O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Luz acima — Irmão X


21


Tentando explicar

1 Entre os que protestam contra o nosso correio informativo, alega você impossibilidade de crer em nossos trabalhos salvacionistas, com utilização de apetrechos que parecem copiar o material terrestre.

2 Aqui, referimo-nos a redes luminosas; acolá, descrevemos sistemas defensivos.

3 Realmente, vocês que ainda permanecem chumbados ao chão do Planeta, não devem ser constrangidos a aceitar o que não veem.

4 Um botânico europeu dá notícias ao colega americano da existência de plantas desconhecidas na região equatorial. O interessado, se deseja certificar-se pessoalmente, concorda com os sacrifícios da viagem e observa por si mesmo. 5 Em nosso caso, não regateamos o noticiário e a viagem para a análise requerida é possível; no entanto, quem se dispõe a pagar o preço, constituído de esforço e aperfeiçoamento na renúncia?

6 Quase sempre, vocês chegam aqui, como aconteceu a nós mesmos, brutalmente projetados pela morte, à maneira do foguete que os sábios pretendem atirar à face da Lua.

7 Com referência ao assunto, assevera você que a força mental dos Espíritos desencarnados dispensaria semelhantes recursos e, por fundamentar a assertiva, declara que os seus doentes psíquicos, obsidiados por entidades perversas, cedem perfeitamente às suas emissões magnéticas, no uso da oração. Não duvido de suas possibilidades regeneradoras e curativas.

8 Habituou-se, porém, você, aos cálculos da multiplicação? Admite, porventura, que a força suscetível de ser colhida na queda de um regato seja idêntica ao potencial da cachoeira?

9 Transfira essa imagem para as energias associadas do mal e faça a conta.

10 Provavelmente, lembrará que nos compete canalizar os recursos do bem com intensidade maior e mais vigorosamente. Creio que acabaremos agindo assim, mas, por enquanto, de minha parte, sou obrigado a confessar que, depois de muitos séculos, somente agora me sinto impulsionado para o bem legítimo.

11 A seu parecer, o milagroso “fiat” do Gênesis estaria em nossas mãos, logo após as peripécias do transe final do veículo físico. A potência mental de alta voltagem, no entanto, não é obra improvisada.

12 Refere-se aos serviços de magnetismo curador em sua casa de saúde, como se tudo representasse simples realização da vontade pessoal. O trabalho para você é um jogo mecânico entre seus desígnios e suas energias.

13 Efetivamente, seu concurso é precioso. Que seria das grandes cidades, habituadas às vantagens do serviço elétrico, se a tomada humilde se negasse à ligação com a usina?

14 Quando administra os benefícios espirituais aos necessitados, você não pode ver a multidão invisível, agrupada em torno de sua prestimosa colaboração: nem os desencarnados em desequilíbrio que lhe aproveitam o concurso fraterno, nem os benfeitores generosos que se utilizam de suas mãos, de seu pensamento e de sua boa vontade. 15 Em razão disso, a prece e o devotamento aos semelhantes constituirão seus pontos de apoio invariáveis, de vez que seus olhos mortais não podem identificar toda a extensão do quadro, sem grave dano para o seu equilíbrio na tabela de lutas salutares da reencarnação. 16 Aceite ou não a verdade, você não pode agir sozinho. Ainda que dispense a cooperação das entidades amigas, sempre que sua consciência honesta estiver no socorro ao próximo, permanecerão elas em sua companhia. Quando não seja por você, será pelos necessitados.

17 Além disso, parece-me que você ainda não estudou, pacientemente, o problema alusivo aos lugares de cura. Diz-nos o dicionário que o hospital é um estabelecimento de cuidado aos enfermos. Entretanto, existem centros dessa natureza que são favoráveis e desfavoráveis.

18 Desdobra-se-lhe a contribuição numa casa de amor evangélico, ideada no Plano superior e vagarosamente materializada na Terra. Trabalhadores encarnados e orientadores desencarnados nela encontram, por isto, ampla esfera de vibrações adequadas, com base segura na simpatia e na confiança. 19 Pessoalmente, porém, estive, nos últimos tempos, em vários hospitais desfavoráveis. Refiro-me a alguns “campos de concentração” da guerra europeia. Essas instituições agrupavam enfermos de todos os matizes. Milhares de vítimas, flageladas e atormentadas, e centenas de carrascos, de mistura com incalculável número de Espíritos desligados do envoltório terreno, em doloroso desequilíbrio. 20 Creia que a nossa colaboração mental — e aqui me reporto a companheiros infinitamente superiores ao modesto servidor que lhe escreve estas linhas — era reduzidíssima, em relação às emanações do ódio que ali imperava monstruosamente. O campo estava repleto de obsidiados, mas… a zona era desfavorável.

21 Naturalmente, você interrogará:

— Por quê? por que motivo não se impõe o superior sobre o inferior?

22 Respondendo, apenas direi que passou pelo mundo Alguém, cuja força mental, renovadora e divina, levantava paralíticos e restituía a visão aos cegos. Impunha respeito aos seres das trevas com a sua simples presença e chegou a devolver o tônus vital a corpos cadaverizados. Trouxe à Terra a maior mensagem do Céu e, um dia, em se vendo cercado pelos semelhantes, obcecados de inveja e ciúme, incompreensão e egoísmo, orgulho e ódio, ingratidão e indisciplina, injustiça e maldade, recolheu as energias sublimes e infinitas para dentro de si próprio, e entregou-se à cruz do sacrifício sem defender-se.

23 Se você me perguntar o motivo, francamente, não saberia responder.

Admito que o Embaixador Excelso, assim procedendo, fixou a lição da necessidade do Reino de Deus no coração humano.

24 Cada homem, filho do Criador e herdeiro da Eternidade, há de crescer por si, aprimorando-se e elevando-se, usando a vontade e a inteligência. Cada criatura deverá a si própria o Céu ou o inferno em que se encontra.

25 Recordo-me que o Divino Crucificado ensinou, certa feita:

— O Reino Celeste está dentro de vós! ( † )

Quem não desejar descobri-lo em si mesmo, alcançará a posição do enfermo que se nega a todos os processos de cura. Para um doente dessa espécie, médicos e remédios não têm razão de ser.

26 Quanto ao nosso material socorrista e às nossas milícias, às nossas turmas de vigilância e organizações que honram a hierarquia e a ordem, o trabalho e a evolução, nos quadros do mérito e da justiça, tudo isso é do nosso regimento doméstico. Até que vocês se reúnam a nós, pelo golpe inevitável da morte, acreditarão em nossos informes se quiserem, mesmo porque, de acordo com a velha filosofia popular, quem dá o que pode, a mais não é obrigado.


Irmão X

(Humberto de Campos)

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