O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Porto de alegria — Familiares diversos


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Primeiros momentos de desencarnação

Quando o Dr. Aluísio Maciel e sua esposa Laudelina, residentes em Igarapava, SP, resolveram, após duas semanas de adiamento, dirigir-se a São Paulo em viagem de passeio, não poderiam imaginar que sérios e surpreendentes acontecimentos os aguardavam.

Na Capital paulista, foram convidados para um almoço pela irmã do Dr. Aluísio, Vânia, lá residente, esposa do Dr. Carlos Mendes Coelho. Na data marcada, 23 de maio de 1985, na residência dos anfitriões, estando os dois casais assentados à mesa para o almoço, num ambiente familiar de paz e amizade, deu-se o inesperado, com os fatos assim narrados por Dª Laudelina:

“Estávamos almoçando, quando Aluísio, ao meu lado e de Carlos, se inclinou para a mesa já sem vida. Carlos ergueu a cabeça de Aluísio e constatou que ele não estava reagindo. Passaram-se, creio eu (e segundo o Atestado de Óbito), cinco minutos, e Carlos caía em meus braços também sem vida.”

Naturalmente, a desencarnação de ambos, de forma tão surpreendente e quase simultânea, embora portadores de sérios problemas cardíacos, muito traumatizou os familiares.

Mas, apenas cinco meses após o acontecimento, a 18 de outubro de 1985, Dr. Aluísio Antônio Maciel voltou a dialogar com a família, pela psicografia de Chico Xavier, na noite em que sua filha Maria Helena compareceu à reunião pública do GEP, em Uberaba. Foi a “dádiva consoladora que Jesus nos premiou, concedendo-nos esse bálsamo para nos aliviar um pouco nesta dura separação”, segundo palavras de Dª Laudelina em sua atenciosa carta.

Confirmando o que sempre dizia à esposa: “Laude, a morte não existe…”, Dr. Aluísio veio historiar a sua passagem para o Além, expondo muitos lances daquele almoço inacabado, ocorridos após o seu desfalecimento total, e portanto, já na condição de Espírito liberto da matéria!




MENSAGEM


1 Querida filha Maria Helena, n Deus nos abençoe.

2 Ainda me encontro sob o trauma daquela visita aos nossos. O meu cunhado Carlos n e eu estávamos tão contentes que nos assemelhávamos a duas crianças de regresso à casa dos pais. A sua tia Vânia não podia ser mais atenciosa. Tudo disposto com segurança e alegria para que o Carlos e eu pudéssemos conversar à vontade.

3 Lembro-me, vagamente, de que o almoço nos esperava e a minha felicidade era tão grande que me senti, repentinamente, transtornado. O coração me pareceu imobilizado. Creio que deixei transparecer para meu cunhado aquele aborrecimento súbito, porque não conseguia mover-me. Ele me chamou em voz alta, enquanto a Vânia buscava álcool para me umedecer os pulsos, assim acreditei, mas o coração, no peito, se me figurava um motor repentinamente imobilizado, sem possibilidades de conserto imediato.

4 Alguém disse: — “O Aluísio está morrendo…” Escutei estas palavras com espanto, porque embora não conseguisse falar, estava pensando com acerto.

5 O Carlos, no mesmo instante, foi retirado da sala em que nos achávamos e ouvi vozes aflitas anunciando que meu cunhado estava no fim. Mensageiros, recados, telefonemas e pedidos eram expedidos com urgência, mas a verdade é que ambos estávamos destinados à mesma renovação. 6 Ciente de que o cunhado estava, igualmente, passando pelo mesmo fenômeno que me assombrava, não mais tive forças para sustentar-me em posição certa, e somente não cai no piso do recinto porque mãos de pessoas amigas seguraram-me o corpo inerme. n

7 A luta foi muito grande, dentro de meu cérebro, até que me veio a impressão de que eu tombara no desconhecido. 8 Não sei se foi desmaio ou sono compulsivo. 9 Sei apenas que, nos últimos lampejos de lucidez, vi uma senhora que chegava para me socorrer. Não tive dificuldade para identificá-la. Era a querida mãe Maria Moreira, n que se abeirou de meu corpo e me recolheu, como em outro tempo, quando na meninice me via estatelado no chão. Junto dela, compareciam enfermeiros que me carregaram e nada mais vi.

