O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Luz na Escola — Autores diversos


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Ao meu filho

(A Virgílio de Paula)

1 Meu querido filho. Deus te abençoe o coração.

2 Na verdadeira estrada de Deus, eu venho felicitar-te, agradecendo as tuas preces e as tuas amorosas vibrações.

3 Reconhecida, elevo ao Todo-Poderoso a expressão do meu reconhecimento. É que na sua infinita piedade, Jesus permitiu que eu te viesse trazer, de novo, a minha afetuosa ternura. Desejava fazer o mesmo com todos aqueles que se constituíram em filhos de minh’alma, nas estradas do mundo, entretanto, elevo ao Senhor o meu pensamento feliz pela possibilidade de te manifestar os meus pensamentos mais ternos e profundos.

4 Meu coração está cheio de nossas queridas lembranças do Imbé e as minhas são filhas do mesmo amor devotado e sincero de todos os tempos. 5 A vida de Além-Túmulo não nos priva desse conforto sagrado de aproximação e de convívio com os entes mais queridos do coração. E aproveitando o ensejo bendito da bondade de Deus, aqui estou para implorar, de novo, as suas bênçãos para o teu espírito dedicado e trabalhador.

6 Meu filho, regozija-te nos sofrimentos que purificam e salvam. Grande é a luta transformadora, porém o amor de Jesus excede sempre as nossas expectativas.

7 Aqui, desfizeram-se as minhas ilusões religiosas, com respeito ao culto externo que meu coração havia herdado de quantos nos haviam precedido. O que hoje realizas, pela bondade do Todo Poderoso, tive de edificar com um trabalho maior. 8 A vida da alma não se constitui de uma falsa adoração aos símbolos da Terra e, como hoje o fazem as netas bem-amadas, fui obrigada a examinar o espírito dos ensinos do Evangelho do Cristo, cooperar com a sua bondade nas lições purificadoras de seu amor em seu próprio benefício e, graças ao amparo de tuas orações e à assistência espiritual de amigos abnegados deste novo Plano da vida, vou aprendendo a encontrar a luz do Céu em meu esforço próprio, colaborando contigo em sua tarefa de abnegação e de amor.

9 Sei que muito grandes são os teus trabalhos, mas todo esforço pelo bem é justo e santo. A cada um dos que te cercam o coração bondoso e amigo no lar oferece o patrimônio de tuas abençoadas conquistas. 10 Aqui me ensinam que os trabalhadores vitoriosos não são aqueles que descem para a morte do corpo de uma galeria dourada, mas justamente aqueles que alvejam os cabelos no sacrifício e no esforço santificados pelo bem geral.

11 Sinto-me agora altamente feliz pois recebi a incumbência, sagrada para mim, de cooperar com Inaiá em sua missão de amar e amparar os pequeninos. Alta noite, quando todos se entregam ao repouso, eu procuro fortalecer-lhe o coração para a tarefa sagrada. 12 Nós, meu filho, somos daquelas árvores que se enriquecem de pássaros e de ninhos. Inaiá é também tua herdeira. Teu lar é como a nossa antiga casa, onde a alegria das crianças sempre se misturou à experiência dos que envelheciam e eu me sinto feliz por colaborar na obra santificada que se procura realizar aqui, sob os auspícios divinos do Evangelho de Jesus.

13 Nunca te deixes enfraquecer em face das lutas. Cada trabalho, meu bom Virgílio, é uma bênção de Deus. 14 E já que a bondade infinita dos Céus me permitiu o favor da palavra materna, nesta noite, quero estender meus votos de paz a todos, inclusive à Zizinha, companheira abnegada, e uma irmã de todos nós pelo coração e pelo sacrifício.

15 E agora, meu filho, deixa que aquela que foi a tua velhinha na Terra se despeça temporariamente de ti, implorando as bênçãos de Jesus para o teu coração. Que Ele, o Divino Jardineiro, continue cultivando em teu espírito as flores do esforço e do trabalho, da paz e da esperança, é a prece daquela que te foi a mãe carinhosa do mundo e devotada irmã do Plano espiritual,


Quininha


DECLARAÇÃO

Sobre a mensagem de sua mãezinha, vejamos o depoimento filial, verdadeiro testemunho que a todos reconforta e renova:


