O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Escola no Além — Cláudia Pinheiro Galasse.


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Lastimo não merecer… n

(Reencarnação: Ainda o caso Verinha)

1 Querida mãezinha Dorothy e querido papai Antoninho.
Agradeço o bolo e outras lembranças com que comemoraram o meu pobre aniversário. Fiquei muito grata e comovida com o carinho que dispensaram às nossas crianças e às nossas mães do coração, em lhes recordando a presença.

2 Lastimo não merecer tanto amor, no entanto, farei o possível para trabalhar e servir, recuperando o tempo que perdi.

3 Pais queridos, muito obrigada. Mônica e Júnior, n Deus os recompense pelos pensamentos de amor e bom ânimo que me enviam.

4 Querida mãezinha Dorothy, conforme prometi, o caso de Verinha, a pequena que voltou à experiência física.

5 A menina estava convicta em voltar à própria família, naturalmente convencida de que regressaria naturalmente à convivência dos seus entes queridos, de modo a prosseguir no mesmo corpo em que habitara transitoriamente.

6 Marcado o dia em que se lhe promoveria a volta, as colegas do Instituto traziam as atenções fixadas em Verinha, arquitetando a festa a que se integrariam na data previamente fixada, para se despedirem da companheira com a possível alegria.

7 Acompanhava as ocorrências com atenção, quando um de nossos Mentores me convidou ao diálogo de serviço, comunicando que me achava designada para acompanhá-la ao novo lar. O encargo era honroso, mas os serviços decorrentes das atividades em perspectiva realmente me confundiam.

8 Autorizada a perguntar ao orientador sobre os temas que desejasse, ousei interrogar-lhe:
— Por que fora eu a escolhida para a tarefa, sendo que não possuía ainda a experiência que supunha necessária?

9 O interlocutor sorriu e afirmou-me:
— Cláudia, você veio para a Vida Espiritual em razão de um acidente que lhe furtou a vida…

10 Consideremos que a assistência à Verinha lhe conferirá valiosa experiência sobre a preciosidade da existência humana.

11 Auxiliando uma criança, em seu renascimento, você observará a importância da vida e fixará novos valores em seus conhecimentos.

12 — E qual será a duração do trabalho de assistência à nossa irmãzinha, que me caberá despender?
— Pelo menos seis meses.

13 — Será preciso um período de tempo longo assim?

— Realmente — falou o chefe — antes do nascimento da menina, você precisará auxiliá-la na solução do problema da compatibilidade ou empatia.

14 Todas as reencarnações diferem umas das outras e a de Verinha exigirá esse trabalho de acomodação entre ela e a futura mãezinha. Você prestará serviço a uma e a outra…

15 — Mas não tenho instruções para agir, no socorro à criança, caso isso se faça necessário…

16 O benfeitor fez um gesto de indulgência e acentuou:
— Essa parte da iniciativa pertencerá aos orientadores e técnicos em reencarnação, aos quais você poderá dirigir qualquer indagação. Não se aflija. Você não estará sozinha.

17 O renascimento de Vera será presidido por amigos experientes na modelagem do corpo futuro a que ela se jungirá, tanto quanto as particularidades desse mesmo corpo, de vez que a nossa Verinha tem muitos méritos adquiridos em reencarnações passadas, quando se destacou na condição de musicista e professora de muitas entidades que lhe devem estima e atenção.

18 Ela precisará de um cérebro tão perfeito quanto possível e necessitará de mãos firmes e dedos longos para a identificação com o piano…

19 — E ela sabe tudo isso? — Indaguei um tanto assustada.
— Não — explicou o Mentor, — os informes que lhe transmito são confidenciais e foram recolhidos na ficha cármica de nossa irmãzinha. Não temos o direito de incomodá-la, por antecipação, quanto ao futuro, que somente a ela pertencerá.

20 De nossa parte, é nossa obrigação facilitar-lhe o caminho, sem inquietá-la com perspectivas que não nos competem vasculhar.
Compreendi tudo aquilo que o orientador desejava dizer e busquei auxiliar a turma para as despedidas.

21 Certa feita, voltei a perguntar ao orientador sobre o destino das outras internas.
— Todas terão de voltar à Vida Física? — Formulei a questão.

