O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Depois da travessia — 1ª Parte — Autores diversos


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Lembranças carinhosas

05|12|1938


1 Minha boa Julinha,
Deus te abençoe e te proteja! Sinto-me feliz com a oportunidade que Jesus me concede, podendo dirigir-me ao teu coração nesta noite. Não se trata da nossa Marie, minha filha, mas sim de tua pobre avozinha, n que somente hoje pode dar às verdades do Espiritismo o devido apreço, vindo trazer a expressão afetuosa de seu amor à filha generosa e sincera, que tantos bens derramou sobre a minha pobre alma no infinito dos espaços, com suas lembranças carinhosas, nas suas preces sinceras e puras!

2 Venho hoje, minhas filhas, com o coração transbordante de gratidão a Deus, trazer-vos a minha saudade, mas também a minha alegria, por reencontrar-vos sob a bênção amorosa de Jesus!

3 Julinha, minha querida filha, o mundo cada vez mais nos oferece o doloroso espetáculo das mais angustiosas provações e eu me aflijo, no meu coração de mãe, vendo as queridas filhas no seio das lutas numerosas. Tenho procurado consolar a Esther, n como me tem sido possível. 4 Genuflexa aos pés dos grandes mensageiros de Jesus, não sei agradecer a graça de vê-la melhorada, no que se refere à saúde, mas quanto à saúde moral sinto que a minha pobre filhinha traz o coração abalado para sempre. Pedi muito ao papai n que não a abandonasse, pois ele tem uma experiência mais vasta que a minha e um progresso espiritual muito mais avançado do que o meu estado espiritual de boa vontade e de fé no poder misericordioso de Jesus. 5 E é assim que tive a felicidade de vê-la mais confortada nas provas ásperas, com as quais o seu espírito sensível e confiante não contava. Pobre Esther! Tão boa, tão caridosa e tão profundamente sofredora!… Consola-a sempre que possas, minha boa Julinha, e dize-lhe, de minha parte, que eu a compreendo e estou com as suas meditações, sempre que posso. 6 Acompanho, muitas vezes, os seus exercícios religiosos e tenho que justificar o seu apego à Igreja, porque ela sente necessidade dos altares e dos símbolos para concentrar os poderes de sua fé. Hei de ajudá-la a transpor a barreira dos sofrimentos morais, com a misericórdia de Jesus!

7 Quanto à nossa Mariquinhas, continua com os teus esforços em ampará-la contra os vendavais da existência. Mariquinhas está sempre preocupada com as filhas, mas não justifica o pessimismo e as depressões nervosas que, por vezes, tanto a fazem sofrer. Todos os casos se resolvem e grande é a misericórdia de nosso Pai, em face do grande número de nossas faltas e de nossas fraquezas. Aos poucos, resolveremos todos os assuntos.

8 Em tua casa, tenho seguido todas as tuas atividades e peço a Deus abençoar-te os bons propósitos. Sei dos teus pensamentos acerca dos filhinhos e conheço as tuas aspirações e as tuas esperanças.  n Sinto-me ditosa dizendo algo sobre cada um deles para encarecer a necessidade de muito agradecermos a Jesus pela misericórdia de seus altos benefícios. 9 A Maria, como sabes, já não te dá tantos cuidados, pois herdou a fé que te alimenta o coração no mesmo propósito de estudo, de fé e convicção sadia. Era justo que muito te preocupasses com ela em outros tempos, quando a crença consoladora ainda não se havia arraigado em seu coração, mas agora ela é a tua mais sincera colaboradora na família, abrindo o caminho para a evolução dos demais.

10 Quanto ao Armando,  n é justo que te preocupes, mas a verdade é que ele tem grande resistência na luta para resolver os problemas da vida material. Tudo virá a seu tempo e melhores dias hão de felicitar o caminho de sua boa vontade e de seu esforço no sacerdócio da Medicina.

