O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Estamos no Além — Familiares diversos


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“Estamos unidos pelo coração e pelo pensamento”

Uma semana após nítido e estranho sonho, no qual perdeu a vida física em acidente — sonho que não causou maiores preocupações à sua família — o estudante Paulo Marcelo Reis Azevedo, de 19 anos, realmente, faleceu em acidente de moto, na Avenida Brasil, de sua cidade, Ribeirão Preto, SP, aos 24 de março de 1978.

Seis meses se passaram… E, pela mediunidade psicográfica, o jovem voltou a dialogar com seus pais, pedindo-lhes muita coragem e plena confiança na bondade de Deus.

Revelando conhecimento das Leis Cármicas — que se fundamentam na Justiça e Misericórdia Divinas, e atuam no desenrolar das reencarnações sucessivas — ele afirmou: “Não me pergunte “por quê”, mãe querida, pois um dia virá em que teremos a chave de todos os nossos problemas. (…) no entanto, conquanto em nada pudesse inculpar a máquina, senti um desejo enorme de recuar no tempo, com a possibilidade de renunciar a ela. Mas, o que eu devia, certamente foi pago, ante o pesar que me tomou de improviso.”

Eis a primeira carta de Paulo Marcelo, Espírito:


PRIMEIRA CARTA n


1 Mãezinha Norma n e meu pai, abençoem-me.

2 Acompanho a excursão. Partilho a esperança. E com a lâmpada acesa da fé em minha própria alma, venho pedir-lhes me auxiliem com a precisa conformação.

3 O que sofro pela distância inesperada de casa não sei contar ainda.

4 O choque a que fui arrojado foi uma pancada tão forte, a me repercutir na cabeça, que nada mais soube, senão que o mano me apanhava em seus próprios braços, a carregar-me para buscar socorro. 5 Falar o que sentia não me era possível. Entendi, de pronto, que havia caído desamparadamente no chão, com poucas esperanças de me reerguer. 6 Lembrava-me de todos os conselhos de casa, as palavras abençoadas nos conselhos de sempre; no entanto, conquanto em nada pudesse inculpar a máquina, senti um desejo enorme de recuar no tempo, com a possibilidade de renunciar a ela. 7 Mas, o que eu devia, certamente foi pago, ante o pesar que me tomou de improviso. Queria comunicar ao irmão querido, que me guardava nos seus próprios braços, tudo quanto experimentava, mas debalde. n A voz não articulava palavras naqueles momentos duros.

8 Agora, que posso escrever-lhes, sob a proteção de nossa querida vó Luzia, n peço perdão pelos aborrecimentos que causei. 9 Hoje creio que a moto teria sido o instrumento para a minha retirada do corpo, de vez que reconheço que todos os que viajam na Terra encontram um dia para a mudança de caminho.

10 Mãe, peço-lhe com todo o meu coração nas palavras: não chore mais de solidão e desconsolo, porque Deus não morreu.

11 Estamos unidos pelo coração e pelo pensamento. Quando estiver comigo, pela imagem, conversando com seu filho, através dos retratos, reconforte-me com sua coragem. n

12 Não me pergunte “por quê”, mãe querida; pois um dia virá em que teremos a chave de todos os nossos problemas. Compreendo que as lágrimas têm sido quase inestancáveis, mas Deus saberá enxugá-las, transformando-as em esperança fiel a Deus.

13 Estou satisfeito, acompanhando-a em nossas tarefas de auxílio n aos irmãos em dificuldades maiores do que as nossas. Agradeço à irmã Laurinha n o bem que nos faz, auxiliando-a a procurar nesse reservatório de bênção o verdadeiro caminho da vitória sobre nós mesmos. 14 Sempre ouvira meu pai discorrer sobre os frutos do bem nas experiências da vida, e seguia-lhe a existência de bondade e renúncia em nosso favor, mas, apenas aqui estou compreendendo exatamente o que significa servir aos semelhantes.

15 Se pudesse, queria ver o nosso querido Sebastião e o nosso querido Sérgio n nesse mesmo serviço, que é o mais importante esporte da vida, porque isso criará neles uma nova mentalidade perante a vida.

16 Nosso Ricardo! Estimaria que ele igualmente conseguisse captar as riquezas da experiência bendita do serviço ao próximo, mas não posso violentar-lhe o livre arbítrio.

17 O que sei é que no momento em que me vi nas faixas de inesperança, que nos conduzem à morte do corpo, foi justamente na beneficência daqui que encontrei o socorro de que estava necessitado.

