O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Gaveta da esperança — Mensagens familiares de Laurinho


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Reminiscências

Outra carta, dirigida especialmente ao pai Lauro, com mais uma chuva de provas autênticas quanto a existência da Vida Verdadeira, e das comunicações de vida após a morte.

Vai aqui transcrita para que todos examinem sua autenticidade, e meditem muito em todos os detalhes, principalmente no ânimo e no conforto que a Doutrina Espírita nos proporciona com os seus ensinamentos, levando-nos à Fé, tão necessária àqueles que a relegaram por qualquer motivo, ou mesmo a deixaram no esquecimento, trocando-a por tantos bens e prazeres materiais.


1 Uberaba, 18 de abril de 1978.

2 Meu Querido Kid, peço a sua bênção.

3 Hoje o assunto será propriamente conosco. Não é muito tarde para o nosso rango, porque seu filho nem sempre chegava muito cedo, mas hoje sou eu quem se encarrega da merenda. Um lanche espiritual em que peço a Deus me auxilie a servir-lhe muito amor.

4 Papai querido, é isso aí. A mamãe se fez escritora de um momento para o outro. E porque escreveu um livro molhando a pena de nossa saudade em tinta de pranto, detivemo-nos em outra noite na merecida louvação.

5 Foi o senhor mesmo quem nos ensinou a querê-la tanto e a dedicar tanto amor à família, que as minhas lembranças de nossos encontros e as referências ao nosso afeto, pareceram desmaiadas, quando dentro de mim o amor por seu devotamento é cada vez maior.

6 Saudade, papai, está em minha nova onda. Saudade iluminada de esperança e carinho, mas saudade real que parece uma dor alugando-me indefinidamente o coração.

7 E creia. Nessa carência de sua ternura e de sua palavra estão as reminiscências. Lembro-me de todas as suas manifestações de vigilância e bondade.

8 Os conselhos para estar com prudência nos estudos em Mococa. As referências a Santa Cruz das Palmeiras que um dia o Senhor nos disse chamar-se igualmente Santa Cruz dos Valérios.

9 As histórias das aulas no Grupo Dr. Carlos Guimarães. As anotações que o senhor enfileirava para nós em casa em relação aos exemplos de amor ao próximo do respeitado Dr. João Batista do Amaral.

10 Os seus conselhos sobre o comportamento que devíamos observar quando estivéssemos em passeios nos Jardins auxiliando-me a compreender os amigos com entendimento e ponderação.

11 A primeira vez que a sua bondade me levou a conhecer o monumento ao Coronel Drago, rememorando os heróis que passaram pela nossa querida Casa Branca. Os elogios ao professor Midon.

12 As suas expressões de carinho e benevolência para com seu filho, quando comecei a pensar em fuscas e motos. As suas narrativas das pescarias no verde imenso de Mato Grosso.

13 As suas observações sobre a cautela que devíamos guardar em qualquer escalada a Serra dos Caetanos ou do Bom Jardim.

14 E tudo se desenrola de tal modo na memória do seu Laurinho, que em verdade meus sentimentos, respeito e gratidão para com o seu amparo mais me parece uma cachoeira de amor represada no espírito.

15 Receba pois, de maneira pálida mas sincera, a admiração que realmente o meu ideal é o de imitá-lo para ser a criatura que devo ser.

16 Segundo o que já me foi possível dizer à mamãe, estou recompondo forças. Sabe o senhor que meu avô João Basile, seu amado pai, tem sido para o neto um amigo maravilhoso. Com ele ao meu lado, peço-lhe perdão se me despedi do corpo físico naquele conflito de carro.

17 Papai, creia que todos estávamos sóbrios. Efetivamente, o velocímetro contava que a corrida era um pouco mais acelerada que de costume, entretanto, a estrada favorecia. Quase nenhum movimento e o caminho aberto, como que pedindo pressa no proveito do espaço sem obstáculos.

18 O Senhor já sabe tudo o que sucedeu até Poços, e de Poços a Casa Branca o senhor sabe mais do que eu mesmo. Agora, é renovarmos a rota e tomar o rumo que Deus nos traçou.

