O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano VIII — Novembro de 1865.

(Idioma francês)

O Espiritismo no Brasil.

Extraído do Diário da Bahia.  † 

Sob o título de A Doutrina Espírita, o Diário da Bahia de 26 e 27 de setembro de 1865 contém dois artigos, que não passam da tradução em português dos que foram publicados há seis anos pelo Dr. Déchambre, na Gazette médicale de Paris. Acabava de aparecer a segunda edição de O Livro dos Espíritos e é dessa obra que o Sr. Déchambre faz um relato semiburlesco. Mas, a propósito, ele prova historicamente, e por citações, que o fenômeno das mesas girantes é mencionado em Teócrito, sob o nome de Kosskinomanteia, adivinhação pelo crivo, porque então se serviam de crivo para esse gênero de operação, e daí conclui, com a lógica ordinária dos nossos adversários, que não sendo um fenômeno novo, não tem qualquer fundo de realidade. Para um homem de ciências positivas — forçoso é convir — aí está um argumento singular. Lamentamos que a erudição do Sr. Déchambre não lhe tivesse permitido remontar ainda mais alto, porque o teria encontrado no antigo Egito e nas Índias. Um dia voltaremos a esse artigo, que tínhamos perdido de vista e que faltava à nossa coleção. Enquanto esperamos, apenas perguntamos ao Sr. Déchambre: deve-se rejeitar a Medicina e a Física modernas, porque seus rudimentos se encontram de permeio às práticas supersticiosas da Antiguidade e da Idade Média? Se a sábia Química de hoje não teve o seu berço na alquimia, e a Astronomia o seu na astrologia judiciária? Por que então os fenômenos espíritas que, em última análise, não passam de fenômenos naturais, cujas leis não se conheciam, também não se encontrariam nas crenças e práticas antigas?

Como esse artigo foi reproduzido pura e simplesmente, sem comentários, nada prova, da parte do jornal brasileiro, uma hostilidade sistemática contra a doutrina. É mesmo provável que não a conhecendo, julgou nele achar uma apreciação exata. O que o provaria foi a sua pressa em inserir, no número seguinte, de 28 de setembro, a refutação que os espíritas da Bahia lhe dirigiram, e que estava assim concebida:


“Senhor redator,

“Como sois de boa-fé, no que concerne à doutrina do Espiritismo, rogamos que também vos digneis publicar no Diário uma passagem de O Livro dos Espíritos, do Sr. Allan Kardec, já na décima terceira edição, a fim de que vossos leitores possam apreciar, em seu justo valor, a reprodução que fizestes de um artigo da Gazette médicale de Paris, escrito há mais de seis anos, pelo Dr. Déchambre, contra essa mesma doutrina, na qual se reconhece que o dito médico não foi fiel nas citações, que fez, de O Livro dos Espíritos, visando depreciar essa doutrina.

“Somos, senhor redator, vossos amigos reconhecidos,

Luís Olímpio Teles de Menezesn

José Álvares do Amaral,

Joaquim Carneiro de Campos.”


Segue, como resposta e refutação, um extrato muito extenso da introdução de O Livro dos Espíritos.

Com efeito, as citações textuais das obras espíritas são a melhor refutação das deturpações que certos críticos fazem sofrer a doutrina. A doutrina se justifica por si mesma, razão por que não sofre com isso. Não se trata de convencer os seus adversários de que ela é boa, o que, na maioria das vezes, é tempo perdido, porquanto, em boa justiça, têm inteira liberdade de achá-la má, mas simplesmente de provar que ela diz o contrário do que a fazem dizer. Cabe ao público imparcial julgar, pela comparação, se ela é boa ou má. Ora, como ela recruta incessantemente novos partidários, a despeito de tudo quanto puderam fazer, é prova de que não desagrada a todo o mundo, e que os argumentos que lhe opõem são impotentes para desacreditá-la. Pode-se ver por esse artigo que ela não tem nacionalidade e dá a volta ao mundo.



[1] [v. Luís Olímpio Teles de Menezes.]


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