O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Coletânea do Além — Autores diversos


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O Mestre e as opiniões

1 Quando Jesus, consagrando as alegrias familiares e o culto sublime da união doméstica, transformou a água em vinho, nas bodas de Canaã, ( † ) cercaram-no os imensos tentáculos da falsa opinião, pela primeira vez, na fase ativa de seus apostolado. Por que semelhante transformação? Seria possível converter a água pura em vinho, destinado à embriaguez?

2 Procurando companheiros para a missão de luz e sendo escarnecido pelos sacerdotes, juízes e doutores de seu tempo, buscou o Mestre a companhia simples e humilde dos pescadores. A maledicência, contudo, não lhe perdoou o gesto. Que motivo induzia aquele missionário a socorrer-se de homens iletrados e rudes, que costumavam espreguiçar-se nas barcas velhas?

3 Instituiu a alegria e o bom ânimo, a confiança mútua e o otimismo entre os discípulos; entretanto, o farisaísmo recriminava-lhe a conduta. Que instrutor era aquele, que não jejuava nem mantinha preceitos rigoristas?

4 Atendia a multidão de sofredores, dos quais se compadecia sinceramente, ministrando-lhes consolações e ensinamentos; todavia, o fanatismo criticava-lhe as atitudes. Não seria ele revolucionário perigoso? Desrespeitava a lei, curando cegos e paralíticos, nas horas destinadas ao repouso.

5 Socorria os obsidiados de todos os matizes, conferindo-lhes tranquilidade aos corações; no entanto, a ignorância não o desculpava. Que razões o detinham no esclarecimento aos Espíritos das trevas? Não teria combinações secretas com Satanás?

6 Interessou-se pela renovação espiritual de Madalena. Os próprios amigos estranharam-lhe o conduta. Por que tamanha atenção para com uma pecadora comum?

7 Aceitou o oferecimento gentil dos publicanos, comendo à mesa de pessoas afastadas da lei; todavia, a perversidade não lhe compreendeu a disposição fraterna. Não seria ele simples comilão e beberrão?

8 Dedicou longa palestra à samaritana pobre e desviada. A malícia, porém, não lhe entendeu a lição divina. Por que se demorava em conversação com semelhante mulher, que já possuíra cinco maridos?

9 Ensinava as verdades eternas, por amor às criaturas, mas, não raro, ao terminar as pregações sublimes, a desordem estabelecia tumultos. Não era ele anônimo operário de Nazaré? A que títulos poderia aspirar, além da carpintaria da sua infância?

10 Confiando nos companheiros, falou-lhes do seu testemunho, diante das verdades do Pai, prevendo lutas, desgostos, sacrifícios e humilhações; todavia, a inconformação apossou-se do próprio Pedro e choveram protestos. Por que o anúncio descabido de tantas flagelações e tantas dores? Não era o sofrimento incompatível com a realização de um Messias que vinha de tão alto? Não teria Jesus enlouquecido?

11 Diante da revolta de Simão, em frente dos varapaus, pediu-lhe o Mestre serenidade e sensatez, para que não fosse perdido o ensejo da suprema fidelidade a Deus, mas a incompreensão se manifestou de pronto. Por que socorrer inimigos e verdugos? Como entregar-se sem defesa à perseguição dos sacerdotes? Como interpretar semelhante covardia, no momento mais vivo da missão nova? Não seria melhor desertar, entregando o Mestre à sua sorte?

12 Até o derradeiro instante na cruz, ouviu o Senhor as mais estranhas opiniões, os mais contraditórios pareceres do mundo, mas a todos respondeu com o bendito silêncio de seu amor, porque bem sabia que, acima de tudo, lhe cumpria atender à Vontade do Pai e que os homens só poderiam compreender-lhe o trabalho augusto, à medida que desenvolvessem os ouvidos de ouvir e os olhos de ver, ( † ) a capacidade de sentir e a resolução de se realizarem espiritualmente, à luz do Evangelho no longo caminho de sucessivas reencarnações.


Emmanuel


Emmanuel


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