O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Trovadores do Além — Autores diversos — F. C. Xavier / Waldo Vieira / Elias Barbosa


PARTE 1 n

Trovas


1 Nenhuma ciência elucida
Onde a saudade é mais forte:
Se nas lágrimas da vida,
Se nos júbilos da morte.

Soares Bulcão


2 O mal é o mesmo em ofensas
De obsessões infelizes,
Quando dizes e não pensas,
Quando pensas e não dizes.

 

Marcelo Gama


3 Mãezinha, não sei ao certo
Onde a ausência dói mais fundo,
Se na paz do firmamento,
Se na dor que envolve o mundo.

Rubens de Sá


4 Para as tristezas da vida,
Trabalho é o grande remédio.
Quem com tédio mata o tempo,
O tempo mata de tédio.

Cristóvão Barreto


5 O ouro, por mais renome,
Guarda esquisita função:
No cofre, piora a fome,
No trabalho, gera o pão.

Virgílio Brandão


6 Escreves? A cada traço,
Relembra a morte terrena…
Há muita pena no Espaço
Apenas devido à pena.

Batista Cepelos


7 Reencontrei-te reencarnada…
Imagina o meu deserto!…
Rever-te perto e tão longe,
Sentir-te longe e tão perto…

Lívio Barreto


8 Saudade — angústia que embala,
Tem um ponto impertinente:
Quem sente, às vezes não fala,
Quem fala, às vezes não sente.

