalizadas e a partir de ampla pesquisa na internet. Devido ao imenso número de livros e à falibilidade do ser humano, é possível que alguma dessas mensagens que acreditamos inéditas tenham já sido publicadas em algum de seus livros, principalmente naquelas obras que foram publicadas após a sua desencarnação. Nesse sentido, pedimos a compreensão do leitor para essa questão, ressaltando que tudo fizemos para chegar o mais próximo possível da realidade dos fatos.


Rogamos que estas mensagens edificantes possam trazer para o amigo leitor as bênçãos da paz, os conhecimentos sublimes e a inspiração necessária para direcionar a sua jornada em direção aos planos de luz.


João Marcos Weguelin

Organizador   



[1] Memória espírita — Papéis velhos e história de luz, publicado pelas Edições Léon Denis, em 2005.


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