O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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A Vida Escreve — Hilário Silva — F. C. Xavier / Waldo Vieira — 1ª Parte


19

Só cresce para baixo

1 — Você tem a força de Deus nas mãos!

— Você não é homem para viver na obscuridade.

— Por que não montar gabinete próprio num dos melhores pontos da cidade, a fim de atender ao povo?

— Você nasceu para melhor destino…

— Estamos todos prósperos e poderemos naturalmente ajudar.

2 Adelino de Carvalho, abnegado médium passista de Uberaba, em Minas, começou a ouvir semelhantes frases de muitos amigos, admiravelmente situados no círculo das finanças. E tantos elogios ouviu que passou a considerar, intimamente, a possibilidade de casa no centro urbano. Não precisava de grande mansão. Um palacete que não desse muito trabalho seria bastante. Um lugar em que pudesse acolher as visitas com elegância e decência.

3 Quando o plano se tornou amadurecido no pensamento, concentrou-se e pediu a opinião da Esfera Espiritual.

Quem compareceu foi Antônio Logogrifo, excelente amigo desencarnado.

Adelino expõe o projeto e roga parecer.

4 Logogrifo, no entanto, passa a esclarecê-lo, bondoso. Que um médium, antes de tudo, precisa assistência moral, que não lhe convinha figurar uma situação que não tinha, que devia permanecer no domicílio singelo e que os amigos não podiam efetuar aquilo que somente a ele competia fazer.

5 — Mas, — suspirou o médium, contrariado, — não posso aspirar à melhoria? Valorizar os meus interesses, elevar-me socialmente?

— Pode sim, — ditou o Espírito amigo, — mas não à custa de vãs aparências e sim por seu próprio esforço, lutando, amando, servindo, batalhando em favor do bem…

6 — Então, crescer no mundo será sempre vaidade? — Gemeu Carvalho, triste.

— Não, Adelino, — obtemperou o companheiro, — não é bem isso. 7 A vaidade tem consigo o progresso da cauda de cavalo.

— Como assim?

8 E o amigo espiritual informou, sorridente:

— Só cresce para baixo.

Como quem acorda de longo sono, Adelino sentiu estranho contentamento. Compreendeu, então, que na sua modesta casa já morava a felicidade. E, chorando de alegria, pôde apenas dizer: — Deus lhe pague, meu irmão.


Hilário Silva


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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