O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Mecanismos da mediunidade — André Luiz — F. C. Xavier / Waldo Vieira


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Psicometria

(Sumário)

1. MECANISMO DA PSICOMETRIA. — Expondo algumas anotações em torno da psicometria, considerada nos círculos medianímicos por faculdade de perceber o lado oculto do ambiente e de ler impressões e lembranças, ao contato de objetos e documentos, nos domínios da sensação a distância, 2 não é demais traçar sintéticas observações acerca do pensamento, que varia de criatura para criatura tanto quanto a expressão fisionômica e as marcas digitais.

3 Destacaremos, assim, que, em certos indivíduos, a onda mental a expandir-se, quando em regime de “circuito fechado”, na atenção profunda, carreia consigo agentes de percepção avançada com capacidade de transportar os sentidos vulgares para além do corpo físico, no estado natural de vigília.

4 O fluido nervoso ou força psíquica, a desarticular-se dos centros vitais, incorpora-se aos raios de energia mental exteriorizados, neles configurando o campo de percepção que se deseje plasmar, segundo a dileção da vontade, conferindo ao Espírito novos poderes sensoriais.

5 Ainda aqui, o fenômeno pode ser apreendido, guardando-se por base de observação as experiências do hipnotismo comum, nas quais o sensitivo, — muitas vezes pessoa em que a força nervosa está mais fracamente aderida ao carro fisiológico, — deixa escapar com facilidade essa mesma força, que passa, de pronto, ao impacto espiritual do magnetizador.

6 O hipnotizado, na profundez da hipnose, pode, então, libertar a sensibilidade e a motricidade, transpondo as limitações conhecidas no cosmo físico.

7 Nestas ocorrências, sob a sugestão do magnetizador, o “sujet”, com a energia mental de que dispõe, desassocia o fluido nervoso de certas regiões do veículo carnal, passando a registrar sensações fora do corpo denso, em local sugerido pelo hipnotizador, 8 ou impede que a mesma força circule em certo membro, — um dos braços por exemplo, — que se faz praticamente insensível enquanto perdure a experiência, 9 até que, ao toque positivo da vontade do magnetizador, ele mesmo reconduza o próprio pensamento revitalizante para o braço inerte, restituindo-lhe a energia psíquica temporariamente subtraída.


2. PSICOMETRIA E REFLEXO CONDICIONADO. — Nas pessoas dotadas de forte sensibilidade, basta o reflexo condicionado, por intermédio da oração ou da centralização de energia mental, para que, por si mesmas, desloquem mecanicamente a força nervosa correspondente a esse ou àquele centro vital do organismo fisiopsicossomático, entrando em relação com outros impérios vibratórios, dos quais extraem o material de suas observações psicométricas.

2 Aliás, é imperioso ponderar que semelhantes faculdades, plenamente evidenciadas nos portadores de sensibilidade mais extensamente extroversível, esboçam-se, de modo potencial, em todas as criaturas, através das sensações instintivas de simpatia ou antipatia com que se acolhem ou se repelem umas às outras, na permuta incessante de radiações.

3 Pela reflexão, cada Inteligência pressente, diante de outra, se está sendo defrontada por alguém favorável ou não à direção nobre ou deprimente que escolheu para a própria vida.


3. FUNÇÃO DO PSICÔMETRA. — Clareando o assunto quanto possível, vamos encontrar no médium de psicometria a individualidade que consegue desarticular, de maneira automática, a força nervosa de certos núcleos, como por exemplo os da visão e da audição, transferindo-lhes a potencialidade para as próprias oscilações mentais.

2 Efetuada a transposição, temos a ideia de que o medianeiro possui olhos e ouvidos a distância do envoltório denso, 3 acrescendo, muitas vezes, a circunstância de que tal sensitivo, por autodecisão, não apenas desassocia os agentes psíquicos dos núcleos aludidos, mas também opera o desdobramento do corpo espiritual, em processo rápido, 4 acompanhando o mapa que se lhe traça às ações no espaço e no tempo, com o que obtém, sem maiores embaraços, o montante de impressões e informações para os fins que se tenha em vista.


4. INTERDEPENDÊNCIA DO MÉDIUM. — Como em qualquer atividade coletiva entre os homens, é forçoso convir que médium algum pode agir a sós, no plano complexo da psicometria.

