O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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O Evangelho por Emmanuel — Volume VI

Comentários às Cartas de Paulo

Introdução à Carta aos Filipenses

A Carta aos filipenses é uma das cartas de Paulo que mais se aproxima do gênero carta pessoal do primeiro século. Muitos temas particulares e a forma pela qual é redigida denotam um tom particularmente íntimo que permeia todo o texto.

Desde os registros mais antigos, Filipenses é considerada uma carta legítima de Paulo. Inácio de Antioquia a conhece e a cita, Clemente de Roma, Irineu, Tertuliano e Policarpo também utilizam esse texto. Tanto o cânone reduzido de Marcião como o de Muratori incluem Filipenses.


Estrutura e temas

Remetente: Paulo e Timóteo | Capítulos: 4 | Versículos: 104


   Destinatários, saudações e agradecimentos. | 1.1-11
Os problemas se converteram em benefícios. | 1.12-26
Exortações a permanecerem firmes na fé e na humildade. | 1.27 — 2.5
Hino a Jesus. | 2.6-11
Não redamar mesmo diante do sacrifício extremo. | 2.12-18
Timóteo visitará a comunidade. | 2.19-24
Notícias de Epafrodito. | 2.25-30
Alerta em relação aos dissimulados e adversários. | 3.1-3
Relembrando a própria história. | 3.4-16
Recomendação para que sigam o exemplo de Paulo. | 3.17-21
Conselhos dirigidos a membros da comunidade. | 4.1-9
Agradecimentos. | 4.10-20
Saudações finais. | 4.21-23


A comunidade

A cidade de Filipos foi fundada por Felipe da Macedônia, pai de Alexandre, o Grande, em 358/357 a.C. Em 168 a.C., foi incorporada ao Império Romano e, em 42 a.C., a cidade foi convertida em colônia militar. Esse fato e ainda a sua localização próxima da Via Egnatia conferiam à cidade um status importante. Apesar de ter uma comunidade judaica, não havia sinagoga em Filipos.

Paulo fundou a comunidade na sua segunda viagem, na casa de Lídia. n O apoio dessa comunidade a Paulo foi, particularmente, grande, o que se depreende da ajuda enviada, cuja resposta deu origem à carta (Filipenses, 4.10 a 18), tendo Timóteo como portador. Dois acontecimentos durante a fundação dessa comunidade merecem menção. O primeiro é a libertação de uma pitonisa e o segundo, a conversão do carcereiro, ambos relatados em Atos dos apóstolos, capítulo 16.
Paulo teria visitado essa comunidade várias vezes e embora existam menções de problemas dentro da comunidade, eles são certamente menores do que os que foram tratados em outras cartas.


Data e origem

Paulo está preso quando escreve a carta (Filipenses, 1.13) e o problema da datação está intimamente ligado ao local dessa prisão. Somente no século XVIII, o relativo consenso de que Filipenses teria sido escrita em Roma foi colocado em dúvida, sob o argumento principal de que a distância entre Roma e Filipos era muito grande para permitir a correspondência a que a própria carta se refere. Três hipóteses foram levantadas pelos estudiosos: Roma, Éfeso e Cesareia, todos locais onde Paulo estivera preso. Hoje em dia, contudo, somente Roma e Éfeso são defendidas, visto que a hipótese de Cesareia oferece mais dificuldades do que soluções.
Dada essa divergência de locais, as datas de origem podem variar entre os anos de 51 e 64, caso se opte por um ou outro local como sendo o da redação da carta.


Perspectiva espírita

Em um comentário feito em Filipenses, 4.22, intitulado “Na casa de César”, Emmanuel deixa claro que os “da casa do imperador” são realmente pessoas que frequentavam o palácio imperial. Dessa forma, de acordo com o autor espiritual, Paulo está em Roma quando escreve aos filipenses.

A Carta aos filipenses é marcada por uma exortação ao sentimento de alegria, mesmo entre as maiores dificuldades, uma vez que, a vinda de Jesus, o amor a Deus e a possibilidade da convivência constituem motivos de regozijo, ainda que a pessoa se veja envolvida em circunstâncias adversas. A Doutrina Espírita reforça esse sentimento, na medida em que, descortinando ao homem o seu futuro espiritual, apresenta os sofrimentos humanos como percalços temporários de uma jornada, que o conduz ao seu destino real. n Por outro lado, ao reconhecer em Jesus o modelo de conduta, apresenta um caminho seguro que todos podem trilhar na busca da redenção.



[1] Recomendamos ao leitor a leitura do volume 5 desta coleção 2ª parte - versículos Atos, 16.1 a 40, para informações acerca da fundação dessa comunidade e dos acontecimentos ali transcorridos. (Nota do organizador)


[2] Ver O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo 2, item 5 - O ponto de vista. (Nota do organizador)


Saulo Cesar Ribeiro da Silva


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