18 O Padre Euclides n e o Dr. Camilo de Mattos, n agora juntos na mesma obra de amor fraterno, me ampararam no instante crucial da prova e, com a nossa vovó Luzia, me reconfortaram e socorreram, auxiliando-me a ganhar novas energias para consolidar a minha paz.

19 Venho, por isso, dizer-lhe para estarem tranquilos a meu respeito. Saudade é sombra, tanto aí quanto aqui. Sombra pesada que intenta paralisar-nos as mãos no trabalho e esquecer as obrigações que nos vinculam uns aos outros.

20 Curemos as nossas feridas espirituais, aliviando as provas dos outros, e estaremos em rumo certo.

21 Não me transformei de repente. O rapaz alegre e forte que fui, sou ainda na vida espiritual; no entanto, seria incrível não lhes falar da falta que sinto de tudo a que nos habituamos em nosso convívio doméstico. 22 Ainda assim, rogo à mãezinha e a meu pai, tanto quanto aos irmãos queridos, a que me auxiliem a prosseguir fortalecido e animado em meus passos de recuperação, de modo a que não sofra recaídas de angústia.

23 Fiquem todos felizes e estarei mais tranquilo. Confiem na bondade de Deus e marcarei confiança em todos os meus movimentos nas arenas da vida espiritual, em que a luta pelo aperfeiçoamento de nós mesmos é quase sem tréguas, de modo a nos elevarmos em luz e conhecimento, paz e amor, a fim de esperarmos aqui os que amamos.

24 Ficaria contente se pudesse transmitir-lhes as emoções que sinto, mas consigo declarar-lhes que este é um momento de grande significação para mim. Rogo à mamãe me mantenha firme e robusto na fé, porquanto estou ainda profundamente ligado a ela e ao meu pai, nesse terreno de lembranças e indagações.

25 Os amigos daqui me dizem que o trabalho nos proporcionará novos conhecimentos e novas medidas para a continuação de nossas tarefas em paz.

26 Por isso mesmo é que lhes rogo apoio, a fim de que eu possa ser útil, tanto quanto devo servir ou aprender a servir, como sendo minha obrigação maior.

27 Mãezinha, querido pai e querido irmão, não consigo escrever por mais tempo; entretanto, estaremos juntos em todos os dias, prosseguindo em nosso intercâmbio, pensamento a pensamento.

28 Perdoem-me se considerarem, talvez, tenha sido eu estouvado ou imprudente, mas a realidade é que tudo fiz para permanecer aí com a família querida; o meu tempo, porém, havia terminado e só me restava seguir os desígnios superiores que governam a vida.

29 Por hoje não posso ampliar-me. No entanto, estou satisfeito ao falar-lhes que vou melhor.

30 Deus nos proteja e nos abençoe. Recebam, mãezinha e meu pai, com o mano presente, muitos abraços de amor e reconhecimento do filho e irmão que ainda se encontra menos mal, e não tão bem para escrever-lhes como deseja, mas que, de qualquer modo, deseja repetir-lhes que os ama a todos com todo o coração.

31 Confiemos em Deus e continuemos fazendo o melhor ao nosso alcance para sermos cada vez mais felizes nas bênçãos de Jesus: é o que deseja o filho reconhecido e irmão de sempre,


Paulo Marcelo Reis Azevedo. n


NOTAS E IDENTIFICAÇÕES


1 — Psicografia de Francisco C. Xavier, em reunião pública do GEP, Uberaba, 16/9/1978.


2 — Mãezinha Norma e meu pai — Norma Reis Azevedo e Sebastião Aguiar Azevedo, residentes em Ribeirão Preto.


3 — Queria comunicar ao irmão querido, que me guardava nos seus próprios braços, tudo quanto experimentava, mas debalde. — Ele desencarnou nos braços de seu irmão Sebastião A. Azevedo Júnior.


4 — Vó Luzia — Luzia Palhares Reis, avó materna, desencarnada em 1970.


5 — Quando estiver comigo, pela imagem, conversando com seu filho, através dos retratos — Habitualmente, ela conversa mentalmente com ele, olhando seus retratos.


6 — Nas nossas tarefas de auxílio — Refere-se a um trabalho assistencial na Vila Carvalho.


7 — Irmã Laurinha — Laura Mazzetto Oliveira, espírita atuante, é amiga da família e estava presente à reunião.


8 — Sebastião, Sérgio e Ricardo — Irmãos.


