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Ciro


CORRELATOS
Assuero.  —  Livro de Esdras. — Livro de Ester. 

Ciro [Elamita e persa Kurush].  † 


Um rei duas vezes mencionado no livro de Isaías como ungido de Deus e predestinado a conquistar reis e lugares fortificados. Libertou os judeus do cativeiro (Is 44.28; 45.1-14). Daniel, referindo-se à conquista da Babilônia pelos medos e persas, registra que durante a noite que se seguiu ao grande banquete de Baltazar o rei dos caldeus foi morto e Dario, o medo, recebeu o reino (Dn 5.30,31). Dario era predecessor de Ciro, ou seu regente em Babilônia (6.28). Esdras relata que Ciro, rei da Pérsia, no primeiro ano do seu reinado emitiu uma proclamação permitindo aos judeus retornar à sua própria terra e reconstruir o templo, para o uso do qual restituiu os vasos sagrados tomados por Nabucodonosor (Ed 1.1-11; 5.13; 6.3). Muitos judeus aproveitando o privilégio, retornaram a Jerusalém; mas o serviço da restauração do templo foi grandemente dificultada pelos adversários.


De acordo com as inscrições babilônicas, escritas no tempo da captura da cidade, Ciro era filho de Cambises neto de Ciro e bisneto de Teispes, todos eles foram reis de Ansã, uma designação que aparece denotar Elã oriental, com Susa como sua capital. No ano 550 A. C., o sexto ano do rei Nabunaide ou Nabonido de Babilônia, Istuvegu ou, em grego, Astyages, rei do povo de Manda, marchou contra Ciro, mas foi traído pelo seu próprio exército e entregue nas mãos de Ciro, ele então tomou Ecbatana e levou seu espólio para sua própria cidade. No mês de Nisã 547 A. C. Ciro, agora chamado rei da Pérsia, levou o exército Persa através do Tigre próximo de Arbela e estendeu sua conquista aos países ocidentais. De acordo com as autoridades gregas, desta vez ele conquistou a Lídia, tomando Sardis e fazendo seu rei Creso prisioneiro. Em 539 A. C, o décimo sétimo ano de Nabonido, no mês de Tamuz, Ciro defrontou os babilônios em batalha; no dia 14 ele tomou Sípara e Nabonido fugiu. Dois dias mais tarde, no dia 16, Ugbaru ou Gobrias, governador de Gutium, encabeçando um destacamento do exército de Ciro, entrou em Babilônia sem luta, capturando Nabonido. No 3º dia de Marchesvã o próprio Ciro entrou em Babilônia e seu general Ugbaru proclamou paz à província, governadores foram designados, e foi emitido um decreto para a restituição de muitos ídolos estrangeiros cativos a seus vários santuários nativos. No dia 27 de Adar a esposa do rei morreu. Durante uma semana foi observado um luto público para ela, seguidos por serviços religiosos conduzidos pelo filho de Ciro, Cambises, que sucedeu o pai em 529 A. C. Até aqui narram as inscrições de acordo com Heródoto. Ciro capturou Babilônia desviando as águas do Eufrates temporariamente para um lago escavado com esse propósito, e então entrou pelo leito quase seco do rio, através dos portões que haviam permanecidos abertos na noite de um festival e enquanto os habitantes estavam entretidos na festa. O fato contado pelo sacerdote babilônico, Berosus, que viveu no tempo de Alexandre o Grande, é como segue: “No ano 17 de Nabonido, Ciro saiu da Pérsia com um grande exército, e, tendo conquistado todo o resto da Ásia, veio rapidamente a Babilônia. Quando Nabonido viu que ele estava avançando para atacá-lo, reuniu suas forças e confrontou-lhe; mas foi derrotado e fugiu com alguns dos seus assistentes, fechando-se na cidade de Borsipa [gêmea de Babilônia]. Então Ciro tomou Babilônia e deu ordens para que os muros exteriores fossem demolidos, porque a cidade provou ser muito incômoda e difícil para ele ocupar. Marchando então sobre Borsipa sitiou Nabonido; mas como Nabonido entregou-se em suas mãos sem resistência, ele foi a princípio benignamente tratado por Ciro, que expulsou-o de Babilônia mas lhe deu uma habitação em Carmânia, onde ele viveu pelo resto da vida e morreu”  (Contra Apiom 1.20). — (Dicionário da Bíblia de John D. Davis©


Vide na Revista Espírita: Instruções de Ciro a seus filhos, no momento da morte.

Editos de Ciro

[De proscrição e de reabilitação dos judeus.]  † 


 Edito de proscrição dos judeus relatado no Livro de Ester [parte apócrifa.]

