O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Encontros no tempo — Autores diversos


1 n


Deus, evolução e vida

(Sumário)

Ateísmo 

1 — Diga-nos algo àqueles que se dizem conscientemente ateus.

R — Emmanuel comumente nos diz que o ateísmo é uma condição transitória para o espírito, considerando-se que todos nós somos criaturas imortais. O ateísmo assim pode ser considerado por faixa de sombra, em nossa estrada evolutiva. Uma espécie de túnel que atravessamos na direção da claridade.


O Espírito de Jesus-Cristo. Evolução

2 — Sobre a natureza e a evolução do Espírito de Cristo: Ele ascendeu pela escala evolutiva normal em outros mundos, ou foi criado Espírito puro?

R — Sempre que indagamos sobre isso aos Amigos Espirituais, não sei se por reverência ou se eles consideram oportuno adiar para nós o total conhecimento da Verdade, informam nossos Benfeitores que o Espírito de Jesus-Cristo lhes surgiu tão imensamente alto nos valores de evolução e sublimação que, quando acordados para a verdade, não conseguem falar a respeito do Senhor senão com um apreço que se avizinha do deslumbramento. Algo parecido com aquilo que sente a criança num curso primário de instrução ao tomar contato com um professor da mais elevada expressão no terreno da cultura e do sentimento. Saberão falar do Cristo, diz-nos Emmanuel, mas quando conquistarem a lente espiritual adequada à compreensão ou maturidade de que necessitam para isso. Até que o consigam, sentem-se os Amigos da Vida Maior, perante o Cristo, como quem se vê iluminado por uma luz forte demais para ser analisada sem os instrumentos precisos. [Vide a forma correta de referir-se ao Cristo]


Degredo para mundos primitivos

3 — Se os Espíritos tem idades diferentes, chegado o Terceiro Milênio os que não tiveram chances de evoluir e permanecem atrasados, serão arrastados com os maus para um planeta de vivência primitiva?

R — Márcia, muitas realizações para o Terceiro Milênio, segundo Emmanuel, poderão talvez ocorrer depois de 2.990. Imaginemos, pois, certos fenômenos de triagem na coletividade humana para séculos não muito próximos. Os Amigos Desencarnados afirmam que na própria galáxia, de cuja vida e grandeza partilhamos, existem numerosos mundos de feição primitiva, aptos a nos receberem para estágios mais simples de progresso espiritual, caso não queiramos seguir o surto de elevação em que a nossa Terra está penetrando.


Sofrimentos: como aceitá-los

4 — Se é possível, dê-nos uma receita eficaz endereçada àquelas pessoas que estão sofrendo provas cármicas de intenso sofrimento.

R — Aceitação sem inércia no trabalho de renovação íntima, é o que a Espiritualidade nos ensina. Temos aprendido que o livre arbítrio é absoluto em nossas escolhas mentais, fazendo-se relativo quando os nossos pensamentos tomam forma, compelindo-nos a sentir os princípios de causa e efeito. É por isso que liberdade de escolha e destino coexistem na vida. Todos os dias na existência humana, podemos criar causas ou enfrentá-las. Desse modo, mesmo nas situações mais aflitivas da reencarnação, podemos modificar nossa vida, para melhor, aceitando o que já fizemos de nós em outras existências (ou nesta mesma existência), e procurando melhorar-nos sempre. Um irmão reeducando em qualquer instituto penal, na própria cela em que se vê segregado conseguirá, se quiser, entrar em novo campo de aceitação do que fez de si mesmo e, agindo com humildade e compreensão, no trabalho de sua recuperação e liberdade, começará conquistando o respeito e a simpatia dos próprios guardas que o acompanham, candidatando-se ao livramento condicional e até mesmo à definitiva libertação.


Misericórdia e carma
[Sobre Elias e João Batista]

5 — O próprio Cristo revelou-nos que João Batista era a reencarnação do profeta Elias. Registra a Bíblia que Elias mandara degolar diversos filisteus [os profetas de Baal]. Sabemos também que João Batista foi degolado a pedido da caprichosa Salomé. Jesus amava João Batista, mas a lei cármica funcionou para o prenunciador dos novos tempos. É assim que a morte de Batista deve ser interpretada?

R — Conforme ensinamentos da Espiritualidade Superior, sempre que estejamos em função da justiça devemos exercê-la com misericórdia. Cremos sinceramente que João Batista, o Precursor, era Elias reencarnado. O respeito devido ao Evangelho não nos permite anatomizar o problema da morte de João Batista. Mas perguntamos a nós mesmos, na intimidade de nossas orações, se ele não se teria exonerado do rigor do carma caso agisse com misericórdia no exercício do que era considerado justiça para com a família de Herodes. É um ponto em minhas reflexões na veneração com que cultivo o amor pelos vultos inesquecíveis do Cristianismo.