2 Igualmente, aí, o sensitivo está como peça interdependente no mecanismo da ação.

3 E como é fartamente compreensível, se os companheiros desencarnados ou encarnados da operação a realizar não guardam entre si os ascendentes da harmonização necessária, claro está que a onda mental do instrumento mediúnico somente em circunstâncias muito especiais não se deixará influenciar pelos elementos discordantes, invalidando-se, desse modo, qualquer possibilidade de êxito nos tentames empreendidos.

4 Nesse campo, as formas-pensamentos adquirem fundamental importância, porque todo objeto deliberadamente psicometrado já foi alvo de particularizada atenção.

5 Quem apresenta ao psicômetra um pertence de antepassados, na maioria das vezes já lhe invocou a memória e, com isso, quando não tenha atraído para o objeto o interesse afetivo, no Plano Espiritual, terá desenhado mentalmente os seus traços ou quadros alusivos às reminiscências de que disponha, estabelecendo, assim, recursos de indução para que as percepções ultra-sensoriais do médium se lhe coloquem no campo vibratório correspondente.


5. CASO DE DESAPARECIMENTO. — Noutro aspecto, imaginemos que determinado objeto seja conduzido ao sensitivo para ser psicometrado, com vistas a certos objetivos.

2 Para clarear a asserção, suponhamos que uma pessoa acaba de desaparecer do quadro doméstico, sem deixar vestígio.

3 Buscas minuciosas são empreendidas sem resultado.

4 Lembra-se alguém de tomar-lhe um dos pertences de uso pessoal, um lenço por exemplo.

5 A recordação é submetida a exame de um médium que reside a longa distância, sem que informe algum lhe seja prestado.

6 O médium recolhe-se e, a breve tempo, voltando da profunda introspecção a que se entregou, descreve, com minúcias, a fisionomia e o caráter do proprietário, reporta-se ao desaparecimento dele, explana sobre pequeninos incidentes em torno do caso em lide, esclarece que o dono desencarnou, de repente, e informa o local em que o cadáver permanece.

7 Verifica-se a exatidão de todas as notas e, comumente, atribui-se ao psicômetra a autoria integral da descoberta.

8 Entretanto, analisado o episódio do Plano Espiritual, outras facetas ele revela à visão do observador.

9 Desencarnado o amigo a que aludimos, afeições que ele possua na Esfera extrafísica interessam-se em ajudá-lo, auxílio esse que se estende, naturalmente, à sua equipe doméstica. 10 Pensamentos agoniados daqueles que ficaram e pensamentos ansiosos dos que residem na vanguarda do Espírito entrecruzam-se na procura movimentada.

11 Alguém sugere a remessa do lenço para investigações psicométricas e a solução aparece coroada de êxito.

12 Os encarnados veem habitualmente apenas o sensitivo que entrou em função, mas se esquecem, não raro, das Inteligências desencarnadas que se lhe incorporam à onda mental, fornecendo-lhe todos os avisos e instruções, atinentes ao feito.


6. AGENTES INDUZIDOS. — Todos os objetos e ambientes psicometrados são, quase sempre, francos mediadores entre a Esfera física e a Esfera extrafísica, 2 à maneira de agentes fortemente induzidos, estabelecendo fatores de telementação entre os dois Planos.

3 Nada difícil, portanto, entender que, ainda aí, prevalece o problema do merecimento e da companhia.

4 Se o consulente e o experimentador não se revestem de qualidades morais respeitáveis para o encontro do melhor a obter, podem carrear à presença do sensitivo elementos desencarnados menos afins com a tarefa superior a que se propõem, 5 e, se o intermediário humano não está espiritualmente seguro, a consulta ou a experiência resulta em fracasso perfeitamente compreensível.

6 Nossas anotações, demonstrando o extenso campo da influenciação dos desencarnados, em todas as ocorrências da psicometria, 7 não excluem, como é natural, o reconhecimento de que a matéria assinala sistemas de vibrações, criados pelos contatos com os homens e com os seres inferiores da Natureza, possibilitando as observações inabituais das pessoas dotadas de poderes sensoriais mais profundos, 8 como por exemplo na visão, através de corpos opacos, 9 na clarividência e na clariaudiência telementadas, 10 na apreensão críptica da sensibilidade 11 e nos diversos recursos radiestésicos ( † ) que se filiam notadamente aos chamados fenômenos de telestesia.


André Luiz


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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