A mensagem é uma fotografia de sua alma. A delicadeza, o modo conselheiral, a maneira humilde e afetuosa de dizer são bem suas, não pode haver dúvidas, e identifica-se ainda pelas referências que faz. Refere-se aos benefícios de minhas preces e amorosas vibrações e, realmente, desde a sua desencarnação nunca deixei, um só dia, de orar pela sua felicidade espiritual, pois ainda que tivesse confiança em que sua situação no espaço não seria má, pela sua bondade, amor a Deus e espírito de justiça, eu, sendo espírita, não havia ainda recebido nenhuma notícia sua. As minhas orações foram, pois, sempre constantes, pedindo a sua felicidade dentre os entes mais amados e desencarnados primeiro que ela. E ela agradece, mas como na sua doce humildade em vida sempre me agradeceu as míseras dádivas que eu lhe fazia e que, por fazê-las, já constituíam uma farta recompensa para mim. Não se esqueceu do Imbé, o nosso querido torrão natal, e refere-se às alegrias de nossa antiga casa, sempre cheia de crianças, seus filhos e outros nossos amiguinhos da vizinhança. Eram alegrias em folguedos sempre comedidos e honestos, com a liberdade que se deve dar às crianças e jovens, temperada com a educação fina e cuidadosa que recebíamos dela, de meu pai e dos nossos maiores, com a noção do cumprimento do dever. Alegrias de que todos eram participantes, por isso diz ela: “(…) onde a alegria das crianças sempre se misturou à experiência dos que envelheciam”.

Perfeita, bela e comovente para mim é também esta sua imagem de expressão tão doce e simples: “Nós, meu filho, somos daquelas árvores que se enriquecem de flores e ninhos”. Sim! E esse singelíssimo trecho de sua mensagem evoca-me todo o nosso passado no Imbé, aquela terra abençoada e encantadora! Lá existem mesmo árvores frondosas e belas, onde os pássaros em alvoroço e alacridade esvoaçam, saltitam, cantam e constroem os seus ninhos! E também assim lá sempre fomos a partir de meus avós. Ela mesma teve muitos filhos e cada um que se casava não muito longe formava o seu lar, ninho esse que, por sua vez, ia se enchendo de criancinhas. Inaiá, a quem ela cita, é minha filha, e que ainda muito jovem e solteira tem, contudo, um grande amor às crianças, tomando os recolhidos da “Casa da Criança” como seus filhinhos espirituais.

Zizinha, a quem igualmente faz alusão, é minha esposa e minha boa companheira nas lutas desta vida e em quarenta e sete anos que somos casados a sua vida tem sido só de abnegação e sacrifício em prol da família e daqueles que o bom Deus permitiu que abrigássemos com amor em nosso lar. E minha mãe, na sua bondade e justiça, reconhece esse espírito de enorme sacrifício e não quis deixar de premiá-lo com a lembrança amiga e os seus bondosos votos de paz.

Tudo, enfim, o carinho, o amor, a bondade e delicadeza que perfumam suavemente a sua mensagem é característico de seu coração generoso, humilde e justo.

Minha mãe era católica e profundamente religiosa. Tinha um bom oratório, repleto de imagens de santos e livrinhos de rezas. Daí, sem dúvida, aquele trecho de sua mensagem: “A vida da alma não se constitui de uma falsa adoração aos símbolos da Terra e como hoje o fazem as netas bem-amadas fui obrigada a examinar o espírito do Evangelho do Cristo”.

Mas há ainda um fato que não devo deixar oculto. Naquela noite, em que foi recebida a mensagem na Escola Allan Kardec, estando eu sentado junto ao médium Francisco Cândido Xavier, e muito atento à pregação de nossa irmã Isolina Rocha, diretora daquela filial, quase no fim da prédica o nosso irmão Xavier, aproximando-se mais de mim, perguntou-me ao ouvido: “Sua mãe chamava-se Quininha?” Eu, muito admirado, pois que ninguém, por certo, lhe dissera o nome de minha mãe, falecida havia alguns anos, respondi que sim. Disse-lhe que o seu nome próprio era Joaquina, mas que todos a conheciam por esse apelido, mesmo as mais cerimoniosas a chamavam “Dona Quininha”. Era, pois, o seu nome. Deu-me ele a entender que ela estava presente à nossa reunião e com isso fiquei contentíssimo, mas confesso que não esperava a sua (para mim) tão bela e emocionante mensagem. Devo dizer também que só conheci o médium Xavier nesta sua visita a Campos, e que antes da sessão no “Allan Kardec” o pouco tempo em que estive com o mesmo foi sempre em torno a muitas outras pessoas, que o distraíam de todos os modos, não havendo oportunidade para uma palestra íntima entre nós, em que lhe desse conhecimentos da vida de minha mãe. De modo que ele não devia ou não podia saber como ela se chamava. Eis aí ainda mais uma boa prova de sua identidade, além das que já assinalei.

De todo o meu coração, agradeço aqui ao distinto médium tão grande consolação e alegria de que foi portador pela sua extraordinária mediunidade, com a íntima e querida mensagem de minha mãe.


Virgílio de Paula


Essa carta-testemunho de nosso amigo Virgílio atesta a identidade do espírito materno com os cuidados de um filho que cumpre bem o quinto mandamento da lei de Deus.



Essa mensagem foi também publicada pelo IDE, e faz parte da 18ª lição do livro “Presença de Chico Xavier


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