O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Janela para a vida — Autores diversos


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A sensibilidade das plantas nos dois Planos da Vida

Em 1943 veio a lume o livro Nosso lar, ditado a Chico Xavier pelo Espírito André Luiz, contendo descrições pormenorizadas da vida e atividades dos Espíritos nas regiões e paisagens do Mundo Maior, de acordo com o grau evolutivo atingido por esses Espíritos.

A narrativa, que pela primeira vez descreve a existência de cidades e colônias povoadas por Espíritos dedicados às mais diversas tarefas, no espaço que circunda o nosso planeta Terra, faz também várias referências a formosos jardins, bosques e plantas, bem como a cidades de vida organizada com serviços os mais diversificados.

Constata-se, desde logo, que, nas diversas “Moradas do Pai”, conforme o prometido pelo Cristo, ( † ) a suave presença de plantas, folhagens, belos e aromáticos arvoredos, roseirais de indescritível beleza, ambientes de música e harmonia constitui um fator constante. Dir-se-ia que as plantas e flores, essas prestimosas e encantadoras companheiras do ser humano, não se limitam a enriquecer a vida somente no Plano da Matéria mais densa, mas também acompanham a Humanidade como um todo, mesmo após a passagem pela morte, apresentando-se em feições, matizes e aromas de uma forma cada vez mais etérea e espiritualizada.

Até mesmo nas inóspitas e sombreadas regiões do Umbral, onde se domiciliam os Espíritos nas condições evolutivas menos felizes, sua presença marcante é condicionada pelo meio.

Tudo na vida é energia, transformação, renascimento, ascensão e luz. Nada se perde e tudo avança de conformidade com os desígnios de Deus, dentro dos processos evolutivos que orientam o rumo dos seres criados.

Com relação à vida das plantas no Plano Extra-físico, muitas revelações surpreendentes chegaram ao conhecimento de todos nós, através da mediunidade de Chico Xavier. Podemos verificar a secreta e insuspeitada sensibilidade dos vegetais reagindo aos processos da vida; tanto na Terra como no Mundo Maior.

De resto, aparelhamentos mais sensíveis, criados pela técnica do homem, registram poligraficamente as reações das plantas às influências do meio e às intervenções e sentimentos humanos, de forma a não pairar qualquer dúvida fundamental às manifestações de sensitividade do complexo mundo vegetal que nos cerca.

Acerca dessa transcendente questão, os Espíritos Superiores prestaram valiosos e significativos esclarecimentos.


O invisível no visível

1 — Como explicar que as plantas manifestam sensações semelhantes às da pessoa que as cuida e ama conforme se comprova através de polígrafos ligados à planta através de dois eletrodos — mesmo que essa pessoa esteja a quilômetros de distância?

R — Caro Fernando, devo explicar a você que responderei às suas perguntas, ouvindo o nosso devotado Emmanuel, a quem posso e devo atribuir a autoria dos conceitos emitidos, especialmente agora, em que de corpo físico menos apto para qualquer esforço mental, tenho tido mais facilidade para ouvir o nosso Amigo da Vida Maior que, com toda a certeza, por amor à nossa Doutrina de Luz, e não por méritos que não possuo, tem me favorecido de modo mais amplo, sempre que os assuntos se reportem aos temas espíritas-cristãos, com mais reforço de amparo, suprindo-me as deficiências naturais em evidência maior com a diminuição das possibilidades de minha saúde física. Feito o esclarecimento, iniciemos as respostas de nosso Amigo da Espiritualidade. — “O fenômeno da Empatia está presente em todos os seres e em todos os domínios do Universo.”


2 — Isso quer dizer que, também telepaticamente, nós afetamos as plantas?

R — Todo ser organizado é sensível ao campo magnético da criatura que se lhe faça mais próxima.