Roberto Correia


9 Do Além se vê, face a face,
O que nunca se entendeu,
Na morte de quem renasce,
Na vida de quem morreu.

Helvino de Morais


10 Estranha contradição
Que a Terra vira e revira:
Muita mentira é paixão,
Muita paixão é mentira.

Emílio de Menezes


11 Que conflito doloroso
No antigo romance nosso!
Quero amar-te e não consigo,
Quero esquecer-te e não posso.

Lauro Pinheiro


12 Para a Justiça de Deus,
Tem muito mais expressão
A gota de caridade
Que o rio da pregação.

Martins Coelho


13 Saudade — sombra erradia
Que envolve a gente na estrada,
Lembra chuva mansa e fria
Numa casa destelhada.

Targélia Barreto


14 Não sei de amor tão perfeito
Que esta divina ternura
Que as mães carregam no peito
E guardam na sepultura.

Vida


15 Desencarnei… É verdade.
Mas prodígios não me peças!
Já tenho a infelicidade
De ver o mundo às avessas.

Raul Pederneiras


16 Que o mundo não te embarace
Na aparência fementida.
A vida que está na face
Não mostra a face da vida.

Sabino Batista


17 Bênçãos de Deus! — para vê-las,
Basta olhar por onde fores,
O céu repleto de estrelas,
A terra cheia de flores.

Gomes Leite


18 Agora não mais me iludo
De que, na Terra ensombrada,
Quem não tem nada tem tudo,
Quem tem tudo não tem nada .

Antônio Sales


19 Tarde percebo no Espaço
A grande filosofia…
O que fazia não faço,
O que faço não fazia.

Xavier de Castro


20 Adoro a Terra, entretanto,
Vale mais no meu arquivo
Ser vivo depois de morto,
Que ser morto sendo vivo.

Martins Coelho


21 Do que vejo após a morte,
Que mais me causa aflição,
É ouro na caixa forte
E pequeninos sem pão.

Juvenal Galeno


22 Toda mulher é uma estrela,
Se traz, seja linda ou não,
A palma do sacrifício
Na palma de sua mão.

Irene Sousa Pinto


23 Ventura! — riqueza d’alma
Que atirei pela janela.
Saudade! — retrato vivo
Do bem que se foi com ela.

Artur Ragazzi


24 As coroas de finados,
Na campa de quem morreu,
São grandes zeros dourados
Se a vida nada valeu.

Cornélio Pires


25 A pessoa vigilante
Usa verbo temperado;
Nem franqueza com pimenta,
Nem brandura com melado.

Deraldo Neville


26 Boneca que sempre riste
De alma gelada e insincera,
Ah! Boneca, como é triste
A solidão que te espera!

Vivita Cartier


27 O mundo aplaude e coroa
Quem vence a batalha a esmo,
Mas, no Além, o vencedor
É quem venceu a si mesmo.

Antônio Azevedo


28 Palavras — formas da imagem
Que o cérebro deita aos molhos.
Pranto — divina linguagem
Do coração pelos olhos.

Chiquito de Moraes


29 Por mais que o mundo progrida,
Vale o antigo passaporte:
Velha campa — nova vida,
Novo berço — velha morte.

Godofredo Viana


30 Não há júbilo, a rigor,
Que se possa comparar
Ao do amor que encontra o amor
Depois de muito esperar.

Maciel Monteiro


31 Mãe, abençoa teu filho,
Mesmo ingrato, rude e vão.
A luz nunca perde o brilho
Por derramar-se no chão.

Rita Barém de Melo


32 Há muita paixão que arrasa
Qual fogueira bela e vã.
Hoje, brilho, chama e brasa,
E muita cinza amanhã.

Marcelo Gama


33 Criança — linda semente,
Raio de luz a sorrir.
É nesse pingo de gente
Que Deus te entrega o porvir.

Belmiro Braga


34 Muitos vivos vendo o morto
Sentem pânico profundo,
E há muito morto com medo
Dos vivos que estão no mundo.

Carlos Câmara


35 Não sei discernir qual seja
Mendigo mais sofredor,
Se o pobre que pede pão,
Se o rico que pede amor.

Augusto de Oliveira


36 Eis o quadro mais perfeito
Que já vi do desconforto:
Mãe transportando no peito
A mágoa de um filho morto.

Maria Celeste


37 Afeições vistas do Além
Em cem paixões que entrevejo:
Uma delas — amor puro;
Noventa e nove — desejo.

Lucídio Freitas


38 O coração quando ama
É céu que brilha de rastros,
Luz de Deus que desce à lama,
Ou lama que sobe aos astros.

Sabino Batista


39 O imenso mar que se aninha
Entre céus, terras e escolhos
Brilha menos que a gotinha
De pranto a cair dos olhos.

Américo Falcão


40 Quem conserva terra vã
Na Terra sem cultivar,
Nasce na Terra amanhã
Sem terra para morar.

Aderbal Melo


41 Rio morto, árvore peca,
De tudo vi no sertão,
No entanto, pior é a seca
Que lavra no coração.

Virgílio Brandão


42 Palácios, arranha-céus,
Muitos dos mais expressivos,
São custosos mausoléus
Resguardando mortos-vivos.

Benedito Candelária Irmão


43 Depois da morte, sentimos,
No mesmo grau de rudez,
Tanto o mal que praticamos,
Quanto o bem que não se fez.

Jônatas Batista


44 Ama, filhinha, entretanto
Sofre a dor que o lar te der.
É toda feita de pranto
A glória de ser mulher.

Vida


45 Mãe que partiu!… Podes vê-la
Na fé que te reconforta.
Toda mãe é como estrela
Que brilha depois de morta.

Celeste Jaguaribe


46 No mundo, ninguém conhece
A força de redenção
De uma lágrima que desce
Dos olhos ao coração.

Carlos Câmara


47 Amor — da sombra em que existo,
Parece clarão de aurora,
Consolo de Jesus-Cristo,
Mão estendida a quem chora…

Ulisses Bezerra


48 Depois da morte é que a gente
Tem o amor que aperfeiçoa,
Amando quem nos esquece
Nos braços de outra pessoa.

Jovino Guedes


49 Coração, padece a chama
Do martírio em que te elevas!
Se muito sofre quem ama,
Quem não ama vive em trevas.

Bernardo de Passos


50 Ateu — enfermo que sonha
Na ilusão em que persiste,
Um filho que tem vergonha
De dizer que o pai existe.

Alberto Ferreira


51 Minha mãe — não te defino,
Por mais rebusque o abc
Escrava pelo destino,
Rainha que ninguém vê.

Meimei


52 És tu mesmo quem governas
Teus sucessos e fracassos.
Depende das tuas pernas
A extensão dos próprios passos.

