O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

Índice | Página inicial | Continuar

Evolução em dois mundos — André Luiz — F. C. Xavier / Waldo Vieira — 1ª Parte


8


Evolução e metabolismo

(Sumário)

1. SUPRIMENTOS DA VIDA. — Observamos a chegada dos princípios inteligentes no mundo e a sua respectiva expansão, assim como um exército que, para atender às próprias necessidades, organiza, de início, a precisa cobertura de suprimentos. 2 Primeiro, as bactérias lavrando o solo para que as plantas proliferassem, criando atmosfera adequada ao reino animal. 3 Depois das plantas, aparecem os animais, gerando recursos orgânicos para que o instinto pudesse expandir-se no rumo da inteligência. 4 E, em seguida ao animal, surge o homem plasmando os valores definitivos da inteligência, para que a Humanidade se concretize a caminho da angelitude.


2. FASES PROGRESSIVAS DO METABOLISMO. — Em todos os reinos da Natureza, o elemento espiritual aprende a nutrir-se e preservar-se.

2 Por milhares de séculos, repete as operações da fotossíntese ou assimilação clorofiliana no império verde, pela qual consome energia luminosa e elabora matérias orgânicas, desprendendo o oxigênio indispensável à constituição do ar atmosférico, 3 e recapitula as operações da quimiossíntese, em formas autótrofas, como sejam certas classes de bactérias, que se utilizam de energia química para viver, através da oxidação de compostos minerais.

4 Gradativamente, no domínio vegetal, assimila os mecanismos mais íntimos da respiração, absorvendo o oxigênio e eliminando o gás carbônico pelos estômatos e pneumatódios, cutícula e lenticelas, de modo a conduzir o oxigênio sobre as matérias orgânicas para a formação dos produtos de desassimilação e projeção de energia.

5 E, lentamente, em meio desprovido de matérias orgânicas, qual acontece com as nitrobactérias, as sulfobactérias, as ferrobactérias, etc., aprende também a oxidar respectivamente o amoníaco ou os nitritos, o ácido sulfídrico, o óxido ferroso.

6 Em semelhantes atividades, infinitamente repetidas, habilita-se ao ingresso no reino animal, onde, em estágios evolutivos mais nobres, se matriculará na técnica da elaboração automática dos catalisadores químicos, com a faculdade de transubstanciar matérias orgânicas complexas em recursos assimiláveis.

7 Milênios transcorrem para que então consiga adestrar-se nas diástases diversas, como sejam as proteases e as zímases, entre os fermentos hidrolisantes e decomponentes.

8 A crisálida de consciência inicia-se, dessa forma, na fabricação de prótides, glúcides, lípides e outros meios de nutrição, aprendendo igualmente a emitir hormônios de crescimento e vitaminas diversas no ciclo das plantas.

9 Não apenas tecidos e órgãos do corpo físico se esboçam nas formas rudimentares da Natureza, mas também os centros vitais do corpo espiritual, que, obedecendo aos impulsos da mente, se organizam em moldes seguros, com a capacidade de assimilar as partículas multifárias da vitalidade cósmica, oriundas das fontes vivas de força que alimentam o Universo.


3. EXCITAÇÕES QUÍMICAS. — Governando as células físicas, os agentes de natureza espiritual se evidenciam em todos os processos da nutrição, motivando as chamadas excitações químicas, também classificáveis por quimiotactismo eletromagnético.

2 O princípio inteligente, tocado por múltiplos estímulos, sob o império de atrações e repulsões, haure elementos quimiotácticos eletromagnéticos no laboratório das forças universais, através da respiração, para conservar-se e defender-se, preservando os valores de reprodução e sustentação.

3 É assim que as células masculinas dos fetos são atraídas pelo ácido málico, enquanto as bactérias se movimentam obedecendo também a estímulos de ordem química.

4 Os óvulos de certos peixes e quinodermos, entre estes o ouriço-do-mar, sem a presença da fêmea que os deita têm o poder de atrair os espermatozóides separados da mesma espécie, demonstrando que arrojam de si mesmos substância específica na perpetuação que lhes é própria.

5 Entre os animais, as células da reprodução segregam substâncias particulares com que se procuram mutuamente, evoluindo o veículo psicossomático para mais altos níveis de consciência sobre as mais amplas formas de quimiotropismo constante, em bases de excitações exógenas e endógenas.


4. ADMINISTRAÇÃO DO METABOLISMO. — Laborando pacientemente nos séculos e alcançando a civilização elementar do paleolítico, a mente humana controla então, quase que plenamente, o corpo que se exprime, formado sob a tutela e o auxílio incessante dos Construtores Espirituais, 2 passando a administrar as ocorrências do metabolismo, em sua organização e adaptação, através da coordenação de seus próprios impulsos sobre os elementos albuminóides do citoplasma, em que as forças físicas e espirituais se jungem no campo da experiência terrestre.

