O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Na era do Espírito — Autores diversos — F. C. Xavier / J. Herculano Pires


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Presente de Natal

Oferecemos, como presente de Natal, uma explicação de Chico Xavier sobre a posição de Jesus perante Deus, o Universo e a Terra. ( † ) Substituímos neste capítulo a mensagem psicográfica pelas palavras do próprio médium, proferidas em entrevista a nós concedida no início de 1972.  n

Esta é uma página inédita. Nunca foi publicada; seus conceitos estão de plena conformidade com a Doutrina Espírita.

Na entrevista, o médium, como sempre, estava amparado por seu guia espiritual; mas, como se vê pelos próprios termos da explicação, ele falava por si mesmo. E teve a oportunidade de nos revelar uma das maneiras pelas quais Emmanuel lhe transmite os seus ensinos.


COMO CONSIDERAMOS JESUS


Chico Xavier


1 Do que posso pessoalmente compreender, dos ensinamentos dos Espíritos Amigos, consideramos Jesus-Cristo como sendo Espírito de evolução suprema, em confronto com a evolução dos chamados terrícolas que somos nós outros. 2 Não o senhor do sistema solar, com todo o respeito que temos à personalidade sublime de Jesus, mas consideramo-lo como supremo orientador da evolução moral do planeta. 3 E os Espíritos como Buda, como Zoroastro, como aqueles outros grandes instrutores da Índia e da Grécia, por exemplo, que eram considerados orientadores ou chefes de grandes movimentos mitológicos, serão ministros do Cristo, pois não temos ainda outra definição para classificá-los, dentro dos nossos parcos conhecimentos a respeito da nossa História no lado espiritual da vida.

4 Vemos que Jesus convidou doze discípulos. Eram discípulos humanos tanto quanto nós, para que não fôssemos instruídos por anjos, pois senão nada entenderíamos da Doutrina do Cristo. 5 Teríamos de entender a doutrina com os discípulos também humanos, frágeis portadores de deficiências como as nossas, embora respeitemos, nos doze, personalidades eminentemente elevadas em confronto com a nossa posição atual na Terra. 6 Mas, do Plano espiritual, Ministros do Senhor cooperaram, cooperam e cooperarão sempre para que a nossa personalidade se consolide cada vez mais no Plano físico.

7 Nós estamos, vamos dizer, no limiar da era do espírito, mas estamos ainda sacudidos por grandes calamidades psicológicas, como a Terra no seu início, como habitação sólida, esteve movimentada por grandes convulsões. 8 Psicologicamente estamos sacudidos por esses movimentos que dificultam a nossa compreensão. Mas os Ministros do Senhor estão cooperando para que alcancemos a segurança, com a estabilidade precisa, para que o planeta seja realmente promovido a mundo de paz e felicidade para todos os seus habitantes. (Não sei se expliquei bem).

9 O Criador, a nosso ver, conforme ensinam Espíritos Amigos que nos visitam — é o Criador. Não podemos ainda ter outra definição de Deus mais alta do que aquela de Jesus-Cristo quando o chamou de Pai Nosso. 10 Além disso, a nossa mente vagueia como se estivéssemos em águas demasiadamente profundas, sem recursos para tatear a terra sólida. 11 Pai Nosso, Deus Criador do Universo. 12 Então, a força que Deus representa ter-se-ia manifestado em Jesus-Cristo para que ele, como um grande engenheiro, de mente quase divina, pudesse realizar prodígios sob a inspiração de Deus na plasmagem, na estruturação do mundo maravilhoso que habitamos. Mas não consideramos Jesus como Criador, conquanto o respeito que lhe devemos.

13 Acho formidável o que o Prof. Herculano Pires disse. Quer dizer que Jesus seria o demiurgo da Terra. E o demiurgo do sistema solar será, então, um demiurgo da mais alta potência construtora. 14 A esse respeito peço licença para dizer que certa feita, indagando de Emmanuel qual a posição de Jesus no sistema solar, ele me respondeu que ficasse, a respeito de Deus, com a expressão do Pai Nosso dita por Jesus e não perguntasse muito, porque eu não tinha mente capaz de entrar no domínio desses conhecimentos com a segurança precisa. 15 Eu insisti e ele então desdobrou um painel à minha vista, num fenômeno mediúnico.

16 Apareceu então a Terra na Comunidade dos Mundos do nosso sistema evolutivo em torno do Sol. O nosso Sol, depois, em outra face do painel, evoluindo para a constelação que, se não me engano, é chamada de Andrômeda. 17 Depois, essa constelação, arrastando o nosso sistema e outros, evoluía em direção a outra constelação que já não tinha nome na minha cabeça. Essa outra constelação avançava para outra muito maior dentro da nossa galáxia. 18 Depois, apareceu a nossa galáxia, imensa, como se uma lente de alta potencialidade estivesse entre os meus olhos e o painel. 19 E a nossa galáxia evoluía com outras galáxias em torno de uma nebulosa enorme e que Emmanuel me disse que passava a evoluir em torno de outras nebulosas.

20 Então, a minha cabeça ficou cansada e eu pedi para voltar, como se tivesse saído de um foguete da Terra e me perdesse pelo espaço a fora e sentisse uma vontade louca de voltar a ser gente e ficar outra vez no meu lugar. Porque tudo está dentro da Ordem Divina. Cada mundo, cada sistema, cada galáxia, orientados por Inteligências Divinas, e Deus para lá disso tudo, sem que possamos fazer-lhe uma definição. Senti uma vontade enorme de voltar para a minha cama e tomar café quente!


O FILHO DE DEUS


Irmão Saulo


A explicação de Chico Xavier vale por uma definição da posição espírita ante o problema do Cristo. O chamado “Dogma de Cristo” [v. Credo] é uma criação da teologia cristã, mas não dos Evangelhos, onde a posição de Jesus é bem clara, considerando-se ele mesmo como filho de Deus e nosso irmão, pois também se chamava a si próprio de filho do homem. O Natal de Jesus, portanto, não é o Natal de Deus. A visão mediúnica do Cosmos, descrita por Chico Xavier, dá-nos a ideia grandiosa do Criador através da sua obra.

A posição espírita no assunto é considerada herética pelas religiões cristãs que chegam mesmo a negar ao Espiritismo a sua natureza cristã. Com mais razão, com mais lógica, os espiritistas consideram herética a doutrina que faz de Jesus a encarnação de Deus. Mas nem por isso os espiritistas deixam de participar das comemorações do Natal que consideram como o dia da fraternidade humana por excelência, traduzida em caridade efetiva na assistência aos necessitados. Assim, o princípio do amor supera as divergências teológicas, unindo todos os cristãos na adoração espiritual do Cristo e no cumprimento da sua lei única: a de amarmos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.

O fundamento do Universo é uma lei única: a lei do amor. Dela derivam todas as leis conhecidas e desconhecidas. Deus é amor, definiu João no seu Evangelho. E Jesus resumiu toda a Lei e os Profetas na lei áurea do amor. É o poder do amor que faz as galáxias girarem no infinito e as constelações atômicas girarem no finito.



[2] Em comemoração ao 1.º aniversário do Programa “No Limiar do Amanhã” produzido pelo Grupo Espírita Emmanuel, São Bernardo do Campo — SP, e apresentado pela Rádio Mulher de São Paulo.


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