22 Ele replicou:
— Nem todas. Algumas esperarão aqui mesmo os pais que virão encontrá-las no futuro e, então, com eles e junto deles, decidirão o que lhes cabe fazer.

23 Fiquei informada devidamente, pois a comunidade das crianças me interessava vivamente, quanto ao amanhã de todas elas.

24 Marcado o dia para o “até breve” de Verinha, reuniram-se todas para uma canção de homenagem.

25 Era um quadro enternecedor observar as meninas de mãos entrelaçadas, mantendo a pequena Verinha em meio da roda afetiva.

26 Sob a atenção de todas nós que éramos consideradas funcionárias do Instituto, depois de músicas cariciosas e lindas, executadas pelas meninas mais experientes, a roda se desfez naturalmente e se via na face da homenageada a alegria e a emoção de que se via possuída.

27 As pequenas haviam escolhido a música antiga do interior para servir de estribilho às quadras que, uma a uma, deveriam compor e apresentar.

28 Não posso, mãezinha Dorothy, repetir as quadras todas porque apenas detive algumas na memória, mas, mesmo assim, transmiti-las-ei para seu conhecimento e conhecimento de outras mães. Todas na roda a movimentar-se em torno da pequena Vera, cantaram em coro:

29 A – e – i – o – u,
Aprendemos no á-bê-cê.
Verinha, você não sabe
Quanto amamos a você.

E as quadras se seguiram.
Darei esta anotação apenas quanto à primeira:

30 Temos tudo nesta escola
Onde o apoio não se atrasa.
No entanto, espero algum dia,
Regressar à minha casa.

A segunda improvisou:

31 Verinha, guarde o sinal
Para achares quem me ama.
É a minha boneca Fausta,
Que deixei em minha cama.

E prosseguiu a fieira de quadras:

32 Estava com sarampo,
Quando em febre adormeci.
Até hoje não conheço,
Quem me trouxe para aqui.


33 Verinha, ouça em paz,
A força de nossa voz.
Nós te pedimos, apenas,
Que não te esqueças de nós.


34 Na sua partida, hoje,
A saudade aumenta mais.
Mas tenho a grande esperança,
De um dia rever meus pais.


35 Minha mãe sempre falava,
Que a mágoa pior da vida,
É a dor que todos sentimos,
Na hora da despedida.


36 Nossa Verinha se vai,
Procurando o que mais quis.
Deus lhe dê ao coração,
Um lugar lindo e feliz.

E o coro se repetiu no final da canção:

37 A – e – i – o – u,
Aprendemos no á-bê-cê.
Verinha, você não sabe
Quanto amamos a você.

38 Quando terminaram as derradeiras notas, notei que o meu rosto se cobria de lágrimas.

39 O adeus e a saudade moravam ali também naquele recanto de amor.
Abraçada pelas colegas, Verinha chorava intensamente.

40 Chegara, porém, o instante da partida e, em companhia do Mentor respeitável que me esclarecera, Verinha e nós tomamos o carro que nos levou até a cidade grande.

41 O orientador se despediu para se hospedar numa casa assistencial, onde era um amigo querido e ficamos nós, ela e eu, na residência de meus pais, onde procurei orar e deter-me nas melhores recordações.

42 Na manhã seguinte, o orientador nos procurou e falou-me a sós:
— Irmã Cláudia, você faça o possível por habituar a menina à presença da senhora que se lhe fará a nova mãe em breve tempo e procure o melhor meio para falar-lhe da própria reencarnação.

43 Prometi fazer o possível e, em seguida, abracei a mãezinha Dorothy, o papai Antoninho, a vovó Gorízia, n a nossa Mônica e o nosso Júnior, n lembrando a importância da vida e da família.

44 Logo depois fomos à casa da ex-genitora de Verinha e fomos achá-la em pranto de saudade, contemplando o retrato da filha, como se adivinhasse os acontecimentos de que eu fora protagonista.

