O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Vivendo sempre — Familiares diversos


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Eddie Barroso Soares

MENSAGEM


1 Querida mamãe Nenem, meu amigo e pai do coração. Estou em prece rogando o amparo do Alto em nosso auxílio.

2 Mamãe, suas preces me iluminam a estrada. Seu filho se confessa agradecido.

3 Passei para este lado da vida de modo tão imprevisto, que somente consegui fazer a revisão da fé quando me conscientizei aqui, neste novo mundo que, segundo suponho, está formado em torno do nosso mundo mesmo.

4 Tenho estado muitas vezes com o seu coração, falando, pensando, estudando e até mesmo escrevendo, porque, em verdade, estamos juntos pelo pensamento quanto ontem. União de mães e filhos é algo de incompreensível para mim.

5 Parece-me que o homem, por mais amadurecido no tempo, não dispõe de recursos para cortar o cordão umbilical no mundo psicológico, dentro do qual, nossa mãe é o ídolo maior de nossas devoções.

6 Muito grato por suas preces e doutrinações. Peinha está em minha memória, com os filhos e netos.

7 Tudo por dentro de mim, nada se alterou. É como somente percebemos aquilo que está fora de nós, através dos pensamentos que transportamos conosco. Vejo-a, com todos os nossos, em todos os ângulos do meu novo caminho.

8 Mãe querida, sempre que possível reconforte a Peinha e os meus que são nossos.

9 Não desejo se fixem na lembrança do que me ocorreu, entretanto, para que não haja culpa em ninguém, posso informar que o acidente que me obrigou a deixar o corpo físico, veio a efetuar-se na Avenida Brasil, onde eu esperava algum ônibus ou taxi, que me reconduzisse ao centro da cidade para compra de algumas lembranças para o Ano Novo.

10 Era o começo da noite do dia 30 de dezembro e queria adiantar-me. A 31, as lojas estariam repletas. Entretanto, quando refletia nisso, um carro grande me atirou de surpresa ao encontro da calçada e não pude evitar a queda do corpo pesado, fraturando a base do crânio.

11 Atormentei-me ao imaginar que a esposa teria dificuldades em reencontrar-me, entretanto, mamãe, muito a contragosto notei que as manifestações verbais me haviam sido cassadas, porque, em vão, tentei articular algumas palavras.

12 Sabia que em casa me esperavam e a impossibilidade de fornecer qualquer informação me afligia, de modo indescritível. Compreendi, porém, que estava atingindo uma crise para a qual as suas palavras amorosas me haviam preparado a receber e tentei aquietar-me.

13 Foi quando a hemorragia cessou ou me pareceu cessar e vi junto de mim a nossa bondosa Mãe Doca a sossegar-me o ânimo assustado.

14 O que foi separar-me da Peinha e dos filhos queridos Marpe, Edmar, Maria do Carmo e Fabiano e dos netinhos Rachel, Gustavo e Elisa, o seu carinho pode imaginar…

15 Mãe Doca me transportou para a Casa Branca do Caminho que a esperava por aqui e senti-me aliviado.

16 Aquela veneranda mulher que não cheguei a compreender suficientemente me acolheu, qual se me fosse outra mãe e estou em tratamento de reconstituição de energias até hoje.

17 Felizmente, vou melhor e mais conformado. Já sei que tenho à minha frente uma longa estrada a percorrer, de vez que preciso trabalhar muito para cooperar espiritualmente com os nossos, especialmente o nosso Fabiano que deixei numa idade perigosa e que me obriga a pensar.

18 Querida mamãe, receba com o meu melhor amigo e pai do coração, nosso querido Pedro, um abraço do filho que voltou a ser criança.

19 A Casa Branca do Caminho na Espiritualidade é um grande e abençoado lar de refazimento.

20 Agradeço a caridade que o seu generoso coração tem praticado em minha intenção. Esse é o nosso melhor caminho para o reencontro. Ore, ainda e sempre por mim. Preciso fortalecer-me.

21 Querida mãezinha, o impulso de escrever está esmorecendo em minha alma. Isso é o sinal que devo parar.

22 Conforte os corações que lhe deixei e não os abandone.

23 Mãezinha, ainda estou fraco e quase inseguro para escrever cartas. Por isso, vou terminar pedindo para que seja dito à nossa querida Peinha que estou bem, conquanto as saudades grandes.

