O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Entes queridos — Familiares diversos


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César de Araújo Mafra

Rio de Janeiro (RJ) — 22 de outubro de 1954.

Niterói (RJ) — 12 de dezembro de 1975.

Filho de Luciano Mafra e Neuza Angélica de Araújo Mafra, César desprendeu-se do Plano Físico aos 21 anos e complementava o grupo dos seguintes irmãos: Roberto de Araújo Mafra, Maria Regina Mafra Gomes, Maria Cristina de Araújo Mafra e Ângela de Araújo Mafra.

Técnico de Contabilidade, preparava-se para o vestibular de Engenharia Mecânica, quando desencarnou, por efeito de consumptiva enfermidade.


PALAVRAS DA MÃEZINHA DO COMUNICANTE


“Na madrugada de sexta-feira, 26 de maio de 1978, dois anos e meio após o falecimento, recebemos a mensagem do César.

“Retornamos de Uberaba felizes e encantados com tudo o que presenciamos. A tranquilidade voltou a reinar em nossa casa. A partir da carta de nosso filho, passei a emprestar e a propagar os livros espíritas que tanto me consolaram.

“Toda a nossa família reconhece que o Chico nos trouxe muita paz, equilíbrio e confiança no amparo de Jesus. Só temos que agradecer a Deus a oportunidade de termos conhecido esse homem tão maravilhoso que se chama Francisco Cândido Xavier.”


Neuza Angélica de Araújo Mafra


PRIMEIRA MENSAGEM


1 Querida mãezinha Neuza, peço ao seu carinho, tanto quanto rogo a meu pai que me abençoem.

2 Se eu pudesse escreveria esta carta com a luz, com a luz que tomo de suas lágrimas e de suas orações ao pensar em seu filho…

3 Mamãe, quanto amor! Na Terra, julgamos haver revelado todos os nossos sentimentos para com aqueles que mais queremos: no entanto, quando nos reconhecemos na Vida Espiritual, temos a impressão de que a melhor parte do coração ficou desconhecida …

4 Rogo-lhe, não me veja nas telas da lembrança, à feição do filho doente, parecendo uma pérola estragada em seu coração de anjo da nossa vida.

5 Não sou pérola, nem mesmo estragada, mas sou seu filho e a senhora com meu pai e a família representa a minha riqueza maior. Lembre-me como quando em criança, recebia de seus lábios o nome de Deus. Recorde-me com a minha mão de menino dentro de sua mão a guiar-me no mundo.

6 Eu sei que o seu carinho me trouxe aqui as nossas queridas Maria Cristina, Maria Regina, Ângela e o nosso querido amigo Macir com meu irmão Roberto, n a representar-me junto do nosso querido papai Luciano.

7 Escutei suas preces, organizando a viagem. Seus pensamentos me buscavam com uma alegria de tal modo contagiante que supus iria nascer de novo em seu coração para viver uma existência nova. Encontro-reencontro! Sol após a noite, alegria depois de tantas lágrimas. Estou feliz.

8 Olhe para mim, mamãe, e veja meus olhos nos seus. Nada mudou. Sou eu mesmo, como em nossos melhores dias.

9 Vó Maria das Dores n cuida de mim com a ternura que lhe conhecemos. “Sua mãe ficará feliz e orgulhosa de rever você, meu querido César!” — disse ela, quando notou que me preparava a fim de escrever-lhes.

10 Pensei de mim para comigo que os seus olhos não me veriam em meu novo modo de ser, mas a vovó com a intuição dela me falou de novo sem que eu lhe comunicasse as minhas impressões: “A mamãe verá você, sim! Ela verá você na saudade e no carinho com que todas as mães sabem descobrir os filhos ausentes, por dentro da alma delas mesmas!” Por isso, reconheço que o seu olhar do coração está me vendo…

11 Mamãe, as saudades doem muito, mas a esperança fica maior quando a distância nos faz sofrer. Não digo isso para entristecê-la, mas só para confirmar que os seus sentimentos como sempre estão nos meus.

12 Sei que posso tão pouco, mas esteja certa com o papai de que eu serei o companheiro de todos os momentos. Trabalharei aqui para merecer a felicidade de auxiliá-los e de ser útil à família querida em que Deus nos reuniu.

13 Desejaria escrever muito mais, mas a equipe de amigos considera o tempo e as necessidades dos companheiros da Terra.

14 Tenho, com a vó das Dores, um benfeitor em meu avô-bisavô Mafra. n Digo isso a meu pai, para que todos estejamos mais felizes.

15 Caro Macir, fique em meu lugar. Você também é filho do coração em nossa casa. Auxilie às meninas e dê-nos essa alegria, a de ser sempre mais nosso.

16 Aqui, mamãe, vou finalizar este meu comunicado que é um simples registro de um amor que não encontra meios de se expressar.

17 Receba, mãezinha querida, com meu pai e todos os nossos, os beijos de carinho e reconhecimento, de alegria e de saudade — com esperança, de seu filho, sempre mais seu filho,


César

25 de maio de 1978.


