O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Vida e sexo — Emmanuel


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Amor livre

«Pergunta. — Qual das duas, a poligamia ou a monogamia, é mais conforme à lei da Natureza?»

«Resposta. — A poligamia é lei humana cuja abolição marca um progresso social. O casamento, segundo as vistas de Deus, tem que se fundar na afeição dos seres que se unem. Na poligamia, não há afeição real: há apenas sensualidade.»

Item n.º 701, de «O LIVRO DOS ESPÍRITOS».


1 Comenta-se a possibilidade de legalização das relações sexuais livres, como se fora justo escolher companhias para a satisfação do impulso genésico, qual se apontam iguarias ou vitaminas mais desejáveis numa hospedaria.

2 Relações sexuais, no entanto, envolvem responsabilidade.

3 Homem ou mulher, adquirindo parceira ou parceiro para a conjunção afetiva, não conseguirá, sem dano a si mesmo, tão somente pensar em si.

4 Referentemente ao assunto, não se trata exclusivamente da ligação em base do matrimônio legalmente constituído. Se os parceiros da união sexual possuem deveres a observar entre si, à face de preceitos humanos, voluntariamente aceitos, no plano das chamadas ligações extralegais acham-se igualmente submetidos aos princípios das Leis Divinas que regem a Natureza.

5 Cada Espírito detém consigo o seu íntimo santuário, erguido ao amor, e Espírito algum menoscabará o “lugar sagrado” de outro Espírito, sem lesar a si mesmo.

6 Conferir pretensa legitimidade às relações sexuais irresponsáveis seria tratar “consciências” qual se fossem “coisas”, e se as próprias coisas, na condição de objetos, reclamam respeito, que se dirá do acatamento devido à consciência de cada um?

7 É óbvio que ninguém se lembrará, em são juízo, de recomendar escravidão às criaturas claramente abandonadas ou espezinhadas pelos próprios companheiros ou companheiras a que se entregaram, confiantes; isso, no entanto, não autoriza ninguém a estabelecer liberdade indiscriminada para as relações sexuais que resultariam unicamente em licença ou devassidão.

8 Instituído o ajuste afetivo entre duas pessoas, levanta-se, concomitantemente, entre elas, o impositivo do respeito à fidelidade natural, ante os compromissos abraçados, seja para a formação do lar e da família ou seja para a constituição de obras ou valores do espírito. 9 Desfeitos os votos articulados em dupla, claro que a ruptura corre à conta daquele ou daquela que a empreendeu, com o aceite compulsório das consequências que advenham de semelhante resolução.

10 Toda sementeira se acompanha de colheita, conforme a espécie. É razoável nos lembremos disso, porquanto o autor ou autora da defecção havida, ante os princípios de causa e efeito, é considerado violador de almas, assumindo com as vítimas a obrigação de restaurá-las, até o ponto em que as injuriou ou prejudicou, ainda mesmo quando na conceituação incompleta do mundo essas criaturas tenham sido encontradas supostamente já prejudicadas ou injuriadas por alguém.

11 O diamante no lodo não deixa de ser diamante, sem perder o valor que lhe é próprio, diante da vida.

12 A criatura em sofrimento não deixa de ser criação de Deus, sem perder a imortalidade que lhe é própria, à frente do Universo.

13 Que a tentação de retorno aos sistemas poligâmicos pode ocorrer habitualmente com qualquer pessoa, na Terra, é mais que natural — é justo. Em circunstâncias numerosas, o pretérito pode estar vivo nos mecanismos mais profundos de nossas inclinações e tendências. 14 Entretanto, os deveres assumidos, no campo do amor, ante a luz do presente, devem prevalecer, acima de quaisquer anseios inoportunos, de vez que o compromisso cria leis no coração e não se danificarão os sentimentos alheios sem resultados correspondentes na própria vida.

15 Observem-se, nos capítulos do sexo, os desígnios superiores da Infinita Sabedoria que nos orienta os destinos e, nesse sentido, urge considerar que a Vontade de Deus, na essência, é o dever em sua mais alta expressão traçado para cada um de nós, no tempo chamado “hoje”. E se o “hoje” jaz viçado de complicações e problemas, a repontarem do “ontem”, depende de nós a harmonia ou o desequilíbrio do “amanhã”.


Emmanuel



Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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