3 — Experiências feitas nos Estados Unidos, no árido Deserto de Monjave, com aparelhos de áudio-sinal e biossinal acoplados às plantas da região, revelam emissões de sons organizados e inconfundíveis, provindos da Ursa Maior. Para grande surpresa dos pesquisadores, tais emissões não se utilizaram de meios eletromagnéticos e sim da via que se convencionou chamar de comunicação biológica de alta frequência”. A maior singularidade desse fenômeno reside na provável descoberta, embora o assunto esteja ainda em tempo de especulação científica, de que as comunicações biológicas são EXTRA-TEMPORAIS, isto é, estão acima, fora e além do tempo, tal e qual o conhecemos. Se isso confirmar tal constatação, significará — ou significa — que enquanto uma comunicação por meios eletromagnéticos entre a Terra e aqueles planetas exigirá milhares de anos-luz, por via biológica a troca de mensagens será praticamente instantânea, ou seja, viajará com a velocidade do pensamento. Que tem a dizer sobre isso?

R — A ciência humana continuará com êxito nas investigações em torno das comunicações biológicas, registrando a presença de forças que se interligam, de acordo com o tempo mensurável na Terra, e de conformidade com recursos outros de TEMPO EXTRATERRESTRE, cabendo-nos respeitar o trabalho humano de pesquisa e solução aos problemas da Natureza, sem nos anteciparmos em conclusões que pertencem às forças representativas da ciência no Plano Físico.


4 — Por meios eletromagnéticos uma mensagem leva de seis a sete minutos entre a Terra e o planeta Marte. Conforme ficou exposto, as emissões mentais e espirituais dos seres humanos dos mundos habitados transcendem o tempo, isto é, são instantâneas mesmo que se trate de uma comunicação entre um e outro. Se for assim, não teríamos aí o melhor, o mais rápido e eficiente meio de comunicação entre mundos e galáxias, possibilitando de forma extra-temporal as comunicações planetárias inteligentes?

R — Quanto ao assunto, recordemos que, até mesmo em observações que se fizeram rotineiras, a luz precede o som nas manifestações que se lhes fazem características. No que se refere à vibração, a inteligência humana se encontra à frente de imenso império de energias a serem devidamente estudadas para a necessária catalogação.


5 — Você confirmaria que as plantas têm memória? Cito um exemplo: um homem molestou durante vários dias uma planta em teste — um gerânio. Um outro homem a regou e cuidou durante esses dias. Após três dias de ausência os dois se apresentaram ante o gerânio e este mostrou medo e tensão ante o primeiro, mas se tranquilizou quando da presença do segundo homem.

R — As plantas possuem, compreensivelmente, a MEMÓRIA EM CONSTRUÇÃO, se nos é permitido assim nos exprimirmos. A memória, em qualquer grau, apresenta a parcela de discernimento que haja conquistado.


6 — Para além das regras da fisiologia e da biologia de hoje, poderíamos então dizer que além de mera sensitividade molecular HÁ ESPIRITUALIDADE NAS PLANTAS?

R — Em graus e tons diversos a Espiritualidade se encontra em qualquer partícula de vida.


7 — Poderíamos então dizer que as plantas, percebendo o mundo que as rodeia, têm uma memória, uma linguagem própria e até mesmo alguns rudimentos de altruísmo?

R — Sim, reconhecendo-se que a palavra “rudimentos” está positivamente adequada à indagação proposta.


8 — Um pé de cevada subitamente mergulhado em água quente “grita de dor”, isto de acordo com os registros de seus impulsos elétricos e biológicos. Será verdade que as plantas também sofrem? No caso de positividade na resposta, não acha que as legislações ecológicas do futuro deverão levar em conta tal comprovação científica?

R — Intuitivamente, desde hoje, os responsáveis pela solução dos problemas de ecologia na Terra já reconhecem a necessidade de proteção ao mundo vegetal para garantir as condições de habitabilidade e conforto da pessoa humana nos variados climas do Planeta.


9 — Pesquisadores estadunidenses, europeus e indianos, em caráter experimental, estão tentando obter quilowatts de energia elétrica através da fotossíntese das plantas. Você acredita que se possa obter energia utilizando-se a vida vegetal?

R — O tempo, com o trabalho, auxiliará o homem a descobrir a energia elétrica através das plantas, tanto quanto já cooperou com a inteligência humana; por exemplo, na descoberta do álcool na cana-de-açúcar e do óleo na mamoneira, para fins específicos na indústria.


10 — O cientista Burban afirmou que as plantas (os biólogos já catalogaram mais de 350 mil espécies diferentes) têm mais de 20 percepções diferentes das do homem. Como você classificaria tais percepções?

