O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Claramente vivos — Familiares diversos


1


Morrer não significa acabar

1 Querida mãezinha, querida vovó Armanda, n querida tia Isabel. n

2 Venho pedir a Deus que nos abençoe e pedir-lhes para não chorarem tanto. Estou aqui com o meu avô Primitivo Aymoré e com a minha avó Isabel Rôa Escobar, n mas estou muito preso às lágrimas de casa.

3 Querida tia Isabel, se puder, não deixe a vovó chorar tanto, nem a minha mãezinha Gilda continuar tão aflita por minha causa. Estou vivo, mas preciso desembaraçar-me das prisões de casa para conseguir melhorar.

4 O meu avô Primitivo me diz que preciso fazer este pedido para que a minha situação consiga melhorar.

5 Às vezes, me reconheço nas ruas de Ponta Porã n ou de Pedro Juan Caballero, perguntando porque… Mas, isso resulta de quando me contemplam os retratos, chorando muito e chamando-me.

6 Não culpem ninguém, porque eu tinha tido a obrigação de vir mais cedo para cá. As Leis de Deus funcionam sobre as nossas cabeças, e não havia como fugir a elas.

7 Rogo-lhes conformação, à mãe Armanda. Estive com vovô Ayala, n que me deu excelentes conselhos.

8 Agora, peço-lhes para descansarem para que eu descanse. 9 Os que chegam aqui, veem tudo quanto se passa aí, e espero que me auxiliem.

10 Tia Isabel, envio o meu abraço ao Evaldo Carlos e à Gladys Lise, n com muita estima ao tio Baasch. n

11 Agora, me despeço. Vim até aqui porque o meu avô Primitivo me disse que teríamos que escrever alguma coisa para que a minha avó Armanda não fique doente. As lágrimas de saudade também matam, e queremos a vovó aí perto de minha mãe sem o sofrimento em que as vejo depois de minha vinda para cá.

12 Morrer não significa acabar. Estou rente com a família, e assim que as lágrimas diminuírem, penso que vou trabalhar muito.

13 Minhas lembranças ao meu querido irmão. Ao papai, ao Baasch e às crianças.

14 E pedindo às três me abençoarem, sou o filho, o neto e o sobrinho que pede a Deus nos auxilie a vencer as nossas dificuldades para sermos realmente mais felizes.

15 Abraços muito de coração do

Antônio Carlos Escobar. n


“NÃO CULPEM NINGUÉM!”


A fim de que possamos compreender por que Antônio Carlos Escobar foi tão incisivo, optando pela síntese em sua mensagem que titulamos por “Morrer não significa acabar”, transcreveremos, em seguida, os pontos principais da carta que a gentileza de sua genitora — D. Gilda Aymoré Escobar — nos enviou, depois que a entrevistamos, pessoalmente, em Uberaba:


“Ponta Porã (MS), 8 de junho de 1978.

Prezado Senhor Elias,

Que as bênçãos do Pai-Todo-Poderoso recaiam sobre todos nós.

Senhor Elias, como o senhor pediu-me, estou-lhe enviando uma cópia da Mensagem do meu filho, recebida através do irmão Francisco Cândido Xavier, na reunião do dia 21/4/1978, justamente 116 dias depois da desencarnação dele — Antônio Carlos Escobar —, ocorrida no dia 25/12/1977, às 20 horas, no Hospital das Clínicas, em São Paulo.

Antônio Carlos era piloto civil, mas no dia do acidente, não queria voar, pois era o gerente de nossa firma — “Exportadora Aymoré” —, isto é, dono e gerente, e disse ao rapaz que veio convidá-lo não poder ir, pois tinha muito serviço e uma prova de Química por fazer (estava fazendo o 3º ano Colegial, no Colégio São José, em Ponta Porá), e que ainda precisava estudar para fazer essa prova, uma das últimas a que teria que se submeter para a conclusão do curso.

Depois que o companheiro insistiu pela 4ª vez, resolveu Antônio Carlos ir, dizendo-me:

— Mamãe, vou levá-lo à fazenda aqui pertinho, e logo voltarei. Ele já insistiu muito, e disse que lá tem pista boa para a aterrissagem.

