O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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No mundo de Chico Xavier — Entrevistas — F. C. Xavier/Elias Barbosa


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Chico Xavier e o Escritor Jorge Azevedo

O “Diário de Notícias”, do Rio de Janeiro, em sua edição de 21 de novembro de 1965, lançou valiosa entrevista, publicada sob a responsabilidade do eminente jornalista e escritor patrício Jorge Azevedo, e tomada em conjunto aos médiuns Waldo Vieira e Chico Xavier, versando impressões de ambos, quanto às tarefas de divulgação espírita nos Estados Unidos e na Europa, na primeira viagem que empreenderam juntos ao Velho Mundo e à Pátria de Lincoln.

Destacamos desse precioso documentário as informações de Xavier ao entrevistador, considerando-as não só como elemento histórico da presença do médium do “Parnaso de Além-Túmulo”, no exterior, como também por parte integrante de nossas páginas ilustrativas da tarefa espírita-cristã, atribuída pelos Instrutores do Alto ao nosso companheiro que completou quatro decênios de serviço à Causa Espírita, em 8 de julho de 1967.


CHICO XAVIER FALA AO “DIÁRIO DE NOTÍCIAS” SOBRE VIAGEM DE ESTUDOS

1 Jorge Azevedo — Pareceu-lhe a mentalidade americana notoriamente materialista — sensível ao movimento espiritualista que se processa, inelutável, no mundo?

Chico Xavier — Sem dúvida. Não podemos negar o caráter eminentemente prático da mentalidade norte-americana, mas desejamos ser justos em afirmando que o espírito norte-americano é profundamente sensível ao movimento de renovação moral que se processa no mundo. Tendo convivido, de modo particular, nos círculos espíritas, lá denominados espiritualistas, tivemos a satisfação de observar, em todos os nossos contatos, o ideal operante da solidariedade humana e os movimentos de confraternização, em base do Evangelho de Jesus.


2 Azevedo — Como reage o norte-americano à Parapsicologia — fenômeno paranormal de que é, no Brasil, instrumento o médium José Arigó. Obtiveram, por acaso, lá, alguma ressonância as curas desse parapsicólogo preso no Brasil como vulgar curandeiro?

Chico — Vinculados à tarefa espírita-cristã que nos levava aos Estados Unidos, não nos foi possível desviar a atenção para o estudo das atividades parapsicológicas que contam naquela grande Nação com o interesse de vultos eminentes da cultura científica. Podemos informar, porém, que tanto nos Estados Unidos como na Inglaterra, fomos inquiridos muitas vezes sobre a mediunidade e a personalidade de José Arigó que é acompanhado, nesses países, por vastos movimentos de opinião, a se expressarem por muito apreço e grande simpatia.


3 Azevedo — Na Europa, que também visitaram, há já desenvolvido, como aqui, o fenômeno espiritualista através das manifestações — psicográficas, materializantes e parapsicológicas — que se verificam no Brasil?

Chico — Do que nos foi facultado conhecer nos países da Europa que visitamos, os fenômenos mediúnicos estão vivos em toda parte, verificando que notadamente na Inglaterra eles desfrutam imenso respeito com as notáveis atividades que lhes são consequentes.


4 Azevedo — Contem-nos o que viram de excepcional nos países europeus que visitaram, não somente sob o aspecto espiritista como em todos os aspectos que lhes pareçam merecedores de comentário.

Chico — Há muita coisa de excepcional em nossas observações do mundo europeu, principalmente no que condiz com a História e Desenvolvimento Cultural da Humanidade. Difícil especificar as nossas impressões sob vários aspectos, mas sob o ponto de vista espírita com que se realizou a nossa viagem, as nossas impressões se inclinam mais profundamente para o lado espiritual dos povos que visitamos, e comentá-las seria alterar o sentido informativo desta entrevista.


5 Azevedo — Poderiam mencionar os médiuns de maior renome, nos Estados Unidos e na Europa, cujos trabalhos porventura presenciaram?

Chico — Dentre os médiuns distintos que ficamos conhecendo, podemos citar os nomes de Brookes, Burroughs, em Washington; Argo e Trusler, em Nova York; Ridav, em Ephrata; do casal Maurice Barbanell, em Londres; Madame Gisela Klecka, em Paris; senhora Maria Bacelar, em Lisboa, e Oliva, em algum lugar da Espanha.


6 Azevedo — Relatem-nos o que for possível a respeito da penetração da Codificação de Allan Kardec, inclusive e especialmente quanto à lei da palingenésia ou reencarnação, na América do Norte ou Europa.

Chico — Cremos que a penetração da obra de Allan Kardec nos países de língua inglesa é serviço que ainda não passou do começo, mas podemos asseverar que a doutrina da reencarnação, conquanto possua adversários, encontra aí inúmeros cultores, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa.


7 Azevedo — Falem-nos, por gentileza, porque o público brasileiro assim o quer saber, a respeito da atividade psicográfica que exerceram no exterior, mencionando o que ficou estabelecido relativamente à publicação, em inglês, de obras espíritas.

Chico — Como é do conhecimento público, tivemos o conforto de receber diversas páginas em inglês, da parte de nossos benfeitores Espirituais, interessados em divulgar o ideal e a vivência aos princípios espíritas evangélicos no Brasil, junto aos outros povos. Nos Estados Unidos, sob a inspiração deles, ficou instituído o “Christian Spirit Center”, atualmente em processo de adaptação e consolidação. E ainda lá, em Nova York, junto, à “Philosophical Library”, uma das mais respeitáveis editoras da cultura norte-americana, será lançado o livro mediúnico de nossos benfeitores espirituais, o “Ideal Espírita”, em primeira tradução de Wallace Leal e Russel Baldwin, o primeiro, distinto professor brasileiro, e o segundo, competente tradutor norte-americano, residente em Washington. Devemos acrescentar que o livro, cujas provas tipográficas já se encontram em revisão para lançamento em dezembro próximo,  n será publicado sob o título de “The World of the Spirit”, mais adequado à psicologia do povo norte-americano, segundo a apreciação de nossos amigos de Nova York. Outros assuntos decorrentes de nossas atividades mediúnicas serão examinados oportunamente, de vez que, se Deus quiser, atenderemos ao compromisso de lá voltar, possivelmente, em fins do mês de abril do próximo ano de 1966.


Francisco Cândido Xavier

Emmanuel



[10] O livro só foi lançado em 17 de maio de 1966.


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