R — As percepções das plantas estão no homem; contudo, as percepções humanas com a evolução da inteligência se fizeram altamente complexas, mas sempre enfeixando em si — mesmo em caráter crítico — todas as percepções das várias faixas da Natureza, pelas quais o Espírito Humano já passou em sua multimilenária evolução sobre a Terra.


11 — Como explicar racionalmente o fato de que nos Estados Unidos lavouras de arroz e trigo, sobre as quais foram irradiadas músicas melodiosas, inclusive sonatas de Bach, através de alto-falantes, apresentaram rendimento superior entre 25 a 60% por hectare? A estimulação musical e rítmica em certas lavouras pode resultar em aumento de colheita, apesar de que em alguns desses plantios se tenha evitado adubagem com nutrientes industriais?

R — O estímulo musical trará sempre rendimentos em qualquer resultado da conjugação de esforços entre o Homem e a Natureza, com vistas à produção de valores para determinados fins.


12 — Alguma vez você conseguiu ou consegue enxergar a seiva interna ou as emanações magnético-espirituais de uma planta ou árvore? Já viu ou estabeleceu contato com os Devas, Espíritos da Natureza e encarregados de nutrir e proteger o reino vegetal?

R — No Mundo Espiritual, propriamente assim chamado na Terra, o Espírito desenfaixado das experiências no Plano Físico entra, facilmente, em relação com os chamados Espíritos da Natureza. (Quanto a mim, aqui já me expresso na condição do médium ou Espírito encarnado no corpo denso, já entrei em relação com seres diversos que presidem certos fenômenos da Natureza, e isso começou em mim quando iniciei a psicografia dos livros de autoria do nosso Amigo Espiritual André Luiz, que nos fala dessas inteligências em muitos tópicos de seus apontamentos e narrativas. — Nota de Chico Xavier.)


13 — Recentes experiências no campo da Biofísica e da Biodinâmica sugerem existir mais do que apenas probabilidade de que o pensamento que o homem põe na terra a radiação mental dele sobre o solo que está lavrando e plantando — é mais importante em relação ao crescimento e colheita dos frutos que o próprio adubo ou até a qualidade do solo. Isso é possível?

R — O pensamento do homem exerce constantemente influência decisiva no meio em que se encontra.


14 — Não se lhe afigura significativo que as teorias evolucionistas de Charles Darwin, expostas no livro A Origem da Espécies, tenham sido concebidas quase ao mesmo tempo em que foi preparada e editada a obra O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec?

R — Allan Kardec e cientistas outros que se consagraram ao estudo da evolução do princípio inteligente, estavam em sintonia com o mesmo campo vibratório da Vida Superior que impelia e impele sempre a criatura terrestre ao exame dos processos evolutivos na oficina do progresso planetário.


15 — Segundo os atuais conhecimentos da Microfísica acadêmica, os pesquisadores desse ramo ignoram como um objeto — um livro por exemplo — pode desaparecer de um lugar e reaparecer em outro, ou seja, é ignorado o processo como se dá a separação das partículas atômicas e subatômicas do objeto assim desintegrado e seu reagrupamento correto em outro lugar. Como você vê esse fenômeno?

R — Atentos ao contexto evangélico das tarefas que nos competem desempenhar, cremos que seja nosso dever entregar à inteligência humana os problemas da materialização, desmaterialização e rematerialização da matéria, nos vários conceitos de definição da matéria na esfera das investigações científicas, vigentes no mundo.


16 — Você confirmaria que as plantas e os animais aceitam a condição ou a tarefa de servir de alimento, contanto que o processo seja dentro de um ritual amoroso, capaz de evitar os agentes químicos do medo causado pela morte violenta ou desapiedada?

R — Não somente as plantas e os animais necessitam de amor para se renderem às necessidades do processo evolutivo em que todos nos encontramos. Nós mesmos, os espíritos humanos ou candidatos à humanização, não conseguimos prescindir do amor ou da proteção do amor, a fim de nos submetermos às disciplinas da vida, de modo a servirmos com segurança e eficiência na engrenagem do progresso comum.


17 — Uma bétula, em dia de grande calor, pode absorver até 380 litros de água; a rosela apanha moscas com precisão fantástica; a chamada planta-bússola que nasce no Mississipi, Estados Unidos, aponta para os pontos cardeais. Pedra, planta, cristal, ondas etéreas, homem, tudo é de Deus porque dele promana?

