O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano XI — Fevereiro de 1868.

(Idioma francês)

Instruções dos Espíritos.

Os messias do Espiritismo: São José. (1) — Fénelon. (2) — Baluze. (3) — Lacordaire. (4) Os Espíritos marcados: Anônimo. (5) — São Luís. (6) — Lamennais. (7)Futuro do Espiritismo: Erasto. (8) — Montaigne. (9) As estrelas cairão do Céu: Dupuch, bispo de Argel. (10) Os mortos sairão dos túmulos: João Evangelista. (11) O Juízo Final: Erasto. (12) — Clélie Duplantier.  (13)


FUTURO DO ESPIRITISMO.


8.


Depois de suas primeiras etapas, o Espiritismo, aguerrido, desembaraçando-se cada vez mais das obscuridades que lhe serviram de fraldas, em breve fará sua aparição na grande cena do mundo.

Os acontecimentos marcham com tal rapidez que não se pode ignorar a poderosa intervenção dos Espíritos que presidem aos destinos da Terra. Há como que um estremecimento íntimo nos flancos do vosso globo, em trabalho de gestação; novas raças saídas das altas esferas vêm rodopiar em torno de vós, esperando a hora de sua encarnação messiânica, e para isto se preparando pelo estudo das vastas questões que hoje agitam a Terra.

De todos os lados veem-se sinais de decrepitude nos usos e legislações, que não mais estão de acordo com as ideias modernas. As velhas crenças adormecidas há séculos parecem despertar de seu torpor secular e se admiram de se verem em luta com novas crenças, emanadas dos filósofos e dos pensadores deste e do século passado. O sistema degenerado de um mundo que não passava de um simulacro, se esboroa ante a aurora do mundo real, do mundo novo. A lei de solidariedade, da família passou aos habitantes dos Estados, para em seguida conquistar a Terra inteira; mas esta lei tão sábia, tão progressiva, essa lei divina, numa palavra, não se limitou a esse resultado único; infiltrando-se no coração dos grandes homens, ensinou-lhes não só que ela era necessária ao grande melhoramento da vossa habitação, mas que se estendia a todos os mundos do vosso sistema solar, para de lá se estender a todos os mundos da imensidade!

É bela essa lei de solidariedade universal, porque nela se encontra essa máxima sublime: Todos por um e um por todos.

Eis, meus filhos, a verdadeira lei do Espiritismo, a verdadeira conquista de um futuro próximo. Marchai, pois, imperturbavelmente em vossa estrada, sem vos preocupar com as zombarias de uns e o amor-próprio ferido de outros. Estamos e ficaremos convosco, sob a égide do Espírito de Verdade, meu e vosso mestre.


Erasto. n

Paris,  †  1863.    


9.


Cada dia o Espiritismo estende o círculo de seu ensino moralizador. Sua grande voz ecoou de um extremo a outro da Terra. A sociedade se comoveu com ela e de seu seio partiram adeptos e adversários.

Adeptos fervorosos, adversários hábeis, mas cuja habilidade e renome serviram à própria causa que queriam combater, chamando para a doutrina nova a atenção das massas e lhes dando o desejo de conhecer os ensinos regeneradores, que seus adeptos preconizam, e que os faziam escarnecer e ridicularizar.

Contemplai o trabalho realizado e rejubilai-vos com o resultado! Mas que efervescência indizível não se produzirá entre os povos, quando seus mais amados escritores vierem juntar-se aos nomes mais obscuros ou menos conhecidos dos que se aglomeram em torno da bandeira da verdade!

Vede o que produziram os trabalhos de alguns grupos isolados, na maioria entravados pela intriga e pela malquerença, e julgai da revolução que se operará quando todos os membros da grande família espírita se derem as mãos e declararem, de fronte altiva e coração firme, a sinceridade de sua fé e de sua crença na realidade do ensinamento dos Espíritos.

As massas amam o progresso, buscam-no, mas não o temem. O desconhecido inspira um secreto terror aos filhos ignorantes de uma sociedade embalada em preconceitos, que ensaia os primeiros passos na via da realidade e do progresso moral. As grandes palavras de liberdade, de progresso, de amor, de caridade ferem o povo sem o comover; muitas vezes ele prefere seu estado presente e medíocre a um futuro melhor, mas desconhecido.

A razão desse pavor do futuro está na ignorância do sentimento moral num grande número, e do sentimento inteligente em outros. Mas, como disseram vários filósofos, divagando sobre uma concepção falsa da origem das coisas, inclusive eu — por que coraria de o dizer? não poderia enganar-me? — não é verdade que a Humanidade seja má por essência. Não; aperfeiçoando a sua inteligência ela não dará um impulso maior às suas más qualidades. Afastai de vós esses pensamentos desesperadores, que repousam num falso conhecimento do espírito humano.

A Humanidade não é má por natureza; mas é ignorante e, por isso mesmo, mais apta a se deixar governar por suas paixões. É progressiva e deve progredir para atingir os seus destinos; esclarecei-a; mostrai seus inimigos ocultos na sombra; desenvolvei sua essência moral, nela inata, e apenas adormecida sob a influência dos maus instintos e reanimareis a centelha da eterna verdade, da eterna presciência do infinito, do belo e do bom, que reside para sempre no coração do homem, mesmo o mais perverso.

Filhos de uma doutrina nova, reuni vossas forças; que o sopro divino e o socorro dos bons Espíritos vos sustentem, e fareis grandes coisas. Tereis a glória de haver posto as bases dos princípios imperecíveis, cujos frutos vossos descendentes recolherão.


Montaigne n

Paris,  †  1865.      



[1]  [v. Thomas Erasto.]


[2] [v. Michel Eyquem de Montaigne.]


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