Então, eu disse:

— Não vá hoje, meu filho. Já são 15:15 horas, deixe isso para amanhã.

Mas José Peixoto Zatorre insistiu:

— Não, tem que ser hoje.

E lá se foram os dois. Tentando fazer um pouso forçado, conforme apurou a perícia, devido à falta de pista para a decolagem do avião, meu filho deixou que este colidisse com uma árvore, quebrando uma asa e caindo. Com o impacto do avião ao solo, Antônio Carlos foi jogado ao longe, mas ao ver que seu companheiro ficou preso dentro das ferragens, voltou lá para tirá-lo, quando o tanque explodiu, queimando gravemente os dois. Da fazenda vieram numa camioneta para a cidade, falando; chegaram andando no hospital. Quando lá cheguei, disse-me ele:

— Não chore, mamãe. Estou bem, não vou voar mais e o meu brevê já virou cinzas. No dia de Ano Novo, eu já estarei bom. Resolvemos levá-lo a São Paulo, por conselhos médicos, juntamente com o amigo. Trinta minutos antes de chegar à Capital Paulista, no avião em que viajávamos, José Peixoto Zatorre faleceu, mas Antônio Carlos, muito confiante em Deus, na hora de decolagem do avião aqui em nossa cidade, rumo a São Paulo, pediu ao Pai o amparasse e o protegesse.

Quando chegamos ao Hospital das Clínicas, depois de demorado exame, disse-me o Dr. Tirso de Almeida:

— Gilda, você está muito confiante e otimista porque o seu filho chegou com vida, mas só um milagre, só Deus… o caso dele é grave, tem 80% de queimaduras.

Mas quando Antônio Carlos ia entrar para o CTI, onde foi feito tudo que foi possível no Hospital, em seu favor, — não mediram sacrifícios, tinha um plantão exclusivo para ele de quatro médicos, e era visitado todas as manhãs por uma equipe de coração, pulmão, rins, queimados e infecção, foi feito tudo mesmo, todavia, a Providência Divina resolveu do melhor modo.

Eu disse, naquele instante:

— Filho, a mamãe não pode entrar aí, mas através do vidro eu vou estar com você. Não vou sair daqui, Deus é grande, você vai voltar bom para casa.

Ao que ele respondeu:

— Eu sei, mamãe, que Deus está aqui a meu lado.

Era Antônio Carlos um rapaz muito bom. Nunca me disse que não gostasse de alguém. Muito caridoso, preocupava-se muito com os aparentemente desfavorecidos da sorte ou com os doentes. Sabia tratar os mais humildes com gentileza, era muito trabalhador, não media sacrifícios, estava sempre pronto quando dele precisavam. Filho muito carinhoso, costumava dizer todos os dias:

— Mãezinha, eu te amo. Coroa, eu te adoro. Vou ficar ao teu lado, mãezinha, hei-de cuidar sempre de ti, jamais vou te deixar.

Senti muito a falta dele, e culpava o companheiro dele, achava que se ele não tivesse insistido tanto, meu filho não teria ido e não teria acontecido o desastre que o levou para longe de mim.

Muito católico, sem vício nenhum, pois não fumava e não ingeria bebidas alcoólicas, amigo de todos, Antônio Carlos foi escolhido o melhor amigo do Colégio São José, numa votação feita pelo Rotary Clube da cidade. Por aí o senhor pode imaginar quanto meu filho era querido. Deixou muitas saudades em todos que o conheceram de perto.

Por ser o neto mais velho, era o predileto de minha mãe — a vovó Armanda que ele cita na mensagem —, e que ficou muito triste com a perda do neto querido, muito querido por todas as tias e tios, enfim muito querido de todos.

Penso, Sr. Elias, ter explicado bem como ocorreu a morte de meu filho. A mensagem que o senhor pediu-me para que possa sair no próximo livro que o senhor vai organizar, por favor quando esse livro sair, não se esqueça de remeter-me um exemplar.

(…)

Gostaria muito de conseguir o endereço de D. Zilda Giunchetti Rosin, autora do livro Perda de Entes Queridos, pois tenho rezado para que seus filhos Dráusio e Diógenes, que já desencarnaram há mais tempo, possam ajudar a meu filho.

