O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Encontro de paz — Autores diversos


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Poema da disciplina

  1 Ao Homem Triste que se rebelara

  Contra as imposições da disciplina

  Deus permitiu que ele pudesse

  Escutar, de surpresa,

  As notas e lições da Natureza,

  No âmbito de sala pequenina.


  2 Contrariando as queixas que lhe ouvira,

  Disse-lhe grande mesa:

  — Eu fui, aos ares livres da floresta,

  Um palácio vibrante em júbilos de festa,

  Entre ninhos e pássaros cantores!

  Que músicas de paz!… Que beleza de flores!…

  Veio, porém, um dia,

  Um homem de machado…

  Decepou-me sem dó!…

  E depois de entregar-me à serraria,

  Onde amarguei desprezo, lama e pó,

  Vendeu-me para outro companheiro…

  Era um singelo carpinteiro

  Que me malhou durante muitas horas,

  Para que eu seja a mesa em que te escoras!…


  3 O mármore do piso

  Exclamou, de improviso:

  — Adorava meu berço em formosa montanha!…

  A minha independência era tamanha

  Que não sei descrever!…

  Descendente de lindas pedras raras,

  Formamo-nos em séculos de luta…

  Um homem, certa vez, descobriu-nos a gruta,

  Separou-me dos meus,

  À força me arrastou sobre os seus próprios passos,

  Conduziu-me à oficina,

  Fez-me em vários pedaços…

  Depois disso, vim eu, de revés em revés,

  Até fazer-me escravo e servir aos teus pés…


  4 A lâmpada informou sem pretensão:

  — A fim de combater a escuridão

  E doar-me em vida e luz,

  Sem o menor desvio,

  É necessário que me ajuste ao fio

  Que me guarda e conduz!…


  5 Um belo jarro à frente,

  Esclareceu, humildemente:

  — Fui um bloco de argila,

  Sossegado e feliz numa gleba tranquila!…

  Quando fazia sol

  Adorava mirar as borboletas

  E sentir os perfumes

  De próximo jardim…

  E, à noite, admirava os vaga-lumes

  Que acendiam lanternas para mim…

  No entanto, certa feita,

  Valente caçador de barro fino

  Arrancou-me do lar e mudou-me o destino…

  A calor desumano, em fúria desumana,

  Que enlouquece e que arrasa,

  Mumificou-me em fria porcelana

  Para enfeitar-te a casa!…


  6 Nisso, falou antiga porta:

  — Nunca pude viver como quisera,

  Devo permanecer em todo instante, à espera

  De ordenações e impulsos que me dás…

  A fim de resguardar-te os bens e garantir-te a paz,

  Protegendo-te a vida,

  Cabe-me obedecer e sempre obedecer

  Para cumprir contigo o meu próprio dever!…


  7 Houve silêncio e o Homem transformado

  Fitou, lá fora, o chão recentemente arado,

  Depois ergueu o olhar para os astros distantes

  E exclamou para os Céus,

  Em êxtase profundo:

  — Sê bendito, Senhor,

  Pela escola do Mundo!…

  Tudo o que serve, apoia, aprimora e ilumina,

  Tudo o que a evolução entesoura e contém,

  Vejo agora na luz da disciplina!…

  Ajuda-me a servir para o Infinito Bem!.…

  Valoriza, Senhor, os dias meus

  E por tudo o que a vida me oferece

  Seja no dom da fé por bênção que me aquece,

  Ou na fonte do amor que me renova e ensina,

  Obrigado, meu Deus!…


Maria Dolores


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