O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

Índice | Página inicial | Continuar

Renascimento espiritual — Familiares diversos


12


Valdir De Vicente

NASCIMENTO: 30 de dezembro de 1956 — DESENCARNAÇÃO: 20 de janeiro de 1982

Desencarnar, momento natural de nossas vidas.

De que maneira? Atitudes, ações, resgate?

Onde nos enquadramos? Com certeza nas ações e resgates. Assim foi a partida de Valdir De Vicente.

“Mãe, já não tenho tantas impressões do acidente em que me envolvi. As lutas decorrentes daquele choque de máquinas estão em minha memória, ao modo de um quadro desbotado pelo tempo… Mas as recordações da família querida vivem comigo, solicitamente resguardadas, procuro disfarçar o assunto, perante os amigos daqui, para que não me suponham demasiadamente fixado no pedaço de céu que foi sempre a nossa união no lar…”

Valdir chocara-se na traseira de um caminhão quando regressava, para seu lar, da cidade de Santos/SP. Evidencia em sua carta-mensagem à sua mãe e familiares as lembranças de sua reintegração com a existência física, os Espíritos que como ele reconhecem quanto se ama aos que ficaram. Nessa visão, Valdir nos concita que a compreensão precisa estar presente nos que partem e nos que ficam, porque quando se ama, a saudade é doída nos dois lados da vida. Portanto, os que ficam devem estabelecer no campo da recuperação da fé, a esperança constante de que o amanhã de Deus será o amanhã de nossos reencontros com os amigos e familiares que estiveram conosco aqui e lá.

Valdir De Vicente, desenhista e arquiteto, formado pela Escola Mário de Andrade desempenhava suas funções artísticas em projetos de construções na empresa de propriedade de seu pai.


MENSAGEM


“A criatura pensa que é fácil desprender-se dos entes que se fazem queridos, no entanto, quem acredita em facilidade no assunto a que me refiro, esbarra com a sensibilidade que mora por dentro do coração…”

1 Querida mamãe Thereza, lembrando-me papai Janoário neste início de carta, peço-lhes me abençoem, como sempre.

2 Querida mamãe, vou seguindo bem, amparado pela tia Thereza e por diversos amigos que me descortinam os caminhos novos.

3 A saudade das famílias é um obstáculo difícil de ser extirpado.

4 A criatura pensa que é fácil desprender-se dos entes que se fazem queridos, no entanto, quem acredita em facilidade no assunto a que me refiro, esbarra com a sensibilidade que mora por dentro do coração e exteriorizando-a especialmente aqui na vida nova que estou vivendo, se vê sob forte abalo porque em verdade, muitos qual me acontece, se voltam para a vida física, e procuram se acomodar com a realidade.

5 E nessa reintegração com a existência física, reconhecem quanto se ama os que ficaram. Registramos, então, uma espécie de conflito compreensível.

6 Estamos gratos aos benfeitores que nos entretecem as atividades para a aquisição de conhecimentos novos. No entanto, pelo amor, continuamos ligados ou quase presos aos que se encontram na retaguarda.

7 E o processo de evolução e aperfeiçoamento quase chega a cair em colapso, ante as nossas próprias indecisões.

8 Noto a querida mamãe a lembrar-me, entretanto, respondo a todas as suas reflexões sem possibilidade de evidenciar-me. Sem fazer humorismo, de minha parte, me sinto à maneira de uma aparelho radiofônico ao qual faltassem válvulas capazes de sonorizar as palavras que deveria emitir no desempenho de suas funções regulares. Isso quer dizer que a minhas saudades são quais essas que lhe povoam o íntimo.

9 Mãe, já não tenho tantas impressões do acidente em que me envolvi. As lutas decorrentes daquele choque de máquinas estão em minha memória, ao modo de um quadro desbotado pelo tempo.

10 Mas as recordações da família querida vivem comigo, solicitando resguardadas, procuro disfarçar o assunto perante os amigos daqui, para que não me suponham demasiadamente fixado no pedaço de céu que foi sempre a nossa união no lar, contudo, por dentro de mim são de tal maneira vivenciadas por meu novo modo de ser que pareço carregar uma chama inapagável no coração.

11 Sei que o seu carinho maternal me compreende, porque em meio das nossas reuniões domésticas, percebo o seu pensamento centralizado, imaginando como seria diferente a nossa alegria se a desencarnação não tivesse vindo buscar-me.