10 Acordar daquela inconsciência foi outro prodígio que não compreendi. Queria que a nossa Laudelina estivesse comigo e com muito custo pude retomar a voz para saber de mãe Maria Moreira o que vinha ser tudo aquilo. 11 Soube, com evidentes expressões de medo e de incredulidade que o coração do Carlos e o meu haviam parado à feição de dois relógios, em cujo bojo a corda não mais funcionasse. O resto, minha filha, você pode entender, sem que eu tenha necessidade de entrar em pormenores.

12 Estou ainda abatido e atônito. O tempo ainda não me devolveu todas as faculdades, e falo a você com a fidelidade do pai que não deseja que a família fique sem informações.

13 Sei que a morte não existe, n mas não sei explicar isso tanto quanto nunca soube explicar como foi o meu nascimento no mundo. Se tento compreender tudo o que está me ocorrendo, noto que me atropelo mentalmente, e acabo absolutamente incapaz de prosseguir em elucidações para mim próprio.

14 Limito-me, aqui, a lhe agradecer o interesse pelo pai amigo, para sossegar igualmente a inquietação da mamãe Laudelina, que me foi a companheira dedicada, cujo carinho ignoro de que maneira agradecer.

15 Sei que o Carlos está em condições iguais às minhas, e agradeço à Vânia toda a caridade que me dispensou.

16 Querida filha, por favor, faça-me lembrado aos queridos filhos Ângela e Aluísio Filho. n Console a nossa Laudelina, e transmita esperança e paz ao coração da nossa estimada Vânia.

17 Agora me retiro, em companhia de mãe Maria Moreira, que me auxiliou a escrever o que pude, satisfazendo ao seu pedido de notícias.

18 Pedindo a Jesus abençoar toda a nossa família, e muito grato à sua bondade de filha atenciosa, deixo-lhe aqui um grande abraço, o papai e seu servidor sempre grato,


Aluísio Maciel n


NOTAS E IDENTIFICAÇÕES


1 — Maria Helena — Filha. É fisioterapeuta e reside em Piracicaba, SP.


2 — Carlos — Dr. Carlos Mendes Coelho, cunhado, Juiz de Direito aposentado.


3 — Escutei estas palavras (…) O Carlos foi retirado da sala (…) Ciente de que o cunhado estava, igualmente, passando pelo mesmo fenômeno que me assombrava, não mais tive forças para sustentar-me em posição certa, e só não caí no piso do recinto porque mãos de pessoas amigas me seguraram o corpo inerme. (…) A luta foi muito grande dentro de meu cérebro (…). — Pela narrativa de Dª Laudelina, conclui-se que o Dr. Aluísio, já estando totalmente desfalecido, no mínimo há 5 minutos, só poderia ouvir, enxergar e permanecer algum tempo, sem apoio, em “posição certa”, graças ao seu corpo espiritual (ou perispírito), que tem igualmente um cérebro (espiritual) como cabine de comando, sentindo-se como se ainda comandasse o corpo físico. Essa impressão, que ele descreve com fidelidade, ainda “sob o trauma daquela visita aos nossos”, é frequente nos recém-desencarnados.


4 — Querida mãe Maria Moreira — Sua genitora, Dª Maria Moreira Maciel, Lica na intimidade, desencarnada em 07/9/1970, aos 70 anos de idade. Seu esposo, Francisco Antônio Maciel, também já desencarnado, agricultor e político, ex-Prefeito Municipal, foi figura de destaque em Igarapava.


5 — Sei que a morte não existe — “Aluísio sempre se interessou pela Doutrina Espírita. Lia muito, frequentou bons Centros em São Paulo, quando lá morávamos. Respostas para seus problemas ele sempre as encontrou no Espiritismo, e disse-me, em várias ocasiões: “Laude, a morte não existe…”


6 — Ângela e Aluísio Filho — Filhos. Ângela, dentista, reside em São Paulo; e Dr. Aluísio Maciel Filho é médico cardiologista em Igarapava.


7 — Aluísio Maciel — Dr. Aluísio Antônio Maciel, natural de Ribeirão Preto, SP, foi advogado e agricultor. Deixou a vida física aos 63 de idade. Com seu habitual dinamismo, teve ativa participação na comunidade igarapavense, destacando-se dentre suas inúmeras atividades: Presidente da Associação de Plantadores e Fornecedores de Cana, por dez anos; Presidente do Rotary Clube; e Fundador do Sindicato Patronal.


Hércio Arantes


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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