O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Amanhece — Autores diversos


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Sensações na Outra Vida

Quais são as sensações da criatura logo após a morte do corpo? Durante os preparativos da nossa reunião pública, trocávamos ideias sobre o assunto. As opiniões divergiam bastante. Um amigo nos escrevera, solicitando que perguntássemos a Cornélio Pires a respeito, sugerindo-lhe alguns apontamentos sobre essa questão.

Encaminhando-nos, no auge das conversações, para as tarefas da noite, os amigos espirituais nos indicaram para estudo a pergunta 155 de O Livro dos Espíritos, onde se explica que os dois estados se ligam e se confundem.

Nosso amigo Cornélio manifestou-se, por nosso intermédio, com a mensagem em quadras a que denominou Impressões Depois da Morte.


IMPRESSÕES DEPOIS DA MORTE

  1 Recebi sua pergunta,

  Meu caro Tito Belém,

  Sobre os momentos primeiros

  De nossa vida no Além.


   2 A pergunta é pequenina,

  No assunto como se aponta.

  Mas a resposta, a rigor,

  Seria livros sem conta.


   3 A morte é assim, qual a vida:

  Renovação sem atraso…

  Cada vida — nova história,

  Cada morte — novo caso.


   4 Embora o pouco que diga

  Naquilo que eu não sabia,

  Posso falar, de algum modo,

  Sem muita filosofia.


   5 Entre os que deixam a Terra,

  Vê-se enorme diferença;

  Cada pessoa que parte

  Está naquilo que pensa.


   6 Quem viveu para o trabalho,

  Sempre em serviço constante,

  Estudando e construindo,

  Não para, segue adiante…


   7 Entretanto, a maioria

  Continua, muitas vezes,

  Nos caprichos preferidos,

  Por muitos e muitos meses.


   8 Recorde nessa matéria,

  O nosso amigo João Pio:

  Morreu no abuso da pesca

  E vive à beira do rio.


   9 Anita do apego aos ouros,

  No Roçado das Giboias,

  Sem corpo vive atracada

  Em velha caixa de joias.


  10 Finou-se em brasas da ira,

  O nosso Adálio Godinho.

  Hoje, é um fantasma de casa,

  Gesticulando sozinho.


  11 Morreu apostando em bichos

  O nosso Cecílio Luz.

  Desencarnado ele clama

  Por touro, cabra e avestruz…


  12 Atarracado à cobiça

  O Antonico do Hemetério,

  Sem corpo, enxerga diamantes

  Nas pedras do cemitério.


  13 Bebia em caneco grande

  Teotônio de Xique-Xique.

  Desencarnado, deitou-se

  Quase à frente do alambique.


  14 Agarrado a bois de preço

  Finou-se Juca Beiral.

  Sem corpo, é um rondante aos gritos

  Fiscalizando o curral.


  15 Vivendo de sombra e rede,

  Morreu Flausina da Granja.

  Hoje é um fantasma de leito,

  Pedindo prato de canja.


  16 Tiro lá, tiro de cá,

  Tombou Lino Santarém.

  Desencarnado, quer briga,

  Mas já não acha com quem.


  17 Morreu perseguindo a muitos

  Nhô Nico de João da Venda.

  De tanta culpa ele é hoje

  Assombração na fazenda.


  18 Parada em sono e doença

  Faleceu Joana Mangaba.

  Depois da morte, carrega

  Doença que não se acaba.


  19 Sempre fugiu do trabalho

  Dona França da Abadia.

  Sem corpo, ela própria clama

  Que sofre paralisia.


   20 A Lei de Deus, caro amigo,

  É clara, simples, segura…

  Tudo o que temos na vida

  É aquilo que se procura.


   21 Deus nos inspire e nos guarde,

  A verdade é isso aí…

  Cada qual acha na morte

  Aquilo que fez de si.

Cornélio Pires


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