O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

Índice | Página inicial | Continuar

Páginas do Coração — Cartas de Irmã Candoca a Ricardo


6


No aniversário de Jesus

Mensagem recebida em 12 de dezembro de 1950.

1 Meu querido Ricardo. Jesus nos fortaleça, na grande viagem para a redenção. n

2 Aproxima-se o Natal de novo e o meu espírito como que regressa aos nossos antigos júbilos familiares. A mesa posta entre flores e bênçãos, alegrias e orações, volta à minha memória, em que você e os filhinhos queridos permanecem constantemente em minhas grandes saudades.

3 Torno a ouvir os cânticos da noite de Natal, digo, da Noite Santa, e reparo que, em torno de mim agora, outros hinos se fazem ouvir, em louvar o nosso amado Jesus, do mesmo Mestre Celestial a quem nós tanto devemos. Confesso a você que as lágrimas ressurgem nos meus olhos, mas não é a dor a força que as inspira… 4 É a esperança que nos reúne de novo, é a fé viva em nosso futuro sublime; é o amor renovado e belo que nos sustenta hoje mais do que nunca.

5 Em derredor de meus passos aqui há quem celebre o Natal com alegrias e luzes no mesmo ritmo festivo de nossos dias, que passaram, entretanto, em trazendo ao seu carinho o meu abraço afetuoso de Boas Festas, encontro ao seu lado a maior felicidade que poderia iluminar a minha alma no Aniversário de Jesus. 6 Em verdade, agora, não temos ao pé de nós as crianças queridas que eram as flores do nosso jardim doméstico; o tempo encarregou-se de transformar a nossa paisagem antiga… Aqueles que eram para nós dois os anjos do coração, converteram-se igualmente em homens de luta, agindo agora de acordo com as experiências que trouxeram ao renascer.

7 Aparentemente, meu Ricardo, estamos mais sozinhos, mas é que nossos corações encontraram um Natal maior e mais enobrecido… Jesus, como que nos bateu às portas da alma, acionando as campainhas da dor e despertamos para recebê-Lo dentro do próprio íntimo, transformado para Ele em manjedoura humilde e pequenina. 8 E, em razão disso a nossa solidão é imaginária, de vez que a nossa família está infinitamente aumentada. As recordações do Senhor conduzem-nos o espírito à cogitações mais vastas. 9 Nosso pão multiplicou-se milagrosamente ao toque divino da caridade. Nossas energias se dilataram e, por esse motivo, a maior data da Cristandade é hoje para nós dois uma luz de mais amplas irradiações. 10 A mesa farta presentemente é a nossa própria alma a derramar-se em júbilos e esperanças na sagrada sementeira de paz e fraternidade. 11 Os infelizes e ignorantes da via pública são nossos irmãos e todas as crianças que sofrem no esquecimento ou na aflição constituem a fileira dos filhos que o Mestre nos confiou.

12 Antigamente em nossas manifestações de contentamento doméstico, Jesus como que havia nascido longe de nós; agora, contudo, o berço divino parece vibrar dentro de nossas almas, pela alvorada de luz que principia a nascer para a nossa compreensão. 13 De mãos dadas seguirei com você, por toda parte, plantando a caridade e a confiança. Cada gesto de ternura dos seus braços e cada olhar encorajador de seu espírito serão igualmente meus. 14 Nossa felicidade, hoje, é semelhante às fontes profundas que ninguém divisa à flor do chão. A nossa ventura de agora procede da ventura que pudermos fazer para os outros. E, nesse sentido, graças a Deus, vejo que o seu esforço cristão não descansa, minha alegria cresce com a sua fé e com a sua segurança espiritual.

15 Não tema espinhos ou desilusões. Quem auxilia aos semelhantes está construindo o roteiro para a vida superior. Haja tempestade ou luta na estrada, deponha o seu pensamento em mim e confie-me suas razões de trabalho, mágoa ou pesar. Nada sou e não passo de uma servidora insignificante do Senhor; entretanto, entregarei ao Mestre a essência de nossos sentimentos para que Ele nos ajude a vencer todos os obstáculos da senda. 16 A caridade é a nossa lâmpada acesa. Aos seus raios tudo se esclarece e tudo brilha. 17 O coração com Jesus fulgura acima de inteligência. Somos felizes, Ricardo, porque procuramos no presente com todas nossas forças a glória de seguir os passos do Amigo Celeste que nos amou até a cruz. 18 Na imitação Dele, reside o segredo de nossa vitória.

19 À frente do Natal, portanto, venho trazer ao seu carinho a reafirmação do meu amor e da minha esperança, agradecendo quanto as suas mãos e o seu coração vão fazendo em favor de nosso futuro. 20 Creiamos na eternidade da vida e da alegria. O Criador que permitiu a existência da nuvem, estabeleceu a grandeza inalterável do céu para mostrar-nos que todas as sombras simplesmente servem para realçar a beleza da luz. 21 Não se descuide da saúde física e guarde o repouso possível até a restauração plena de suas forças. Aqui, aprendemos que o corpo é um instrumento sublime, credor de nossas melhores atenções até o fim da luta.

22 Venho amparando a nossa Maria Isabel com a gratidão e amizade de todos os dias pedindo a ela guardar muita serenidade e paciência no desdobramento dos trabalhos que o Céu lhe confiou. Diga-lhe para não olvidar a prece, mantendo a certeza de que o meu coração está velando ao lado do seu para que a tranquilidade e a saúde a acompanhem no círculo de todos os seus passos na terra.

23 Com relação ao nosso estimado Vìrgínio peço a você para que nós dois permaneçamos serenos e satisfeitos no dever bem cumprido. O que sucedeu, no fundo, resultou de velhos compromissos dele com os nossos irmãos infelizes e perturbados, que ainda o seguem. Você fez tudo para aliviá-lo, bem o conheço e as nossas intenções mais nobres são reconhecidas, onde a justiça da Terra ainda não sabe enxergar. Em favor do nosso doente de tanto tempo, aumentemos a nossa capacidade de auxílio. Amparemo-lo com as nossas vibrações de paz e carinho, elevando ao Céu as preces fervorosas de nossa fé, em seu benefício. 24 A oração é um poder que o mundo ainda não conhece de todo. Estejamos tranquilos e confiemos na proteção do Alto.

25 A todos os nossos envio os meus votos de Boas Festas e pedindo à Nossa Mãe Celestial para que o seu carinhoso coração receba alegrias infinitas no Natal e no Ano Novo, com a doce felicidade que hoje nos reúne um ao outro, na direção da Vida Maior, beija-lhe a alma num abraço de amor e reconhecimento a sempre sua companheira da eternidade e do coração.


Candóca



[1] No livro impresso esta mensagem é composta de um único parágrafo.


Texto extraído da 2ª edição desse livro.

Abrir