12 Afirmo tudo isso para que a sua bondade me sinta tal qual sou presentemente, um viajante que chegou a uma terra que não lhe era conhecida e teima, debalde em voltar para casa, sem meios de fazer essa viagem de regresso.

13 É muito difícil expressar o que lhe digo, porque as palavras na Terra foram feitas para as situações da Terra, e, para externar os pensamentos e emoções de Espiritualidade, onde me mantenho agora, as expressões verbais do mundo não se ajustam à verdade.

14 Muitos amigos imaginam o mesmo, qual me sucede e lamentamos essa impossibilidade de nos mostrarmos como somos e como estamos.

15 E apesar de tudo, sei que embora sem frases que me definam o presente, o seu amor de mãe me entende e me traduz no campo das vibrações que guardam a propriedade de refletirem a alma, sem quaisquer conceitos propriamente terrestres.

16 Pelo sentimento estamos juntos e desejo imensamente confirmar-lhe a nossa união permanente. Sigo tanto quanto se me faz possível, à vida, iluminado da bênção do Beto e de Fernanda pedindo a Jesus os conserve sempre unidos e felizes.

17 A Zinha, querida irmã, frequentemente me recorda e faço o possível para senti-la contente ao lado de nosso Ferreira, acompanho nosso (Duda) José Roberto com assiduidade diminuindo-lhes os motivos de preocupações para todos os nossos, busco os meios de me fazer lembrado no espelho dos pensamentos tal as saudades que andam comigo, em meus dias novos aqui no mundo espiritual, onde aprendemos a fazer o que se pode e não o que se deseja.

18 Não obstante as minhas observações estou bem, com a dedicação do seu carinho e dos irmãos perfeitamente em dia, porque não posso mudar o meu jeito de ser.

19 Os amigos estão incluídos nesse relatório dos meus sentimentos, Luiz e nosso Rege e os demais residem na minha casa íntima de lembranças esperando em Deus que todos se encontrem felizes.

20 Mãe, o papai Janoário permanece igualmente em meu carinho, como não pode deixar de ser e o seu coração parece-me palpitar dentro do meu.

21 Efetivamente a desencarnação nos modifica o ambiente esterno, mas não nos muda o campo íntimo, no qual a nossa vida se rearticula todos os dias.

22 Não posso esquecer o nosso Wagner e formulo votos a Jesus para que ele se encontre fortalecido e bem disposto.

23 Alguém poderá talvez asseverar que minhas palavras se revestem de um cunho pessoal tão grande, que não consigo senão falar na família e nos companheiros mais íntimos, entretanto não é bem assim.

24 Estou dialogando com a sua bondade e, com isso, dou aos irmãos de fé em Jesus as notícias do que possivelmente lhes acontecerá quando forem chamados à Vida Maior. Vê-se que o céu continua tão belo e indevassável como antes, mas nossos objetivos imediatos estão no mundo mesmo.

25 Estamos onde se encontram aqueles que se fazem as forças de nosso amor. Para o seu carinho, tudo o que digo terá uma especial significação e creia que telepaticamente nos entendemos sempre.

26 Peçamos a proteção de Deus, de uns para com os outros e estejamos confiantes no futuro. Agradeço ao nosso irmão Augusto que muitas vezes tem sido aqui nosso consultor e companheiro. Ele é que me incentivou a vir até aqui para conversar consigo e quero assinalar aqui o meu reconhecimento.

27 Querida mamãe, as saudades são o reflexo do que foi para nós a felicidade e por isso, peço-lhe transmitir a todos os nossos entes amados meu carinho e gratidão de sempre, sem esquecer de enviar muito carinho ao papai Janoário.

28 Para o seu devotamento de mãe deixo-lhe nestas páginas todo o coração repleto de amor e ternura de seu filho.


Valdir

Valdir De Vicente


ESCLARECIMENTOS


Pais: Janoário De Vicente e Thereza De Vicente.

Irmãos: Carlos Alberto De Vicente, Therezinha De Vicente (Zinha), José Roberto De Vicente, Wagner De Vicente.

Cunhada: Fernanda De Vicente.

Cunhado: José Ferreira Leite.

Sobrinho: Reginaldo De Vicente (Rege).

Luiz: Companheiro de viagem que estava no carro na ocasião do acidente.

Tia: Thereza Maia, desencarnada.

Augusto Cezar Netto: filho de Yolanda Cezar, desencarnado.


Rubens S. Germinhasi


Abrir