11 Sobre a Iacy, n bem sabes das dificuldades que se nos antolham, em face das questões espirituais. Todavia, o seu esposo, por adotar os princípios católicos, não deixa de ser um coração muito sincero, realizador e generoso. Na verdade, é a filha que mais necessita das tuas preces, mas nós saberemos protegê-la em todas as dificuldades.

12 Sobre a Aurélia, acredito que tudo vai muito bem. O Clóvis n é um companheiro carinhoso e leal, trabalhador e generoso. Conforta-a sempre, fortalecendo-lhe o ânimo para as lutas necessárias do lar. Foi com ela que o teu Aramis n pôde regressar às provas purificadoras da Terra e na sua inexperiência de mãe de família não podes esquecer que ela não pode prescindir dos teus cuidados.

13 Sobre o Mário, não deves te preocupar com a questão do casamento. Isso é um problema cuja solução deve chegar espontaneamente ao coração de cada homem. Ele é ainda bastante jovem para semelhantes responsabilidades e deves aguardar pacientemente a solução do tempo. Noto que ele está muito melhor, mais bem disposto e muito mais forte.

14 Quanto ao Aurélio, sou eu quem te pede deixá-lo agora livremente na Cruz dos Militares. Ele sabe nos compreender e conhece a importância da confortadora Doutrina dos Espíritos, mas existem questões de ordem puramente social que exigem a colaboração dele em beneficio da própria coletividade. Confia nele e não te deixes levar pelas contrariedades injustificáveis.

15 Muito falei sobre todos os nossos e como a Engracinha te deu uma incumbência também te dou uma tão importante quanto a dela, que é a de velares por todos os nossos, aconselhando, com o máximo de sinceridade, às irmãs, no que se refere às lutas de ordem material. Lembro-me do esforço de todos quando nas lutas com a escola e abençoo os trabalhos que as nobilitaram para a vida.

16 Fizeste muito bem reservando as providências sobre a Wanda, quando de tua vinda para cá, pois fui eu própria que te inspirei a medida, considerando os problemas da vida e do futuro. Deus te abençoe e conceda fortaleza a cada um dos nossos para o desempenho dos deveres neste mundo!

17 Tenho apreciado muito o serviço de tuas traduções para os ceguinhos. A Engracinha está entusiasmada com os teus esforços e eu disse a ela que ambas as duas, tia e sobrinha, sempre se entenderam melhor, desde que a Engracinha ainda estava neste mundo!

18 Muito grata, meus filhos, pelo vosso concurso e que a paz esteja sempre com todos. É o desejo daquela que sendo mãe e avó sobre a Terra é hoje uma irmã dedicada, muito sincera e muito amiga,


Júlia



Notas da organizadora:

[1] A entidade respondeu à neta Maria Joviano, que disse ao marido pensar ser Marie o Espírito a comunicar. Anotação feita por vovó Júlia no original da mensagem.


[2] Em referindo-se a uma das filhas.


[3] Referência ao meu bisavô materno, Mal. Antonio José Maria Pêgo Junior.


[4] Em referindo-se aos netos, filhos de vovó Júlia e vovô Aurélio: Maria, minha mãe, Aurélia, Armando, Aramis, Mário e Iacy.


[5] Em referindo-se a Armando Pêgo de Amorim, que se formou médico.


[6] Iacy era casada com Oswaldo Benjamim de Azevedo.


[7] Clóvis Mendes de Moraes era o esposo de Aurélia.


[8] Sobre Aramis há duas mensagens datadas de 1936 na obra Deus conosco, VINHA DE LUZ, 3ª ed., (2010), da psicografia de Chico Xavier, com mensagens de Emmanuel, nas p. 86-89, das quais depreende-se ter sido o referido Espírito filho do casal Júlia e Aurélio de Amorim. Aurélia e Clóvis tiveram três filhos: Clóvis Augusto, Clóvis Filho e Clóvis Alberto.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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