Aderbal Melo


53 Prudência se não valesse
Na vigilância que exorta,
Nenhuma casa teria
Necessidade da porta.

Lobo da Costa


54 Nada de bom se mantém
Onde alguém se obrigue a tal.
Virtude é fazer o bem
Podendo fazer o mal.

Alcides Brandão


55 Mulher caída na estrada!…
Não grites condenação.
A chuva desce do céu
E faz-se vida no chão.

Ricardo Júnior


56 Por esses trilhos terrenos
Quantos louros imortais,
Se o rico bebesse menos,
Se o pobre comesse mais!…

Lulu Parola


57 Esquecimento na Terra
Anestesista divino.
Sofrimento — cirurgião
Que nos opera o destino.

Hildo Rangel


58 Amor… Uma frase apenas…
Olhar terno que se afasta…
Um bilhetinho… uma flor…
Para quem ama isso basta…

Teotônio Freire


59 Se afirmas, triste e descrente,
Que a vida acaba no chão,
Repara a humilde semente
Em plena ressurreição.

Fidélis Alves


60 Quem sofra e não se desmande,
Sentirá, de fato, um dia,
Que tirou a sorte grande
Sem jogar na loteria.

Sabino Batista


61 Coração, canta de leve,
Não fales palavra triste…
Perto de mãe carinhosa,
Filho morto não existe.

Rubens de Sá


62 Há uma alegria que cobra
Duras penas no caminho,
É aquela de ter de sobra
O pão que falta ao vizinho.

Oscar Batista


63 Para quem serve e trabalha,
No esforço em que se aprimora,
Calúnia não atrapalha,
Elogio não melhora.

Lopes Filho


64 Dois corações que se amam
Têm desses elos fatais:
Se presença prende muito,
Separação prende mais.

Plínio Pereira Ribeiro


65 Deus nos dá, ditosa e bela,
Doce alegria ao caminho,
Mas nós queremos aquela
Que mora no lar vizinho .

Artur Ragazzi


66 Luminosa realidade
Que pesa aí quanto aqui:
Quem quer agradar a todos,
Só quer agradar a si.

Teles de Meireles


67 Depois da morte é que vi
Quanto luxo, quanta guerra,
Que a vida guarda com jeito
Em sete palmos de terra!…

José Albano


68 Vai o berço, vem a cova;
Sai o prazer, surge a dor…
O tempo tudo renova,
Mas amor é sempre amor…

José Bartolota


69 Dois prêmios colhe da vida
Quem constrói de peito aberto:
Falar no momento exato,
Agir no caminho certo.

Deraldo Neville


70 Vida — pau-de-sebo ao céu,
Corrida penosa e rara.
A morte é lindo troféu
Que está na ponta da vara.

Colombina


71 Quem diz que o céu não diz nada,
Que a Terra o contempla à-toa,
Olhe a lua retratada
No coração da lagoa.

Ismael Martins


72 Leite materno! Óleo santo!…
Afirma-se que ele veio
Do sangue que se fez pranto
No filtro de amor do seio.

Vivita Cartier


73 Bela a palavra de Armia,
Mas, no instante do batente,
Clama que a chuva está fria
Ou diz que o sol está quente.

Juca Muniz


74 Depois da morte, no Além,
A dor que mais agonia
É a mágoa de não ter feito
Todo o bem que se podia .

Antônio de Castro


75 Natal? Quem foge ao preceito
De repartir o seu pão,
Carrega um calhau no peito,
Em forma de coração.

Leôncio Correia


76 Lembrando no céu fulgente
O mundo que se maldiz,
O santo que é santo sente
Vergonha de ser feliz.

Eufrásio de Almeida


77 Se alguém te insulta, a ferir-te
O anseio de amor e paz,
Não lamentes, nem te irrites…
Calando-te, vencerás.

Casimiro Cunha


78 Falece o autor fescenino,
A febre de ouro carcome-o…
Mas volta a novo destino
Num berço de manicômio.

Américo Falcão


79 Quem procure ser feliz
Cultive somente o bem.
A justiça é igual à morte:
Não excetua ninguém.

Rodrigues de Carvalho


80 Reencarnação! Novos ninhos!
Mas o que dói onde vamos
É ver nossos passarinhos
Abrigados noutros ramos.

Alceu Wamosy


81 Deus é bom, mas não te percas
Em votos ineficazes.
A Terra escuta o que dizes,
O Céu contempla o que fazes.

Augusto de Oliveira


82 Dizem que a Terra se esconde
No inferno da provação.
No entanto, a Terra responde
Abrindo-se em flor e pão.

Toninho Bittencourt


83 Na luta que te consome,
Se a humildade é o dom que levas,
Tens pão que sossega a fome
E sol que dissipa as trevas.

Soares Bulcão


84 A lei da reencarnação
É crivo que discrimina:
Trabalho — a peneira grossa,
A dor — a peneira fina.

Antônio de Castro


85 Mãe que lutas, cada hora,
Da imensa dor que te arrasta,
A Terra tudo ignora,
Mas Deus sabe e é quanto basta.

Rita Barém de Melo


86 Quando a morte exibe o aceno
Da verdade que se expande,
Há muito grande pequeno,
Há muito pequeno grande.

Antônio Sales


87 Súplica — anseio liberto
De nebulosa afeição,
A que Deus responde certo,
Às vezes dizendo: não.

Ivan Albuquerque


88 Matrimônios, se forçados —
Castelos de cinza e fumo;
Os braços entrelaçados,
Os corações noutro rumo…

Roberto Correia


89 Encontrar no lar alheio
Os nossos laços antigos,
É o jeito que Deus nos dá
De amarmos os inimigos.

Lívio Barreto


90 O bom conselho comigo
Tem este velho embaraço:
Sempre aponto ao meu amigo
Tudo aquilo que não faço.

Emílio de Menezes


91 Onde a ilusão nasce e medra,
Amor acaba sozinho.
Paixão é bota de pedra
Que esmaga a flor do caminho.

Helvino de Morais


92 Das grandes dores resumo
A função desconhecida:
Quem não chora perde o rumo,
Quem não sofre perde a vida.

Sebastião Rios


93 No meu túmulo, reli:
— “Meu amor, descansa em paz.”
No entanto, é junto de ti
Que sempre me encontrarás.

Lauro Pinheiro


94 Depois da morte, a saudade
É um muro não sei de quê:
De um lado a pessoa enxerga,
Do outro lado ninguém vê.

Da Costa e Silva


95 Amor puro, além da morte,
Chama que não esmorece:
Largado, não abandona,
Esquecido, não esquece.

Targélia Barreto


96 O tédio assalta a pessoa
Que tem tudo quanto quis.
Felicidade abençoa
Quem não sabe que é feliz.

Sabino Batista


97 Muitas vezes a alegria
É uma tapera por lar,
Trabalho de cada dia
E um coração a cantar.

Lindolfo Gomes


98 Como Espírito, eu estudo
A minha morte passada,
Se por fora mudou tudo,
Por dentro não mudei nada.

Batista Cepelos


99 No suor do próprio rosto,
Bebe o pranto da amargura.
Do solo mais empedrado
A fonte verte mais pura.

Gomes Leite


100 Ninguém ofenda a mulher
Nem mesmo por intenção.
Dizem que Deus põe os olhos
Onde a mulher põe a mão.

Martins Coelho


101 Reprovação no caminho
Tem destes lances extremos:
Condenamos no vizinho
Aquilo que nós não temos.

Xavier de Castro


102 O mundo será feliz
Quando a mulher, sem receio,
Abrir a porta da casa
Aos órfãos do lar alheio.

Irene Sousa Pinto


103 Quem ama somente o rosto
Muito cedo perde a fé.
Alma diverge do corpo
Como o sapato do pé.

Mário de Azevedo


104 Dia dos Mortos? Balela!
Finados? Tontos assuntos!…
Nem flor, nem cinza, nem vela,
Nós todos estamos juntos.

Cornélio Pires


105 Quem sofre, quem se entedia,
Abrace a enxada do bem.
Caridade é como o Sol:
Nunca deserda a ninguém.

José Nava


106 Não existe reconforto
Que valha o ameno transporte
De rever um amigo morto
No instante de nossa morte…

Colombina


107 O Espírito reencarnado,
Quando a mentiras se aferra,
Quanto mais fraco mais goza,
Quanto mais goza mais erra.

Antônio Azevedo


108 Ninguém na vida atribua
Pecado ao caminho alheio;
Há muito riso na rua
Que é soluço de passeio.

Chiquito de Moraes


109 Na luta de mais ruído,
Quem serve e persiste vence-a;
Coração que andas ferido,
Paciência, paciência.

Juvenal Galeno


110 No Espaço, imenso e vibrante,
Saudade da alma que anseia
Parece canção distante
Em noite de lua cheia.

Maciel Monteiro


111 Mãe entregue à sepultura
Vence trevas e empecilhos,
Para ser paz e brandura
À cabeceira dos filhos.

Celeste Jaguaribe


112 Caridade se concebe
Por angélico alvará;
Quem auxilia recebe,
Acreditando que dá.

Eugênio Rubião


113 Na Terra — abismo voraz,
Velho mar de luz e treva,
O berço — é a onda que traz,
A morte — é a onda que leva.

Fócion Caldas


114 Para quem ama, decerto
Engano não é desdouro…
Poeira na luz do Sol
Parece chuva de ouro.

Carlos Câmara


115 Amor — canção que ressoa
No silêncio com que esbarro —
Recorda em cada pessoa
O céu num pote de barro.

Ulisses Bezerra


116 Mãe que se abraça ao filhinho
Tem tanta luz nos seus traços,
Que lembra a aurora em caminho,
Trazendo o Sol entre os braços.

