O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Chico Xavier inédito — Autores diversos — F. C. Xavier / E. C. Monteiro


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União Evolucionista Cristã

Vários confrades militantes do movimento espírita foram entusiasmados pela política. Apesar das controvérsias sobre “trazer a política profana para dentro das Casas Espíritas”, o fato é que houve muitos que foram sinceros e idealistas em torno de suas militâncias política e religiosa, começando esta lista por Bezerra de Menezes, nos idos tempos do século XIX e, só para citar os mais recentes de São Paulo, Campos Vergal, Freitas Nobre, Castro Carvalho, Emílio Manso Vieira, Castro Neves e outros, que não se aproveitaram do movimento espírita como massa de manobra, mas que levaram sua vivência espírita para a vida pública.

No final de 1950, um grupo seleto de espíritas começa a se reunir para “fundarem uma entidade cívica destinada a orientar os espíritas no tocante aos seus sagrados deveres para com a Pátria”. Já em meados do ano seguinte, aderiram ao grupo inicial confrades de outros Estados, reforçando o caráter de seriedade da proposta.

Em 29 de agosto de 1951, dia do nascimento de Bezerra de Menezes, n foi fundada, na Rua Riachuelo 275, a União Evolucionista Cristã, que elegeu em 22 de setembro sua primeira diretoria. A sede provisória da entidade recém-fundada estava localizada na Av. São João 108, e para Presidente de Honra foi escolhido o Dr. Arthur Lins de Vasconcellos.

Foram distribuídos milhares de opúsculos com os Estatutos e finalidades da nova Instituição para espíritas, não espíritas, autoridades e enviados para o exterior, que pretendia trabalhar para eleger profitentes da Doutrina Espírita em todo o Brasil e “formar um partido político com ideais espírita-cristãos, impedindo, assim, que os nossos representantes nos Congressos se vejam cerceados pela disciplina partidária dos demais partidos políticos que, sem exceção, jamais terão nosso desprendimento, idealismo, compreensão real de suas finalidades e espírito de servir. Desapareceria o inconveniente de, votando em chapas com candidatos nossos, eleger candidatos contrários à nossa Doutrina, como se dá atualmente. Eleger-se-iam de início, no Brasil, centenas de representantes estaduais e federais (…)”.

Ingênuos ideais de nossos irmãos do passado… a ideia não perdurou por muito tempo, os próprios espíritas não tinham a unidade que imaginavam ter para levar adiante uma estrutura nacional como esta. Os conflitos doutrinários sempre abafavam ideias de união em torno de temas polêmicos como o político-social, mas, se tivesse vingado, quem sabe não teríamos um país mais estável e fraterno nos dias de hoje?

Quando a Instituição completou dois anos, Eurípedes de Castro, um dos mais entusiasmados confrades com a ideia, visita Chico Xavier em Pedro Leopoldo e pede orientação espiritual sobre o projeto. Ao que vemos na resposta de Emmanuel, este não demonstra o mesmo entusiasmo do grupo organizador da União Evolucionista Cristã.


Pedro Leopoldo, 3 de outubro de 1952.

Uma palavra, se possível, a respeito da União Evolucionista Cristã, entidade cívico-doutrinária que procura encontrar a consciente tomada de posição político-social de espíritas no Brasil.


Resposta de Emmanuel

1 Meus amigos, muita paz.

2 Acreditamos que a nossa função, em nos comunicarmos convosco, será sempre a de cooperar, num convênio ativo de boa vontade, com os nossos irmãos encarnados, em favor da vitória do Bem. 3 Nesse sentido, cabe-nos louvar todas as iniciativas que guardam a felicidade coletiva por meta essencial, uma vez que, colaborando, segundo cremos, na melhoria da unidade individual, em nossa tarefa de esclarecimento evangélico, devemos contribuir no engrandecimento do Todo.

4 Assim sendo, embora não seja lícito a nós outros, os Espíritos que vos precederam na grande viagem da verdade, a interferência indébita em vossas realizações na ordem política, em razão do organismo público de administração exigir a livre manifestação do homem de passagem na Crosta da Terra, admitimos que aos espiritistas cristãos cabe o direito de participação nos serviços direcionais da vida pública, desde que lhes competem à frente da Doutrina, esclarecendo, pois, que só nos resta exaltar o trabalho do Bem infinito, nos variados setores em que se manifesta, com os nossos sinceros votos pelo triunfo vivo dos nossos companheiros que atualmente se consagram à plantação do Evangelho nos arraiais da política nacional.

5 Atentos aos compromissos de cristianização do homem, a partir de nossa própria renovação íntima, sob os padrões de Jesus, pedimos a bênção do Altíssimo para que nós todos, acima de tudo, POSSAMOS BUSCAR O NOSSO DEVER BEM CUMPRIDO.


Emmanuel


Eduardo Carvalho Monteiro



[1] Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti, nasceu a 29 de agosto de 1831, em Jaguaretama, Ceará.


Texto extraído da 3ª edição desse livro.

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