O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Pai nosso — Meimei


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Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores

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1. Quando pronunciamos as palavras “perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores”, não apenas estamos à espera do benefício para o nosso coração e para a nossa consciência, mas estamos igualmente assumindo o compromisso de desculpar os que nos ofendem.

Todos possuímos a tendência de observar com evasivas os grandes defeitos que existem em nós, reprovando, entretanto, sem exame, pequeninas faltas alheias.

Por isso mesmo Jesus, em nos ensinando a orar, recomendou-nos esquecer qualquer mágoa que alguém nos tenha causado.

Se não oferecemos repouso à mente do próximo, como poderemos aguardar o descanso para os nossos pensamentos?

Será justo conservar todo o pão, em nossa casa, deixando a fome aniquilar a residência do vizinho?

A paz é também alimento da alma, e, se desejamos tranquilidade para nós, não nos esqueçamos do entendimento e da harmonia que devemos aos demais.

Quando pedirmos a tolerância do Pai Celeste em nosso favor, lembremo-nos também de ajudar aos outros com a nossa tolerância.

Auxiliemos sempre.

Se o Senhor pode suportar-nos e perdoar-nos, concedendo-nos constantemente novas e abençoadas oportunidades de retificação, aprendamos, igualmente, a espalhar a compreensão e o amor, em benefício dos que nos cercam.




2. O perdão justo

Em certa cidade europeia, um homem ignorante, considerado malfeitor, foi condenado à morte na forca.

O juiz fora severo no julgamento.

Afirmava que o infeliz era grande criminoso e que só a pena última podia solucionar-lhe a situação.

Alguns dias antes do enforcamento, o magistrado veio ao cárcere, em companhia de um filho, jovem alegre e de bom coração que, em se aproximando de velho soldado, pôs-se a examinar-lhe a arma de fogo.

Sem que o rapaz pudesse refletir no perigo do objeto que revirava nas mãos, um tiro escapou, rápido, e, com espanto de todos, a bala, em disparada, alojou-se num dos braços do condenado à morte, que observava a cena, tranquilamente da grade.

Banhado em sangue, foi socorrido pelo juiz e pelos circunstantes e, porque a palavra do magistrado fosse dura e cruel para o filho irrefletido, o prisioneiro lembrou os ensinamentos de Jesus, ajoelhou-se aos pés do visitante ilustre e suplicou-lhe desculpas para o moço em lágrimas, afirmando que o jovem não tivera a mínima intenção de magoá-lo.

O juiz notou a profunda sinceridade da rogativa e, em silêncio, passou a reparar que o condenado era portador de nobre coração e de inexprimível bondade.

No dia imediato, promoveu medidas para a revisão do processo que lhe dizia respeito e, em pouco tempo, a pena de morte era comutada para somente alguns meses de prisão.

Perdoando ao rapaz que o ferira, o prisioneiro encontrou o perdão justo para as suas faltas, conseguindo, desse modo, recomeçar a vida, em bases mais sólidas de paz, confiança, trabalho e alegria.




3. O efeito da cólera

Um velho judeu, de alma torturada por pesados remorsos, chegou, certo dia, aos pés de Jesus, e confessou-lhe estranhos pecados.

Valendo-se da autoridade que detinha no passado, havia despojado vários amigos de suas terras e bens, arremessando-os à ruína total e reduzindo-lhes as famílias a doloroso cativeiro. Com maldade premeditada, semeara em muitos corações o desespero, a aflição e a morte.

Achava-se, desse modo, enfermo, aflito e perturbado… Médicos não lhe solucionavam os problemas, cujas raízes se perdiam nos profundos labirintos da consciência dilacerada.

O Mestre Divino, porém, ali mesmo, na casa de Simão Pedro, onde se encontrava, orou pelo doente e, em seguida, lhe disse:

— Vai em paz e não peques mais.

O ancião notou que uma onda de vida nova lhe penetrara o corpo, sentiu-se curado, e saiu, rendendo graças a Deus.

Parecia plenamente feliz, quando, ao atravessar a extensa fila dos sofredores que esperavam pelo Cristo, um pobre mendigo, sem querer, pisou-lhe num dos calos que trazia nos pés.

O enfermo restaurado soltou um grito terrível e atacou o mendigo a bengaladas.

Estabeleceu-se grande tumulto.

Jesus veio à rua apaziguar os ânimos.

Contemplando a vítima em sangue, abeirou-se do ofensor e falou:

— Depois de receberes o perdão, em nome de Deus, para tantas faltas, não pudeste desculpar a ligeira precipitação de um companheiro mais desventurado que tu?

O velho judeu, agora muito pálido, pôs as mãos sobre o peito e bradou para o Cristo:

— Mestre, socorre-me!… Sinto-me desfalecer de novo.. Que será isto?

Mas, Jesus apenas respondeu, muito triste:

— Isso, meu irmão, é o ódio e a cólera que outra vez chamaste ao próprio coração.

E, ainda hoje, isso acontece a muitos que, por falta de paciência e de amor, adquirem amargura, perturbação e enfermidade.




4. Mãezinha

Quando o Pai Celestial precisou colocar na Terra as primeiras criancinhas, chegou à conclusão de que devia chamar alguém que soubesse perdoar infinitamente.

De alguém que não enxergasse o mal.

Que quisesse ajudar sem exigir pagamento.

Que se dispusesse a guardar os meninos, com paciência e ternura, junto do coração.

Que tivesse bastante serenidade para repetir incessantemente as pequeninas lições de cada dia.

Que pudesse velar, noites e noites, sem reclamação.

Que cantarolasse, baixinho, para adormecer os bebês que ainda não podem conversar.

Que permanecesse em casa, por amor, amparando os meninos que ainda não podem sair à rua.

Que contasse muitas histórias sobre a vida e sobre o mundo.

Que abraçasse e beijasse as crianças doentes.

Que lhes ensinasse a dar os primeiros passos, garantindo o corpo de pé.

Que os conduzisse à escola, a fim de que aprendessem a ler.


Dizem que nosso Pai do Céu permaneceu muito tempo, examinando, examinando… e, em seguida, chamou a Mulher, deu-lhe o título de Mãezinha e confiou-lhe as crianças.

Por esse motivo, nossa Mãezinha é a representante do Divino Amor no mundo, ensinando-nos a ciência do perdão e do carinho, em todos os instantes de nossa jornada na Terra. Se pudermos imitá-la, nos exemplos de bondade e sacrifício que constantemente nos oferece, por certo seremos na vida preciosos auxiliares de Deus.




5. O silêncio

O silêncio ajuda sempre:


  Quando ouvimos palavras infelizes.

  Quando alguém está irritado.

  Quando a maledicência nos procura.

  Quando a ofensa nos golpeia.

  Quando alguém se encoleriza.

  Quando a crítica nos fere.

  Quando escutamos a calúnia.

  Quando a ignorância nos acusa.

  Quando o orgulho nos humilha.

  Quando a vaidade nos provoca.


O silêncio é a gentileza do perdão que se cala e espera o tempo.




6. O perdão


  O perdão, em qualquer tempo,

  É sempre um traço de luz,

  Conduzindo a nossa vida

  À comunhão com Jesus.


Meimei


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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