O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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O Evangelho por Emmanuel — Volume V — 2ª Parte ©

Textos paralelos de Atos dos apóstolos e Paulo e Estêvão

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A reunião em Jerusalém II

19 Depois de saudá-los, explicava, uma a uma, cada uma das [coisas] que Deus fizera entre os gentios através do seu serviço. 20 Os que ouviram glorificavam a Deus; e lhe disseram: observa irmão, quantas miríades dos que creem há entre os judeus, e todos são zelosos da Lei. 21 Mas foram instruídos a teu respeito, que ensinas a todos os judeus [que vivem] entre os gentios a apostasia de Moisés, dizendo para eles não circuncidarem os filhos nem andarem nos costumes. 22 Portanto, o que fazer? Sem dúvida, ouvirão que chegaste. 23 Desse modo, faze isto que estamos te dizendo: há entre nós quatro varões que estão fazendo voto. 24 Toma-os, purifica-te com eles, paga as despesas por eles para rasparem a cabeça; e todos saberão que não há nada daquilo que foram instruídos a teu respeito, mas que tu mesmo também andas guardando a Lei. 25 A respeito dos gentios que creram, nós [já] escrevemos, tendo decidido que eles evitem o [que é sacrificado] atos aos ídolos, o sangue, o [animal] estrangulado e a infidelidade. 26 Então, no dia seguinte, tomando os varões e purificando-se com eles, Paulo entrou no Templo, anunciando o término dos dias da purificação até que fosse oferecida para cada um deles a oferta. — (Atos 21:19-26)


14 […] A reunião começou com rigoroso cerimonial, percebendo o ex-rabino a extensão das influências farisaicas no instituto que se destinava à sementeira luminosa do Divino Mestre. Seus companheiros, acostumados à independência do Evangelho, não conseguiam ocultar a surpresa; mas, com um gesto, o convertido de Damasco fez que todos permanecessem silenciosos.

Convidado a explicar-se, o ex-rabino leu um longo relatório de suas atividades junto dos gentios, havendo-se com muita ponderação e inexcedível prudência.


15 Os judeus, que, contudo, pareciam definitivamente instalados na igreja, mantendo as velhas atitudes dos mestres de Israel, pelo seu vogal Cainan, formularam ao ex-doutor conselhos e censuras. Alegaram que também eram cristãos, mas, rigorosos observadores da Lei Antiga; que Paulo não deveria trabalhar contra a circuncisão e lhe cumpria dar ampla satisfação de seus atos.

Com profunda admiração dos companheiros, o ex-rabino mantinha-se calado recebendo as objurgatórias e repreensões com imprevista serenidade.

Por fim, Cainan fez a proposta a que Tiago se referira na véspera. A fim de satisfazer a exigência do Sinédrio, o tecelão de Tarso deveria purificar-se no Templo, com quatro judeus paupérrimos que haviam feito voto de nazireus, ficando o Apóstolo dos gentios obrigado a custear todas as despesas.


16 Os amigos de Paulo surpreenderam-se, ainda mais, quando o viram levantar-se na assembleia preconceituosa e confessar-se pronto a atender a intimação.

O representante dos anciães discorreu, ainda, pedante e demoradamente sobre os preceitos da raça, ouvido por Paulo com beatífica paciência.

Regressando à casa de Mnason, o ex-rabino procurou informar os companheiros das razões da sua atitude. Habituados a acatar-lhe as decisões confiadamente, dispensaram-se de perguntas quiçá supérfluas, mas desejavam acompanhar o Apóstolo ao Templo de Jerusalém, para experimentarem alguma coisa da sua renúncia sincera, com relação ao futuro do evangelismo. Paulo frisou a conveniência de seguir só, mas Trófimo,  †  que ainda se demorava alguns dias em Jerusalém, antes de regressar a Antioquia,  †  insistiu e conseguiu que o Apóstolo lhe aceitasse a companhia.


17 O comparecimento de Paulo de Tarso no Templo, acompanhando quatro irmãos de raça, em mísero estado de pobreza, a fim de com eles purificar-se e pagar-lhes as despesas do voto, causou enorme sensação em todos os círculos do farisaísmo. Acenderam-se discussões violentas e rudes. Assim que viu o ex-rabino humilhado, o Sinédrio pretendia impor sentenças novas. Já não lhe bastavam as imposições anteriores. No segundo dia da santificação, o movimento popular crescera no Templo em proporções assustadoras. Todos queriam ver o célebre doutor que enlouquecera às portas de Damasco, devido ao sortilégio dos galileus. Paulo observava a efervescência do cenário em torno da sua personalidade e pedia a Jesus não lhe faltasse com as energias suficientes. No terceiro dia, à falta de outro pretexto para condenação maior, alguns doutores alegaram que Paulo tinha o atrevimento de se fazer acompanhar aos lugares sagrados por um homem de origem grega, estranho às tradições israelitas. Trófimo nascera em Antioquia, de pais gregos, tendo vivido muitos anos em Éfeso;  †  entretanto, apesar do sangue que lhe corria nas veias, conhecia os preceitos do judaísmo e portava-se, nos recintos consagrados ao culto, com inexcedível respeito. As autoridades, contudo, não quiseram ponderar tais particularidades. Era preciso condenar Paulo de Tarso novamente, haviam de faze-lo a qualquer preço.


18 O ex-rabino percebeu a trama que se delineava e rogou ao discípulo não mais o acompanhasse ao monte Moriá,  †  onde se processavam os serviços religiosos. O ódio farisaico, porém, continuava a fermentar. […]


Emmanuel



(Paulo e Estêvão, FEB Editora. Segunda parte. Capítulo 8, pp. 408 a 410. Indicadores 14 a 18)


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