1 Senhor Jesus!…
Enquanto orava, ainda hoje,
Pedindo auxílio e inspiração,
Uma voz que vertia do Mais Alto
Disse-me ao coração:
— Deus nos criou a fim de que sejamos
Um templo vivo para o amor sem fim,
Um pouso sempre assim
De portas para a luz e abertas para o bem,
Que, momento a momento, lhe arrecade
Os tesouros de paz e de bondade
Para servir sem perguntar a quem…
2 É por isto, Jesus, que te venho rogar:
Reconstrói a minh’alma pequenina…
Entre a luta que vem e as lutas que se vão,
Assemelho-me à estreita construção
Que o caruncho arruína.
3 Tão pobre qual me encontro e qual me aceitas,
Apresento-te o piso esburacado,
As brechas do telhado,
As paredes lodosas e imperfeitas…
4 Contempla em mim as cargas do recinto
Atulhado de erros e de enganos,
Na sucata infeliz de meus dias insanos
Sobre o imenso pesar dos remorsos que sinto.
5 Deixa que a dor me alije o peso da amargura
E ensina-me, Senhor, a recebê-la,
Qual a noite nublada acolhendo uma estrela
Para fugir da treva em que se desfigura.
6 Não importa minh’alma a ralar-se esquecida
Aos golpes da aflição em que me vejo.
7 Poda-me o coração, alimpa-me o desejo,
Anseio renovar-me ao ar puro da vida.
8 Que me atribule e sofra, ante a luz que me alcança,
Mas que eu seja contigo e sempre em ti, Senhor,
Um canteiro de paz no campo da esperança,
Um refúgio de fé e uma bênção de amor. |