As profecias de Nostradamus

6 — O célebre Nostradamus assinala os meses de julho e outubro de 1999 como sendo o período final do tempo que estamos atravessando; com a ocorrência de imensos cataclismos astronômicos e sociais. Nostradamus deve ser levado a sério?

R — Com respeito às profecias de Nostradamus que, aliás, devemos estudar com o maior respeito ao mensageiro humano dos vaticínios conhecidos, pede-nos Emmanuel para lermos com meditação a Parábola de Jonas ( † ) no Antigo Testamento.


Retorno à tarefa mediúnica

7 — Você escolheria reencarnar no Terceiro Milênio para prosseguir na tarefa de soerguimento do Espírito Humano?

R — Nos tempos últimos, as tarefas mediúnicas se tornaram cada vez mais agradáveis para mim, e, de tal modo, que, se eu pudesse escolher, será para mim um privilégio voltar à Terra na condição de médium, na Doutrina Espírita, não com a ideia de que eu esteja trabalhando no soerguimento do Espírito Humano, mas no soerguimento e melhoria de mim mesmo.


Trabalhador, até o último instante

8 — Se soubesse ter chegado a seu último dia na Terra, que faria nesse dia?

R — Se soubesse de meu último dia no corpo, cancelaria qualquer tarefa, como sejam viagens ou contatos outros, para trabalhar, no máximo, com os Bons Espíritos de modo a aproveitar o restinho de tempo que estivesse ao meu dispor.


Prudência nas revelações mediúnicas

9 — Nem tudo que você recebe dos Espíritos é transmitido às criaturas humanas. Se é exata esta suposição, qual é o motivo?

R — O médium, na Doutrina Espírita, à medida que se conscientiza nas tarefas, que desempenha, aprende com os Espíritos Amigos que só interessa o bem das criaturas e que o mal não merece considerações, a não ser aquelas que nos levem a extirpá-lo com espírito de amor. Por isso tarefa mediúnica inclui a triagem necessária dos assuntos a serem comunicados, para que o bem seja sustentado entre nós. O médium responsável é semelhante ao guarda-chaves da ferrovia: deve ter cuidado na passagem dos comboios evitando qualquer desastre. No caso é a passagem ou a filtragem das ideias.


Energia atômica e energia mental

10 — A fórmula de Einstein para a bomba atômica é E = M x VL2 (ou seja “A energia libertada é igual à massa multiplicada pelo quadrado da velocidade da luz”). Em termos espirituais poderia dizer-nos o significado intrínseco do conteúdo da fórmula da Bomba Atômica, ou ainda, o da libertação da Energia Atômica?

R — Do ponto de vista dos matemáticos, conforme as minhas próprias experiências, eu precisaria estudar por muitos milênios ainda para ser um Enrico Fermi ou outro qualquer dos Espíritos notáveis que cooperaram na fórmula da bomba atômica, a fim de entrar com proveito, na faixa dos Espíritos Sábios que tratam do assunto. Penso, porém, que poderemos imaginar como será belo o nosso mundo, já maravilhoso por si, quando soubermos liberar a energia mental para o bem de todos.


Suicídio: como evitá-lo

11 — Se você dispusesse de alguns breves instantes para falar a uma pessoa prestes a suicidar-se, que diria a essa pessoa?

R — Diria imediatamente, qual já tenho feito em diversas ocasiões, que a morte não existe como extinção da vida e que convém a essa pessoa uma pausa para pensar nas próprias intenções e revisá-las.


Ensino religioso nas escolas

12 — Que nos pode asseverar a Espiritualidade acerca da lei 5.692 que torna obrigatório o ensino religioso nas escolas?

R — Emmanuel sempre diz que o ensino religioso é indiretamente recomendado pelas leis da vida no próprio lar em que surgimos para nova reencarnação. Isso quanto à vida em si. Quanto ao ensino religioso, por leis humanas, nas escolas, não nos cabe interferir nos processos julgados justos e aconselháveis pelos nossos governantes para as nossas atividades comunitárias, mas, na forma de moral cristã, sem induções à separatividade, o ensino religioso nas casas de instrução, a nosso ver, será sempre benéfico e claramente compreensível em países de formação cristã.


Hipnose e magnetismo nos Centros Espíritas

13 — Sabendo-se do inegável valor da hipnose na terapêutica de variados males humanos, e sobretudo nos trabalhos espirituais, seria razoável imaginar-se o uso intensivo dessas forças magnéticas — incluídas a telepatia, a psicometria e a telecinese nos Centros Espíritas do futuro?

R — Sim, quanto ao futuro e talvez futuro remoto. Por enquanto, como devemos trabalhar considerando o todo da comunidade e não a parte que somos, nos será aconselhável, nos templos espíritas cristãos, condensar todos os recursos da hipnose ou do magnetismo em suas diversas derivações, no auxílio do passe e da oração de ordem curativa, confiando-nos a Jesus e aos Bons Espíritos que saberão encaminhar nossas forças e manejá-las em nível de elevação adequado, não aos nossos desejos e sim às nossas necessidades. Menos fenômeno e mais socorro, com o Amor iluminando qualquer observação.