45 Verinha chorou ao saber que a mãezinha não lhe poderia albergar a presença, acreditando que ela estivesse enferma.

46 Dirigimo-nos à residência da tia que cantava enquanto cerzia peças de roupa da própria casa.
Observei que ela, a futura mãezinha de nossa tutelada, recordava a sobrinha num misto de saudade e alegria.

47 Qual se fosse atraída por força inexplicável, a menina correu a abraçá-la sob o meu olhar de aprovação e beijou-a na face.

48 A senhora, muito jovem, disse ao marido que se achava presente:
— Que saudade da Vera! Meu Deus, é impossível que uma criança da inteligência e da graça de minha sobrinha, possa desaparecer para sempre.
É impossível crer na morte, como sendo o fim da vida!

49 Daquele dia em diante, enquanto me dirigia à moradia de meus pais, Vera permanecia na convivência da tia, dando-me a ideia de que estreitavam a própria união.

50 Após dois meses, uma comissão constituída por um médico, um Mentor e um amigo espiritual da família, surgiu diante de nós e submeteu a menina ao tratamento, para o ato de renascer.

51 Não pude acompanhar a operação que se processava, no entanto, notei que Verinha estava muito pálida e como que emagrecera consideravelmente, pois estava com a leveza de uma criança de colo.

52 Mais dois dias e observei que ela como que se colara ao corpo da tia que se encontrava intensamente feliz com a presença da menina com ela e junto dela.

53 Os seis meses que me haviam concedido no Instituto estavam findos.
Sem que eu soubesse como se dera a transfiguração, Verinha era a linda criança recém-nata na residência dos novos pais.

54 Agradeci a Jesus a experiência que me permitira acompanhar de perto e voltei à minha sede de trabalho.

55 Então, mãezinha Dorothy, pude abraçá-la e a meu pai, com novos sentimentos para a vida.

56 Beijei a vovó Gorízia e os meus irmãos e, com lágrimas de emoção e júbilo, ao regressar para os meus deveres, considerei com alma e coração que Deus não nos criou para o eterno adeus e, sim, para o amor que nos reúne uns aos outros através de laços imortais.


Cláudia Pinheiro Galasse




COMENTÁRIOS


Claudinha, carinhosamente reconhecida pelos amigos e familiares, dispensa hoje qualquer apresentação.

Sua simples biografia, pequena ainda de grandes realizações pelo pouco tempo que esteve aqui na Terra, consta em algumas obras psicografadas por Francisco Cândido Xavier, n como mais um lenitivo às famílias aflitas e saudosas pela perda dos seus entes mais queridos.

Dizer que Claudinha era carinhosa, estamos anunciando um produto verdadeiro de suas ações.

Se Claudinha foi boa aluna, é uma pergunta que os Diretores do Colégio Nossa Senhora do Rosário e Galileo Galilei responderão com prazer, lá estão para qualquer informação sobre essa nobre criatura.

Falar de sua simpatia, também é querer repetir o que muito se ouviu e confirmado está pelas amizades que aqui ficaram, endossando com carinho suas ações.

Se ela praticou campanhas filantrópicas?…

É o mesmo que recordar os vários pedágios organizados por ela a angariar fundos aos carentes da vida.

Se hoje carecemos de defensores ecológicos, não foi assim com Claudinha.

Participante ativa, defensora por excelência e por amor à natureza, convocou várias reuniões no Colégio, a expor sua experiência aos colegas quando de sua visita por algumas vezes ao Pantanal Matogrossense, munida de fotos, folhetos e cartazes obtidos na ocasião.

Portanto, Claudinha, a nossa Cláudia Pinheiro Galasse, por seu esforço, dedicação e amor, conquista na simpatia dos Mentores Espirituais e pela misericórdia de Jesus, o merecimento da presença junto a esses Espíritos queridos e necessitados da colaboração, na condição de uma aprendiz guardiã, que se prepara com amor para o convívio desses pequeninos corações, e a ser no amanhã, no trabalho edificante com Jesus; mais uma alma nas lides abençoadas da caridade espiritual cristã.

Rubens Silvio Germinhasi



[1] Vide 1ª nota de rodapé no índice.


[2] Procure o nome “Cláudia P. Galasse” no Índice das MENSAGENS FAMILIARES do Testamento Xavieriano.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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