3 Os sistemas enzimáticos revelam-se definidos e as glândulas de secreções interna fabricam variados produtos, refletindo o trabalho dos centros vitais da alma.

4 Hormônios e para-hormônios, fermentos e co-fermentos, vitaminas e outros controladores químicos, tanto quanto preciosas reservas nutritivas equacionam os problemas orgânicos, harmonizando-se em produção e níveis precisos, na quota de determinados percentuais, conforme as ordens instintivas da mente.

5 Todos os serviços da província biológica, inclusive as emoções mais íntimas, são sustentados por semelhantes recursos, constantemente lançados pelo próprio Espírito no cosmo de energia dinâmica em que se manifesta.

6 Experiências valiosas, efetuadas com pleno êxito comprovaram que a própria miosina ou sistema albuminóide da contração muscular detém consigo as qualidades de um fermento, a adenosinatrifosfatase, responsável pela catálise da reação química fundamental que exonera a energia indispensável ao refazimento das partículas miosínicas dos tecidos musculares.


5. ACUMULAÇÕES DE ENERGIA ESPIRITUAL. — Por intermédio dos mitocôndrios, que podem ser considerados acumulações de energia espiritual, em forma de grânulos, assegurando a atividade celular, a mente transmite ao carro físico a que se ajusta, durante a encarnação, todos os seus estados felizes ou infelizes, equilibrando ou conturbando o ciclo de causa e efeito das forças por ela própria libertadas nos processos endotérmicos, mantenedores da biossíntese.

2 Nessa base, dispomos largamente dos anticorpos e dos múltiplos agentes imunológicos cunhados pela governança do Espírito, em favor da preservação do corpo, de acordo com as multimilenárias experiências adquiridas por ele mesmo, na lenta e laboriosa viagem a que foi constrangido nas faixas inferiores da Natureza.

3 Da mesma sorte, possuímos, funcionando automaticamente, a secretina, a tiroxina, a adrenalina, a luteína, a insulina, a foliculina, os hormônios gonadotrópicos e unidades outras, entre as secreções internas, à guisa de aceleradores e excitantes, moderadores e reatores, transformadores e calmantes das atividades químicas nos vários departamentos de trabalho em que se subdivide o Estado Fisiológico.


6. IMPULSOS DETERMINANTES DA MENTE. — Sobre os mesmos alicerces referidos, surpreendemos, ainda, as enzimas numerosas, como a pepsina, isolada por Northrop, ( † ) e a catalase definida por von Euler, ( † ) tanto quanto outras muitas, que a ciência terrestre, gradualmente, saberá descobrir, estudar, fixar e manobrar, com vistas à manutenção e defesa da saúde física e da integridade mental do homem, no quadro de merecimentos da Humanidade, 2 de vez que todos os estados especiais do mundo orgânico, inclusive o da renovação permanente das células, a prostração do sono, a paixão artística, o êxtase religioso e os transes mediúnicos são acalentados nos circuitos celulares por fermentações sutis, 3 aí nascidas através de impulsos determinantes da mente, por ela convertidos, nos órgãos, em substâncias magnetoeletroquímicas, arremessadas de um tecido a outro, guardando a faculdade de interferir bruscamente nas propriedades moleculares ou de catalisar as reações desse ou daquele tipo, destinadas a garantir a ordem e a segurança da vida, na urdidura das ações biológicas.

4 Em identidade de circunstâncias, nos traumas cerebrais da cólera e do colapso nervoso, da epilepsia e da esquizofrenia, como em tantas outras condições anômalas da personalidade, vamos encontrar essas mesmas fermentações no campo das células, mas em caráter de energias degeneradas, que correspondem às turvações mentais que as provocam.


7. METABOLISMO DO CORPO E DA ALMA. — O metabolismo subordina-se, desse modo, à direção espiritual, tanto mais intensa e exatamente, quanto maior a quota de responsabilidade do ser pelo conhecimento e discernimento de que disponha, 2 e, em plena floração da inteligência, podemos identificá-lo não apenas no embate das forças orgânicas, mas também no domínio da alma, 3 porquanto raciocínio organizado é pensamento dinâmico e, 4 com o pensamento consciente e vivo, o homem arroja de si mesmo forças criadoras e renovadoras, forjando, desse modo, na matéria, no espaço e no tempo, os meandros de seu próprio destino.


André Luiz


Pedro Leopoldo, 9/2/1958.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

Abrir