O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Lar-oficina, esperança e trabalho — Familiares diversos


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Família Chapela

Para José Luiz, voar sempre foi o objetivo de sua vida. Aos 19 anos já era piloto privado. De formação católica, possuía poucos conhecimentos sobre a Doutrina Espírita, apesar de sua mãe professar a mesma há mais de 30 anos e, vez ou outra, levar-lhe alguma informação, sem entrar no seu espaço religioso, em respeito a sua convicção.

Em 03 de setembro de 1982, José Luiz substituía outro piloto que, no último momento se viu impossibilitado de fazer o voo, por problemas de saúde em família.

O avião partiu de São Paulo com escalas no Rio, Brasília e Tucuruí, devendo pousar em Porto Velho ou, como alternativa de voo, na cidade de Rio Branco-Acre. Em Porto Velho não foi possível pousar devido ao mau tempo reinante, prosseguindo para o citado plano alternativo. O Aeroporto Internacional estava com falta de energia elétrica e seus funcionários participavam de alguma homenagem nas imediações.

Várias tentativas de pouso foram feitas.

A população tentava iluminar o local, sem muitos recursos, por impedimento do funcionário responsável. O combustível esgotara. O acidente era inevitável.

José Luiz foi atendido até no momento de sua desencarnação. Sempre desejou partir deste mundo fazendo o que mais gostava, voando.

Ele nasceu para voar.

Neste acidente partiram para o Plano Espiritual, o Comandante Wanderlyr A. Wittitz, os casais de passageiros Jaime e Helena Júlia Barcessat; Fausto Cesar e Elaine Guimarães; Geraldo Affonso e Denise L. Prates; Antônio Eduardo e Maria da Glória Almeida.

José Luiz formou-se piloto comercial pela Escola Superior de Aviação em 1979 e contava com mais de 1.000 horas de voo.

Em maio de 1983, precisamente no dia 19, Dona Piedade foi a Uberaba com um grupo de mães para conhecer de perto os trabalhos de Chico Xavier. Ficou sabendo que, apenas escrevendo um bilhete com a data de nascimento e desencarnação e o nome do ente querido, poderia receber alguma notícia. Na oportunidade, colocou o bilhete no bolso do paletó de Chico Xavier.

Exatamente um mês depois, em 19.06.1983, D. Piedade dormia e, na madrugada acordou com a voz do filho que lhe dizia: — “Mamãe, já recebi a carta do Chico Xavier.”
— E pensou: — Que carta?

Pela manhã lembrou-se do bilhete deixado no bolso de Chico.

Em agosto é convidada a colaborar no trabalho de assistência ao próximo, no LAR-OFICINA, sob a orientação de D. Yolanda Cezar. Assim o fez.

Em setembro retorna a Uberaba ainda sem esperança de receber a mensagem, mesmo sabedora do recado do seu filho, entendendo a necessidade do conforto espiritual a outras mães presentes.

Surpresa, no segundo dia de visita, a mensagem foi psicografada.

Por solicitação, Dona Piedade conta o valor dos esclarecimentos contidos na carta de seu filho Chapela.

“A mensagem sem dúvida trouxe o alívio imediato das minhas aflições e dos meus familiares, bem como configurou o crédito aos bilhetes recebidos pela médium D. Marta, posicionando-nos no procedimento a seguir quanto às suas últimas palavras à Torre de Controle, que se encontram em gravação, sugerindo o esquecimento.

Demonstra o alto nível de respeito ao desespero dos passageiros quando nos diz: “Que nos poupem a repetição do choro e dos gritos de dor das nossas irmãs, que se nos faziam companheiras de viagem!”

Consolidou ainda mais a crença da família para a outra Vida e a ajuda dos Grupos Socorristas Espirituais para os acidentados.

Ensinou-me que com a perda de quem amamos, pela experiência adquirida com nossa dor, seja mantida a calma interior. Sabemos ser difícil, mas é a base do equilíbrio tanto para quem parte como para quem fica. O recomeço será mais tranquilo. As vibrações mais serenas são as do amor, na sustentação da saudade que se inicia, sem desespero.

Chico Xavier é esta calma que eleva a criatura humana. É o plano, é a missão, é a oportunidade e o alento da saudade que Deus nos dá por sua misericórdia.”




ESCLARECIMENTOS NECESSÁRIOS DE PESSOAS OU FATOS CONSTANTES NA MENSAGEM ESPIRITUAL


JOSÉ LUIZ DA SILVA CHAPELA: Nascimento: 26 de setembro de 1959 — Desencarnação: 03 de setembro de 1982 — Idade: 23 anos. n

PAIS: Luiz Gonzaga Chapela e Piedade Alves da Silva Chapela — Rua Nova Orleans, 259, Brooklin, São Paulo, SP.

IRMÃS: Ana Maria Chapela e Sandra Maria Chapela.

IRMÃO NOEL: Noel Rosa; compositor falecido.

NOSSA MARTA: Marta Gallego Thomaz, médium de psicografia do Grupo Espírita Noel Rosa.