Maria Celeste


117 Faze o bem agora e sempre,
Persevera, persevera…
O mundo? Vida que passa.
A morte? Vida que espera.

Luís Pistarini


118 Natal, quase sempre, é isto:
O luxo que se conforta,
Beijando a imagem do Cristo,
Com medo de vê-lo à porta.

Belmiro Braga


119 Fiscaliza as palavrinhas.
De humilde e pequena brasa,
Começa a lavrar o incêndio
Que devora toda a casa.

Casimiro Cunha


120 Ventura — riso que passa
E nunca se identifica.
Saudade — dor que não passa
Daquilo que passa e fica.

Da Costa e Silva


121 Quando o corpo desce à campa,
Resíduo largado à treva,
Muita conversa de amor
É palha que o vento leva.

Lucídio Freitas


122 Toda dor canta vitória
Do bem uno e desigual,
Só não vale a dor inglória
Do mal de fazer o mal.

Sebastião Rios


123 Aceita a lição e a prova,
Sofre, luta e faze o bem.
Feliz de quem se renova,
Enquanto a morte não vem .

Américo Falcão


124 Migalha de caridade
Mostra Deus no ser humano;
Pequena gota de mar
Tem o gosto do oceano.

Vivita Cartier


125 Na morte todo usurário
Tem a pena em que se humilha:
Os suplícios do inventário,
Nos tormentos da partilha.

Virgílio Brandão


126 Guerras, incêndios, canhões:
Armas de crentes e ateus.
As letrinhas do alfabeto:
Artilharia de Deus.

Jovino Guedes


127 Assembleias, multidões!…
Não te iludas a caminho…
Na alcova do coração,
Cada um vive sozinho.

Jônatas Batista


128 Ilusão dizer na morte:
Adeus para nunca mais!
Berço — navio afastando…
Sepultura — velho cais…

Teotônio Freire


129 Amor que a morte emudece —
Saudades tristes em bando!…
Quem fica, às vezes esquece,
Quem parte, fica lembrando!…

Francisco Otaviano


130 Quem da Ciência duvida,
Decerto tem que aprender.
Quem diz que não há, saudade,
Que morra para saber.

Da Costa e Silva


131 É triste, mas é verdade:
As nossas grandes feridas
São débitos de outra idade,
Pagamentos de outras vidas.

Artur Ragazzi


132 Não chores!… Felicidade
É fazer feliz alguém.
Desventura tem dez letras,
Felicidade também.

Antônio Azevedo


133 Descrever o amor nos Céus?
Inútil meu testemunho.
O maior amor que eu tive
Jamais passou de rascunho.

Luís Pistarini


134 Verdade — luz permanente…
Mirante… cimo… alvorada…
Mente humana — vidro fosco
Que a reflete deformada.

Plínio Pereira Ribeiro


135 Mãe, quando a noite afervora
A tua oração no lar,
Teu filho morto, lá fora,
É a brisa querendo entrar.

Meimei


136 Um homem que nada faz,
Embora cheio de planos,
É um morto movimentado,
Inda que viva mil anos.

Teles de Meireles


137 Bom conselho vale muito
Se cumprido onde ressoe.
O pastor guia o rebanho,
O passo pertence ao boi.

Lobo da Costa


138 Na Terra, a morte é um comboio,
Passagens todos já têm…
O que homem nenhum sabe
É a hora certa do trem.

Antônio de Castro


139 Muitas paixões desregradas,
Que atormentam vida afora,
Começam com “não te esqueço”
E acabam com “vai-te embora”.

Anísio de Abreu


140 Ensinamento do bem,
Que não vai a sacrifício,
Recorda a beleza inútil
Do foguete de artifício.

Jovino Guedes


141 Quando a ilusão faz morada
Na carne que a desfigura,
Quanta mentira dourada
Na beira da sepultura!

Hildo Rangel


142 Devemos interpretar
Toda mulher ao relento
Como sendo nossa mãe
Vagando no sofrimento.

Vivita Cartier


143 Há duas coisas horrendas,
No fim dos pobres mortais:
A mentira das legendas
E a pompa dos funerais.

Fidélis Alves


144 Esquece o mal infecundo…
A dor é luz rosicler,
Enquanto bater no mundo
Um coração de mulher.

Antonieta Saldanha


145 Mãe que chora sobre a campa —
Luz que rompe o Grande Véu,
Flor prisioneira do mundo,
Lançando perfume ao Céu.

Rubens de Sá


146 Sonhador atormentado,
Sobre a Terra, mal sabia:
O homem é um mascarado
Que a morte revela um dia.

José Bartolota


147 Fácil ver sem grande estudo:
Com requinte disfarçado,
Muito punhal em veludo,
Muito veneno em melado.

Lopes Filho


148 Na Terra, amores violentos
São leiras de desenganos:
Sorrisos de alguns momentos,
Suplícios de muitos anos.

Eugênio Savard


149 Alegria de quem ama:
Luz de paz brilhando em prece.
Quando o amor se vai embora,
No coração anoitece.

Mário de Azevedo


150 Buscas tempo que te agrade
Clamando sofrer em vão,
E, às vezes, felicidade
É o dia de provação.

Eufrásio de Almeida


151 Ante o serviço que chama,
Não fales “não”, nem “talvez”;
Quando a morte nos reclama,
Só fica o bem que se fez.

Luís de Oliveira


152 A mulher mata o marido,
Em crime escuro e perfeito.
Mais tarde… ei-lo renascido
Por filho, em seu próprio leito.

Américo Falcão


153 Quem busca o tempero brando
De uma trova aprimorada,
Ouça a voz de um passarinho
Cantando de madrugada.

Ismael Martins


154 Deus ama a todos, porém
Dá mais amor às raízes
Do amor de alguém que ama alguém
Fazendo os outros felizes.

Luís Murat


155 Natal! Um pobre foi visto,
Passando sob pedradas.
Soube, depois, que era o Cristo
Batendo a portas fechadas.

Leôncio Correia


156 Seja acolá, seja aqui,
A Lei ensina onde estou:
Cada um carrega em si
O inferno que encomendou.

Alceu Wamosy


157 Caridade — a todo instante,
Exaltas o amor profundo!
És a luz do Céu distante
Na sombra que envolve o mundo.

Soares Bulcão


158 Velhice lembra sol-posto,
Tristeza na tarde fria.
Lembra a morte, o sol no rosto
Quando vai rompendo o dia.

Colombina


159 Devotamento sincero
Não procura condição.
Caridade verdadeira
Nunca viu ingratidão.

Mário de Azevedo


160 Ventura que não faz mossa
É roseiral que se alteia,
Cuja raiz, sendo nossa,
Floresce na terra alheia.

Toninho Bittencourt


161 “Na morte, tudo se acaba” —
Exclama a boca do povo.
Ah! que mentira!… Na morte,
A vida luta de novo.

