O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Diário de bênçãos — Mensagens familiares de Cristiane


Conhecimentos novos

Muito sonhara com o futuro de minha filha, em vesti-la de noiva ao lado de alguém que a amasse. Sua família constituída.

De repente, o sonho acabou, Cris estava morta.

Não podia ser… uma vida toda para se acabar.

Deveria existir algo além…

Como saber, como acreditar?

Tentava me iludir, fugir da triste realidade, mas os comprimidos me tomaram conta.

Na dor, pensei morrer também. É digno de se notar, a partida de um ente querido aproxima as pessoas. Os amigos tentam orientar-nos de todas as maneiras. Muito auxiliada pelo casal Dr. Edson Evangelista de Souza e sua esposa Maria da Penha Torres Evangelista, ao invés do psiquiatra que pensei consultar, aconselharam-me o estudo da Doutrina Espírita. Encontraria o equilíbrio e as explicações para o que acontecera.

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, os ensinamentos de Jesus e, em cada página, a resposta a meus anseios e minhas dúvidas.

Das mãos de Maria Cláudia Decico, amiga de infância, recebi o livro “Presença de Laurinho”, pelo Espírito de Laurinho. Foi a semente que germinou em meu coração.

A esperança brotava.

Compreendi. Cristiane não está só. A juventude está viva em outro lugar. Não entendia como e de que maneira. Ainda tudo era confuso.

Exortei a Laurinho que ajudasse Cris. Partira há mais tempo. Deveria ter amigos que a protegessem e aos de casa pedi que me levassem a Uberaba.

Não sabia como chegar ao Chico. Esclareci-me e fui.

No local me informei com um policial:

— Chico está viajando, talvez nem chegue a tempo de atender esta semana. Que voltássemos em outra ocasião.

Encostei-me no portão e dirigi meu pensamento a Chico, sem conhecê-lo:

— Ajude-me a voltar mais tranquila. Tornarei outro dia. Retornei serena para casa, onde passei momentos felizes ao lado de minha filha. Suas lembranças doíam, imaginava vê-la chegando como antigamente, levantando-me para o alto, dizendo:

— Sou mais forte que você…

Palavras certas naquele momento, pois sentia-me mais leve que uma folha, cairia onde o vento da saudade me jogasse. Não tinha forças sequer para orar.

A esperança que antes nascera, acabava-se.

A ideia de mudar me para outra cidade, entendia como solução. Não suportava olhar aquelas ruas, os amigos, a praça. Aquilo tudo era Cris.

Mudei-me. Na nova residência não encontrei ânimo para desencaixotar as louças e roupas. Cada objeto era procurado na ocasião necessária. A casa estava fria, sem toalhas na mesa, um vaso ou enfeites, apenas o essencial para comer e dormir.

Certa feita, em casa sozinha, resolvi ouvir o disco preferido de Cristiane, música de Fagner, “As flores não falam”. Não resisti ao pranto. Em seguida o desespero, o grito e a imensa dor.

Procurei em seus pertences, cadernos, livros e outros objetos, algo que pudesse saber mais sobre minha filha. Na primeira caixa, ao tomar um livro de poesias, caiu sobre a cama um cartão postal e no verso os dizeres:

“Na vida nem tudo são flores, há pedras e espinhos, nem por isso deixaremos de caminhar. Te amo, beijos”

Com os olhos fixos naquele cartão, entendi que Cris vivia e amparava-me. A esperança voltava.

Minha casa criou cor, o ar já não era frio. Havia toalhas e flores. Novos amigos chegaram e, com eles, novas palavras de conforto e ânimo.

Meus frequentes encontros, sonhados, aliviavam as saudades e ajudavam a reerguer minha vida.

Na sequência, alguns dos sonhos maravilhosos que a misericórdia de Jesus permitiu.


Vilma Ducatti


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