O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Entender conversando — Emmanuel


Capítulo 2


Presença de Deus n

Hoje, Francisco Cândido Xavier é candidato pelo Brasil ao Prêmio Nobel da Paz. Ele merece, pois todos os direitos autorais de seus livros são doados para suprir as necessidades de diversas instituições filantrópicas espalhadas por toda Federação.

No dia dezenove do mês passado, partimos para Uberaba com o propósito de entrevistar aquele que é candidato como um dos maiores líderes espirituais de nossa terra.
Na íntegra, a entrevista:


28 — SIGNIFICADO DO NATAL


P. — Você acha que o Natal está perdendo o significado?

R. Não, não acredito que esteja perdendo o significado, porque de ano a ano todos os cristãos se reúnem, num pensamento só, no reconhecimento e na glorificação de Jesus-Cristo, como sendo o embaixador da paz e do amor na redenção da Terra. É possível que com o aumento da população na cidade, com a explosão demográfica, muita gente esteja ainda despercebida do Natal; mas o Natal continua ainda dominando o coração das criaturas.


P. — O que representa o Natal para os espíritas?

R. A necessidade de nos amarmos uns aos outros, segundo Jesus nos ensinou, o perdão das ofensas o esquecimento das injúrias, o cultivo do trabalho, a fidelidade ao dever, a lealdade aos compromissos assumidos, o lar, a família, a alegria de nos pertencermos uns aos outros, através dos laços da fraternidade. Isto tudo é Natal. É nossa mãe, nosso pai, mesmo quando estejam no Plano Espiritual. Natal representa nossos irmãos muito queridos, ainda mesmo aqueles que não se encontrem conosco. É muito amor, muita saudade, mas é sobretudo muita união para que se faça o melhor em cada Novo Ano que aparece.


29 — ESPERANÇAS PARA O NOVO ANO


P. — O que o povo pode esperar para 1981?

R. Nós devemos esperar aquilo que nós mesmos fazemos… Vamos pedir a Deus que o nosso povo se compenetre de suas responsabilidades e que nós amemos as nossas obrigações e o serviço que Deus nos deu. Isso só pode somar bons resultados…


30 — CICLOS HISTÓRICOS E A PRESENÇA DE DEUS


P. — Chico, a História, através da Paleontologia e Arqueologia, divide a estadia do homem sobre o planeta em três Idades ou Ciclos: a Idade Antiga, a Média, a Moderna ou Contemporânea.
Vimos que no decorrer das duas primeiras Idades, o homem estava mais compenetrado da necessidade de cultuar Deus. Observamos que a própria arte, a escultura, a pintura, a literatura nos apresentava Deus.
Mas, na Idade Contemporânea, que é a que vivemos, podemos perceber uma distância do homem para com Deus. Podemos também observar confusão na própria arte, na pintura. A música nos apresenta reflexos de uma humanidade confusa, louca, em busca da paz. Os nossos jovens estão enveredando para o caminho dos tóxicos… A que você atribui esta diferença nas Idades, onde no passado o homem buscava Deus com mais intensidade e hoje está perdendo a fé religiosa?

R. É que estamos em tempo de renovação muito grande, com problemas gigantescos a resolver; as religiões trabalhando de comum acordo para que atendamos às novas concepções em torno da existência de Deus. Eu não vejo os problemas da atualidade como sendo ausência de Deus; mesmo porque quando a comunidade tenta se distanciar de Deus, ocorrem fenômenos que obrigam esta mesma comunidade ao retorno do pensamento voltado para Deus.

Na última Grande Guerra, muitas comunidades europeias que diziam ser materialistas, quando bombardeadas, quando dilapidadas pelos processos da guerra, elas voltaram de novo aos templos e oraram, pedindo a benção de Deus em favor da própria sobrevivência. Então o homem, nesta marcha em que vamos, e que muitos de nós parecemos marginalizados, parecemos marginalizados diante das ideias cristãs; isto tudo é ocorrência excepcional. Na realidade, no íntimo, todos sentem necessidade de Deus.


31 — “BRASIL, CORAÇÃO DO MUNDO, PÁTRIA DO EVANGELHO”


P. — Chico, atualmente vemos no Brasil, problemas sociais muito graves: milhões de crianças desabrigadas, passando fome; pessoas que moram em favelas, mocambos e lugarejos da pior espécie. Há também, uma distribuição de renda muito falha, enfim, estamos vivendo dias de completa escuridão para o nosso povo. Como você se explica à opinião pública diante do livro que você psicografou há quase cinquenta anos, livro este intitulado “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”?

