O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Intercâmbio do bem — Familiares diversos


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Roberto Medeiros Fernandes

13 AGOSTO 1931 — 05 AGOSTO 1983

“Está junto à senhora um Espírito de nome Júlio Ribeiro de Brito…”

Assim foi o contato inicial de D. Hilda com Chico Xavier.

“A surpresa foi grande, pois, tratava-se de meu avô paterno, há muito desencarnado, e eu não havia sequer mencionado o meu nome ao Chico.”

“E na reunião de 09 de novembro de 1984, nosso Chico leu a mensagem que me fez sentir uma emoção difícil de traduzir. Só mesmo estar diante dele, ouvindo palavra por palavra da mensagem de um ente querido é que pode dizer o que é a dor da saudade… Neste momento senti como nunca o significado doloroso desta palavra, e ao mesmo tempo, meu coração se alegrava em saber que era de Roberto que elas nasciam…

“A assinatura na mensagem me tocou muito de perto. Quando a vi, ainda sobre a mesa do Chico, fui dominada pela emoção. Era Roberto quem a assinava…”

Roberto Medeiros Fernandes nasceu em Batatais, interior paulista. Filho de Francisco Medeiros Fernandes e Francisca Garcia Fernandes.

Em 1947 veio para a capital a fim de completar seus estudos. Bacharelou-se no ano de 1961, em Direito, pela Universidade de São Paulo. Trabalhou no 5.º Tabelião de Notas da Capital até sua aposentadoria, desencarnando logo em seguida.

Leitor assíduo das obras espíritas, pautou sua vida nos ensinamentos hauridos dos livros, traduzindo em fatos o aprendizado teórico.

Tinha muito orgulho de um hábito introduzido junto à sua família: O Culto do Evangelho no Lar.

Casou-se com D. Hilda Britto Fernandes, união enriquecida com o nascimento dos filhos Flávio, Sheila e Cláudio.




MENSAGEM


1 Querida Hilda, Deus nos abençoe.

2 Embora os meus reduzidos conhecimentos doutrinários, não julgava que ainda neste ano pudesse trazer-lhe as minhas notícias.

3 Estou muito melhor e compareço habitualmente à nossa casa da Rua Teodureto de Souto, no Cambuci, a fim de abraçar você e os nossos queridos filhos.
A Sheila, o Flávio, e o Cláudio, com o amparo de Jesus, estão em pleno desenvolvimento, encorajando-nos com a solidariedade e o carinho que nos ofertam.

4 Minha preocupação maior é ainda com você mesma, porquanto a vejo tão desolada agora em novembro, quanto a vi, quase que em desespero total, em agosto passado.

5 Venho pedir-lhe calma e coragem.
Agradeço a companhia dos nossos prezados irmãos Geraldo e Neyde, n tanto quanto o devotamento de seu pai, nas elucidações com que nos acompanham e nos confortam.

6 Querida Hilda, não conseguiríamos alterar o problema do linfoma de que a minha dor de garganta era um pálido reflexo.

7 Vejo-a refletindo e refletindo, imaginando que poderia talvez me oferecer condições de cura, mas isso, querida, não tem razão de ser. A verdade é que ninguém conhece com minudências de definição o corpo em que mora na Terra. 8 E, além disso, trazemos aí no mundo conosco os agentes que se desdobrarão em tempo certo, preparando-nos a volta para a Vida Espiritual.

9 Convença-se de que, com todo esse amor, com que você me construiu a felicidade no mundo, você não poderia podar a anemia perniciosa com que o meu problema orgânico se agigantou quase que de repente.

10 Aceitemos as Leis da Vida em nós mesmos e não chore mais, com tanto pesar, porque isso me aflige ainda muito.

11 O seu avô Júlio n tem me prestado excelentes serviços, amparando-me com as explicações de que ainda necessito e peço habitualmente a ele para que auxilie você a se reanimar.

12 Quero dizer-lhe que não senti o mínimo desamparo. Aquela sua dedicação para comigo no Hospital do Servidor n encontrou continuidade no amor com que a minha mãe Francisca e a minha avó Clara de Jesus Medeiros n me sustentaram na desencarnação.

13 Você e os filhos queridos eram o meu ponto nevrálgico para me agarrar apaixonadamente à vida física, mas, quando o corpo não me tolerou mais, rendendo-se à suprema exaustão, notei que duas senhoras me auxiliavam como se eu lhes fosse uma criança querida.

