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O Evangelho segundo S. João

(Vulgata Clementina)

CAPÍTULO 6

(Versículos e sumário)

A primeira multiplicação dos pães  † 

Mt = Mc = Lc

6 Depois disto passou Jesus à outra margem do mar da Galileia, que é o de Tiberíades.

2 E seguia-o uma grande multidão de gente, porque viam as curas maravilhosas que fazia aos que se achavam enfermos.

3 Encaminhando-se então para um monte, ali se assentou Jesus com seus discípulos.

4 Já estava perto a Páscoa, dia da festa dos judeus.

5 Pelo que vendo Jesus aquela enorme multidão de povo que vinha ter com ele, disse para Filipe: Onde compraremos pães para que todos eles comam?

6 Mas Jesus falava assim para o experimentar; porque ele bem sabia o que havia de fazer.

7 Respondeu-lhe Filipe: Duzentos denários de pães não seria suficiente, para cada um receber um pedaço.

8 Um de seus discípulos, chamado André, irmão de Simão Pedro, disse-lhe:

9 Aqui tem um jovem que trouxe consigo cinco pães de cevada e dois peixes; mas que é isto para se repartir entre tantas pessoas?

10 Então disse Jesus: Fazei sentar essa gente. Naquele lugar havia muito feno; e acomodaram-se para comer perto de cinco mil pessoas.

11 Pegou Jesus os pães e tendo dado graças, deu-lhos para que fossem distribuídos com os que ali estavam; e fez o mesmo com os peixes; e comeram quanto queriam.

12 Como já estavam fartos, disse a seus discípulos: Recolhei os pedaços que sobejaram, para que não se percam.

13 Eles assim o fizeram e encheram doze cestos de pedaços dos cinco pães de cevada, que haviam sobrado àqueles que tinham comido.

14 Vendo então aqueles homens o feito extraordinário que Jesus obrara, diziam: Este é verdadeiramente o Profeta que devia vir ao mundo.

15 Percebendo Jesus que o viriam arrebatar para o fazerem rei, tornou a retirar-se para o monte, ele só.


Jesus caminha sobre o mar  † 

Mt = Mc

16 Quando veio a tarde, desceram seus discípulos ao mar,

17 Entrando numa barca, rumaram para Cafarnaum na outra margem; já havia escurecido e Jesus não tinha ido com eles.

18 O mar estava agitado por causa do vento rijo que assoprava.

19 Tendo navegado quase vinte e cinco ou trinta estádios, viram Jesus que vinha andando sobre o mar aproximando-se da barca, isto deixou-os atemorizados.

20 Mas Jesus lhes disse: Sou eu, não temais.

21 Acolheram-no então na barca e logo chegaram onde queriam abordar.


Jesus, o pão da vida  † 


22 No dia seguinte o povo que havia ficado na margem oposta, constatou que ali não estivera outra barca, senão aquela em que os discípulos tinham ido sós, e que Jesus não havia entrado na barca com eles.

23 Mas depois subiram de Tiberíades outras barcas, perto do lugar onde tinham comido o pão abençoado pelo Senhor.

24 Quando enfim viu a gente que nem Jesus lá estava, nem seus discípulos, entraram naquelas barcas e vieram até Cafarnaum em busca de Jesus.

25 E depois que o acharam na outra margem, disseram-lhe: Mestre, quando chegaste aqui?

26 Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo; que vós me buscais, não porque vistes fenômenos, mas porque comestes dos pães e ficastes fartos.

27 Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará. Porque ele é o em que Deus Pai imprimiu o seu selo.

28 Disseram-lhe pois: Que faremos para realizarmos as obras de Deus?

29 Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é esta, que creiais naquele que ele enviou.

30 Disseram-lhe então: Que sinal fazes, portanto, para que o vejamos e creiamos em ti? Quais são tuas obras?

31 Nossos pais comeram o maná no deserto, segundo o que está escrito: Ele lhes deu a comer o pão do Céu( † )

32 E Jesus lhes respondeu: Em verdade, em verdade vos digo; que Moisés não vos deu o pão do céu, mas meu Pai é o que vos dá o verdadeiro pão do Céu.

33 Porque o pão de Deus é o que desceu do Céu, e que dá vida ao mundo.

34 Eles então lhe disseram: Senhor, dá-nos sempre deste pão.

35 Jesus lhes respondeu: Eu sou o pão da vida: o que vem a mim, não terá jamais fome, e o que crê em mim, não terá jamais sede.