R. O fundador do Evangelho foi crucificado. Eu acredito que diante desta verdade, o Brasil não pode ter privilégios. Então devemos esperar acontecimentos muito sérios…

Agora, o problema no Brasil, pessoalmente, opinião minha, o que deveria ser faceado pela comunidade brasileira como um dos problemas mais sérios é o problema do trabalho. O amor ao trabalho e a fidelidade ao cumprimento do dever. Se nós todos trabalharmos, se carpirmos a terra, se construirmos, se lidarmos com a pedra, com o barro, com a sementeira, com os fios; se tecermos; se todos nós nos unirmos para criar valores em nosso benefício, a pobreza deixará de existir.

Mas, enquanto alguns trabalharem e muitos outros não quiserem trabalhar, o problema não será resolvido. Este problema não é de fortuna. Todos somos ricos… Todos nós nascemos, pelo menos nos casos normais, com um corpo, que pode trabalhar, que pode servir, que pode ser manejado para o bem; esta é a verdadeira riqueza. Um homem pode possuir milhões, mas, se está atacado pelo câncer, por exemplo, ele sente que a riqueza dele é o corpo…


32 — O TRABALHO E A LEI DE CAUSA E EFEITO


P. — Então, se todos trabalharem teremos que deixar aquela lei de causa e efeito, que diz que todo pobre nasceu nessa situação porque um dia foi um rico opressor… Se todos trabalharem…

R. … Não, isto não. Isto é um problema debatido por pessoas que se fixam na Lei da Reencarnação só para observar essa face da Lei da Reencarnação. Mas, a nossa obrigação é melhorar tudo; se temos uma enxada e esta enxada precisa de conserto, devemos consertá-la, devemos afiá-la novamente para que possamos ser felizes em nossas tarefas. Agora, não podemos nos alhearmos à necessidade de viver nossa vida como deve ser vivida. Esta história que os ricos oprimem os pobres eu acredito nisso; mas porque todo mundo, se quiser, pode trabalhar, mesmo com as leis coercitivas, que marginalizam o homem de 45/50 anos; se a pessoa quiser trabalhar tem serviço de limpeza, tem serviço de higiene, serviço de cultura, de culturas diversas, aos quais a criatura pode se vincular, trabalhando e ganhando um vencimento razoável. Agora, enquanto nós quisermos ganhar como os grandes técnicos, como os que alisaram bancos acadêmicos; acenando que um salário mínimo, dois salários mínimos, que tudo isto é muito pouco, que somos miseráveis… Assim, não é possível encontrar felicidade.


33 — LIBERTAÇÃO DA MULHER


P. — A mulher, em épocas remotas, era uma escrava do esposo. Mesmo no século passado, podemos considerar que a família ainda vivia sob o regime patriarcal. Agora, vemos que atualmente, a mulher está rompendo as muralhas que a cercavam. Temos, por exemplo na Inglaterra, a ministra Elizabeth Thatcher; na Índia, Indira Gandhi; Golda Meir foi um grande sustentáculo da nação judaica. Como você enxerga este avanço, esta libertação da mulher em nossos dias?

R. Este avanço não é construtivo e sofrerá, naturalmente, uma poda no tempo oportuno. Mas, este avanço tem o tamanho da opressão que o homem exerceu sobre a mulher durante muitos séculos. Então, agora veio o segundo tempo do jogo… Tanto deve ser responsável um como o outro…


34 — LEMBRANDO JUCA ANDRADE, NA SAUDAÇÃO AO POVO MOGIMIRIANO


P. — Você sabe que tem muitos amigos em nossa cidade de Mogi Mirim, em Itapira e toda aquela região. Gostaria que você falasse alguma coisa para o povo mogimiriano…

R. Esta gente toda é maravilhosa… Se eu pudesse iria pessoalmente muitas vezes durante o ano a Mogi Mirim, Itapira — àquelas cidades maravilhosas, onde a gente encontra tantos corações acolhedores, proporcionando felicidades aos visitantes.

Em Mogi Mirim, tivemos um grande amigo… o Sr. Juca Andrade, n que partiu para a Vida Espiritual, há pouco tempo. Eu reverencio, na pessoa dele, a população toda de Mogi Mirim, de todas as confissões religiosas, porque nós todos estamos irmanados pela mesma fé em Deus, pela mesma confiança em Jesus-Cristo. Então, eu reverencio neste homem, que foi um modelo de paciência e caridade, o meu respeito e minha admiração por Mogi Mirim, que está ali entre o Rio Atibaia e o Rio Mogi Guaçu, brilhando sempre como uma joia; não só de São Paulo, mas do Brasil inteiro. Isto não é fazer demagogia, não… É porque a gente gosta mesmo de vocês…


Francisco Cândido Xavier

Emmanuel


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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