9 — Padre Euclides — Padre Euclides Gomes Carneiro fundou, em Rib. Preto, um asilo para velhinhos, hoje chamado “Padre Euclides”. Deixou a vida material em 26/1/1945.


10 — Dr. Camilo de Mattos — Identificado no Cap. 1, Nota 6.


11 — Paulo Marcelo Reis Azevedo — Nasceu e desencarnou em Rib. Preto, respectivamente em 25/05/1958 e 24/3/1978. Cursava o 2º ano da Faculdade de Engenharia de Barretos, SP.


SEGUNDA CARTA n


“Desejo comunicar-lhes que venho frequentando uma nova Escola.”

1 Querida mãezinha Norma e querido papai Sebastião, reunidos na prece, roguemos a Deus nos abençoe e ampare sempre.

2 Venho ao encontro dos pais queridos, unicamente com o objetivo de lhes dizer da minha nova alegria ante o natalício de meu pai, n tentando comunicar a ele nossos agradecimentos por todas as bênçãos de paz e tolerância com que vai seguindo à frente das obrigações que o Alto lhe conferiu.

3 Pai amigo, não se aflija se a minha influência pesou tanto na sua decisão de vir até aqui, n acompanhando a mãezinha Norma e o nosso querido Sebastião…

4 Caminhemos, estou confortado observando que o Sebastião e o Sérgio vão avançando para diante nos compromissos com o bem do próximo.

5 O nosso querido Sebastião possui dotes mediúnicos dos melhores e será, para nós todos, um privilégio considerar o nosso irmão, ao nosso lado, na Terra mesmo, filtrando em benefício de muitos o socorro que os Benfeitores Espirituais conseguem produzir. Esperamos que todos os problemas naturais da vida se ajustem para que ele consiga abraçar, com serenidade, as tarefas para as quais está sendo convocado.

6 O Sérgio, naturalmente, precisa de nós e temos a certeza de que os nossos amigos emprestarão a ele os valores do apoio espiritual que lhe garanta as melhoras. Sigamos para a frente buscando realizar, com os ideais que nos reúnem, o melhor ao nosso alcance.

7 A vovó Anália n e a outra vovó, a vovó Luzia, vieram conosco a fim de transmitir-lhes, com as nossas palavras, os sentimentos de amor com que recordamos o natalício do papai: desejando-lhe saúde, paz e felicidade extensivamente a todos os nossos corações queridos do clima familiar.

8 Desejo comunicar-lhes, aos entes queridos aos quais me vinculo no Plano físico, que venho frequentando uma nova Escola. Nova para mim, que é dirigida por diversos Mentores que se afirmam representantes da cultura e da bondade do nosso amigo Dr. Rodrigues Guião, n benfeitor da juventude nas realizações espirituais que marcam a nossa vizinhança com Ribeirão Preto. Desse modo, sinto-me feliz a fim de conseguir recursos para ser mais útil aos corações que amo tanto.

9 Com a bênção de Jesus, o tempo já vai apagando as feridas que remanesceram do acidente que me separou da família, e espero que a aceitação dos desígnios do Senhor continue assinalando o nosso modo de viver.

10 Querida mãezinha Norma, rogo-lhe paciência e coragem. Isso é muito importante para nós todos, porque o coração materno é a fonte que assegura estabilidade e equilíbrio na vida.

11 Estamos amparados pela bênção de Jesus, e isso é tudo para a nossa renovação espiritual que demandamos a fim de que estejamos todos habilitados a assimilar os ensinamentos da vida superior.

12 O bisavô Azevedo n veio em nossa companhia e deixa ao querido papai um grande abraço. Tudo está melhorando em nosso favor.

13 Papai querido, receba nesta carta de filho saudoso todo o nosso amor, nas preces de gratidão que endereçamos a Deus por sua felicidade.

14 E, reunindo o seu coração amado, com a mãezinha e os irmãos, por dentro de minha própria alma, num beijo de respeitoso amor, na fronte da mãezinha sempre querida, sou o filho reconhecido de todos os instantes,


Paulo Marcelo Reis de Azevedo.


NOTAS E IDENTIFICAÇÕES


12 — Psicografia de Francisco C. Xavier, GEP, Uberaba, em 8 de março de 1980.


13 — Natalício de meu pai — Dia 6 de março.


14 — A minha influência pesou tanto na sua decisão de vir até aqui — Seu pai e Sebastiãozinho confirmam esta influência, pois a viagem a Uberaba não estava programada, tendo sido decorrente de um desejo súbito, em ambos, no dia da reunião.