[1] [No livro impresso a foto do autor espiritual está logo abaixo dessa referência biográfica.]
Antecipamos os nomes de pessoas ou fatos, para melhor identificação na leitura da mensagem espiritual.




JOSÉ LUIZ DA SILVA CHAPELA


1 Querida mãezinha Piedade, estou realmente sensibilizado, à frente de suas lembranças, solicitando confirmação do que lhe tenho afirmado no grupo orientado por nosso irmão Noel e pela bondade de nossa Marta, irmã e missionária do bem, com Jesus.

2 Efetivamente, temos amigos que me estranham nas mensagens ligeiras que venho transmitindo, mas, não será justo repetir depois da desencarnação inevitável as nossas vozes de receio e de angústia diante do inevitável.

3 Essas vozes, clamando por socorro, estão registradas, podem ser ouvidas, foram arquivadas e estudadas e admito que bastará isso para que os nossos amigos e familiares do mundo venham a saber quanto nos custou em sofrimento a queda do avião, que não mais conseguia se manter nas estradas aéreas.

4 Que nos poupem a repetição do choro e dos gritos de dor das nossas irmãs que se nos faziam companheiras de viagem… Todo esse coro de lágrimas e preces ainda soa dentro de mim…

5 Por mais que buscássemos suprimento à sustentação da máquina, semelhante suprimento de recursos era impossível nas condições em que nos achávamos e o choque brutal foi amenizado pela assistência do pessoal de serviço nas ambulâncias da Providência Divina que nos esperavam, sem que os homens, nossos irmãos, se dessem conta de semelhante auxílio. 6 Quando notei que mãos vigorosas me erguiam do chão, restituindo-me o pensamento a fim de compreender toda a extensão do acidente de que fôramos vítimas, entendi que o socorro espiritual é muito maior do que poderíamos imaginar enquanto na Terra. 7 Fomos hospitalizados fraternalmente em recantos socorristas, sediados na Terra mesmo e, gradativamente, retornamos à própria personalidade, cada qual de nós com determinada soma de preocupações, conforme os laços e os muitos que deixamos na retaguarda. 8 E essa base de apoio nos favorece e nos prepara, ante o futuro, auxiliando-nos a inflar coragem e paz nos entes queridos que ficaram no Plano Físico e vamos seguindo com as melhoras espirituais que a nossa compreensão nos possibilita.

9 Cada amigo e cada irmão se reconforta e se restaura à medida que aceita o acidente doloroso, revigorando-se na fé em Deus, cujas leis funcionam em toda parte.

10 Seja dentro de noites tempestuosas em que carros ameaçados pela tormenta ziguezagueiam na lama, diante do vento que os empurram para o desconhecido; 11 seja nas embarcações, transviadas no mar encrespado de ondas perigosas e gigantescas, impelidas para os rochedos ocultos na amplidão das águas que a fúria dos tufões desgoverna 12 ou seja nos ares, quando vemos a nossa nave voadora, em crise, prestes a se despenhar nos abismos do mundo, 13 seja em qualquer parte, as leis de Deus estão presentes vigiando os elementos e controlando-os ou, muitas vezes, deixando-lhes inteira liberdade para os acontecimentos considerados infelizes, operando unicamente segundo o critério de nossos méritos ou de nossas dívidas.

14 Naquelas horas difíceis que felizmente já ficaram para trás, imperaram os nossos débitos e caímos, não sem o amparo das mesmas Leis Divinas que pertencem aos domínios da Justiça e se exercem nas faixas da Misericórdia. 15 Existem imensidades e mais imensidades no amor infinito de Deus para que não sejamos arrojados ao túmulo e à morte, sem amparo e defesa.

16 Graças a Deus, vencemos parecendo vencidos e embora déssemos a ideia de criaturas derrotadas, as mãos daqueles benditos Seareiros do Senhor nos levantavam em triunfo.

17 Por isso, querida mãezinha Piedade, se sofremos, a nossa provação terminou, e após o rescaldo escabroso do acontecimento, já nos preparamos todos a fim de ser úteis aos nossos entes amados que ficaram no mundo.

18 Desejo que o seu coração, o do papai Luiz, e das irmãs queridas Ana e Sandra saibam disso e, com o reconforto das preces que nos endereçaram, aqui me comunico para agradecer, agradecer aos familiares e a todos os amigos que nos lembraram comovidamente. Comovidamente, também, retribuímos os votos de paz que nos enviaram pedindo a Jesus que os recompense.

19 Não me sendo possível ser mais extenso e agradecendo aos integrantes dessa nossa bendita reunião pela possibilidade de algo lhe dizer, aqui me despeço do ponto de vista das letras, para estarmos sempre juntos, tanto quanto possível, nos caminhos de nossa vida diária.

20 Receba, assim, querida mamãe Piedade, todo o carinho e toda a gratidão de seu filho, sempre mais seu nas luzes da Vida Espiritual.
Sempre o seu


José Luiz


Rubens A. Germinhasi


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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