Sr. Elias, vou contar-lhe algo muito interessante que me aconteceu.

Na sexta-feira, antes do Dia das Mães, isto é, dia 12/5/1978, estava eu doente. Depois que o médico saiu, pedi à determinada amiga que viesse me dar um passe. Para minha alegria, vieram duas amigas e, através de uma delas, uma entidade espiritual amiga mandou-me um recado: que meu filho estava arrumando um ramalhete de rosas para me mandar. Não acreditei muito nisso, e pensei: se eu receber esse ramalhete de alguém que soube desse recado, eu não acredito mesmo.

Mas, no domingo, pela manhã, o meu outro filho me disse, todo emocionado:

— Mamãe, venha cá.

Ia entrando um piloto que também é tenente do Exército, que não costuma frequentar a minha casa, e vinha trazendo um ramalhete, exatamente igual ao que eu imaginei — meu filho entrando com as flores. Não pude falar outra coisa a não ser:

— Não! Não!

Foi o suficiente para que o moço me dissesse:

— Dona Gilda, eu não vim aqui querendo substituir ninguém, mas eu não sei porque, hoje, quando acordei, senti uma vontade de trazer rosas para a senhora. Minha mãe reside em Porto Alegre. Não sei porque escolhi a senhora como sendo a minha mãe para receber este ramalhete.

Chorei bastante, e senti neste gesto que era o meu querido filho que estava me mandando estas flores. Mais uma prova que recebi do Espiritismo, eu que sempre fui católica.

Quando cheguei aí em Uberaba, pela primeira vez, ninguém me conhecia. Para Antônio Carlos dizer tão certinho tudo o que ele disse, através do médium Chico Xavier, só ele mesmo — o Espírito de meu filho — para saber.

Vovô Ayala, que ele cita na mensagem, é meu avô materno; desencarnado há 33 anos, visto que Antônio Carlos não o conhecia, e quase não costumávamos nos lembrar dele; que já morreu há tantos anos, eu mesma tinha sete anos quando ele desencarnou.

Vovô Primitivo é meu pai, desencarnado há seis anos.

Vovó Isabel Rôa é minha avó, mãe de meu pai, desencarnada há dois anos.

Eu costumava, com efeito, conversar muito com a fotografia do meu filho, perguntando:

— Por que, meu filho querido, tinha que acontecer isso com você, que sempre foi um menino tão bom, tão correto em tudo, tão amigo de todos, enfim, um filho que nos deu alegrias, por que Deus tinha que bater em nossa porta desse jeito?

Antônio Carlos Escobar, que nasceu em Campo Grande, Estado de Mato Grosso, em 26 de setembro de 1956, ia ficar noivo no dia 31/12/1977, e casar agora em maio. Estava com tudo pronto. Era um exemplo de filho, irmão, neto, amigo.

Faleceu em São Paulo, em 25 de dezembro de 1977, noite de Natal, às 20 horas.

Bem, Sr. Elias, esperando ter explicado tudo direitinho, peço ao Divino Pai nos abençoe, a nós aqui da Terra, e aos nossos do Plano Espiritual.

Aqui fica a irmã

(a) Gilda Aymoré Escobar.”


Sumário:

1) Antônio Carlos Escobar — filho de Flamarion Capilé e de D. Gilda Aymoré Escobar.

2) Nascimento — 26 de setembro de 1956.

3) Desencarnação — 25 de dezembro de 1977.

4) Cidade onde residia — Ponta Porã, Estado de Mato Grosso do Sul; Pedro Juan Caballero — cidade fronteira — Paraguai/Brasil.

5) Sr. Primitivo Aymoré — avô materno, desencarnado a 24 de janeiro de 1972.

6) Sra. Isabel Rôa Escobar — bisavó materna, desencarnada.

7) Sra. Armanda — avó materna.

8) Sra. Isabel — tia materna.

9) Gladys, Lise e Evaldo Carlos — primos maternos.

10) Sr. Baasch — tio materno.

11) Sr. Ayala — bisavô materno, desencarnado em 1946.


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