O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Ante o futuro — Familiares diversos


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Liane Helena Anéas de Paula (Lika)

ESCLARECIMENTOS


Nascimento: 24 de janeiro de 1963. Desencarnação: 03 de maio de 1982. Idade: 19 anos.

Pais: José Wair de Paula e Neusa Anéas de Paula. Rua Municipal, 302 — Apto. 33. São Bernardo do Campo — SP.

Irmão — Jú — José Wair de Paula Júnior.

Márcia Marilda — Prima de Lika, desencarnada no acidente.

Avó Cida — Aparecida Anéas, materna, desencarnada.

Marcos — Marcos Ferreira dos Santos, noivo de Liane.

Alvimar — Alvimar Andrade Filho, primo de Marcos, desencarnado no acidente.

Papai Sebastião — Sebastião, pai de Marcos.

Mamãe Marlene — Marlene, mãe de Marcos.

Cláudia — Filha da casal Dorothy e Antonio Pinheiro Galasse.

Tutti-Frutti — Danceteria em São Bernardo do Campo-SP.


COMENTÁRIOS


Na época do seu nascimento, os De Paula completavam a felicidade que já reinava em seu lar. Uma robusta e bela menina nascera. Veio para enfeitar e dar cor na vida de seus pais.

Desenvolvia-se e começava a dar presença da sua forte personalidade, o que muito agradava a sua mãe e a seu pai. Transparecia a sua ternura e o seu senso de justiça.

Morena, olhos castanhos, Liane seguiria sua vida.

Na escola primária, despontava ainda mais a sua personalidade. Cumpridora de suas obrigações escolares, definia-se na liderança de suas amizades e crescia no conceito de seus mestres.

O Instituto de Educação Canadá, ao findar-se os quatro anos letivos em que Liane se matriculara, diplomava esta criança que se encaminhava para a adolescência.

Ingressa no Colégio São José e termina seu curso ginasial. Em seu roteiro, matricula-se no Colégio Salette e inicia suas aulas do colegial, mas, suas tendências levam-na a procurar outro Instituto de ensino em que pudesse seguir para o magistério.

No Externato Rio Branco em Rudge Ramos-SBC-SP, encontra seu caminho iniciando o Curso de Magistério.

Liane deixa a Terra em maio de 1982.

Na busca dos seus pertences, seus desenhos e poemas, desconhecidos aos seus pais, revelam a poetisa e pintora.

Autêntica em suas ações e defensora dos mais fracos, Liane era a amiga e companheira ideal, a ponto de seus amigos, quando de sua partida para o Plano Espiritual, a homenagearem com um minuto de silêncio, na Discoteca Tutti Frutti, em cena enternecedora.

A imagem da alegria nos 19 anos de vida, esta amiga demonstrou ainda mais o seu valor, quando a família, por repetidas vezes, em sua lápide, recolhe inúmeras cartas de pessoas desconhecidas e amigas, nas mais lindas e amorosas palavras.

Lika, como era conhecida no seu círculo de amizades, desencarnou juntamente com seu noivo e mais dois primos por ocasião de uma colisão sofrida no automóvel em que se encontravam.

Sua mensagem contém maravilhosos ensinamentos, quando mostra ao noivo os dois lados da vida.

Esforça-se para levá-lo numa viagem de retorno ao nosso Plano, numa cidade grande, onde foram surpreendidos por uma bela festa de crianças, pensando Marcos achar-se em outro mundo.

Seguindo, ainda, Lika levou-o a uma favela de seu conhecimento e lá puderam observar e sentir a outra realidade.

Esta mensagem traz o conforto e a realidade da vida que precisamos ter como encarnados, conscientizando-nos para a divulgação da Doutrina Espírita como fonte inesgotável de saber, para se suportar as amarguras no caminho dos compromissos assumidos por nós, Espíritos em provas. Portanto, Chico Xavier, nos seus 62 anos de mediunidade, traz à Humanidade, pelos Espíritos, sejam Benfeitores ou ainda carecedores da compreensão, as verdades que Deus coloca para a nossa ascensão.

Deus abençoe essa mediunidade para que a luz do entendimento cristão permaneça por muito tempo neste orbe terreno.


MENSAGEM


1 Querida mãezinha Neusa e querido papai José Wair. Estamos unidos com a esperança de todos os dias.

2 Mamãe Neusa, já sei o que você esta sentindo… saudades iguais às minhas.

3 Felizmente, existe a palavra por recurso do intercâmbio. E é nesse prodígio que se alinha no alfabeto, que preciso dizer-lhe que a nossa comunhão é incessante.

4 Quem define semelhante simbiose?

5 Onde viverá a saudade sem a esperança?

6 Onde a dor sem o grande momento da alegria?

7 Escrevo a você e ao meu pai, consequentemente ao querido Ju, imaginando que o bordado das letras assemelha-se a uma fonte. A corrente cristalina surge num coração para desaguar no outro.

8 Papai não se incomoda e nem o querido irmão me reprovará. Acontece que não sei pensar sem experimentar-lhe as ideias e ignoro de que modo viver, sem permanecer vinculada à sua vida.