19 Agradeço ao senhor e a mamãe e a todos os nossos, as lembranças da religião em nosso auxílio.

20 As preces que fiz em criança à Nossa Senhora das Dores não foram vãs. Soubesse eu o valor da prece e teria cultivado com mais calor os meus contatos com a fé.

21 Peço ao senhor dizer ao Júnior, o Aristeu Júnior, e ao Cory, que estou muito grato aos bons pensamentos que me enviam sempre. Esse reconhecimento é extensivo a todos os nossos amigos que nos acompanharam com tanta generosidade.

22 O vovô Basile pede-lhe calma nos raciocínios. Não convém enfeixar muitas indagações de uma só vez.

23 A existência na Terra é muito curta por mais longa seja no tempo. E ele recorda ao senhor que o próprio sacerdote Godoy, um dos fundadores de Casa Branca, ainda se encontra na Vida Espiritual amparando as ovelhas humanas do seu nobre pastorado.

24 Agradeço aos amigos que acompanham o senhor e a mamãe, com a nossa Lucila até aqui. Nossa Lu está melhorando. Deus permitirá que ela se transforme em Luz permanente em nossa casa.

25 Evaldo e José Tadeu estão presentes. Nossa irmã Arantes abraça a irmã Marinete e pede-lhe serenidade e confiança em Jesus.

26 E por aqui me vou. As obrigações continuam. Ainda posso extrair tempo para descansar em refazimento, mas não consigo esquecer o seu exemplo.de trabalho constante. Trabalhando é que se anda para a frente.

27 Veja, papai, que o seu Laurinho Kid está firme. Peço-lhe abolir a tristeza e aceitar a nova era que se inicia para nós.

28 Estamos nesta noite numa festa maior. A festa dos irmãos de Jesus reunidos uns aos outros.

29 O lar é da caridade e rogo a Deus para que a caridade esteja sempre em todos os recantos de nosso lar.

30 Para a mamãe, para a Lu e todos os corações queridos, um abraço e para o senhor, sempre meu querido pescador e meu melhor mestre, todo o coração repleto de amor de seu


Laurinho


Nota: Esta mensagem também foi assinada com a mão esquerda.


Nesta mensagem, dirigida especialmente ao pai, Laurinho comprova a existência de outra vida, mais uma vez e com tamanha autenticidade que abala a todos com suas narrativas particulares e profundas.

Tanto na sua manifestação anterior, quanto nesta, refere-se ao acidente com bastante firmeza.

Notem, entretanto, sua confissão nesta frase: “…soubesse eu o valor da prece e teria cultivado com mais calor os meus contatos com a fé…”

Sempre a Fé. E pensar que, muitas vezes, relegamos a Fé a plano secundário esquecidos de que, sem ela, não conseguiremos o equilíbrio, não nos livraremos da revolta e se torna mais difícil viver de maneira que Deus possa nos ajudar.

Foi com a Fé que consegui me elevar acima dos meus problemas e colocar a cabeça no lugar. Esta Fé inabalável eu a encontrei na Doutrina Espírita, e descobri no coração de todos os seus seguidores.

Se vocês, queridas mães, estão procurando solução para problemas aparentemente insolúveis, recorram a Deus e meditem que a Fé remove montanhas: as montanhas das nossas fraquezas.

Para se ter uma Fé inabalável — digo por experiência própria —, não bastou tudo do que vi junto ao querido Chico; foi necessário que estudasse e raciocinasse sobre tudo.

Graças a Deus, a chama da minha Fé cresceu, e não temo considerá-la inalterável e imperecível.

Podem querer me incutir outras ideias, mas, com o uso da razão associada à Fé vou colocando cada coisa no seu devido lugar. Quer queiram, quer não, Deus é um só e estamos aqui cumprindo provas e nos reeducando com vistas à Vida Verdadeira. Por isso devemos nos dar as mãos, favorecidos e desfavorecidos, tudo por amor a um único Deus Todo-Poderoso espelhando-lhe a vontade.


“A existência na Terra é muito curta por mais longa seja no tempo…”

Laurinho nos sacode possíveis ilusões de que nossa estada na Terra seja permanente.

Queridas irmãs, parem e pensem: renascemos e aqui estamos lutando para atravessar a vida e, depois de muita luta, partimos. Todo esse tempo somado, não é mais do que uma fração de segundo diante da eternidade e da imensidão de Deus.