José Albano


162 Entre os bons, dinheiro é sempre
Amparo que não se escoa;
Mas, entre os maus, é o recurso
Que desmascara a pessoa.

Cristóvão Barreto


163 Coração sempre querido
Que busquei por toda a parte,
Perdi-te por te prender,
Achei-te por muito amar-te.

Lívio Barreto


164 Em longes, almos recantos
Que a vida guarda nos Céus,
Há muitos réus que são santos,
Muitos santos que são réus.

Antônio Sales


165 Tudo o que é belo no mundo
Deus garante, enquanto houver
Alma que aceite os espinhos
Do ofício de ser mulher.

Ricardo Júnior


166 Ligação que de começo
Nenhum amor manifesta:
Joia falsa de alto preço,
Largada no fim de festa.

Roberto Correia


167 Morte!… Vida além do mundo!…
Nada posso revelar.
Onda que canta na areia
Não mostra o fundo do mar…

Helvino de Morais


168 Dizem que a fonte da serra,
Que cai da penha no chão,
É pranto mudo da Terra
Que Deus transforma em canção.

Chiquito de Moraes


169 Ando a chorar, sem arrimo,
Triste ausência, rude e brava…
Mas a ausência que eu lastimo
É a do amor com que eu te amava.

Lauro Pinheiro


170 Quem busca a sabedoria
Recolhe, em cada momento,
Centigramas de alegria
Num quilo de sofrimento.

Carlos Ferreira


171 O Céu purifica o amor
Para que brilhe, a contento,
No cadinho da saudade
A fogo de sofrimento.

Targélia Barreto


172 Vida — mar encapelado.
Coração — ostra ao relento.
Saudades — pérolas vivas
Formadas no sofrimento.

Da Costa e Silva


173 Felicidade, em seu ninho,
Maravilhosa vibrava
Nas orações de um velhinho
Que nada mais desejava.

Lindolfo Gomes


174 O senso da vida é este
Estranho e belo contraste:
O que guardaste, perdeste;
O que deste, entesouraste.

Sabino Batista


175 Navegante de outros portos,
Sei, agora, em meus arquivos:
Os vivos são vivos-mortos,
Os mortos são mortos-vivos.

Raul Pederneiras


176 A lei da reencarnação
Pede cuidado no ensino;
O menino será velho,
O velho será menino.

Irene Sousa Pinto


177 Prêmio! Laço de vaidade!…
Esquece a vaidade e vence-o.
O mérito da bondade
É praticá-la em silêncio.

Xavier de Castro


178 Há dois enganos na Terra
Que é preciso assinalar:
Descansar para morrer,
Morrer para descansar.

Martins Coelho


179 “Que fazes de ouvidos moucos?”
— Perguntei à campa em trevas.
E ela disse: “Como, aos poucos,
O que ajuntaste e não levas.”

Juvenal Galeno


180 Terra — eis a escola da vida.
Existência! — o curso breve.
Criança! — o livro ao futuro.
Adulto! — a pena que escreve.

