O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

Índice | Página inicial | Continuar

Quem são — Familiares diversos


1


De coração a coração

1 Querida Su, n o pensamento está erguido para Deus, rogando à Divina Providência abençoar-nos.

2 Não sei contar os dias da ansiedade, nem sei somar as petições que já fiz para que o nosso encontro se realizasse, como sucede agora, em que procuro falar com você, de coração a coração.

3 Não me creia esquecido. Aliás, seria injusto, de minha parte, de conhecer o que ocorre na tela de suas lembranças, com as quais incessantemente me identifico.

4 Tanto amor para a vida tão pouca, certamente alguém poderia dizer. Entretanto, nós ambos sabemos que não é assim.

5 Tanta vida para um amor imperecível, tanta esperança e tantas saudades juntas, aumentando mais amor, nessa mesma luz de confiança recíproca em que sempre vivemos.

6 Enganam-se os que acreditam que a morte possa apagar o coração. As ligações verdadeiras são invulneráveis. Varam o tempo e a morte, a separação aparente e a dor que se nos afigura sem termo, para serem epopeias de lágrimas que, um dia, se transfigurarão em felicidade total.

7 Sou grato ao seu carinho e fidelidade a tudo que foi e ainda é nosso, para ser mais nosso no grande amanhã.

8 Não preciso dizer pra você que o carro despencado foi motivo, a princípio, de muito sofrimento para mim. Afinal, você e eu somávamos a vida em si, e aquele afastamento brusco era em nós dois uma lesão que se fez cicatrizada, mas sem cura essencial.

9 A querida vovó Doca n e o querido avô Francisco n me consolaram.

10 O Domingos, n que reencontrei na personalidade de um valoroso rapaz, meu amigo e meu irmão, me amparou de braços abertos, mas em tudo via você a chamar-me com o pranto entre nós, à feição de uma nuvem que nos envolvesse numa tempestade de dor.

11 Com você ficava a minha Vitória-Régia, a mais bela de todas que escolhera para enfeitar-me a vida e sustentar-me o coração. Entretanto, pedi aos amigos daqui a livrassem do pesadelo da autodestruição.

12 Dias terríveis aqueles em que me via ao seu lado, tentando reconduzi-la a uma tranquilidade que não mais lhe podia dar. Agora, porém, choramos de esperança.

13 A tormenta cedeu lugar à paz, e espiritualmente me sinto mais leve ao reconhecer que você venceu a batalha íntima da inconformação. Continue trabalhando, prossiga vivendo.

14 Sou eu ainda o seu companheiro e o seu amigo. Não permita que a tristeza lhe despoje os sonhos de confiança no futuro.

15 Às vezes, em pleno voo, no trabalho que o Senhor lhe concedeu, noto-lhe a coragem nas horas difíceis, e admiro-lhe o valor enfibrado no sofrimento. Tenho a ideia de que você adquiriu asas poderosas, a fim de alimentar a paz de muita gente.

16 Espere a felicidade nossa, prosseguindo em suas tarefas. Tudo, tudo o que é nosso está guardado no coração do companheiro que não a esquece.

17 Sei quantos sacrifícios fez você para vir até aqui; tentando um encontro rápido, ainda que fosse na dimensão de um telegrama curto, mas, com permissão dos instrutores desta Casa, posso escrever pra você destilando o próprio coração em minhas frases.

18 Querida Su, perdoe a todos aqueles que não nos compreenderam e nem nos compreendem ainda, seja feliz e viva confiante, na certeza de que temos Deus. Deus que nos uniu, nunca haveria de separar-nos.

19 Guarde o seu sorriso amigo e espontâneo para restabelecer a segurança e a paz de todos os nossos momentos oportunos. Agora, não é um novo adeus. É a promessa de presença invariável.

20 Nunca se sinta só. Eu sou a sua compreensão, tanto quanto você é a minha força. Unidos em Deus, venceremos.

21 Não sei o que escrever para expressar o carinho do noivo presente e aparentemente distante.

22 A alegria de sentir a sua fé me comove. Tenho lágrimas.

23 Querida, não são lágrimas de dor e sim de alegria ao verificar-lhe a confiança e a sinceridade. Estaremos juntos.

24 Se posso selar esta carta com o meu próprio coração; receba-o com todo o meu reconhecimento e carinho. É seu.

25 É seu, como sempre, com toda a lealdade e com todo o amor, com todo o imenso amor do seu


Nathon n


PAZ E CONFORMAÇÃO


Em carta datada de 24 de novembro de 1979 e dirigida ao Dr. Eurípedes Higino dos Reis, eis como se expressou a destinatária da mensagem recebida pelo médium Xavier, no Grupo Espírita da Prece, a 22 de junho de 1979, em Uberaba, a que demos o título de “De Coração a Coração”:

“Nem sei como devo começar, e, tentar me identificar, embora saiba que devido ao número imenso de pessoas, que vão até nosso querido irmão Chico Xavier, buscar um pouco de consolo, e um pouco de paz, talvez seja difícil que você se lembre de mim.

Mas, vou tentar: sou do Rio, e estive aí em Uberaba, no dia 22 de junho (próximo passado), e recebi uma mensagem do meu noivo que desencarnou em Manaus, há três anos.

Fui ao Chico Xavier, pela primeira vez, e fui muito feliz, consegui muita paz e conformação para continuar a viver, graças a Deus.

(…)

Qualquer notícia vinda do Chico Xavier, sempre é muito importante para mim!

Meu Nome: Suanny Ramalho Gomes. Rua: Figueiredo de Magalhães, n.º 144, Apto. 511 Copacabana, CEP. 2203 — Rio de Janeiro — RJ.

Sem mais, aqui termino pedindo ao Sagrado Coração de Jesus que sempre ilumine e abençoe a todos vocês.

Uma irmã, eternamente grata,

Suanny.”


Depois de ligeiro contato por telefone, carregado de muita emoção, assim se dirigiu Su ao autor destes apontamentos:


“Rio, 8/7/1980.

Dr. Elias,

Conforme o combinado, seguem os dados que o senhor me pediu.

Espero que esteja tudo certo.

Se precisar de mais alguma coisa, estou aqui no Rio, à sua disposição.

Para mim, é sempre uma felicidade renovada falar de uma mensagem que me deu forças para continuar a viver.

Qualquer dúvida, o senhor pode me escrever ou telefonar, que me apressarei a lhe responder.”


1 — Nathon: Nathaniel José Furtado Xavier de Albuquerque.

Nascimento: 17 de agosto de 1953, em Manaus, Estado do Amazonas.

Desencarnação: 29 de agosto de 1976, também em Manaus.

2 — Su: Suanny Ramalho Gomes.

3— Vovó Doca: Avó materna de Nathaniel.

4 — Avô Francisco: Avô materno de Suanny.

5 — Domingos: Domingos Savio, irmão de Suanny.

(…)

“As ligações verdadeiras são invulneráveis. Varam o tempo e a morte, a separação aparente e a dor que se nos afigura sem termo, para serem epopeias de lágrimas que, um dia, se transfigurarão em felicidade total.”

“Com você ficava a minha Vitória-Régia, a mais bela de todas que escolhera para enfeitar-me a vida e sustentar-me o coração.


Sem mais, aqui termino aguardando um comunicado seu.

Atenciosamente,

Suanny /Su.


Obs.: Esta é a única foto que eu tenho dele, que é pequena. As outras são todas grandes, são posters ou fotos de porta-retratos grandes.

Su.”


Elias Barbosa


Texto extraído da 7ª edição desse livro.

Abrir