24 Diga-lhe que Deus não nos desfavorece e, por isso mesmo, ela e nossos filhos não sofrerão qualquer falta.

25 Rogando ao seu amor e ao amor do pai do coração, Pedro, não me olvidarem nas preces de que ainda necessito a fim de fortificar-me, entrego-lhes o coração reconhecido do seu filho.


Eddie n


COMENTÁRIOS


Recordar é viver e, nas recordações, encontramos Francisca Odette Barroso Valvano e Pedro Antônio Valvano a relembrarem o gênio alegre e brincalhão, o pai carinhoso e companheiro fiel, que lhes fora o filho.

Ao findar-se o ano de 1977, foram passar o Natal no Rio de Janeiro, com os filhos, noras, netos e bisnetos, como habitualmente faziam. Retornaram em seguida a São Paulo.

Em 30 de dezembro, Eddie sai de casa, dirige-se ao trabalho profissional a fim de participar de uma confraternização em vésperas do Ano Novo.

Não retorna. Aflições, buscas e finalmente a realidade… Pairavam dúvidas, quanto ao acidente. Tudo, porém, explicado em sua mensagem.

Saudades avolumavam-se. Em 7.7.1978, sua mãe viaja a Uberaba e, em 8.7.1978 recebe a palavra de Eddie, vazada na mais completa intimidade, qual o leitor poderá observar nos dados e fatos descritos.


PESSOAS E FATOS


Eddie Barroso Soares.

Nascimento: 23.2.1920. Desencarnação: 30.12.1977.

Pais: Pedro Antônio Valvano e Francisca Odette Barroso Valvano. Rua Morgado Mateus, nº 157, casa 12, São Paulo — SP.

Pai do coração, expressão carinhosa, dirigida ao seu padrasto Pedro Antônio Valvano.

Esposa: Maria da Penha (Peinha).

Filhos: Marpe, Edmar, Maria do Carmo e Fabiano Barroso Soares.

Netos: Rachel, Gustavo e Eliza.

Mãe Doca: Maria Aparecida Sica, médium, trabalhadora na assistência social, desencarnada em 29.6.1975 em São Paulo, muito amiga do casal Valvano.

Nota: Reproduzimos (abaixo) a carta que a sua mãe, saudosa, escrevera para Eddie em busca de consolo, em 10.5.1978.

Um detalhe dessa carta.

“Meu filho, não sendo possível ir agora até o nosso querido Chico, ficarei com o pensamento voltado ao Grupo Espírita da Prece.”

Sem que Chico tivesse conhecimento dessa carta, em 8.7.1978, a senhora Francisca Odette recebia de seu filho a resposta, pela psicografia do querido médium.

“Tenho estado muitas vezes como o seu coração falando, pensando, estudando e até mesmo escrevendo, porque, em verdade, estamos juntos pelo pensamento.”


Carta para meu filho Eddie


Meu Eddie, sempre querido.

Aproxima-se o Dia das Mães, dia este que você nunca deixou de vir do Rio, para me homenagear. Será que nesse 14 de maio o meu filho não vai mandar um recado, uma palavrinha para consolo meu? Será que mereço? Queremos agradecer a bondosa Irmã Doca, o noticiário que nos transmitiu, através da mensagem do jovem Carlos Alberto de Toledo, na noite de 28/01/1978, dizendo ter sido ela quem lhe esperou na entrada para a vida espiritual. A sua separação, brusca e repentina, foi um golpe muito duro para o meu coração de mãe. Fizemos o máximo esforço para chegar ao Rio a tempo de assistirmos seu enterro — o Pedro, eu e suas irmãs Daisy e Darcy — porém, Deus achou melhor que não o visse mais. O que se passou naquela noite de 30/12 continua na sombra do mistério, das suposições, sem uma notícia positiva para se chegar a uma conclusão. Sei que devo me conformar, que Deus dá, mas também pede de volta, sem aviso prévio. Sei que não devo chorar tanto, mas creia que faço por não saber me conter. Você está constantemente no meu pensamento! São passados quatro meses e meio… Nesse ínterim fomos ao Rio duas vezes, levar um pouco de consolo aos seus filhos e à sua mulher. Eles também sentem demais a sua falta, principalmente o Fabiano, seu caçula. Meu filho, não sendo possível ir agora até o nosso querido Chico, ficarei com o pensamento voltado ao Grupo Espírita da Prece. Um beijo saudoso de quem sempre lhe amou muito e pedindo perdão por algumas falhas na educação que lhe dei, receba a bênção de sua


Mamãe

São Paulo, 10 de maio de 1978.


Rubens S. Germinhasi


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