Irene Sousa Pinto


181 Paixão — vesúvio que arrasa,
Nas lavas em que se escorre.
Amor — afeição em casa,
Carinho que nunca morre .

Artur Ragazzi


182 Ternura, bênção, perfume,
Grandeza, glória e esplendor,
Tudo isso Deus resume
Nas quatro letras do amor.

Eufrásio de Almeida


183 Saudade, doce esperança,
Consolo de quem quer bem…
Visão da felicidade
Que faz que vem mas não vem.

Antônio Azevedo


184 Mesmo se a culpa te infama,
Abraça o bem por crisol.
Embora algemado à lama,
O lírio perfuma o sol.

Virgílio Brandão


185 Conversa com caridade,
Alma irmã, alma sincera!…
Às vezes uma palavra
É tudo o que a gente espera.

Antônio Azevedo


186 Apenas Deus sabe tudo
O que se esconde e contém
Na gota de pranto mudo
Que molha a face de alguém.

Chiquito de Moraes


187 Mulher, depois de nascida,
Segundo a glória do bem,
Deve sofrer toda a vida
Ou ser a vida de alguém.

Julinda Alvim


188 Quando a morte varre a treva,
Aquele que muito amou
Tem a saudade que leva
E o pesar de quem ficou.

Maciel Monteiro


189 Ser mãe — amor que alumia,
Na Terra cheia de escolhos —
É caminhar, noite e dia,
Com duas fontes nos olhos.

Godofredo Viana


190 Verdade quando não sofre
Nem luta a favor do bem —
Fortuna presa no cofre,
Que nunca serve a ninguém.

Álvaro Martins


191 Mãe feliz, aguça o ouvido
Ante os que vão sem ninguém…
Cada pequeno esquecido
É teu filhinho também.

Rita Barém de Melo


192 A vida — esfinge no tempo —
Parece, quando medito,
Aranha tecendo o sonho
No casarão do Infinito.

Plínio Pereira Ribeiro


193 Levanta, ajuda e conserta,
Que falar e repreender
São tarefas da palavra
Que todos podem fazer.

Casimiro Cunha


194 Amor sincero, amor puro:
Castelo que não desaba,
Aflição que chora rindo,
Um sonho que não se acaba…

Carlos Câmara


195 Sepultura — passaporte
Ao coração de partida!…
Vai-se a vida, vem a morte,
Vai-se a morte, vem a vida!…

Francisco Otaviano


196 Natal! Um beijo de luz
Com que o Céu aquece o povo.
Todo Natal é Jesus
Descendo à Terra de novo.

Belmiro Braga


197 Morrer? Mudei de lugar,
Sou cidadão do sem-fim,
Mas nada pôde mudar
O amor que puseste em mim .

Luís Pistarini


198 Paixão, somente paixão:
Fantasia que hoje vejo…
Desejo quer concessão,
Concessão gera desejo.

Francisco Fernandes Basto


199 Benevolência não sabe,
Na Didática Divina,
Onde a bondade começa,
Onde a humildade termina.

Augusto de Oliveira


200 Nada aflige ou fere tanto
Como encontrar, no caminho,
Menino desamparado,
Vagando, triste e sozinho.

Moisés Eulálio


201 Em toda parte encontramos
Este princípio divino:
Deus faz o tempo uniforme,
O homem faz o destino.

Lucídio Freitas


202 No lar — palácio ridente
Dos mais belos que há no mundo, —
Se o perdão mora na frente,
A paz reside no fundo.

Alberto Ferreira


203 Há na morte uma saudade
Que ninguém no mundo explica:
Quem fica, chora quem foi;
Quem foi, lamenta quem fica.

José Albano


204 Do Além, onde a luz nos guia,
Sem que se saiba porquê,
Tudo aquilo que se via
É a casca do que se vê.

Benedito Candelária Irmão


205 Felicidade é uma lei
Que se cumpre sem reclamos.
Só temos felicidade
Na medida da que damos.

Jônatas Batista


206 Amor, quando é verdadeiro,
Quanto mais dor mais ardente…
Quanto mais pedras na fonte,
Tanto mais pura a corrente.

Teotônio Freire


207 Mãe distante eternamente?!…
Isso nunca sucedeu.
Toda mãe está presente
Nos filhos que Deus lhe deu.

Celeste Jaguaribe


208 Considera os dissabores
Quais furacões de fumaça…
Poeira de muitas cores
Que sufoca, ensina e passa…

Oscar Batista


209 Horrível transe sacode
As forças do coração,
Quando a vida diz que pode
E a morte afirma que não.

Francisco Otaviano


210 Ser mãe — amor vivo e brando —
É ser fonte de alegria
A desgastar-se, cantando,
Nas pedras de cada dia.

Maria Celeste


211 Matemática esquisita
Acerta contas no Além!…
A dor que nos parasita
Multiplica o nosso bem.

Bernardo de Passos


212 Aviso dos mais profundos,
Conceito dos mais felizes:
Nunca digas o que sabes
Sem que saibas o que dizes.

Teles de Meireles


213 Mãezinha — planta celeste,
Anjo que chora sorrindo, —
Teu filho é a flor que puseste
No ramo de um sonho lindo.

Meimei


214 Passado é presente agora
Ante o futuro sem fim.
A vida passou por fora
Mas ficou dentro de mim.

Luís Murat


215 Cada qual no bem que possa.
Céu não se alcança de salto.
Roseira produz no chão,
Estrela brilha no alto.

Lobo da Costa


216 Extingue, paciente e brando,
O mal, a sombra, a mentira…
O rio lava, cantando,
A pedra que se lhe atira.

Virgílio Brandão


217 Se a afeição te envolve em chama,
Não sigas rindo à matroca,
Porque a hera também ama
O arbusto que ela sufoca.

Anísio de Abreu


218 Beleza apenas no corpo,
Exaltada a figurino,
É um cheque tamanho grande
Com crédito pequenino.

Jovino Guedes


219 Cessa o pranto que te corre,
No instante do grande adeus!…
Há muita gente que morre,
Rendendo graças a Deus.

Fidélis Alves


220 Felicidade sem fim?…
Só se encontra indagação.
Quem procura diz que sim,
Quem procurou diz que não.

Alberto Ferreira


221 Na Terra, a vida é batalha,
Não te enganes, senda afora.
Quem chora, às vezes, gargalha,
Gargalha, às vezes, quem chora.