14 O coração parara no peito e vi uma nuvem esbranquiçada a envolver-me. Reconhecia-me ainda deitado e sem forças para mover sequer um dedo, quando vi aqueles semblantes que me sorriam…
Acenavam-me, convidando ao esforço para reerguer-me…

15 Entretanto, como doía deixá-la com os nossos garotos!
O homem enfrenta qualquer dificuldade para defender-se ou preservar a família, mas a morte era sinônimo de separação e por muito seguros me fossem os conhecimentos, relutei naquela rendição que não me parecia possível.

16 Queria ficar, consolar você, dizer aos meus filhos que os amava tanto, mas o corpo não me respondeu a qualquer solicitação. 17 Quis falar com todas as minhas forças que eu estava vivo; no entanto, a boca não me dava sinal de correspondência…

18 Entre as duas vidas, enxergava unicamente aqueles rostos amigos que me sorriam, atirando-me sinais para que levantasse. Compreendi chorando e esforcei-me. 19 Bastou isso e me vi em posição vertical num corpo que era em tudo semelhante ao meu, porém, mais leve e mais ágil.

20 Pensei em novamente me locomover e renteei com os amigos que pareciam à minha espera…

21 Aquele reencontro! Não sei se era de felicidade ou de infortúnio. A alegria se misturava com o sofrimento e o pranto me caiu dos olhos, enquanto me abraçavam aqueles benfeitores que, de certo modo, a princípio, teimara em obedecer.

22 — Pois você não nos conhece, meu filho? — era a mãezinha Francisca a interpelar-me.

23 — Aqui sou eu, a sua avó Clara de Jesus! — explicava a benfeitora que me enlaçava suavemente.

24 — E eu — disse o amigo que as acompanhava — sou o seu avô Manoel!… n

25 Do recato natural que me aproximava e ao mesmo tempo me afastava das senhoras, entreguei-me aos braços de meu avô, soluçando, com um mundo de emoções contraditórias a se me entrechocarem no espírito, porque eu estava feliz por encontrá-los e infeliz por perder você e nossos filhos!

26 Um enfraquecimento brusco me abateu as energias e senti que o sono do grande repouso me dominava…

27 Fui transferido para um hospital da Vida Maior, onde recebi nova assistência e aqui estou agora, um tanto mais refeito, a fim de pedir a você paciência e coragem. 28 Não estaremos separados. Você tem seu pai Sebastião e sua mãezinha Iris n e seu companheiro procura agora ser agradecido aos familiares que me estenderam as mãos.

29 Não tema os problemas do mundo. Eles aparecem para enriquecer as nossas experiências. 30 Tanto quanto se me torne possível, estarei com você e nossos filhos sempre que isso se me faça permitido.
Muitos familiares que a estimam têm sido aqui também para mim protetores e amigos que não posso esquecer.
A sua querida avó Flora Belletti n tem sido de grande solicitude para comigo e peço a você agradecer por mim a tanta gente boa em suas preces.

31 Sou muito grato aos nossos irmãos Geraldo e Neyde que a encorajaram a vir até aqui e rogo-lhe interpretar meus agradecimentos a seu pai, que considero também por meu pai e meu amigo.

32 Querida Hilda, aqui termino. O coração fica no ponto final e meu pensamento seguirá entrelaçado com o seu.

33 Agradecendo a você o amor da existência inteira e a ternura incessante com os seus cuidados de todos os dias, beija-lhe as mãos queridas e devotadas o esposo e companheiro, irmão e servidor, sempre seu,


Roberto

Roberto Medeiros Fernandes  

09 de novembro de 1984. 


Caio Ramacciotti

Paulo de Tarso Ramacciotti



[43] Geraldo Britto — irmão de D. Hilda. Neyde Alves Britto — cunhada de D. Hilda.

[44] Júlio Ribeiro de Britto — avô de D Hilda, já desencarnado.

[45] Hospital do Servidor Público do Estado.

[46] Franscisca Garcia Fernandes, mãe do Dr. Roberto, desencarnada em 1976. Clara de Jesus Medeiros — avó falecida em Portugal há muitos anos, antes do nascimento do Dr. Roberto.

[47] Avô Manoel. Existe uma dúvida ainda não dirimida. O avô paterno, marido de D. Clara de Jesus Medeiros chamava-se Manoel Augusto de Medeiros, também desencarnado há muitos anos em Portugal. O bisavô materno chamava-se Manoel Garcia.

[48] Sebastião Carvalho Britto e D. Iris Belletti Britto, pais de D. Hilda.

[49] Flora Belletti — Avó da esposa, desencarnou em São Paulo em 1968.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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