9 Mãezinha, o tempo é a alavanca da memória. Basta agitá-la com determinadas reminiscências, para que ele nos traga de volta, enquanto vivemos nos dias supostamente extintos. 10 Aciono as teclas das horas e revejo você, perfeitamente você — a me contar passagens da existência, enquanto lhe falo de meus sonhos juvenis.

11 Aquele seu sorriso é uma estrela que ficou em minha alma.

12 Seu olhar dizia sim ou não, para todos os problemas que eu lhe apresentasse, sem necessidade de grandes elucidações. 13 É que o pensamento e a palavra formam esse rio de expressão que lhe dirijo, confirmando que nós ambas estamos doentes. Doentes de separação, de distância, de sede recíproca no sentido de nos revermos uma à outra.

14 Não sei se sou espelho ou se você, mãezinha Neusa, é a continuidade de mim própria. Somos dois corações num só, palpitando no mesmo ritmo de ansiedade.

15 Não encontro outro vocábulo que me defina tão bem o desejo de estar em seu colo, ouvindo as suas cantigas de ninar, ou de guardá-la em meus braços, para sentir-me segura de mim mesma. E o elo de nossas lágrimas se completa na fome de presença que registramos.

16 Naturalmente que os nossos dois heróis, meu pai e meu irmão, estão conosco, mas em nós duas o fenômeno da união transcende a certeza da companhia.

17 Às vezes penso que continuo em nossa casa, falando por suas palavras ou imaginando por seu cérebro; 18 outras, mentalizo a sua bondade transfigurada em mãe e mulher, respirando comigo na Vida Espiritual, com sua ternura a se expressar por meu intermédio e providenciar medidas referentes à nossa paz, através de suas mãos.

19 Pergunto a mim própria, onde estará o Céu das religiões, senão na presença daqueles que mais amamos?

20 Muitos companheiros na Terra supõem que a desencarnação seja o chamado Nirvana de esquecimento integral, enquanto outros muitos acreditam num paraíso determinado, em que se reúnem literalmente aos mensageiros de Deus. 21 Entretanto, eles todos esbarram com a força do amor, a modificar-lhes a jornada.

22 Chora-se no mundo a criatura que parte, num adeus que o pranto encharca de sofrimento, mas são raras as criaturas que se lembram que as mãos consideradas inertes, dos que desencarnam para o Mais Além, se movem pelas energias do espírito, abraçando os que ficam…

23 E essa algema de luz que conhecemos por saudade, nos prende ao coração que vive dentro do nosso e por mais belas se destaquem as paisagens da vida exterior, o culto desse afeto imortal não nos permite seguir adiante.

24 Estamos vivas, querida mamãe, e, por isso, não nos desvinculamos uma da outra.

25 Momentos aparecem, nos quais pergunto à vida se sou você, ou se você será eu mesma. 26 E verifico que a morte do corpo físico foi apenas uma lesão em meu próprio ser de que a saudade é o tratamento salutar, até que o poder de Deus nos reúna de novo…

27 Meu pai me compreende e agradeço a ele por isso. 28 Nossa separação temporária foi uma calamidade sentimental em nossa família. 29 Mas dentro da família, estamos nós duas, interligadas pelos laços mais belos da vida.

30 Agradeço as suas lembranças do nosso três de maio passado… Ouvi suas preces e anotações, considerando que seria tão oportuno o nosso encontro nessa data, mas entendi que para nos utilizarmos da letra, não seria tão fácil naquele aniversário repleto de orações e de lágrimas.

31 Após deixá-la com as nossas flores e com as nossas reflexões à frente dos retratos queridos, voltei-me ao nosso recanto espiritual, onde o Marcos, a Márcia Marilda, o Alvimar e a vó Cida me esperavam.

32 Regressava de seu ambiente amável com minhas forças renovadas e pedi aos amigos me auxiliassem a incentivar a renovação do nosso Marcos, que gradativamente se retoma.

33 Não obstante melhorando sempre, ele ainda assinala recordações que lhe reconstituem o delírio dos primeiros dias em nosso novo mundo de trabalho e de esperança.

34 Pedi à Marilda e ao Alvimar organizarmos uma corrente de paz e carinho, para que o nosso Marcos viesse conosco à própria Terra, sem que ele soubesse de antemão o itinerário. Uma excursão reconstituinte, eu disse a ele, e logo após retornaremos. 35 Marcos ainda não consegue locomover-se com facilidade no setor da volitação.

36 Entretanto, coloquei-o entre as mãos da Márcia e as minhas, enquanto o Alvimar se nos ligava ao trio na condição de acompanhante.

37 Foi a primeira experiência do Marcos na travessia do mar aéreo, que rodeia a vida física do planeta. 38 E volitamos com tamanha alegria, que me pareceu estarmos num balé da Tutti-Frutti, ensaiando passos que os homens desconhecem.

39 Descemos na periferia de uma bela cidade, e, retomando o senso de equilíbrio, qual se retomássemos o corpo terrestre, caminhamos para o centro urbano, enfeitado de belas hortênsias que refletiam a luz do Sol ao anoitecer.