Evolução da sociedade terrestre

14 — Existe comparação válida entre Sodoma-Gomorra e os tempos atuais?

R — Os otimistas, digo, com licença deles, dirão talvez que a Terra caminha para mais altos horizontes em matéria de compreensão. E, na certeza de que nunca seremos abandonados pela Providência Divina, acreditam que Deus nos concederá recursos para burilar-nos, no tocante ao amor, a fim de que a sociedade terrestre, depois de longas experiências, possa atingir o máximo de paz e felicidade, no relacionamento comum entre as criaturas que a constituem.


Evolução e determinismo

15 — Tudo que existe é um convite à Evolução? Um desafio determinístico situado para além do nosso livre arbítrio?

R — Admitimos que a evolução, como aprimoramento dos seres, é tão fatal como a vida que desafia a morte para continuar além dela. O quadro de ordenações determinísticas nesse sentido, escapa ao nosso senso humano de apreciação. Isso, no entanto, não invalida a livre escolha em nossos pensamentos na esfera individual, no que tange ao destino dentro da vida. A evolução é fatal, mas, em nós mesmos, dispomos da faculdade de seguir com o carro do progresso ou marginalizar-nos em certas paradas no caminho por nossa própria conta.


A influência dos números

16 — Pessoalmente, e por experiência própria, acredito na influência dos números na vida das pessoas, ou da comunidade. A Bíblia contém citação frequente de certos números, por exemplo: A criação do mundo em 7 dias, o sonho de José com as 7 vacas magras e as 7 gordas, o perdão deve ser dado setenta vezes sete, o Apocalipse cita o número 7 dezessete vezes, etc. Até que ponto se pode crer na presença dos números em nossas vidas?

R — A numerologia deve trazer em si um mundo vasto de significações, que demanda estudos adequados com a supervisão de especialistas do assunto. Não disponho de elementos para confirmar ou negar as assertivas das autoridades que se manifestam nessa área de investigações espiritualistas. Guardo, porém, a convicção de que, em nosso renascimento já trazemos, por inspiração dos Benfeitores Espirituais que nos assistem, a influência dos números de que estejamos necessitados para que a vida nos conceda o melhor que sejamos dignos de receber. E isso acontecerá, até que possamos conquistar a numerologia como ciência para o domínio de nossos conhecimentos.


O controle dos genes

17 — Diga-nos algo acerca da interferência do homem na intimidade dos genes originando a formação de vidas em tubos de ensaio, seleção e cruzamentos em provetas, úteros alugados, escolha de sexo da futura criança e as consequências que poderão advir para a raça humana no manuseio deste novo avanço científico?

R — Compreendemos que a ciência da Terra dispõe de meios para qualquer experimentação nos setores da genética. Os Instrutores Espirituais afirmam, contudo, que esse tipo de experimentação deve merecer o máximo cuidado da parte de quantos se encarregam da orientação do mundo. Para evitar incursões na teratologia com evidente menosprezo da personalidade humana e a fim de coibir abusos que funcionariam em prejuízo do equilíbrio espiritual nos grupos sociais da Terra, devemos pedir o amparo da Providência Divina para que a inteligência do homem espere alguns séculos a fim de entrar no assunto com segurança.


Divaldo Pereira Franco. Faculdades

18 — E Divaldo Pereira Franco, o médium de Salvador? Há quem diga que ele só fica mediunizado quando fala às multidões e não quando escreve livros.

R — Encontrei Divaldo em novembro último e achei-o muito bem animado. Se ele recebe os Espíritos enquanto fala — e Divaldo tem estrelas na ponta do verbo — porque não haveria de estar mediunizado também enquanto psicografa? O que acho notável em Divaldo é sua perseverança no trabalho. Enquanto muitos desistiram a meio caminho, ele prossegue imperturbável há mais de um quarto de século. Ele não parou nunca, e isto é uma beleza, não é?… Impossível esquecer isso.


O Espiritismo em Goiás

19 — Como você vê o movimento espírita de Goiás?

R — Goiás, no país, sempre se caracterizou por fator de equilíbrio em nossa comunidade. Isso é tão real que Brasília é hoje, no centro da terra goiana, o próprio coração de todos os interesses que nos reúnem uns aos outros como povo progressista e cristão. Estejamos certos de que, só por isso, podemos e devemos esperar de Goiás as maiores e melhores demonstrações de serviço espírita-evangélico, em favor de nossa cultura e das nossas construções de paz e fraternidade com a bênção de Jesus.



[2] Entrevista de Márcia Elizabeth, realizada em Uberaba/MG, na residência do médium, que respondeu às perguntas por escrito, sob assistência do Espírito de Emmanuel. Transcrita do jornal Goiás Espírita, Goiânia/GO, março de 1976, sob o título “Entrevista com Chico Xavier”.


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