R — A inteligência, em qualquer setor da Natureza, está impregnada de princípios que caracterizamos como sendo “divinos”, já que procedem da Sabedoria Divina, agindo sempre no rumo de objetivos determinados.


18 — Qual o papel das plantas e árvores na remodelação física e espiritual do planeta Terra?

R — Todos os reinos da Natureza na Terra, em plano inferior à posição da Pessoa Humana, precisam da proteção da inteligência terrestre para que possam proteger a inteligência terrestre. Achando-nos todos em evolução no Planeta, é natural semelhante intercâmbio, para que estejamos no lugar que nos é próprio, auxiliando para que sejamos auxiliados.


19 — E no que se refere aos minerais, você confirmaria existir ali certas formas de sensitividade peculiar, ou INÍCIOS DE ORGANIZAÇÃO ESPIRITUAL, em formações minerais tais como o basalto, o ferro, o ouro, a prata, o urânio e todos os demais radioativos? Seria então que o reino vegetal representaria o primeiro estágio da nossa evolução planetária?

R — Segundo os nossos conhecimentos atuais, o início da sensitividade do reino mineral antecede as ocorrências da sensitividade ao mundo vegetal.


20 — Todas as evidências indicam estar ocorrendo em nosso Planeta, como em nenhuma outra fase de evolução da Humanidade, sofrimentos individuais e coletivos crescentes, os quais se refletem também no meio ambiente, afetando minerais, plantas e animais, participantes (passivos?) da imensa conturbação. Essa persistência geral na dor é uma realidade vigente, ou eu estou olhando a situação sob o ângulo de uma ótica negativista?

R — Se pudéssemos trocar ideias com os minerais, os vegetais e os animais de que nos prevalecemos na Terra para a sustentação da vida física, também eles possivelmente nos perguntariam por que lhes causamos tanto sofrimento, ignorando que a dor é sofrimento educativo de primeira ordem, sem o qual o mais rudimentar aperfeiçoamento das criaturas e das coisas seria claramente impossível.


Emmanuel


Para além do tempo

21 — Obrigado pelo que ficou dito até aqui. Para encerramento desta entrevista peço que nos diga algo acerca das suas reflexões sobre os cinquenta e dois anos de seu mandato mediúnico.

R — “Caro Fernando, aqui respondo por mim mesmo. Para mim é como se o tempo não tivesse existido na contagem humana das horas. Atualmente, conforme já disse, observo o meu corpo físico em desgaste natural, à maneira do trabalhador que registra o desgaste da enxada de que se utiliza no trato do solo. Indiscutivelmente, nos primeiros dez e quinze anos do início das tarefas, estive na condição do animal em processo de domesticação para aceitar o serviço que se lhe faz necessário, mas, com o escoar do tempo, na condição de animal humano, fui reconhecendo o valor dos que me domesticavam para as atividades do intercâmbio espiritual (no caso, os Espíritos benevolentes e sábios que nos protegem e auxiliam), de tal maneira que voluntariamente obedeci e obedeço até hoje ao plano de trabalho traçado por eles, reconhecendo, plenamente, que as realizações deles estão muito acima de qualquer cogitação de meu espírito estreito, cabendo-me a obediência feliz às Instruções que, por bondade deles, possa receber, notando embora, de minha parte, que se meu corpo vai cedendo à lei do desgaste com o tempo terrestre, meu Espírito se vê cada vez mais interessado e contente, absorvendo ensinamentos e orientações dos Espíritos amigos, qual se eu vivesse NUM TEMPO QUE NÃO É DA TERRA (sic), com a mesma surpresa e com a mesma vitalidade emocional com que os nossos Benfeitores da Vida Maior me proporcionaram a honra do engajamento no trabalho deles em nome de Jesus, nosso Divino Mestre e Senhor, desde uma noite de julho de 1927, quando os recursos mediúnicos, que me caracterizavam a existência terrestre desde os primeiros dias de meu corpo atual, entraram na disciplina e na condução do serviço dirigido e organizado segundo as instruções fundamentais de Allan Kardec, no Cristianismo atualmente redivivo.”


Chico Xavier


Fernando Worm


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