40 Uma festa de crianças felizes nos surpreendeu, em pleno ar livre, e havia tanta beleza nos cânticos suaves que desferiam, e o ar se fazia de tal modo embalsamado de aromas, que ele, Marcos, encantado, nos perguntou em que mundo havíamos penetrado…

41 Com a minha alegria natural, expliquei-lhe que estávamos na Terra mesmo e que assistíamos a uma festividade determinada, em que os júbilos infantis constituíam a nota dominante.

42 Marcos se alegrou vivamente, mostrando novo brilho no olhar e, em seguida, pedi aos companheiros unirmo-nos com todas as forças da vontade, a fim de superarmos as energias da gravitação. 43 Erguemo-nos de novo, sempre juntos e, depois de algum tempo, eu mesma solicitei uma visita a uma favela de meu conhecimento.

44 A parada se fez sem quaisquer ocorrências dignas de menção, e novamente caminhamos mantendo a postura da antiga vida física e, quase de imediato, surpreendemos o choro de dezenas de crianças que o frio supliciava. Maio anunciava as ondas geladas que se lhe reprimiam.

45 Andamos por becos sob o nome de supostas ruas estreitas e foi possível enxergar o retrato da penúria em tantos rostos desfigurados a que o estômago vazio imprimia uma impressão de intensa dor.

46 Mães agoniadas e sem esperança ofereciam aos filhinhos recém-nascidos a ânfora do peito, que nenhuma gota de leite emitia em favor dos pequeninos familentos.

47 Alguns homens gritavam palavrões, mostrando desespero e revolta e, em toda parte, o desconforto plantando angústia. 48 Era tão grande o número das crianças atormentadas e chorosas, que o Marcos indagou de novo em que mundo estaríamos agora, abordando o sofrimento, e a minha resposta não se fez esperar.

49 Mostrei a ele que continuávamos num outro quadro da própria Terra, e somente aí o nosso querido amigo se capacitou a compreender que víramos dois painéis diferentes um do outro, e percebeu que a festa era irmã da necessidade e nos falou de como nos cabia trabalhar a fim de cooperar no auxílio à penúria.

50 Vê-lo emitindo conceitos que o estimulavam ao serviço no amor aos semelhantes, foi uma grande alegria que desejo partilhar com a mãezinha Neusa. Desde então as melhoras dele se fizeram mais seguras.

51 Começamos a colaborar, desde então, em benefício dos pequeninos e Marcos tem alcançado ideias renovadoras sobre a beneficência e o entendimento sem que lhe violemos o livre arbítrio.

52 Esta, mãezinha Neusa, é a notícia mais linda que lhe posso trazer, extensivamente ao papai e ao nosso querido Ju. 53 É muito grande o nosso contentamento com a possibilidade de auxiliar um companheiro a se reconhecer ou a se redescobrir.

54 Você sabe, mãezinha Neusa, o Marcos não era somente para mim o noivo que nos continuaria a família, mas, também, o amigo a quem me cabe prestar o concurso máximo.

55 Voltamos à Vida Espiritual através do acidente que nos demitiu da existência terrestre e aquilo que eu supunha cooperar com o nosso Marcos para que ele erguesse, por dentro dele mesmo, um templo de adoração a Deus através do amor ao próximo, no tempo que se seguisse ao nosso enlace, tenho agora que condensar esforços para vê-lo renovado e feliz.

56 Espero em Jesus que o papai Sebastião e a mãezinha Marlene se sintam reconfortados ao saber que o nosso Marcos atingiu conhecimentos novos, e passou a ser mais de Jesus, junto dos que sofrem, ele que já se reconhecia unido a Jesus pela fé viva que lhe marca os pais queridos.

57 Mãezinha Neusa, estou grata pela paciência de todos os nossos amigos, que me permitem escrever-lhes com o coração no lápis. Muito grata por aceitar as minhas confidências.

58 Parece que você tem à sua frente aquela menina tão sua, quando chegava em casa para lhe narrar as experiências do colégio em Rudge Ramos.

59 Para mim, querida mãezinha, a integral recuperação do Marcos é um pedaço da felicidade que conhecemos ao nos pertencer uma à outra. 60 A saudade é a mesma, no entanto, as nossas esperanças estão crescendo. 61 Você disse ao meu pai que contava com notícias minhas, e elas aqui estão.

62 Lembre-me sempre, mamãe, porque não a esqueço. A vó Cida veio comigo e pede a Jesus abençoá-la.

63 A nossa Cláudia, que se fez nossa irmã e amiga, no serviço assistencial às crianças em necessidades maiores, está presente conosco e beija os pais queridos.

64 Agora, é ponto final num comunicado de amor sem fim.

65 Os pontos estabelecidos para a escrita terrestre assemelham-se a sinais de trânsito. Não estamos à frente de um clarão vermelho, mas fitando a promessa de luz verde, que nos fala em seguirmos, dentro da Paz de Jesus, para diante.

66 Mãezinha Neusa e papai José Wair, recebam com o Ju muitos beijos da filha e irmã, que lhes traz a certeza de nossa união imperecível. União completa de amor e conservada sempre nas muitas saudades da


Lika


Rubens S. Germinhasi


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