Milton da Cruz


222 Mãe triste que luta e chora,
As suas lágrimas são
As pérolas cor da aurora
Na concha do coração.

Antonieta Saldanha


223 Sem afeto imaginário,
O amigo diz o que sente.
O futuro adversário
Bajula constantemente.

Lopes Filho


224 Sou teu… Ampara-me e esquece…
Já não busco o que se foi.
Basta me digas em prece:
— “Filhinho, Deus te abençoe!…”

José Bartolota


225 Não olvides que a criança,
No caminho, vida afora,
Vai devolver-te, mais tarde,
O que lhe deres agora.

Casimiro Cunha


226 Em todo e qualquer caminho,
O bem, que jamais se cansa,
Na ponta de cada espinho
Põe a rosa da esperança.

Eugênio Savard


227 Na luta, fala, mas fala
A fala que ampara e ensina.
Doente que fala muito
Desnorteia a Medicina.

Deraldo Neville


228 Sepulcros — sombra, deserto…
Jazigos — riqueza em vão…
Quanto Espírito liberto
Acorrentado no chão!…

Cornélio Pires


229 No caminho onde a ilusão
Cobrou a tempo o que é seu,
A morte apenas enterra
O afeto que já morreu.

José Albano


230 Da menor felicidade
Só há o sinal que eu dou:
Onde aparece a saudade,
Felicidade passou.

Aderbal Melo


231 Nada pede, nada espera
A bondade quando é pura.
Quem dá para receber
Maneja o laço da usura.

Rodrigues de Carvalho


232 Na fazenda grande e bela,
O rico e duro senhor
Renasceu, volvendo a ela,
Por simples cultivador.

Américo Falcão


233 Há quem abusa e se gaba,
Mas esquece (e é sempre assim)
Que quando a festa se acaba
A conta é paga no fim.

Soares Bulcão


234 Meu amor por ti é tanto,
Tem tanta fé, tanto brilho,
Que apenas para fitar-te
Amanhã serei teu filho.

Jovino Guedes


235 Depois da morte, a tristeza
Não é ver o bem perdido…
Mudança não é surpresa,
Tristeza é ser esquecido.

Helvino de Morais


236 Quanto agora me comovo!
Tolo, quisera morrer,
Mas quero nascer de novo
Para dormir e esquecer.

Alceu Wamosy


237 Ai do lume da afeição
Que não fica na amizade!…
Quanto maior a paixão,
Menor a felicidade.

Souza Lobo


238 Suor de todo momento —
Vida elevada de plano.
Dia atolado na rede —
Suicídio cotidiano.

Delfina Benigna da Cunha


239 Fraqueza!… Triste fraqueza,
Igual à minha não vi.
Sei que não devo buscar-te
E vivo pensando em ti.

Targélia Barreto


240 A Terra é um trem com apoio
Nos trilhos do Eterno Bem.
Quem nasce toma o comboio,
Quem morre desce do trem.

Toninho Bittencourt


241 Estuda, contente e brando,
Esta mensagem fraterna:
Sem a dor aconselhando,
A alegria desgoverna.

Lindolfo Gomes


242 Enquanto a luz não se oponha
À sombra da fantasia,
Sempre vigia quem sonha,
Sempre sonha quem vigia.

Antônio Sales


243 Coração, serve e perdoa,
Esquece ofensas e mágoas…
A fonte, de pedra em pedra,
Retira o lodo das águas.

Artur Ragazzi


244 Dois de Novembro assinala
Contradições de doer…
O vivo busca lembrar,
O morto quer esquecer.

Eugênio Rubião


245 Atormentei-te, querida!…
Hoje debalde te louvo…
Agora, para encontrar-te,
O jeito é nascer de novo.

José Nava


246 Verdade clara e sabida
Que muita encrenca nos poupa:
Nem a roupa mostra a vida,
Nem a vida mostra a roupa.

Emílio de Menezes


247 Ninguém decifra o problema,
Por mais que mexa e remexa:
Só temos felicidade
Na lembrança que ela deixa.

Antônio Azevedo


248 Louva no corpo fugace
A luz do pranto que escorre
Da esperança de quem nasce,
Da agonia de quem morre.

Sebastião Rios


249 Prazer na carne! Façanha,
Jogo de achar e esconder!…
No mundo, quem perde ganha,
Quem ganhou vem a perder.

Bernardo de Passos


250 A saudade, além do mundo,
Na alegria da amplidão,
Parece espinho cravado
No cerne do coração.

Da Costa e Silva


251 Muita dor que nos abraça
É ventura calma e rica…
Muita alegria que passa
É mágoa que chega e fica.

Godofredo Viana


252 João queria terra em monte,
Não tinha momentos calmos.
Um dia se viu defronte
De um trecho com sete palmos.

Juca Muniz


253 Trabalho lembra a subida
Que se faz de luz acesa;
Dor é parada de emenda
Na forja da Natureza.

Souza Lobo


254 Ninguém recusa a verdade
Desta norma incontroversa:
Muita gente escova os dentes
Mas não escova a conversa.

Artur Candal


255 Como cresce o bem-querer
No tormento da agonia!…
O que dói não é morrer,
É deixar a companhia.

Fócion Caldas


256 Há muita gente perdida,
Sem que o mundo a reconforte,
Nas fantasias da vida,
Nas patacoadas da morte.

Eugênio Rubião


257 Amor — nos sonhos em bando,
Às vezes — note você, —
É o bem que se faz pensando
No amor que nunca nos vê.

Ulisses Bezerra


258 Na Terra, em qualquer idade,
Faze o bem guardando fé.
Se a morte é fatalidade,
A vida também o é.

Batista Cepelos


259 Entre as mágoas do caminho,
Não te esqueças, coração:
A rosa é bênção no espinho,
A fonte serve no chão.

Milton da Cruz


260 Doce o termo que transponho!
Sempre me deste, Senhor,
O peito cheio de sonho,
O sonho cheio de amor.

Colombina


261 Ideias, sonhos, anseios…
Serve sempre, alma sincera,
Quem espera, trabalhando,
Alcança tudo o que espera.

Regueira Costa


262 Verdade — rio fecundo;
Mentira — pedra a rolar.
A pedra fica no fundo,
O rio chega no mar.

Álvaro Martins


263 Querendo conformação,
Deus já pôs de sobreaviso
Sete letras na saudade,
Sete letras no sorriso.

Lucídio Freitas


264 No Além, a saudade mora,
Com todo o fel que ela tem,
Nas dores da alma que chora
O afeto que nunca vem.

Maciel Monteiro


265 Talento, dinheiro e graça
Querem ação sem loucura.
Toda glória brilha e passa
No crivo da sepultura.

Américo Falcão


266 Muita aflição nos visita
Porque, na estrada onde vamos,
Pensamos que os outros pensam
Naquilo que nós pensamos .

Artur Candal


267 Virtude que não trabalha
Para que o vício se esfume,
Parece linda mortalha
Com garbos de vaga-lume.

Virgílio Brandão


268 Há muita palavra triste
Que fica bem aos museus.
Orfandade — não existe
No dicionário de Deus.

Maria Celeste


269 Ser mãe!… Que golpes extremos
Nas trilhas por onde vamos!…
Dor dos filhos que perdemos,
Dor dos filhos que deixamos!

Celeste Jaguaribe


270 Vida além da sepultura
Não é cinza, nem descanso.
A morte só quer dizer:
Fechada para balanço.

Carlos Câmara


271 Perdão não é desprezar
O débito que se fez,
É dar a quem perde o bem
O dom de achá-lo outra vez.

Souza Lobo


272 Quem queira fazer o bem,
Espere a dor no caminho.
Candeia queima a si mesma
Alumiando o vizinho.

Artur Candal


273 Trazes, mulher, no destino,
Sejas frágil, sejas forte,
O lume do amor divino
Que brilha na própria morte.

Julinda Alvim


274 Na carne, há dias risonhos…
Existem, mas hoje vejo
Que o sonho melhor dos sonhos
Jamais passou do desejo.

Alberto Ferreira


275 Que longa a saudade minha!
Quanta falta de teus zelos!…
Beija o meu rosto, mãezinha,
Põe as mãos nos meus cabelos!…

Meimei


276 Toda criatura sincera,
Ante as bênçãos do Criador,
Sente o céu da primavera
No inverno da própria dor.

Oscar Batista


277 Ação — vontade no tempo;
Resultado vem após.
A vida nasce de Deus;
Destino nasce de nós.

Lobo da Costa


278 Se o serviço é pouco e falho,
O remédio em todo clima
É persistir no trabalho,
Pois a lima lima a lima.

Aderbal Melo


279 Por teres casa e tesouro,
Não te faças de anjo à frente.
Doente num leito de ouro
Não deixa de ser doente.

Anísio de Abreu


280 “Dorme, dorme, meu filhinho!”
Nessa cantiga de luz,
A Terra segue caminho
Na direção de Jesus.