Nunca, ou quase nunca, pensamos nisso, contudo, o tempo só é nosso aliado na medida que o aproveitamos acelerando o nosso adiantamento, sem paradas perigosas no meio do caminho que nos obriguem a retornar para cumprirmos o que deixamos de fazer.


“Trabalhando é que se anda para a frente…” Isso, naturalmente, não significa apenas o trabalho para aquisição de bens materiais. Atenção, muita atenção, queridas irmãs. No tempo de nossa vida, quanto tempo pensamos na nossa melhoria espiritual?

Qualquer trabalho é edificante, nos conduz a algo mais elevado; o que não podemos é ficar paradas, vendo tanta coisa por fazer, se podemos fazer.

O trabalho de natureza espiritual é reconfortante e belo, dando-nos uma paz interior e uma alegria incomparáveis quando conseguimos ajudar alguém que esteja numa trilha errada ou necessitando do nosso apoio.


“Que a caridade esteja sempre conosco em todos os recantos do nosso lar.”

Através do amor e da humildade chegaremos à Caridade, e nosso exemplo estimulará todos os nossos irmãos a praticarem essa virtude, tanto no aspecto espiritual quanto no material.

Deste coração de mãe, que sofreu grande transformação na Doutrina Espírita, gostaria que vocês, mães do mundo todo, retirassem esta mensagem de que a maior caridade que pode nos alcançar na vida são as palavras de encorajamento e a compreensão da Verdadeira Vida, assim como a que podemos fazer pelos outros.

Seja o nosso modelo de caridade o exemplo magnífico e autêntico de nosso querido e único Chico Xavier.

Ó Jesus, permita-nos mais este benefício: o de encontrarmos compreensão e forças para podermos, em nome de Laurinho, ajudar os necessitados, material e espiritualmente.


IDENTIFICAÇÕES


LAURO — Pai de Laurinho. Lauro Basile, nascido em Santa Cruz das Palmeiras, Estado de São Paulo. Professor de Educação Física. Residimos com nossa família em Casa Branca desde o nosso casamento há vinte e oito anos.

KID — Apelido que Laurinho deu ao pai, assim ficando sendo Lauro Kid e Laurinho Kid.

BARATA — Apelido que Laurinho deu a mim, sua mãe, há longo tempo. Estes apelidos ficaram tão populares que os amigos de nossos filhos nos tratam assim.

GRUPO DR. CARLOS GUIMARÃES — Escola onde Lauro (pai) fez o curso primário.

DR. JOÃO BATISTA DO AMARAL — Abnegado cidadão que exercia a profissão de médico em Santa Cruz das Palmeiras, quando Lauro (pai) ainda era menino.

CORONEL DRAGO — Herói da Retirada da Laguna. Tem um monumento em Casa Branca, na Praça Honório de Sylos.

JÚNIOR — Aristeu França Júnior, grande amigo de Laurinho, filho de Casa Branca e de família aí residente. Atualmente é estudante no curso de Engenharia.

CORY — Grande amigo de Laurinho desde a infância, de família radicada em Casa Branca. Atualmente estudante de Agronomia.

PROFESSOR MIDON — Henrique Gaspar Midon, foi radicado em Casa Branca, pessoa muito querida, exercendo o cargo de Professor de Geografia no Instituto de Educação Dr. Francisco Thomaz de Carvalho. Desencarnado em Casa Branca, aos 83 anos de idade, no ano .de 1965.

SERRA DOS CAETANOS — Nome constante do local acidentado da fazenda de seu grande amigo João Otávio Lima Roriz, no município de Tambaú, S.P., onde Laurinho frequentava.

SACERDOTE GODOY — Desencarnado em 4 de outubro de 1835, aos 87 anos de idade, na cidade de Casa Branca.. Foi o primeiro vigário da paróquia de Nossa Senhora das Dores.

IRMÃ ARANTES — Senhora Mariquinha Arantes, desencarnou em Casa Branca em 10.8.1973, com 83 anos de idade. Cunhada da Sra. Marinete Santos Arantes.


Priscilla Pereira da Silva Basile


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