15 — Vovó Anália — Anália Palhares, bisavó materna, desencarnada em Rib. Preto, em 1967.


16 — Dr. Rodrigues Guião — Dr. João Rodrigues Guião (1865-1957) foi advogado, professor, jornalista, literato, Deputado pela Constituinte, vereador e Presidente da Câmara Municipal de Rib. Preto.


17 — Bisavô Azevedo — Antônio de Azevedo Souza, bisavô paterno, falecido em 1920.


TERCEIRA CARTA n


“O mundo de agora está aumentando os testes de espiritualidade para quantos aí se encontram.”

1 Querida mãezinha Norma e papai Sebastião. Continuamos na mesma associação de forças. Sentindo-me abençoado no lar, prossigo corajoso para diante, buscando o melhor para nós.

2 Muitas vezes, reconheço-me convidado a comparecer em casa e creiam que, com a permissão de nossos Mentores, de imediato me faço presente, a fim de cooperar na solução dos desafios que vão surgindo nas trilhas do tempo.

3 Não me esqueço de nossos queridos companheiros Sebastião e Sérgio. Do ponto de vista terrestre, são filhos e irmãos em nossa casa, mas nos fundamentos da vida, são realmente nossos companheiros queridos na conquista do progresso. As barreiras que encontram nos pertencem, tanto quanto nos pertencem as alegrias dos dois.

4 Compreendo que as receitas de conduta são sempre aqueles ingredientes certos para o remédio de que se necessita no mundo; no entanto, temos os poderes da vontade própria que as Leis de Deus nos conferem a cada um. 5 Por vezes, os filhos sofrem; contudo, é preciso saibamos vê-los não na condição de companheiros difíceis, mas na posição de amigos em experiência, a requisitar-nos carinho e compreensão.

6 Por aqui encontrei notáveis educadores que me retificam atitudes e podam aspirações, e com isso vou surpreendendo fontes íntimas de alegria que antes da moto, que me arremessou para cá, desconhecia de minha parte quase que totalmente.

7 Os nossos professores Dr. Rodrigues Guião e Dr. Péricles Ramos n nos apontam caminhos certos, e agradeço a Deus as facilidades que encontro nas situações, que aí no Plano físico seriam para mim dificuldades e tropeços a me entravarem, talvez, a marcha.

8 Os irmãos queridos vão se guiando muito bem, e se algo necessitam é sobretudo de mais entendimento nos diálogos caseiros, em que consigam abrir o coração e recolher dos pais queridos o bálsamo do estímulo à vivência, em meio aos obstáculos com que qualquer rapaz é defrontado na Terra. O vovô Antônio Azevedo, que está em minha companhia, endossa o que digo.

9 Nossos caros Sebastião e Sérgio são felizes e serão sempre mais felizes com as bênçãos de Deus. Rogo, assim, ao nosso lar, harmonia e esperança, união e confiança mútua.

10 O mundo de agora está aumentando os testes de espiritualidade para quantos aí se encontram.

11 Unamo-nos cada vez mais para sermos força. Não permitam que aflição ou desalento nos invadam o recanto doméstico.

12 Alegria sempre, alegria de havermos sido chamados a viver juntos, alegria de agir aprendendo a crescer para o Mais Alto, usando a fé e cultivando a compreensão.

13 Não sou portador de avisos ou advertências, mas sim a visita fraterna e carinhosa do filho e irmão reconhecido.

14 Querida mãezinha, agradeço tudo o que faz por mim, no capítulo das memórias. Flores e preces, lembranças e bênçãos que recebo de seu devotamento são tesouros que me proporcionam felicidades sempre maiores.

15 Tranquilize-se, é o que rogo igualmente ao papai Sebastião. Convençamo-nos de que tudo está melhorando, para que a renovação espiritual encontre em nós as portas abertas para o trabalho de elevação.

16 Com a vovó Luzia e tantos outros corações amigos, estamos atuando a benefício de todos aqueles que se nos ligam ao espírito e permaneço confiante.

17 A todos os que nos compartilham o cotidiano, os meus votos de tranquilidade e alegria. E para os queridos pais, constantemente associados comigo nas tarefas e aprendizados em que me vejo, ficam muitos beijos do filho reconhecido,


Paulo

Paulo Marcelo Reis Azevedo.


NOTAS E IDENTIFICAÇÕES


18 — Psicografia de Francisco C. Xavier, GEP, Uberaba, 28/6/80.


19 — Dr. Péricles Ramos — Identificado no Cap. 1, Nota 9.


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