O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Carmelo, ele mesmo — Mensagens familiares de Carmelo Grisi


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Lição de desapego

1 Querido filho Romeu e querida Hilda, estamos partilhando os nossos minutos de comunhão espiritual.

2 Não estou tão bem como deveria estar, mas não me sinto tão mal como muitos pensam. Estou na prensa da aceitação.

3 O negócio começou quando me vi obrigado a tudo deixar de modo a entrar neste outro lado da vida. Encontrei bons amigos, recebi de novo a proteção de nossa querida Elvira, reconheci muitos parentes entre os Grisis e os Abrigattos, mas quem disse que é fácil largar tudo o que foi nosso por tantos anos seguidos, a fim de assumir um gênero de vida completamente diverso?

4 Em princípio, não estudei para ser anjo e continuo velho e moço ao mesmo tempo. 5 Dias aparecem nos quais estou de polegar para cima, e outros muitos chegam para mim nos quais estou de polegar para baixo. Isso pode ser uma lástima, no entanto, sou o que sou e não adianta me fantasiar de espírito protetor, que ainda estou longe de ser.

6 Peço dizerem à nossa Cida que estou satisfeito. Ela encontra em nosso amigo Nelson um companheiro excelente e não é justo que se preocupe por mim.

7 Os sentimentos que tenho para com a nossa Aparecida são misturados de muito carinho e reconhecimento, mas nunca tive a ideia de tomá-la por escritura de posse, no cartório da vida. Ela é uma companheira notável pela bondade e está livre como aconteceu com vocês mesmos, os meus filhos, todos sempre queridos. 8 Vocês casaram com quem quiseram e sempre viveram a existência como melhor lhes parece. Em Votuporanga ou em Rio Preto, vocês sempre transitaram com liberdade. Não seria eu que iria devolver à Cida tanto carinho com aspereza e ingratidão.

9 E esse problema de amizade ou de afinidade aparece para nós aí no mundo ou aqui, à maneira de um rio com fortes corredeiras de que ninguém consegue deter o curso, usando galhos de arvoredo. 10 O que vem do coração nunca se acaba. O que nasce na alma é para crescer na imortalidade. E serviço, por aqui, não nos dá tempo a divagações.


Carmelo Grisi

(15.10.1983)     


ELUCIDAÇÕES


Passados três anos e meio, Carmelo demonstra maiores progressos na sua condição espiritual, embora ainda fale da dificuldade de adaptação, considerando os longos anos vividos na Terra, onde, diz ele, não estudou para ser anjo. É com realismo e graça que expressa sua situação, seus altos e baixos e a sensação simultânea de ser ainda velho, quando já está rejuvenescendo.

Em “O Livro dos Espíritos” ( † ) há uma questão que nos esclarece quanto às nossas ideias no estado espiritual. Afirmam os Espíritos que neste estado elas sofrem grandes modificações à medida que o Espírito se desmaterializa, podendo algumas vezes permanecer muito tempo aprisionado entre elas. Mas, com a diminuição gradual da influência da matéria ele começa a ver as coisas mais claramente, e é a partir daí, então, que ele procura os meios de se melhorar.

Em relação a Cida, Carmelo é o exemplo de equilíbrio e desapego. Pede-lhe que não se preocupe com ele e que goze sua liberdade, a mesma liberdade que sempre respeitou em todos os seus filhos.

Pelos laços que os une, ele está sempre a par do que lhe acontece.

O problema da amizade ou da afinidade é comparado a um rio que, se existe, é para fluir e crescer em busca do seu destino, a despeito das corredeiras que ninguém consegue deter com paliativos.

E este problema pertence aos dois Planos.


Gerson Sestini


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