O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Relicário de luz — Autores diversos


21


Ternura e esperança

1 Querida mamãe. Vamos orar, pois a prece é a luz sublime a clarear o caminho para o Alto.

2 Que Deus, por seus Divinos Emissários, nos proteja, fortaleza e abençoe!

3 Sou eu a encontrá-la, através do lápis, para redizer o meu carinho e a minha vigilância afetuosa.

4 A vida é sempre a mesma em toda parte. E, porque a criatura se encontre encarnada, isso não é razão para sentir-se isolada do agrupamento comum.

5 Estamos, assim, em plena romagem para a redenção, invariavelmente juntas, embora na aparência separadas por simples véu de ilusão.

6 Quantos sofrimentos constituem o séquito de suas experiências! Quantas chagas ocultas lhe sitiam o coração dedicado a nós todos! Todavia, se vemos o diamante emergir do carvão, é desse amálgama de trevas terrenas que recolheremos a verdadeira luz.

7 Tempo virá em que a sua voz bendirá as lutas e as dores de hoje que a lucificam por dentro.

8 Aquela viagem sob a tempestade, a que me reportei em nosso primeiro encontro espiritual, continua… O vento brande gelado açoite sobre a nossa embarcação. E, ao lado da tormenta que sopra no horizonte perdido, no tempo se desenha o abismo das ondas sob a nau frágil em que peregrinamos em busca da salvação verdadeira.

9 É o passado e o presente que se conjugam em dores atrozes, provocando o temporal das lágrimas que nos lavam a alma, nas mais recônditas profundezas. Deixe que a nuvem do firmamento das suas esperanças de mãe se desfaça em chuva de pranto nos seus olhos fatigados. 10 Cada gota desse orvalho divino cai sobre a terra viva do coração, fertilizando-a com bênçãos desconhecidas no mundo, para a plantação gloriosa do futuro. 11 A Senhora tem suportado o furacão à maneira da árvore que sofre e se despedaça sem morrer, a fim de frutificar sempre.

12 Nós, seus filhos na Vida do Espírito, muito poderemos fazer ao seu lado. Construiremos, agora, um novo ninho para aguardá-la. Plantaremos flores, diferentes da Terra, para que sua senda esteja perfumada de esperanças. E cantaremos, em comunhão perfeita, a fim de que lhe seja doce o despertar…

13 A passagem na carne é, por vezes, um pesadelo terrível. Imaginamos que a dor é uma realidade, que o martírio é infindável e que o corpo será sempre uma cadeia inexpugnável… Entretanto, mamãe, quando menos esperamos, surge a claridade da aurora espiritual. Termina a grande sombra, esvai-se a ilusão e a vida real começa…

14 Enquanto o relógio diminui o nosso afastamento, continue com a mesma devoção na sementeira, da caridade. 15 Não percamos o dia, para que o tempo não nos desconheça.

16 Desprendamo-nos de tudo aquilo que na Terra constitua prisão, mesmo doce, para o nosso espírito.

17 A bondade infinita do Céu nos prepara devagarinho, à frente da luta, procedendo à maneira do carinho maternal que não nos relega ao mau tempo, sem agasalho e sem proteção.

18 A verdadeira felicidade para nós não mora na Terra, assim como o contentamento perfeito de uma criança não reside na escola. O mundo em que estagiamos é casa grande de treinamento espiritual, de lições rudes, de exercícios infindáveis.

19 Começamos o curso pela cartilha de vagidos no berço; continuamos pela página dos sonhos e das aspirações habitualmente desfeitos e terminamos o aprendizado em enormes testemunhos de lágrimas, que valem por legítima aferição de valores do espírito. Por isso mesmo, a nossa união tem de ser mais íntima e, sobretudo, mais intensa.

20 Não recue em sua marcha abençoada. Não se deixe vencer pelo desânimo.

21 Tempestades fatais, ciladas traiçoeiras, serpes envenenadas e pedregulhos contundentes vão sendo gradativamente vencidos por nossos pés. E, aqui nos achamos, repletas de calma e desassombro para os deveres que nos competem. Nosso lar, de semana a semana, evolui para a condição de santuário, em que a senhora é o generoso altar de amor que nos alimenta.

22 Com a proteção de Jesus que não nos desampara, peço-lhe distribuir as minhas lembranças com todos os nossos, rogando-lhe receber, com as minhas saudades, o coração afetuoso de sua


Agar


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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