“Assuero, o grande rei, a seus vassalos, os sátrapas e os governadores das cento e vinte e sete províncias, da Índia até à Etiópia, manda o que segue:

“Embora eu seja o chefe de numerosas nações e tenha submetido o mundo inteiro, não quero de modo algum abusar da grandeza de meu poder. Quero por um governo de clemência e de doçura, oferecer a meus súditos um existência de tranquilidade perpétua; e, procurando para meu reino, até seus confins, a calma e a segurança, garantir a paz, cara a todos os mortais. Tenho, pois, perguntado a meus conselheiros, como isso se podia realizar, e um deles, chamado Hamã, superior a todos por sua sabedoria e fidelidade, que ocupa o primeiro lugar depois do rei, me fez conhecer que há um povo mal intencionado, disperso entre os outros povos do mundo, de costumes contrários aos dos outros, que despreza continuamente as ordens dos reis, a ponto de ameaçar a concórdia que reina em nosso império. Tendo, portanto, sabido que essa única nação, em oposição perpétua com o resto do gênero humano, destruindo os costumes por leis estranhas, malévola para com tudo que nos diz respeito, comete as piores desordens e compromete assim a ordem pública do reino, por estas razões, ordenamos que todos aqueles que vos são indicados pelas cartas de Hamã (o homem que está à frente de nossos interesses e que nos é um segundo pai), sejam todos radicalmente exterminados, mesmo mulheres e crianças, pela espada de seus inimigos, sem nenhuma compaixão, nem clemência, no dia quatorze do duodécimo mês, chamado de Adar, do presente ano. Desse modo, esse povo, nosso inimigo de outrora e de agora, lançado violentamente, no mesmo dia, na região dos mortos, deixará para o futuro, prosperarem em paz nossos negócios.”


Edito de reabilitação dos judeus relatado no Livro de Ester [parte apócrifa.]

“Assuero, o grande rei, aos cento e vinte e sete sátrapas, aos governadores das províncias, desde a Índia à Etiópia, e a todos os que dirigem nossos negócios, saudação.

“Há muitos que, cumulados de honras pela grande bondade de seus benfeitores, tornaram-se arrogantes, não somente se deram a oprimir nossos súditos, mas, incapazes de se contentar com as honras recebidas urdiram maquinações contra aqueles que os tinham beneficiado. E não contentes de banir do meio dos homens o sentimento de gratidão, chegam até a imaginar, na inchação faustosa de uma sorte inesperada, poder escapar à justa vingança do Deus que tudo vê. Muitas vezes as insinuações dos encarregados de administrar os interesses de seus amigos, arrastaram a calamidades irremediáveis os que detêm o poder e os tornaram cúmplices da morte de inocentes, abusando, por uma mentirosa malícia, da simplicidade e da probidade dos príncipes. Isto é o que se pode verificar, não tanto pelas relações passadas que chegaram até nós, como acabamos de recordar, quando examinando os fatos criminosos, de vós conhecidos, perpetrados por essa calamidade de homens, indignamente revestidos da autoridade. Em consequência disso, é necessário vigiar para assegurar no futuro, para todos, a tranquilidade e a paz do reino, realizando mudanças e julgando prudentemente os acontecimentos que se apresentam, para enfrentá-los sempre com equidade.

“Ora, pois, é assim que o macedônio Hamã, filho de Hamedata, homem verdadeiramente estranho ao sangue dos persas e muito alheio à nossa bondade, — embora gozasse de nossa hospitalidade e fosse favorecido de nossa universal benevolência a ponto de ser chamado nosso pai e de ver todos se curvarem diante dele até à terra, como quem ocupa o lugar da segunda pessoa depois do trono real — não soube conter sua presunção e intentou privar-nos tanto do poder como da vida. Por insinuações cautelosas e sutis procurou a morte de nosso salvador e grande benfeitor Mordecai, como também a de Ester, a irrepreensível companheira de nosso reino e a de toda a sua nação. Pensava surpreender-nos assim, isolados, para transferir o império dos persas aos macedônios.

“Mas esses judeus que o criminoso votava à morte, verificamos que não eram de modo algum malfazejos, mas pelo contrário dirigidos por leis muito cheias de equidade, e que eles são os filhos do Altíssimo Deus Vivo, o qual nos conserva a nós, como a nossos antepassados, neste reino em grande prosperidade.

“Fareis, portanto, bem, não levando em conta as cartas enviadas por Hamã, filho de Hamedata, visto que o autor desse crime foi suspenso numa forca diante das portas de Susa, com toda sua família, tendo-lhe Deus, o Senhor universal, infligido prontamente o castigo que merecia.

“Que uma cópia deste presente edito seja afixada por toda a parte: deixai os judeus observar suas leis com toda liberdade e prestai-lhes assistência para que se possam defender contra todos os que os ataquem no dia marcado para a ruína deles, isto é, no dia treze do duodécimo mês, chamado Adar. Porque esse dia, marcado para a perda da raça escolhida, Deus, o Senhor universal, trocou em dia de alegria.

“Por conseguinte, celebrareis esse dia memorável com grande alegria, como uma de vossas solenidades, a fim de que agora e daqui em diante seja um dia de salvação para nós e para os persas de boa vontade e uma recordação da ruína dos que maquinaram contra nós. Toda cidade e toda província que não observar estas ordens será entregue à furiosa devastação do ferro e do fogo; desse modo se tornará não somente inacessível aos homens, mas ainda horror perpétuo para os animais selvagens e para as aves.”


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