Antonieta Saldanha


281 Verdade — mágoa benvinda
Sobre dons renovadores.
Lisonja — serpente linda
Guardada em cesto de flores.

Lopes Filho


282 Morrera o orador letrado
Que punha trevas no estudo…
E reencarna-se, coitado!
Na prova de surdo-mudo.

Américo Falcão


283 Aprendi que Deus nos fez
Irmãos para o amor igual,
Quando vi meu chuchuzeiro
Dar chuchus noutro quintal.

José Nava


284 Feliz quem luta e padece,
Porque a Justiça é assim:
Se a grande prova aparece,
O débito está no fim.

Alceu Wamosy


285 Deus tece lírios em véu
Na lama em que o charco avança,
Para dizer que no Céu
Nunca se extingue a esperança.

Artur Ragazzi


286 No mundo, de porta em porta,
Há muita gente cativa,
Que anda viva, sendo morta,
Que anda morta, sendo viva .

Antônio Sales


287 Grandezas terrestres… Nada…
Felicidade é assim:
Uma cruz bem suportada
E a glória que vem no fim.

Lindolfo Gomes


288 Ninguém cometa a loucura
Que até hoje inda me abafa.
Coisa triste é a sepultura
Com lembrança da garrafa.

Emílio de Menezes


289 A evolução é assim:
O berço… O lar… A afeição…
O sonho… O labor… O fim…
Depois — a reencarnação.

Godofredo Viana


290 Injustiças, desacatos…
Não guardes pretextos vãos.
Na bacia de Pilatos
Muita gente lava as mãos.

Henrique de Macedo


291 Oração — luz que levanta,
Êxtase — névoa que embala…
Deus põe a fruta na planta,
Mas nunca vem descascá-la.

Ivan Albuquerque


292 Muitas vezes tenho visto
Maioria para trás;
A massa, julgando o Cristo,
Deu razão a Barrabás.

Henrique de Macedo


293 O Espírito reencarnado
Lembra um tronco viridente
De raiz presa ao passado,
Plantando o futuro à frente.

Bernardo de Passos


294 Natal! O Mestre Divino
Não nos pede adoração,
Roga um canto pequenino
Num canto do coração.

Belmiro Braga

295 Vejo sóis, mas ouço longe…
Uma viola ponteia…
Quero ver a minha terra
Nas noites de lua cheia!…

Lucídio Freitas


296 Nos mundos da evolução
A história é assim resumida:
A vida prepara a morte,
A morte refaz a vida.

Moisés Eulálio


297 Menina de olhos risonhos,
Esquece o engano da praça.
A ilusão é igual ao sonho,
O sonho é ilusão que passa.

Américo Falcão


298 Saudade!… O “S” do início
Já tem dores a contento…
Sonho, sede, solidão,
Sacrifício, sofrimento…

Francisco Fernandes Basto


299 Onde a mulher se encastela
Simplesmente no prazer,
Toda a vida, em torno dela,
Começa logo a descer.

Rita Barém de Melo


300 Quando a morte o olhar nos cerra,
Não sei, efetivamente,
Se a gente fica na Terra,
Se a Terra fica na gente.

Toninho Bittencourt


301 Fantasias? Realidades?
Quanto sonho em que te viras!…
Há dores-felicidades,
Felicidades-mentiras…

Luís Pistarini


302 Depois da morte é que vi,
Nas cenas de toda hora,
Muita tristeza que ri,
Muita alegria que chora.

Sebastião Rios


303 Saudade — felicidade
Que chorando se entretém…
Ninguém sabe o que é saudade
Enquanto a morte não vem.

Lauro Pinheiro


304 O berço lembra capuz
Da escuridão no apogeu.
A morte parece a luz
Do dia que amanheceu.

Raimundo de Areia Leão


305 Amores desencarnados,
Quantos deles esquecidos!
Notando sem ser notados,
Ouvindo sem ser ouvidos!…

Francisco Otaviano


306 Sobre a Terra, há muita gente
Que vaga sem diretriz,
Trabalhando ativamente
Para viver infeliz.

Carlos Ferreira


307 Quem coma, coma com jeito,
Quem beba, beba água pura;
Se a boca não tem preceito,
A vida não é segura.

Lulu Parola


308 Esclarecer nunca pude
Esta nota incontroversa:
Muito silêncio — virtude,
Muita virtude — conversa.

Emílio de Menezes


309 Não depende da pessoa
Padecer a tentação,
Mas depende da vontade
Dizer que sim ou que não.

Souza Lobo


310 Casamento — obra de Deus,
Obrigação para dois:
Encanto chega primeiro,
Serviço chega depois.

Delfina Benigna da Cunha


311 O ensejo da caridade,
Para quem luta e melhora,
Não é breve, nem mais tarde,
O tempo chama-se agora.

Regueira Costa


312 Cartazes, anúncios, planos,
O maior deles — a cruz —
Permanece há dois mil anos
Na promoção de Jesus.

Álvaro Martins



[1] Dividimos “Trovadores do Além” em duas partes. Na primeira, dispomos as Trovas por nós selecionadas, com os respectivos números, a fim de esclarecer que os ímpares se referem às trovas obtidas pelo médium Francisco Cândido Xavier, e os pares às que devemos à psicografia do médium Waldo Vieira. — (Nota do organizador, Elias Barbosa, extraída do prefácio dessa obra.)


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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