36 Porém eu já vos disse, que vós me vistes e não acreditais.

37 Todo o que meu Pai me dá, virá a mim; e o que vem a mim, não o lançarei fora;

38 Porque eu desci do Céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.

39 E essa é a vontade daquele Pai que me enviou: Que nenhum daqueles que ele me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia.

40 E a vontade de meu Pai que me enviou é esta: Que todo o que vê o Filho, e nele crê, tenha a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia.

41 Murmuravam dele então os judeus, porque dissera: Eu sou o pão vivo, que desci do Céu.

42 E diziam: Porventura não é este Jesus o filho de José, cujo pai e mãe nós conhecemos? Como diz então: Desci do Céu?

43 Respondeu-lhes Jesus: Não murmureis entre vós outros.

44 Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer, e eu o ressuscitarei no último dia.

45 Está escrito nos profetas: E todos serão ensinados por Deus. ( † ) Assim que todo aquele que ouviu o Pai e aprendeu, vem a mim.

46 Não que alguém tenha visto ao Pai, senão só aquele que é de Deus, esse é o que tem visto ao Pai.

47 Em verdade, em verdade vos digo: O que crê em mim, tem a vida eterna.

48 Eu sou o pão da vida.

49 Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram.

50 Aqui está o pão que desceu do Céu; para que todo o que dele comer, não morra.

51 Eu sou o pão vivo, que desci do Céu. n Se qualquer comer deste pão, viverá eternamente; e o pão, que eu darei, é a minha carne, para ser a vida do mundo.

52 Disputavam pois entre si os judeus, dizendo: Como pode este dar-nos a comer a sua carne?

53 E Jesus lhes disse: Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do Homem, e beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós.

54 O que come a minha carne, e bebe o meu sangue, tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.

55 Porque a minha carne verdadeiramente é comida; e o meu sangue verdadeiramente é bebida.

56 O que come a minha carne e bebe o meu sangue, esse fica em mim, e eu nele.

57 Assim como o Pai, que é vivo, me enviou, e eu vivo pelo Pai; assim o que se alimenta com a minha carne, esse mesmo também viverá por mim.

58 Aqui está o pão que desceu do Céu. Não o de vossos pais, que comeram o maná e morreram. O que come deste pão, viverá eternamente.

59 Estas coisas disse Jesus quando em Cafarnaum ensinava na sinagoga.


Alguns discípulos se escandalizam. Muitos se retiram  † 


60 Então, muitos dos seus discípulos, ouvindo isto, disseram: Duro é este discurso, e quem o pode ouvir?

61 Jesus porém, conhecendo o que seus discípulos murmuravam, disse-lhes: Isto escandaliza-vos?

62 Pois que será, se vós virdes subir o Filho do Homem, onde ele primeiro estava?

63 O Espírito é o que vivifica: a carne para nada aproveita. As palavras que eu vos disse são espírito e vida.

64 Mas há alguns de vós outros que não creem. Porque bem sabia Jesus desde o princípio quem eram os que não criam, e quem o havia de entregar.

65 E dizia: Por isso eu vos tenho dito, que ninguém pode vir a mim, se por meu Pai isso não lhe for concedido.

66 Desde então muitos de seus discípulos voltaram atrás; e já não andavam com ele.

67 Por isso disse Jesus aos doze: Quereis vós outros também retirar-vos?

68 Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem havemos nós de ir? Tu tens palavras da vida eterna.

69 E nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo Filho de Deus.

70 Disse-lhes Jesus: Não é assim que eu vos escolhi em número de doze; e contudo, um de vós é o diabo?

71 O que ele dizia por Judas Iscariotes, filho de Simão, porque ele era o que o havia de entregar, sendo que era um dos doze.



[1] Nos originais do Padre Figueiredo, tanto em latim como em português, o versículo 51 contém o seguinte trecho: “Eu sou o pão vivo, que desci do Céu.”; todavia, para conformar-se com as outras versões da Bíblia este versículo foi complementado pelo seguinte, ficando assim a numeração do capítulo alterada, de 72 versículos passou a ter 71.


Há imagens desse capítulo, visualizadas através do Google - Pesquisa de livros, nas seguintes bíblias: Padre Antonio Pereira de Figueiredo edição de 1828 | Padre João Ferreira A. d’Almeida, edição de 1850 | A bíblia em francês de Isaac-Louis Le Maistre de Sacy, da qual se serviu Allan Kardec na Codificação. Veja também: Novum Testamentum Graece (NA28 - Nestle/Aland, 28th revised edition, edited by Barbara Aland and others) Parallel Greek New Testament by John Hurt.


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