SEGUNDA MENSAGEM n


1 Mãezinha Neuza, peço a sua bênção de paz, associando a sua presença com o papai Luciano que se encontra presente em nossos corações pela imagem.

2 Estou contente ao vê-la, de novo, na procura das notícias escritas de seu filho, confirmando as informações que pelo fio do pensamento estou sempre a lhe trazer, com os meus votos de paz e felicidade.

3 A saudade é qual febre estagnada nos recessos do espírito, induzindo-nos a constante busca de alívio. E o que acontece no Plano Físico ocorre igualmente conosco na Vida Espiritual:

4 A morte do corpo é uma espécie de desvinculação da forma visual, sem qualquer interferência nas raízes profundas da vida, e digo assim porque o meu interesse pela família não sofreu até hoje qualquer alteração.

5 A sua presença, com meu pai, Roberto e as irmãs queridas, permanece, por dentro de minha memória, qual se houvesse partido ontem da nossa casa no rumo da Vida Maior. Em vista disso, querida mamãe, continuo ligado às nossas tarefas do dia a dia, compartilhando de tudo o que significa a nossa vida no mundo.

6 Sinto o pai amigo um tanto cansado. A luta pela sustentação da equipe familiar, de certo modo, desgasta as forças do homem e compreendo esse processo de abatimento que o envolve. Ainda assim, rogo-lhe manter-se sempre e cada vez mais viva na realização de nossos ideais.

7 Diga, mãezinha, ao papai que ele se encontra numa fonte valiosa de materiais para construção e bem reconhece o que seja a execução de uma planta. Quantas peças a se articularem, quanto cimento para solidificar a junção de vigas e estruturas, quantos detalhes e exigências para que determinada edificação venha à luz.

8 Pois, de nossa parte, estamos levantando o templo de nossas tarefas espirituais, com os recursos disponíveis. Tudo devagar. Primeiro, o desenho da obra devidamente esquematizada, depois o serviço das bases que reclamam linhas seguras e, só após semelhante providência, começam a surgir os tijolos e as pedras que comporão o edifício planejado.

9 Mamãe e papai, vocês estão cumprindo os deveres para com a família e, logo que essas obrigações se amenizem, conseguiremos partir para outras demandas da beneficência, nas quais os doentes e as crianças desvalidas, os necessitados e os tristes se convertam em parte de nossa família maior.

10 Penso nos sobrinhos, seus netos do coração, querida mamãe, e rogo a você pedir ao papai nos considere a presença, junto deles, por enquanto necessária.

11 A nossa casa é sempre o campo central de onde partimos ao encontro do próximo, no sentido de ampará-lo, segundo as nossas possibilidades.

12 Roberto e Maria Regina precisam tanto da mamãe nas lutas do lar e as nossas queridas Cristina e Ângela estão a postos, reclamando-nos criteriosa atenção. Por isso, ouso pedir ao querido pai se acalme nas atividades que nos tomam as energias do coração.

13 Estou mais seguro de mim e, não fosse a presença da saudade, me sentiria o mais feliz dos filhos, liberado da experiência física. Não descansarei enquanto não lhes sentir de mais perto a harmonização e a felicidade. Confiemos em Deus.

14 A vovó Maria das Dores, que me adotou por sua criança querida, tem nos auxiliado, conforme as suas forças, e agora a vó Alcina n faz parte do nosso grupo de amor, aguardando-se para breve a sua participação em nossas tarefas espirituais, junto de nós. O paraíso delas é sempre a alegria dos filhos e ela trará ao papai Luciano a serenidade e a paciência de que ele está necessitando.

15 Nossas esperanças aqui se ampliam em todas as direções e esperamos vê-la com o papai Luciano, com as meninas, com o Roberto e com os nossos Cezinhas, n crescendo para o melhor a fazer.

16 Mãezinha, rogo-lhe acalmar-se, entregando-se a Deus cujo infinito Amor jamais nos abandona. Peço ainda seja dito a meu pai que tenho pedido ao nosso benemérito Dr. March, n o amparo a nós todos, para que a paz brilhe em nosso ambiente.

17 Lembranças ao Roberto, ao Macir, à Maria Regina, à Cristina e à Ângela com os garotos que vão enriquecendo o nosso ambiente doméstico. Mãezinha, peço-lhe despreocupar-se totalmente quanto a medo e desalento.

18 A morte é unicamente a passagem de uma vida para outra e dela nos reerguemos tantas vezes quantas venhamos a experimentá-la, porque Deus não nos uniria para separar-nos. Confiemos.

19 Agradeço ao meu velho moço a permissão para a sua vinda até aqui e desejo que ele continue tranquilo e feliz. Embora sem brilho para falar-lhe com grandeza, penso em seu carinho e no carinho do papai para com você e peço a Deus nos conserve sempre unidos.

20 Com grande abraço a meu pai e a todos os nossos, beija-lhe as mãos queridas o seu filho, sempre seu,


César

15 de maio de 1980.


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