O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Ação e reação — André Luiz


Ante o Centenário

1 A 18 de abril de 1957, a Codificação Kardequiana, sob a égide do Cristo de Deus, celebrará o seu primeiro centenário de valiosos serviços à Humanidade terrestre.

2 Um século de trabalho, de renovação e de luz…

3 Para contribuir nas homenagens ao memorável acontecimento, grafou André Luiz as páginas deste livro.

4 Escrevendo-o, nosso amigo desvelou uma nesga das regiões inferiores a que se projeta a consciência culpada, além do corpo físico, para definir a importância da existência carnal, como sendo verdadeiro favor da Divina Misericórdia, a fim de que nos adaptemos ao mecanismo da Justiça Indefectível.

5 É por isso que entretece os fios de suas considerações, a narrativa das relações entre a Esfera dos Espíritos encarnados e os Círculos de purgação, onde se demoram os companheiros desenfaixados da carne, que se acumpliciaram na delinquência, criando, pelos desvarios da própria conduta, o inferno exterior, que nada mais é que o reflexo de nós mesmos, quando, pelo relaxamento e pela crueldade, nos entregamos à prática de ações deprimentes, que nos constrangem a temporária segregação nos resultados deploráveis de nossos próprios erros.

6 Von Liszt,  †  eminente criminalista dos tempos modernos, observa que o Estado, em sua expressão de organismo superior, e excetuando-se, como é claro, os grupos criminosos que por vezes transitoriamente o arrastam a funestos abusos do poder, não prescinde da pena, a fim de sustentar a ordem jurídica. 7 A necessidade da conservação do próprio Estado justifica a pena. 8 Com essa conclusão, apagam-se, quase que totalmente, as antigas controvérsias entre as teorias de Direito Penal, de vez que, nesse ou naquele clima de arregimentação política, a tendência a punir é congenial ao homem comum, em face da necessidade de manter, tanto quanto possível; a intangibilidade da ordem no plano coletivo.

9 André Luiz, contudo, faz-nos sentir que o Espiritismo revela uma concepção de justiça ainda mais ampla.

10 A criatura não se encontra simplesmente subordinada ao critério dos penólogos do mundo, categorizados à conta de cirurgiões eficientes no tratamento ou na extirpação da gangrena social. 11 Quanto mais esclarecida a criatura, tanto mais responsável, entregue naturalmente aos arestos da própria consciência, na Terra ou fora dela, toda vez que se envolve nos espinheiros da culpa.

12 Suas páginas, desse modo, guardam o objetivo de salientar que os princípios codificados por Allan Kardec abrem uma nova era para o espírito humano, compelindo-o à auscultação de si mesmo, no reajuste dos caminhos traçados por Jesus ao verdadeiro progresso da alma, e explicam que o Espiritismo, por isso mesmo, é o disciplinador de nossa liberdade, não apenas para que tenhamos na Terra uma vida social dignificante, mas também para que mantenhamos, no campo do espírito, uma vida individual harmoniosa, devidamente ajustada aos impositivos da Vida Universal Perfeita, consoante as normas de Eterna Justiça, elaboradas pelo supremo equilíbrio das Leis de Deus.

13 Eis por que, apresentando-as ao leitor amigo, reconhecemos nos postulados que abraçamos não somente um santuário de consolações sublimes, mas também um templo de responsabilidades definidas, para considerar que a reencarnação é um estágio sagrado de recapitulação das nossas experiências e que a Doutrina Espírita, revivendo o Evangelho do Senhor, é facho resplendente na estrada evolutiva, ajudando-nos a regenerar o próprio destino, para a edificação da felicidade real.

14 Em síntese, demonstra-nos o Autor que as nossas possibilidades de hoje vinculam-nos às sombras de ontem, exigindo-nos trabalho infatigável no bem, para a construção do Amanhã, sobre as bases redentoras do Cristo.

15 Exaltando, assim, os méritos inestimáveis da obra de Allan Kardec, saudamos-lhe, comovidamente, o abençoado centenário.


Emmanuel


Pedro Leopoldo, 1 de janeiro de 1957.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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